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4 ANÁLISE DAS OBRAS

4.5. Edifício Mobile 123 (2012) – Arq Rocco Vidal

Fig. 116 Fachada da rua Pereira leite. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014)

Fig. 117 Plantas do subsolo e pavimento térreo. Fonte: imagem editada a partir da revista AU (2013, p.35).

Fig. 119 Corte longitudinal A. Fonte: imagem editada a partir da revista AU (2013, p,37).

Fig. 120 Corte longitudinal B. Fonte: imagem editada a partir da revista AU (2013, p.37).

4.5.1. Descrição da obra

O edifício de salas comerciais Mobile, localizado em São Paulo, projeto dos arquitetos Luis Fernando Rocco, Fernando Bento Vidal e Douglas Tolaine, com a colaboração de Gabriel Fiuza, João Neri, Guilherme Maia, Fabio Jungstedt e Débora Mayer, fica localizado na Rua Pereira Leite, em um terreno delimitado por três lotes. A solução arquitetônica se destaca por sua estrutura metálica externa, que envolve os três blocos de salas comerciais que definem o edifício (fig. 122).

Cada bloco edificado ocupou um lote especifico, respeitando os recuos e as taxas de ocupação estabelecidas na legislação. A estrutura metálica aparente, desponta como o elemento formal que garante a unidade do projeto, interligando os três blocos a partir de sua linguagem característica, que intercala elementos de fachadas cheio e vazios, definidos a partir da modulação imposta por seus elementos estruturais. A estrutura metálica interligando blocos construídos em lotes independentes, a partir de elementos vazados, foi condicionante para resolver uma determinante da legislação, que só permitiu essa solução estrutural, desde que o projeto respeitasse uma proporção entre os elementos cheios e vazios (AU, 2013).

Fig. 122 Perspectiva esquemática ilustrando os três blocos do edifício, a estrutura metálica aparente e a coberta metálica em “V”. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014)

Os três blocos são integrados pelos ambientes definidos pelos recuos entre cada edifício, que dão uso a jardins internos e circulações (fig. 123), cujos prédios se conectam, nos andares superiores, por passarelas.

Uma cobertura metálica de duas águas em forma de “V” (fig. 124), vazada no centro, marca a volumetria externa integrando os dois primeiros blocos, o bloco norte e o central, e delimita a altura dos edifícios que acompanha o baixo gabarito da vizinhança, que permitiu integrar visualmente o edifício à tipologia existente das casas vizinhas. A decisão por utilizar a coberta vazada se deu, inicialmente, para cumprir as normas da legislação, considerando que é uma estrutura que conecta edifícios de lotes diferentes, e, consequentemente, ajudou a garantir uma melhor iluminação e ventilação entre os blocos.

Fig. 123 Recuo entre os blocos norte e central do edifício com seus jardins internos e circulações. Fonte: Maria Augusta Justi Pisani (2014).

O fechamento das fachadas, voltadas para o oeste, são ditadas por esquadrias metálicas e vidro (fig. 124), beneficiando a integração visual com a paisagem da cidade, que se apresenta de forma privilegiada, graças a sua localização e a topografia do terreno. Segundo a revista AU (2013), essas fachadas receberam ainda, o acréscimo de uma pequena área sacada, cuja a estrutura é praticamente um prolongamento em balanço das vigas secundárias e das lajes “steel deck”.

Fig. 124 Fachada oeste e vista do edifício para a cidade. Fonte: (img 01) Wladimir Capelo Magalhães; (img 02) revista AU (2013, p.40)

O acesso ao edifício é feito pelo espaço compreendido entre o bloco central e o bloco sul (fig. 125), que leva a recepção e as circulações verticais, que por sua vez, dão acesso independente aos blocos e as unidades.

Fig. 125 Vista de dentro para o acesso ao edifício entre o bloco central e o sul vista da entrada para o interior do edifício. Fonte: (foto 01) revista AU (2013, p.40); (foto 02) Wladimir Capelo Magalhães (2014)

4.5.2. Análise do sistema estrutural

Fig. 126 Modelo esquemático do sistema estrutural. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

A estrutura metálica do edifício se caracteriza por seu sistema de quadro porticado com contraventamentos verticais, cujas conexões dos elementos estruturais, todos em perfis com seção “I”, são parafusadas (fig. 127). A modulação definida pelos pilares e vigas conferiu uma marcação de planos nas fachadas, que foram vedados (fig.128), alternadamente, por esquadrias metálicas e vidro, e por painéis de alvenaria pintada,

que possibilitaram amenizar a incidência dos raios do sol e assegurar uma consistência visual, conferindo unidade ao conjunto. As diagonais são utilizadas como elementos de contraventamento, que garantem rigidez ao conjunto estrutural, estão situadas nas fachadas como vigas treliçadas verticais, cujos espaços definidos pelas diagonais são preenchidos por painéis de alvenaria.

Fig. 127 Diagonais de contraventamento nas fachadas. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

Fig. 128 Detalhe do contraste entre os painéis de alvenaria e o vidro das esquadrias metálicas. Detalhe da conexão dos elementos estruturais. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

O sistema de lajes definidas no projeto da edificação foi do tipo “steel deck” (fig. 129), que ficam aparente em grande parte do edifício, evidenciando suas fôrmas de aço galvanizado no formato de telhas trapezoidais que, a partir das características mecânicas do concreto, ajudam a dar mais rigidez a todo o sistema estrutural, trabalhando os esforços como uma laje mista. As vigas secundárias que apoiam as lajes, por receberem menores esforços, sempre quando necessário, são vazadas para

a passagem da tubulação de infraestrutura, como os dutos hidráulicos e elétricos (fig. 129).

A coberta metálica em “V” (fig. 130) é apoiada nos pilares da estrutura que ficam praticamente encobertos pelos painéis de vidro, proporcionando uma sensação de leveza, como se a coberta apenas tocasse na edificação.

Fig. 129 Lajes “steel deck” e detalhes da conexão aparafusadas das vigas secundárias nas vigas principais. Fonte: (img. 01) revista AU (2013, p.42); (img. 02) Wladimir Capelo Magalhães (2014).

Fig. 130 Coberta metálica e detalhes estrutural. Fonte: revista AU (2013, p.40)

Os pilares do subsolo, área reservada para estacionamento, são apoiados e fixados nas fundações de concreto, cujas conexões, com as vigas principais, recebem um reforço estrutural, que garante um melhor apoio entre os dois elementos (fig. 131). À estrutura do subsolo, são acrescentadas ainda elementos em diagonais que amparam o contraventamento da estrutura ajudando a encaminhar os esforços dos pilares para as fundações.

Fig. 131 Fotos dos detalhes dos elementos estruturais do subsolo. Base do pilar. Reforço da conexão entre viga e pilar. Diagonais de contraventamento. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

4.5.3. Considerações finais sobre o edifício comercial Mobile

O edifício de salas comerciais Mobile expõe sua estrutura metálica aparente como componente principal de suas fachadas, sendo o elemento que integra, física e visualmente, os três blocos de salas comerciais que se situam em lotes independentes e, consequentemente, deveriam atender as especificidades das leis vigentes, como os recuos e os índices de aproveitamento. O uso do aço possibilitou, a partir dos elementos estruturais, determinar uma modulação de planos, ora vasados, ora preenchidos, que interligam e integram os espaços vazios entre cada unidade. Essa solução estrutural foi condicionante para resolver uma exigência da legislação, que só permitia essa integração, se a estrutura respeitasse uma proporção especifica entre planos cheios e vazios. A linguagem do aço possibilitou ainda que o edifício fosse construído em um prazo mais curto, necessidade imposta pelo cliente.

O tempo restrito de obra exigiu que os arquitetos apostassem na estrutura metálica com lajes em steel deck – a estrutura esbelta também maximizou os espaços e viabilizou o empreendimento nesta região que exige um gabarito baixo. A localização por outro lado, proporcionava uma ótima vista, daí a especificação de terraços na parte posterior o edifício. (AU, 2013, pg.42)