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5 METODOLOGIA

5.6 Análise e interpretação dos dados

Utilizamos a Análise de Conteúdo (AC) como base de sustentação metodológica para nos auxiliar na tarefa de organização e tratamento dos dados. Em linhas gerais, este modelo de análise reúne um conjunto de técnicas que possui a finalidade de buscar a compreensão crítica do sentido das comunicações com os sujeitos da pesquisa, numa perspectiva interpretativa.

Caregnato e Mutti (2006) falam sobre os primórdios da AC. Informam os autores (p. 682) que,

a Análise de Conteúdo (AC) surgiu no início do século XX nos Estados Unidos para analisar o material jornalístico, ocorrendo um impulso entre 1940 e 1950, quando os cientistas começaram a se interessar pelos símbolos políticos, tendo este fato contribuído para seu desenvolvimento; entre 1950 e 1960 a AC estendeu-se para várias áreas. Portanto, esta técnica “existe há mais de meio século em diversos setores das ciências humanas [...]” (grifo dos autores).

Como o próprio nome indica, a AC é uma técnica de pesquisa que trabalha com o conteúdo; tradicionalmente, materiais textuais escritos. Em termos práticos, no campo da Análise de Conteúdo, o texto é tido como meio de expressão do sujeito, onde o analista busca categorizar palavras ou frases que se repetem, inferindo uma expressão que as representem (CAREGNATO; MUTTI, 2006). O pesquisador busca, assim, “compreender o pensamento do sujeito por meio do conteúdo expresso no texto, numa concepção transparente de linguagem” (CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 684).

Para Laurence Bardin (1977, p. 42),

a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.

Conforme vimos, há neste modelo, basicamente, a ideia de que é na interpretação que se busca os sentidos das falas e das ações para se chegar a uma compreensão ou explicação, tanto por meio do dito quanto pelo não dito. Em outras palavras, o propósito da análise é ir além do descrito, fazendo uma decomposição dos dados e buscando as relações entre as partes que foram decompostas.

Demo (2008) percebe que tal técnica reveste-se de um exercício reflexivo, já que considera o conjunto de concepções, interpretações e decisões do investigador, superando as funções de verificação e de heurística. Sob o nosso olhar, este momento configura-se como um grande desafio para o pesquisador,

a análise de conteúdo não fica apenas nas fichas, nos relatórios, nas gravações, porque sabe que isto é instrumento, vestimenta, aparência. É preciso ir além disso, de modo hermenêutico. Saborear as entrelinhas, porque muitas vezes o que está nas linhas é precisamente o que não se queria dizer. Surpreender as insinuações, que cintilam no lusco-fusco das palavras e superam a limitação da expressão oral ou escrita. Escavar os compromissos, para além das verbalizações, pois jamais há coincidência necessária entre um e outro (DEMO, 2008, p. 42-43).

Sabe-se que a análise de conteúdo compreende uma diversidade de técnicas, tais como: a análise categorial ou temática, a análise de avaliação, a de enunciação, a análise proposicional do discurso, a análise da expressão e a análise das relações. Por isso, faz-se necessário esclarecer, que elegemos para o nosso estudo o desenvolvimento da análise categorial ou temática. Neste empreendimento, “o tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura” (BARDIN, 1977, p. 105). Bardin (1977) considera essa técnica fácil e rápida de se aplicar quando se pretende analisar significações que os sujeitos elaboram acerca de algo.

Também é este o pensamento de Franco (2005) e por isso, o autor indica a utilização da análise de conteúdo com previsão em três fases fundamentais. São elas:

Etapa 1: Pré-análise – Inicialmente, se procura fazer uma transcrição legítima

das informações evidenciadas, que serão organizadas e enviadas aos entrevistados para confirmação;

Etapa 2: Exploração do material – A segunda etapa é a descrição detalhada das evidências coletadas. Nesta etapa, busca-se dar conta da identificação de dados e informações relevantes para o estudo qualitativo da pesquisa;

Etapa 3: Tratamento dos resultados, inferência e interpretação – A última fase deve comtemplar a análise com base na fundamentação teórica, que permitirá identificar as relações existentes nas teorias empregadas, observando os fatos convergentes e divergentes captados durante a coleta dos dados.

Após o trabalho de campo procedemos a uma exaustiva leitura de todo o material que foi coletado nas entrevistas. Posteriormente, os dados devidamente transcritos foram selecionados e classificados de acordo com as semelhanças entre as percepções dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Por último, seguindo os padrões indicados na etapa anterior, passamos para a categorização dos resultados.

Conforme o exposto, no processo de aplicação da análise temática, o trabalho também foi organizado por etapas, ao longo das quais foi sendo construída, de forma crítica e reflexiva, à organização e às análises dos dados de nosso estudo.

Por último, informamos que, em nossa análise, partimos de categorias posteriormente estabelecidas combinadas, sobretudo, as declarações dos sujeitos sobre os contributos da fanzinedição para o ensino de biologia e as influências da fanzinedição na sua formação docente.

Explicitada a metodologia empregada nesta investigação, passemos ao sexto capítulo deste trabalho dissertativo.

6 O FAZER ZINÍCO NAS AULAS DE BIOLOGIA: RELATOS, PERCEPÇÕES,