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2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA TECNOLOGIA DO AÇO NA CONSTRUÇÃO

2.3. Escola de Chicago

2.3.1. Início e principais obras

Bellei (2004) afirma que um dos fundadores e líder da Escola de Chicago foi o engenheiro, e também arquiteto, William le Baron Jenney, que projetou seu primeiro edifício em estrutura metálica em 1879, o Edificio Leiter I (fig. 8). Hart, Henn e Sontag (1976), expõem que o projeto previa inicialmente uma estrutura de 5 (cinco) andares e que, posteriormente, foram acrescidos mais dois pavimentos. Foi construído com uma estrutura mista composta por vigas de madeira apoiadas em vigas de ferro forjado.

Esse sistema de vigamento era apoiado em pilares de ferro fundido, no interior da edificação e por pilares de alvenaria, nos planos das fachadas. O projeto inovava pela esbeltes dos pilares externos e pelas aberturas largas que caracterizavam as janelas. A estrutura interna de pilares de ferro reforçava e dava uma maior rigidez ao sistema estrutural. Os autores ressaltam ainda que, a adoção desse sistema permitiu uma organização das plantas dos pavimentos marcadas por uma forte regularidade, obtida graças a modulação estrutural.

Fig. 8 Edificio Leiter 1 (1879). Imagem editadas pelo autor. Fonte: (01) KEYWORDPICTURE. Disponível em: http://www.keywordpicture.com/keyword/leiter%20building/. Acesso em 19 de mar. 2014.; (02) Hart; Henn e Sontag

(1976, p.12).

Em 1884, William le Baron Jenney, inicia a construção do Home Insurance Building (fig. 9), que, segundo Bellei (2004), apresentou um sistema estrutural pioneiro das estruturas de aço, que transferia todo “... o peso das paredes para um vigamento de ferro e respectivas colunas embutidas em alvenaria que, por sua vez, só serviu de enchimento do vão livre.” (p.1) A construção do prédio foi concluída em 1885 e, segundo Achilles (2013), anos mais tarde foi considerado o primeiro “arranha céu” construído em ferro nos Estados Unidos e no mundo. O edifício foi projetado inicialmente com 10 pavimentos, com aproximadamente 42 metros de altura e, posteriormente, foram acrescentados mais dois pavimentos que lhe conferiu a altura de 55 metros.

Fig. 9 Home Insurance Building (1884). Fonte: LOYOLA University Chicago. Disponível em: http://www.loyolachicagotps.com/apps/photos/photo?photoid=82302688. Acesso em 23 de mar. 2014.

Benévolo (2001) ressalta a importância das obras de Jenney, esclarecendo que o sistema estrutural proposto e aperfeiçoado pelo arquiteto, permitiu aumentar as alturas dos edifícios sem sobrecarregar os pilares dos andares de baixo. O esqueleto de aço permitiu abrir nas fachadas, grandes planos de esquadrias que possibilitavam a entrada de luz. O autor reforça que a verticalização das estruturas demandou que novos sistemas de fundação em pedra, fossem desenvolvidos e aperfeiçoados até que em 1894, apareceu pela primeira vez, o concreto.

Também 1884, Bellei (2004) informa que, os arquitetos Holabird e Roche projetaram o Tacoma Building (fig. 10), edifício de 14 andares que utilizou, pela primeira vez, ligações rebitadas, o que garantiu uma maior rigidez estrutural que as ligações feitas anteriormente, com parafusos. Hart, Henn e Sontag (1976), descrevem que as fachadas do edifício eram marcadas, de cima a baixo, por “bay windows”, motivo arquitetônico que, em Chicago, perdurou até século seguinte.

Fig. 10 Tacoma Building (1884). Fonte: NYPL digital gallery. Disponível em:

http://digitalgallery.nypl.org/nypldigital/dgkeysearchdetail.cfm?trg=1&strucID=132525&imageID=96530&total=17&nu m=0&word=Buildings%20--%20Illinois%20--

%20Chicago&s=3&notword=&d=&c=&f=2&k=1&lWord=&lField=&sScope=&sLevel=&sLabel=&sort=&imgs=20&pos= 1&e=w. Acesso em 21 de mar. 2014.

Bellei (2004) esclarece que em 1885, a construção de edifícios de múltiplos andares, em estrutura metálica, ganhou um novo impulso a partir do momento em que as vigas de ferro foram substituídas por vigas de aço laminado, que eram produzidas nos Estados Unidos pela Carnegie Steel Company. O autor afirma ainda que, entre 1890 e 1893, “foram construídas em Chicago muitas estruturas cujas características típicas eram: ligações rebitadas, contraventamentos verticais e janelas salientes.” (Bellei, 2004, p.1)

Em 1891, foi construído o Fair Building (fig. 11), projeto onde Jenney aperfeiçoou o seu sistema construtivo, reduzindo as fachadas a leves proteções, sustentadas pelo esqueleto metálico interno e mantendo algumas partes em alvenaria compacta, com a forma de pilares com bases e capitéis clássicos, tratando os montantes metálicos como pequenas colunas. (BENÉVOLO, 2001)

Fig. 11 Fair Building (1891). Imagem editada pelo autor. Fonte: HISTORY OF THE BUILDING ENVELOPE. Disponível em: http://www.columbia.edu/cu/gsapp/BT/EEI/HISTORY/history2.html.save. Acesso em 26 de mar. de

2014.

Praticamente no mesmo ano, em 1891, foi concluída a obra do Manhattan Building (fig. 12), também de autoria de William le Baron Jenney, o primeiro edifício no mundo a alcançar a altura de 16 andares.

Em 1894, foi construído The Reliance Building (fig. 13), projeto dos arquitetos John Wellborn Root e Charles B. Altwood. Como definem Hart, Henn e Sontag (1976), o edifício tem uma estrutura que se destaca pela esbeltes nas fachadas, onde a marcação da estrutura delimita os grandes vãos, que definem os espaços das esquadrias de vidro. Como em outras obras, as “bay windows” aparecem como elemento marcante na volumetria, porém menos saliente e com o dobro da altura. Os pilares ficam praticamente encobertos pelas esquadrias, evidenciando uma marcação

horizontal balizada pelas vigas. Achilles (2013) ressalta que o edifício apresenta uma fachada que se resume praticamente ao esqueleto estrutural, a um minimalismo que Mies Van der Rohe, algumas décadas mais tarde vai definir como “quase nada”.

Fig. 12 Manhattan Building (1891). Disponível em: http://frankmcmahon.com/431dearborn/info/manfacade.htm. Acesso em 27 de março 2014.

Fig. 13 The Reliance Building (1894). Fonte: (1) Achilles (2013, p. 27); (2) Hart, Henn e Sontag (1976, p.13)

Benévolo (2001), enfatiza que o Reliance Building pode ser considerado o mais belo arranha céu de Chicago. Sua construção teve início em 1890, cujo projeto original previa um edifício com a altura de cinco andares e que, posteriormente, em 1895, foi acrescido mais dez andares à estrutura original sem alterar o motivo arquitetônico, que se caracteriza pela simplicidade de suas grandes vidraças contínuas e das faixas horizontais decoradas.

A partir dessas referências históricas, fica evidenciado a importância que a escola de Chicago teve para o desenvolvimento da construção metálica de edifícios em múltiplos andares. A necessidade de reconstrução da cidade, praticamente destruída pelo fogo, estimulou arquitetos e engenheiros a repensarem e a propor novas soluções para a construção civil, deixando um legado de soluções estruturais, obras e inovações tecnológicas, que viabilizaram a verticalização das estruturas e o surgimento dos primeiros arranha-céus.

2.4. Século XX

Os países mais desenvolvidos da Europa, no início do século XX, assim como os Estados Unidos, já vinham utilizando e incorporando o aço nos seus sistemas construtivos, pois, a partir das experiências vivenciadas no século XIX, rapidamente perceberam que as estruturas metálicas facilmente se adequaram as novas necessidades das cidades industrializadas. Várias obras foram edificadas seguindo um modelo construtivo definido pela estrutura em aço e vidro. Essa combinação permitiu fachadas mais leves e transparentes que, no decorrer do século, foi ganhando força e se popularizando entre os arquitetos e engenheiros das diversas partes do mundo. Nessa lógica, em 1905, foi construído em Paris (fig.14), na Rue Réamur, um edifício comercial cuja fachada em aço sobressaiu pela sobriedade e equilíbrio, projeto do arquiteto G. Chedane. Segundo Hart, Henn e Sontag (1976), a estrutura se destacou por sua sobriedade e pelo uso pioneiro, em um edifício de múltiplos andares, de vigas de almas cheias, elemento estrutural característico da era do aço laminado. As vigas aparentes nas fachadas foram empregadas como elemento plástico e como meio de expressão formal, apresentando suas aletas e nervuras de reforço estrutural. Os autores declaram que o projeto antecipou uma linguagem arquitetônica, que mais tarde poderia ser visível nas obras de Mies Van der Rohe.

Fig. 14 Edifício comercial em Paris (1905). Fonte: DES CHARDONS SOUS LE BALCON. Disponível em: http://art- nouveau.style1900.net/visite-du-124-rue-reaumur-75002/. Acesso em 27 de março de 2014.

Hart, Henn e Sontag (1976), revelam que o projeto do prédio da rue Réamur, apresentou uma solução estrutural tão original para a época, que levou a acreditar que a França estava no caminho mais curto para liderar e produzir a verdadeira linguagem da arquitetura do aço do século XX, porém, o surgimento do concreto armado sobrepujou o desenvolvimento da construção em aço na França por pelo menos 50 anos.

Na Alemanha, Bellei (2004) explica que até as duas primeiras décadas do século XX, os arquitetos e engenheiros deram preferência aos sistemas construtivos fundamentados no concreto armado. O autor enfatiza que nesse período, a arquitetura alemã se destacou muito mais pelos conceitos formais propostos do que pelas obras realizadas, como os introduzidos pela Bauhaus, através dos arquitetos Gropius e Mies Van der Rohe.

Nesse período, Hart, Henn e Sontag (1976), destacam a construção do prédio da fábrica Fagus em Ahlfeld (fig.15), em 1911, projeto de Walter Gropius. Os autores reforçam a importância dessa obra, advertindo que, provavelmente, seja a criação mais progressiva daqueles anos, podendo ser considerado, como o percursor do construtivismo da Neue Sachlichkeit1. O projeto é arrojado para a sua época, por ser um dos primeiros edifícios a apresentar suas fachadas inteiramente compostas por vidro e aço.

1 Neue Sachlichkeit: (Nova objetividade) foi um movimento fundado na Alemanha, em 1920, por um grupo de

artistas cujo trabalho se apresentava como reação ao Expressionismo. Fonte: Enciclopédia Britânica. Disponível em: http://global.britannica.com/EBchecked/topic/410437/Neue-Sachlichkeit. Acesso em 19 de outubro de 2014.

Fig. 15 Fábrica Fagus (1911). Fonte: WORLDHERITAGE. Disponível em: http://worldheritage.si.edu/en/sites/fagus.html. Acesso em 28 de março de 2014.

Nos Estados Unidos, além das experiências bem sucedidas, em Chicago com o uso do aço, Nova Iorque começou a despontar como um importante líder na construção de edifícios altos em estrutura metálica. Bellei (2004) esclarece que essa liderança se consolidou no final do século XX, não somente na quantidade de obras construídas como nos recordes de altura. Em 1913, foi construído o Woolworth Tower, projeto do arquiteto Cass Gilbert, sua estrutura em aço mede 234 metros de altura e 55 andares. Segundo Bellei (2004) , “(...) considerado até 1930 o edifício mais alto do mundo.” (p.2) Para viabilizar o deslocamento vertical, os usuários eram servidos por 26 elevadores Otis, que, de acordo com Panchyk (2010), possibilitavam o transporte dos passageiros do térreo ao 51o andar. A maior distância já percorrida verticalmente, desde então.

Figura 16 Woolsworth Tower (1913). Imagens editadas pelo autor. Fonte: (1) SKYSCRAPER CITY. Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=97043252. (2,3 e 4) SKYSCRAPER MUSEUM. Disponível em:

A construção em aço ganhou um novo impulso como material construtivo depois da Primeira Guerra Mundial. Hart, Henn e Sontag (1976), destacam que a competição entre o concreto armado e o aço, que havia se intensificado no começo do século, deu vez a um esforço conjunto, para o desenvolvimento de novas técnicas de construção, impulsionados pela necessidade urgente de reconstrução das cidades, afetadas pela guerra.

Onde quer que o problema de moradias já se encontrava presente antes da guerra, este se torna agudo no pós-guerra, e sobretudo depois de alguns anos, graças à retomada do crescimento demográfico. (BENÉVOLO, 2001, p. 390)

Já nos anos 20, os construtores de estruturas em aço sentiram a necessidade de aperfeiçoar seus métodos técnicos e científicos, a fim de mostrar a sua superioridade sobre o concreto armado, pelo menos em relação a construção de edifícios em múltiplos andares. (HART, HENN e SONTAG,1976, p.19)

Em 1923, E. Mendelsohn desenvolveu o projeto de reforma e reconstrução do jornal Berlinger Taglebatt. Nessa obra, o arquiteto projetou uma nova fachada em aço e vidro, acima da imponente fachada já existente construída com pilares e arcos em pedra. Hart, Henn e Sontag (1976), alegam que a sobreposição dos novos pavimentos a estrutura já existente só foi possível, com a construção em estrutura de aço.

Fig. 16 Mossehauss (1923). Fonte: GERMAN-ARCHITECTURE.INFO. Disponível em: http://www.german- architecture.info/BER-006.htm. Acesso em 28 de março de 2014.

Entre as realizações mais importantes e inovadoras no campo da construção metálica do começo do século XX, estão algumas obras de Le Corbusier. Segundo os autores Hart, Henn e Sontag (1976), o arquiteto era um entusiasta dos novos movimentos arquitetônicos e, como descrevem, “la potencia creadora más polifacética” (p. 19). Em 1927, Le Corbusier projetou para Weisenhof-Siedlung, exposição de arquitetura moderna de Stuttgart, uma casa em dois pavimentos apoiados sobre pilotis de aço aparente. (fig. 17) Segundo Jones (2002), o evento comemorava a recuperação da economia alemã, depois dos tempos conturbados da década de 1920. O evento, coordenado por Mies van der Rohe, contou com a participação de arquitetos de vários países da Europa, fruto da solidariedade dos arquitetos modernistas europeus, que viriam a fundar mais tarde o CIAM - Congresso Internacional de Arquitetura Moderna.

(...) O projeto de Le Corbusier é provavelmente o projeto mais conhecido do

Weisenhof, e certamente o mais fotografado.(...) (...) Ele aproveitou o Weisenhof como uma oportunidade de apresentar os seus cinco pontos da

“nova” arquitetura: o pilotis, o terraço-jardim, a planta livre, a fachada livre e as janelas horizontais. A lista pode ser contada nos dedos de uma mão e era uma forma fácil de explicar o seu ponto de vista apresentado pela primeira vez com o famoso desenho Domino (fig.17). (Jones, 2002, p. 24)

Fig. 17 Fotografia Weisenhof-Siedlung house de Le Corbusier, e perspectiva do arquiteto demonstrando o conceito adotado (desenho Domino) (1927). Fonte: (01) EUROPACONCORSI. Disponível em:

http://europaconcorsi.com/projects/199439-Le-Corbusier-Weissenhof-Siedlung. Acesso em 26 de março de 2014; (02) Jones (2002, p.24)

Em 1930-1932, também projeto de Le Corbusier, foi construído o edifício de La Maison Clarté. (fig.18) O projeto do edifício distribuía 45 unidades em três pavimentos, apoiados em uma estrutura de aço com perfis soldados. Hart, Henn e Sontag (1976), destacam que esse sistema estrutural deu a fachada principal, praticamente toda composta de aço e vidro, ritmo e ordenação. Esse ritmo é demarcado pelas varandas

contínuas e suas esquadrias metálicas, combinados aos montantes verticais e as marquises de proteção contra o sol.

Fig. 18 La Maison Clarté (1931). Fonte: FONDATION LE CORBUSIER. Disponível em:

http://www.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId=13&IrisObjectId=4834&sysLanguage=en- en&itemPos=21&itemSort=en-en_sort_string1%20&itemCount=78&sysParentName=&sysParentId=64. Acesso em

28 de março de 2014.

Em Nova Iorque, seguindo a tendência das construções de edifícios altos, Bellei (2004) destaca duas obras que despontaram como marcos da arquitetura de arranha-céus. Em 1929, foi construído o Chrysler Building, (fig.19) com 320 metros de altura e 75 andares. E em 1931, o Empire State, (fig. 20) com 380 metros de altura e 102 andares que, segundo o autor, “(...) durante os 40 anos que se seguiram não encontrou rival no mundo.”(p.02) Alguns números impressionam em relação a construção do Chrysler Building, segundo os relatos de Panchyk (2010), a obra consumiu cerca de 21.000 toneladas de aço e, aproximadamente, 4 milhões de tijolos.

Fig. 19 Chrysler Building (1929). Fonte: NEW YORK ARCHITECTURE. Disponível em: http://nyc- architecture.com/MID/MID021.htm. Acesso em 01 de abril 2014.

A construção do Empire State teve início em março de 1930, projeto de Shreve, Lamb e Harmon Associates. O edifício é marcado por seus ornamentos em Art Deco e, logo após a sua inauguração em maio de 1931, segundo Panchyk (2010), viria conquistar o brilho e o status de maior prédio do mundo, do seu concorrente Chysler Building. A obra do edifício empregou cerca de 60.000 toneladas de aço.

Fig. 20 Empire Sate (1931). Imagem editada pelo autor. Fonte: NEW YORK ARCHITECTURE. Disponível em: http://nyc-architecture.com/SPEC/GAL-MID-ESB.htm. Acesso em 1 de abril de 2014.

Benévolo (2004), ressalta que o período que compreende o fim da Primeira Guerra Mundial até a grande depressão americana, a construção civil americana experimentava um momento de prosperidade, onde a construção de diversos obras, proporcionou uma alteração no modelo das grandes cidades. Caracteriza-se esse período de prosperidade, pela construção dos grandes arranha-céus que, segundo o autor, resultaram da influência dos edifícios comerciais, construídos em Chicago no século anterior. Panchyk (2010), declara que 13 dos 20 edifícios mais altos de Nova Iorque foram construídos entre 1930 e 1932, período que antecedeu a grande crise econômica nos Estados Unidos, provocada pela Segunda Guerra Mundial, momento em que o aço, assim como outros materiais, passaram a ser um recurso precioso, tendo seu uso direcionado para a guerra.

Em 1938, Mies Van der Rohe, de acordo com Benévolo (2004), foi convidado para dirigir o departamento de arquitetura do Armour Institute. Em 1947, sua fama foi consolidada, após a amostra de suas obras em uma exposição no Museum of Modern Art, e, a partir daí, surgiram diversas oportunidades para o arquiteto experimentar e

apresentar suas propostas de sistemas de construção. “(...)Através da colaboração com vários projetistas locais, Mies Van der Rohe assumiu, aos poucos, a figura de um superprojetista, idealizador de formas exemplares (...)” (Benevolo, p.628)

Dessa forma, em 1959, como os autores Hart, Henn e Sontag (1976) declaram, foi realizada uma das mais importante obras de Mies Van der Rohe, o Seagram Building. (fig. 21) Situado na Quinta Avenida em Nova Iorque, o edifício foi todo projetado em estrutura de aço revestido com concreto, prevenção determinada por leis de segurança contra incêndio da época. O projeto se destaca pela sua verticalidade, pelo minimalismo e modulação marcante das fachadas, assim como, a variedade de materiais e seu acabamento preciso.

Segundo Blaser (2001), a proposta arquitetônica apresentado por Mies van der Rohe para os edifícios comerciais, como o Segram Building, passaram a ser adotados no mundo inteiro, resultado da economia de materiais e da flexibilização dos espaços projetados. Segundo o autor, “Mies van der Rohe, um mestre no uso da construção de ferro e vidro, logrou difundir a organização racional de fachadas e a utilização econômica dos materiais”. (Blaser, 2001, p. 138)

O Seagram Building, completado em 1959, foi realizado com meios excepcionais: as partes metálicas à vista são de bronze, os painéis de mármore polido ou de vidro róseo; as instalações são tão perfeitas quanto é possível hoje; (…) (BENÉVOLO, 2001, p. 628)

Fig. 21 Seagram Building (1959). Imagens editadas pelo autor. Fonte: (01) WORK BREAK TRAVEL. Disponível em: http://workbreaktravel.com/new-york-city-guide-contemporary-architecture-part-2/; (02) WTTW. Disponível em:

http://interactive.wttw.com/tenbuildings/seagram-building; (03) GREAT BUILDINGS. Disponível em: http://www.greatbuildings.com/buildings/Seagram_Building.html. Acesso em 07 de abril de 2014.

A partir de 1950, até o fim do século XX, muitos outros prédios em aço e vidro foram construídos nos Estados Unidos e no mundo. Entre eles podemos citar, os edifícios do World Trade Center, o Pan Am Building e o Sears Tower.

Esse capítulo apresentou alguns exemplares dos edifícios, em múltiplos andares, construídos com estruturas em aço, a fim de demonstrar como se deu a evolução desse sistema construtivo que gradativamente foi conquistando espaço na construção civil.