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O Prof. E respondeu no questionário que esse movimento para ele seria uma “alternância de seção rítmica com levada meio jazzística, com seção lírica inspirada em canção brasileira”, o Prof. A definiu com uma única palavra: “contrastes” e a definição de todo o concerto pelo Prof. M está na conclusão desse trabalho. Lembramos que não temos a resposta do Prof. H porque ele não enviou as respostas a tempo.

No começo do solo, nos c. 32-34, podemos observar que o Prof. E modifica a arcada original. A resposta do professor foi: “faço no mesmo arco as 2 primeiras notas, com rearticulação da 2ª nota e o 3º tempo para cima para valorizar a acentuação”. Quando executado o trecho com a arcada do Prof. E, podemos observar o uso de maior quantidade de arco na acentuação para cima, provocando uma acentuação natural do arco. Também observamos que apesar das pausas de semicolcheias e acentuações, a frase termina no 1° tempo do c. 35 e apresenta a mesma forma rítmica, por isso essa arcada proporciona fluidez ao trecho. Na arcada impressa, faz-se necessário a retomada do arco depois do acento, porque a tendência é de conduzirmos o arco em direção a ponta, sendo outro recurso o uso do arco retrógado. O Prof. A usa o arco retrógado no começo do concerto, fazendo os acentos com o vibrato e as colcheias em staccato, conforme a gravação. O prof. H também usa o arco retrógrado e faz as colcheias um pouco curtas em direção ao 1° tempo, detalhes encontrados na gravação. O arco retrógrado proporciona uma continuação do fraseado, evitando-se a interrupção do som caraterística da retomada do arco. O Prof. A respondeu no questionário que “gosto de tocar esse trecho mais no meio do arco, procurando valorizar bem os acentos e

tomando cuidado para não deixar esse tema tão vertical. A articulação seria entre o detaché13 e o stacatto nas notas mais curtas”. O prof. M afirma que também usa o detaché nesse trecho. O Prof. H riscou o acento no c. 32, no segundo tempo fraco do compasso e colocou no tempo forte, na nota Ré, e no compasso seguinte refez a mesma marcação. Na parte original da viola, observa-se esse acento no tempo fraco do 2° tempo e a palavra “símile” no outro compasso. Na parte do piano e da orquestra não há esse acento no acompanhamento, somente no solo. Talvez o professor decidiu manter a acentuação da orquestra, nos tempos fortes. O trecho encontra-se na Figura 22. Prof. A Prof. E Prof. H Parte original

Figura 22: Começo do solo no concerto, arcadas e dedilhados nos c. 32-34

Encontram-se dedilhados diferentes nas semicolcheias nos c. 44-46. A questão de escolha dos dedilhados é muito pessoal e cada professor seleciona a que mais se adequa a passagem. Cabe salientar que as escolhas de dedilhados dependem de alguns fatores que variam de acordo com o desenvolvimento técnico, passando pela intenção interpretativa e chegando até mesmo aos aspectos anatômicos individuais do instrumentista. Os professores A e H passam da 4ª posição para a 5ª posição no semitom Fá# e Sol e sobem no Sib com o 1° dedo no c. 46. O Prof. E sobe com o 2° dedo no Sib. Sobre a mudança da arcada no c. 44, todos professores separam os 3° e 4° tempos. Esta separação está na parte original da viola e não foi copiada nas outras partes. Ela é necessária para que as semicolcheias do próximo compasso comecem para baixo, facilitando o movimento do detaché. Nas gravações, os

13Uma arcada separada é tomada para cada nota, sendo o golpe suave e completamente igual, com nenhuma

variação de pressão. Não há pausas entre as notas, e cada golpe deve, consequentemente, ser executado até o início do próximo. O detaché simples pode ser tocado em qualquer parte do arco e com qualquer extensão. (SALLES citando Ivan Galamian, 1998, pg. 47)

professores realizam um crescendo nas semicolcheias em direção ao c. 47, onde a orquestra entra depois em forte e, com o ritmo do motivo A, apresenta-se então um diálogo entre o solo e a orquestra até o c. 50. Na Figura 23, temos os trechos dos professores, a cópia do original e o diálogo indicado pela seta entre o solo e a orquestra.

Prof. A Prof. E Prof. H Parte original Grade orquestra

Figura 23: Dedilhados nas semicolcheias nos c. 44-46 e o diálogo do solo e orquestra, c. 45-49

Os professores A e E mantiveram o mesmo dedilhado nos c. 57 e 59. O trecho do Prof. E não tinha marcações, mas como o trecho repete nos c. 174-180, selecionamos esse para o exemplo abaixo. O Prof. H usou a extensão do Lá e Mib, 1- 4, nas tercinas do c. 58, permanecendo por mais tempo na III corda. Nas gravações, todos professores destacam a última nota das tercinas nos c. 57-59, sendo essa curta e fora da corda, tornando a passagem mais ágil e articulada. Na parte manuscrita, há um traço acima da primeira nota da tercina no

primeiro tempo de cada compasso, 57-59, e na parte original da viola há somente um traço abaixo do Lá no c. 58, conforme exposto na Figura 24. Provavelmente os professores colocaram os acentos para valorizar a movimentação cromática descendente em cada primeiro tempo do compasso, as notas Sib, Lá e Láb, em direção as semicolcheias do c. 60. Na parte original não temos a ligadura da primeira tercina no c. 59, está separada como as outras, o que não acontece nas partes dos professores A e H. Nas gravações, observamos que os professores separam a ligadura como as outras tercinas.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Parte original

Parte manuscrita

Figura 24: Dedilhados nas tercinas nos c. 55-60

Uma marcação que encontramos na parte original e não nas partes dos professores foi o diminuendo e rallentando a partir do c. 61 ao 64. Os professores A e H escreveram nas partes essas mudanças de dinâmica e andamento na Figura 25. Todos realizam um pequeno rallentando nessa passagem nas gravações. Esse trecho é uma transição para o motivo C e percebemos a necessidade do rallentando e diminuendo para a sequência melódica que acontece no solo no c. 64. Acreditamos que estas informações musicais são importantes e precisam estar nas edições. A ideia do compositor é expressa na obra através destas marcações, embora o intérprete possa modificar conforme seu entendimento e compreensão. As indicações de andamento foram utilizadas de forma sistemática e precisa pelo compositor na parte manuscrita, alterações como: cedendo, rallentando, a vontade e acelerando.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Parte original

Figura 25: Marcações de andamento e intensidade nos c. 61-63

Os professores E e H alteram as arcadas impressas nos c. 65- 69 e 79 da mesma forma. O Prof. E respondeu no questionário que alterou por questão de projeção sonora. Apesar desse

trecho estar em piano, é preciso garantir uma sonoridade mais continua e consistente no solo com relação ao acompanhamento e dar fluidez ao trecho de melodia descendente. Se tocarmos as quatro semínimas em uma arcada, dos compassos citados acima, teremos pouca condução e quantidade de arco para a realização do fraseado. Na parte original da viola, estas arcadas são separadas a cada duas semínimas. Os professores E e H ligaram o primeiro tempo do c. 73 para a arcada do c. 74 cair para baixo. No original as colcheias do c. 72 tem a mesma direção para cima, solucionando o problema do c. 74. O Prof. M informou no questionário que: “separo o compasso 68 como o 64 (isonomia)”. Conclui-se que os professores preferem separar a arcada ligada nestes compassos de dois em dois tempos, para dar projeção sonora ao trecho. Com relação ao dedilhado, todos indicam mudança para a II corda no c. 68, provavelmente, uma forma de mudar o timbre ou “cor” da viola no trecho melódico. Os professores fazem o mesmo dedilhado na II corda nos c. 68 -74. Verificamos estas marcações na Figura 26.

Prof. A

Prof. H

Parte original

Figura 26: Arcadas, dedilhados e mudança de timbre nos c. 64-80

Na Figura 27, encontramos dedilhados diferentes dos professores nas semicolcheias cromáticas. Podemos encontrar na técnica do instrumento os padrões de digitações para escalas cromáticas como: 1234, 1212, 1231, entre outros. As notas nesse trecho não são todas cromáticas, por isso o Prof. A decidiu usar o padrão 1234 (inclusive para os tons), o Prof. E mesclou 1231 com 1212 e o prof. H usou o mesmo dedo nos semitons. Torna-se importante para esse trecho a clareza e uma pequena acentuação a cada tempo do compasso. A acentuação serve para articular a nota repetida entre as semicolcheias ligadas e valorizar as primeiras notas desse compasso: Sol, Sib e Mib. Na sequência, os dedilhados também variam por causa das escolhas nas semicolcheias cromáticas, mas todos professores encontram-se na nota Sol, 6ª posição, culminando na nota Dó no c. 88. Nas gravações, os professores A e E não alteram o andamento até a nota Dó no c. 88, eles executam uma pequena cesura e após um apoio nessa nota com o uso do vibrato. O Prof. H faz um rallentando nas notas Lá e Si no c. 87 em direção ao compasso seguinte. A realização desse crescendo nas semicolcheias é direcionada a nota Dó.

Prof.A

Prof. E

Prof.H

Figura 27: Dedilhados nas semicolcheias c. 85-87

Arcadas diferentes na Figura 28, os professores A e E separam as semínimas do c. 89 de duas em duas, o Prof. H separou todas. Na parte original essas arcadas são separadas. Provavelmente as arcadas foram alteradas pelos professores porque buscou-se uma melhor sonoridade contínua na região aguda da viola, principalmente na I corda que, dependendo de como tocada, pode soar muito aberta ou metálica. Também temos alterações nos compassos 95 e 97, sendo que o Prof. A fez as duas primeiras notas do compasso para baixo, o Prof. E uniu as duas últimas notas da tercina no c. 95 e as primeiras notas no c. 97 e o Prof. H uniu a 2ª e 3ª notas da tercina no primeiro tempo. Cada um ajustou a arcada para que a primeira nota do compasso seguinte fosse para baixo. Um dedilhado em comum aconteceu no c. 97 nas tercinas, na nota Dó#, todos os professores estão na 3ª posição nesse trecho, mas decidiram tocar essa nota com o 1° dedo na corda Lá e não com o 4° dedo em posição. Provavelmente por causa do timbre da mesma corda ou para fazer um crescendo em direção à nota Fá no c. 98, onde o motivo principal do 1° movimento é retomado.

Prof. E

Prof. H

Parte original

Figura 28: Arcadas e dedilhados nos c. 88-99

Na Figura 29, temos dedilhados diferentes nas semicolcheias e a dúvida de nota do prof. A no c. 104. A parte do piano e a grade da orquestra não apresentam alteração da nota Si nesse compasso, pois a regra musical é que quando um acidente aparece em uma nota no começo do compasso, esse vale para o compasso inteiro. O Prof. A relatou que “durante um dos ensaios com a orquestra surgiu essa dúvida, acabei fazendo o Si bequadro.” O prof. E reforçou o sinal de bemol nessa nota, mas perguntado sobre a dúvida da nota no questionário, ele respondeu: “acredito que o Si bequadro está correto, ele tem a ver com o compasso seguinte e não com a harmonia do compasso 104.” O Prof. M informou que para ele sempre foi um si natural. Todos acreditam que o Si é bequadro no c. 104. As escolhas de dedilhados pelos professores nas semicolcheias do c. 105 estão na figura abaixo. Os professores realizaram um crescendo nestas semicolcheias em direção ao c. 106, a orquestra de cordas também tem a mesma dinâmica na parte.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Parte piano

Figura 29: dedilhados nas semicolcheias e dúvida de nota, c. 103-105

Sobre a cadência do concerto, na Figura 30, encontramos dedilhados diferentes no c.120 e todos professores sobem para a 2ª posição no c. 123. A qualidade do vibrato nas cordas duplas é melhor na segunda posição, com o 1° e 3° dedos, pelo seu movimento. É possível tocar na primeira posição, mas por questões artísticas e qualidade do vibrato, usa-se o 3° dedo e não o 4° dedo na nota Mib, optando assim pela 2ª posição. A fermata na nota Dó# no c. 120 não está na parte original e os professores E e H modificaram as arcadas nesse compasso e no c. 121 provavelmente para solucionar o problema das 3 colcheias em cordas duplas ligadas para baixo. No c. 124 e 125, a nota pedal Ré acompanha a direção das ligaduras das notas superiores, dando movimento e articulação ao trecho. Podemos identificar nas gravações a interpretação da cadência pelos professores. O Prof. A realiza um acelerando nas semicolcheias do c. 119 e prolonga um pouco o valor da nota Dó# no c. 120. Nos c. 124 e 125, usa o legato e um pequeno cedendo no último tempo do c. 125. Ele toca a tempo as tercinas e semicolcheias dos c. 126-128, com um pequeno acento no 1° tempo de cada compasso e segue a tempo até o final da cadência para dar fluência à frase. O Prof. E prolonga mais o valor das notas Dó no c. 116 e Dó# no c. 120. Faz um cedendo nas últimas semicolcheias do c. 119, uma pequena cesura depois da última nota do c. 122. Usa o legato nos c. 124 e 125 e um pequeno cedendo na última semínima do c. 125, como o Prof. A. Ele começa com o andamento mais lento nas tercinas no c. 126 e acelera um pouco na metade do

c. 127, um rallentando no c. 129 e a partir do c. 130, acelera aos poucos até o c. 133. O prof. H prolonga mais que os outros professores as notas Dó no c. 116 e Dó# no c. 120, marcação de fermata, só que liga o Dó# a primeira das semicolcheias, a mesma nota, e articula a nota seguinte, Lá. Nos c. 124 e 125, usou as dinâmicas crescendo e decrescendo. Faz um rallentando no c. 129 e retoma a tempo no compasso seguinte. Começou as semicolcheias mais lentas no c. 134 e acelerou até o final da cadência.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Figura 30: Cadência c. 120-127

Professores A e E fazem a mesma arcada no c. 129, mas está faltando uma marcação na última colcheia do compasso, acreditamos que seja para cima. Essa arcada foi observada na gravação em vídeo dos professores, dessa forma, o compasso seguinte começa para baixo. O Prof. H resolve o problema separando as duas colcheias do c. 129. O Prof. H escreveu um cedendo no c. 129 e a tempo no c. 130, como na parte original da viola, uma forma de preparar a retomada do tema inicial do concerto. Como comentamos no parágrafo anterior, o Prof. A não faz o rallentando no c. 129 e o Prof. E faz o rallentando e continua lento até o c. 133. Cada professor interpretou a sua maneira esse trecho de transição para o motivo A na

cadência na Figura 31. A parte original da viola tem outras marcações de mudança de andamento, que não estão nas partes dos professores, como esse exemplo nos c. 129 e 130.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Figura 31: Cadência, arcadas nos c. 128-130

Escala final da cadência no c. 135 com dedilhados diferentes no 4° tempo da Figura 32. Os professores A e H mudaram para a 3ª posição, 1° dedo no Ré e o Prof. E mudou para a 4ª posição, deixando as últimas notas em posição fixa. Essa escala termina na nota Láb, é importante fazer um crescendo em direção a essa nota e tocá-la com todo o seu valor e entregar para a orquestra na sequência, que entra na dinâmica forte.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

Figura 32: Cadência, dedilhados nas semicolcheias dos c. 134 e 135

Os professores E e H desligaram o c. 151 na Figura 33, provavelmente para destacar as tríades desse compasso de transição e dar direcionamento à retomada do motivo A no c. 152. Outra razão seria o crescendo marcado na parte, separando os arcos temos mais condições de realizar a condução das notas cromáticas até o forte do próximo compasso. Na parte original essa arcada é separada, não como na cópia dos professores, e é semelhante à arcada do Prof. E, só difere porque o professor na gravação destaca as duas últimas notas da

tercina e executa-as com a articulação curta, no original a notação é semelhante a do legato14. O Prof. A manteve a arcada ligada impressa na parte e o Prof. H separa todas as notas. O Prof. M relatou no questionário que: “separo o primeiro lá do resto da tercina.” O Prof. E também faz outra arcada diferente da marcada na parte, que identificamos na gravação, e no questionário ele respondeu que “separo o 2º tempo e as 3 notas da tercina, cada uma em um arco”. Prof. A Prof. E Prof. H Parte original

Figura 33: Arcada no c. 151, trecho dos c. 149-152

Erro de nota na parte do Prof. E na Figura 34, o Fá é sustenido no c. 181. O prof. H corrigiu a nota e na parte do Prof. A está correto. Na parte original da viola, do piano e da orquestra essa nota é Fá#. Na figura 33 podemos observar a nota na parte original e na parte dos professores. Provavelmente, foi um erro de cópia. Verificando a gravação, notamos que o Prof. E executa a nota Fá # nesse compasso.

Prof. A

Prof. E

Prof. H

14 Na Ligadura de duas ou mais notas, dentro de um golpe de arco. Significa uma sucessão de notas dentro, necessariamente, de uma ligadura, executadas numa mesma direção do arco. É indicada com o símbolo usual de ligadura. (SALLES, 1998, p.47)

Parte original

Figura 34: Erro de nota no c. 181

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