5.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS
5.2.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) ou Análise Preliminar de Perigos (APP) ou Preliminary Hazard Analysis
Essa técnica consiste na primeira abordagem sobre o objeto de estudo, dai chamar-se preliminar. Seu foco de atuação consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o fim de se determinar os riscos que poderão estar presentes na sua fase operacional, não sendo uma boa ferramenta para controle dos riscos.
É uma análise do tipo qualitativa, desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema, possuindo especial importância na investigação de sistemas novos de alta inovação e/ou pouco conhecidos, ou seja, quando a experiência em riscos na sua operação é carente ou deficiente. Podendo ainda ser aplicada em unidades já em operação, permitindo, nesse caso, a realização de uma revisão dos aspectos de segurança existentes. A melhor forma de controle das medidas recomendadas pela APR é através de uma Lista de Verificação.
Atua sobre os possíveis eventos perigosos ou indesejáveis capazes de gerar perdas na fase de execução do projeto. Com base em uma APR obtêm-se uma listagem de riscos com medidas de controle a serem adotadas. Permite ainda estabelecer responsabilidades no controle de risco, o que é uma medida de grande importância na Gestão de Riscos.
Como a APR é realizada em estágios iniciais do projeto, a falta de informações detalhadas sobre o projeto pode omitir riscos que somente serão detectados em fases avançadas do projeto, o que pode acarretar custos e prejuízos não previstos inicialmente.
Devido à superficialidade a APR possui custos baixos de realização.
A APR não é uma técnica aprofundada de análise de riscos e geralmente precede outras técnicas mais detalhadas de análise, já que seu objetivo é determinar os riscos e as medidas preventivas antes da fase operacional.
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A APR tem grande utilidade no seu campo de atuação, porém, como já foi enfatizado, necessita ser complementada por técnicas mais detalhadas e apuradas. Em sistemas que sejam já bastante conhecidos, cuja experiência acumulada conduz a um grande número de informações sobre riscos, esta técnica pode ser dispensada, neste caso, partir-se diretamente para aplicação de outras técnicas mais específicas.
5.2.1.1 Metodologia
A metodologia consiste na realização das seguintes atividades:
a) Descrição do objeto de forma a definir todas as etapas, estabelecendo se necessário diagrama com o fluxo operacional. Exemplo: translado (casa – aeroporto) – check-in – viagem aérea – translado (aeroporto – hotel) – check-in Hotel;
b)Seleção da etapa ou sub-etapa de estudo. Exemplo: translado (casa – aeroporto);
c) Seleção do evento perigoso ou indesejável. Exemplo: atrasar-se no deslocamento ao aeroporto; d)Identificação das possíveis causas do evento. Exemplo: quebra do carro, sair atrasado, trânsito congestionado, não conseguir táxi;
e) Identificação das conseqüências do evento: correria, pouco tempo para despedida, perder o vôo; f) A priorização das ações é determinada pela categorização dos riscos, ou seja, quanto mais prejudicial ou maior for o risco, mais rapidamente deve ser solucionado;
g) Estabelecimento das medidas de controle de riscos e de emergências. Exemplo: sair com antecedência, marcar previamente o táxi, verificar as horas de rush, fazer check-list de viagem; h)Estabelecimento dos responsáveis pelas ações preventivas e corretivas;
i) Repetição das letras de “c” à “g”para outros eventos;
j) Repetição das letras de “b” à “g”para outras etapas ou sob-etapas.
No intuito de facilitar a fase de avaliação das conseqüências sugerimos a classificação dada pela norma militar norte-americana MIL-STD-882A apresentada na Tabela 6, que pode ser mais detalhada de acordo com o gerente de risco.
Grau Tipo Conseqüência
I
DESPREZÍVEL A falha não irá resultar numa degradação maior do sistema, nem irá produzir danos funcionais ou lesões, ou contribuir com um risco ao sistema.
II MARGINAL OU
LIMÍTROFE
A falha irá degradar o sistema, porém sem envolver danos maiores ou lesões, podendo ser compensada ou controlada adequadamente.
III
CRÍTICA A falha irá degradar o sistema, causando lesões, danos substanciais, ou irá resultar num risco inaceitável, necessitando ações corretivas imediatas.
IV
CATASTRÓFICA A falha irá produzir severa degradação do sistema, resultando em sua perda total, lesões ou mortes.
Tabela 6 – Categorias de Riscos
Outra classificação freqüentemente encontrada em estudos de APR é de: desprezível, menor, moderado, sério e crítico.
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EXEMPLO: Sistema de corte de vergalhões de aço
Risco Causa Conseqüências Categoria Medidas Preventivas e/ou Corretivas Choque - Instalações precárias (desemcapada) - Falta de aterramento - Excesso de umidade -Falha na operação - Equipamento danificado - Lesão ou morte IV - Fazer aterramento - Proteger as instalações e os cabos - Usar EPI
- Mnt dos eqp regular - Treinar operadores
Ruído Falta de manutenção, isolamento inadequado - Surdez temporária ou definitiva III - Usar EPI
- Mnt dos eqp regular - Diminuir o tempo de exposição
- Troca por eqp moderno Fagulhas - Contato do disco com
o vergalhão
- Queimaduras - Contato com os olhos
III - Usar EPI e EPC Contato com o
ponto de operação
Falta de proteção no
ponto de operação Corte/amputação IV
- Usar EPI e EPC - Treinar operadores Postura inadequada - Altura inadequada da bancada - Manuseio inadequado - Esforço físico - Dores musculares II - Adequar equipamentos - Treinar operadores
De acordo com o Gerente de Risco, podem ser inseridas outras colunas, tais como: natureza do risco, responsável pelas medidas preventivas e/ou corretivas, atividade, probabilidade.
5.2.2 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) ou Failure Modes and Effects Analysis