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Uma quarta influência musical encontrada na obra é o Jazz. Apresentamos dois exemplos de elementos do jazz no primeiro movimento, nos c.60-76, e no terceiro movimento nos c.93-100.

Na Figura 20, podemos identificar o movimento descendente na linha melódica,

cromatismo e síncope que formam o padrão pertinente tanto ao dialeto do jazz quanto da música popular brasileira, com caráter de improvisação. A parte solista foi construída sobre as notas da escala octatônica ou escala diminuta (Dó, Réb, Mib, Mi, solb, Sol, Lá, Sib), escala muito comum no Jazz. Esse trecho tem um caráter de improvisação com o acompanhamento da orquestra. Pode-se realçar as notas da escala octatônica e usar o swing na parte solista.

Figura 20: O movimento descendente na linha melódica e a escala octatônica na parte solista com o acompanhamento da orquestra c.60-76.

No terceiro movimento temos um exemplo de riff do Jazz. Alguns aspectos que não foram citados anteriormente sobre esse padrão são: frase que vai criando tensão; no ritmo forte, impetuoso, mais insistente que complexo e o Swing que depende de uma produtiva interação entre o riff do grupo e o improviso solo. Na interpretação da música brasileira, tal

qual no jazz norte-americano, é indispensável a presença do “swing” ou “molho”. Busca-se essa flexibilidade do ritmo, “swing”, na parte da viola solista com o acompanhamento do riff na orquestra, exemplo de riff na Figura 21.

5 ANÁLISE COMPARATIVA DO CONCERTO

Os quatro professores de viola e colaboradores desse trabalho são: Alexandre Razera, Emerson de Biaggi, Horacio Schaefer e Marcelo Jaffé. Apresenta-se um breve currículo dos professores colaboradores: o Prof. Alexandre Razera graduou-se pela Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação de Marcelo Jaffé. Foi bolsista da Fundação Vitae para a Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim (Alemanha), onde foi orientado por Wilfried Strehle, posteriormente estudando na Universidade de Artes de Berlim. No Brasil, atuou como violista da OSESP, Orquestra Experimental de Repertório, e solista nas orquestras da OSUSP, em Santo André, Minas Gerais e Camerata Fukuda, entre outras. É primeiro violista da Orquestra da Rádio e Televisão Eslovênia de Ljubljana e músico convidado da Mahler Chamber Orchestra, desde 2008. Realizou concertos, gravações e turnês junto a várias orquestras europeias, como Filarmônica de Berlim, Orquestra da Rádio de Berlim, Orquestra de Câmera de Berlim, Orquestra da Ópera de Berlim, Mahler Chamber Orchestra e Orquestra da Rádio de Ljubljana. O Prof. Dr. Emerson De Biaggi estudou violino com a profª. Lola Benda e viola sob orientação do prof. Johannes Oelsner. Cursou o Bacharelado em Música na USP, onde foi aluno dos professores Perez Dworecki e Horacio Shaeffer. Realizou o curso de Mestrado na Boston University (1992) estudando com Raphael Hillyer e Steven Ansell. Em seguida, cursou o Doutorado na University of California, sob orientação de Heiichiro Ohyama, Donald McInnes e Ronald Copes. Em 1997, regressou ao Brasil para integrar a Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo. Entre 1999 e 2001, foi chefe dos naipes de violas das Orquestras de Câmara da Unesp e Orquestra de Câmara São Paulo. Foi professor de viola e música de câmara no Departamento de Música da Unesp de 1997 a 2004, exercendo estas mesmas atividades no Instituto de Artes da Unicamp desde 1998, além de lecionar nos cursos de pós-graduação. Integra o trio de cordas Camaleon, o grupo Carcoarco e o quinteto de cordas Quintal Brasileiro. O Prof. Horacio Schaefer foi spalla da Orquestra Sinfônica Jovem de São Paulo com 15 anos. Em 1971, após ganhar vários concursos no Brasil, foi para a Alemanha aperfeiçoar-se com Max Rostal. Em 1979, obteve o seu mestrado com o 1º Prêmio da Escola Superior de Música de Colônia. A partir daquele ano, começou a desenvolver carreira como solista, recitalista e camerista, tocando em diversas cidades da Alemanha. Foi membro da Orquestra de Câmara Deutsche Bach Solisten, spalla das violas da Orquestra Filarmônica de Essen e violista do Quarteto de Ravel, tocou na Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt e no Sexteto de Cordas daquela orquestra. Além de spalla das violas da Osesp, é

violista do Quarteto Amazônia. O Prof. Marcelo Jaffé iniciou seus estudos com Alberto Jaffé, seu pai, prosseguindo-os na Universidade de Illinois, EUA. Participou de vários cursos ministrados pela Pró Arte de Teresópolis, Escola de Música de Brasília, Bienais da USP e dos Festivais de Inverno de Campos do Jordão e Tanglewood Music Center entre outros. Jaffé obteve o 1º Prêmio nos Concursos Nacional de Música de Câmara da Universidade de Brasília, Jovens solistas da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Jovens Concertistas Brasileiros / Sul América e Edward Krollik Award. Jaffé foi Diretor Artístico da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, é membro do Quarteto de Cordas Cidade de São Paulo, do Ensemble São Paulo, Professor do Departamento de Música da Universidade de São Paulo e apresenta ‘O prazer da música’, um dos programas de maior audiência da Rádio Cultura FM. Marcelo Jaffé é professor do Curso Superior de Música (Bacharelado) da Faculdade Cantareira e Diretor da Camerata Cantareira. Os professores Emerson e Horacio foram alunos do violista Perez Dworecki, a quem o concerto foi dedicado.

Na análise deste capítulo, cada professor colaborador aborda a obra de um ponto de vista diferente, dando múltiplas perspectivas e estratégias baseadas em seus conhecimentos e experiências, tanto nos aspectos técnicos como interpretativos.

Serão analisadas as escolhas de arcadas, dedilhados, articulações, interpretação do concerto pelos intérpretes que colaboram para um melhor entendimento e interpretação da obra. Além das partes solos de cada colaborador, foram analisadas gravações e um questionário enviado por e-mail com perguntas técnicas e interpretativas relacionadas às partes enviadas. O prof. Marcelo enviou o questionário, mas não encontramos gravações e, sobre a parte solo da viola, ele disse que não realiza marcações porque prefere que os alunos façam suas interpretações. Não encontramos gravações do prof. Emerson dos 2° e 3° movimentos do concerto e o prof. Horacio não enviou o questionário antes do término desse trabalho. Por estes motivos, a análise caminhou para uma delineação mais descritiva, mas, com base no material enviado pelos professores, conseguimos observar pontos da interpretação no concerto. As partes da viola dos professores Alexandre, Emerson e Horacio apresentam edições diferentes, cujas fontes, não conseguimos encontrar. A parte que chamamos de “original da viola”, que foi enviada pelo compositor para o solista Perez Dworecki, encontra-se no Anexo A desse trabalho. Essa parte foi fornecida pela violista Hellen Mizael, que detém o acervo do violista.

Foi necessária uma revisão de edição das partes solos, visto que os professores indicaram nas suas partes algumas dúvidas de notas ou sinais musicais, assim como a autora desse trabalho. Foram analisadas e comparadas as partes de piano e a grade da orquestra de cordas com a parte da viola. Temos a parte manuscrita do compositor, que foi copiada e enviada para Perez Dworecki, mas, comparando a cópia que foi enviada para o solista e o manuscrito, identificam-se notas diferentes. O outro meio encontrado para solucionar algumas dúvidas com relação às notas musicais na parte do solista foi o envio do questionário para os professores.

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