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RESPONSABILIDADE CRIMINAL PELO PRODUTO

No documento Apostila de Gerenciamento de Risco (páginas 112-115)

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A aplicação da responsabilidade criminal pelo produto está relacionada aos casos tipificados no Código Penal Brasileiro (CP), que em seu Art. 1º diz: “Não há crime sem lei anterior que o defina....”.

Assim como no CDC, alguns artigos do CP devem ser ressaltados, pois dizem respeito diretamente ao Gerenciamento de Risco e à saúde e segurança do trabalhador, são eles:

a) Para que haja um crime é necessário estabelecer uma relação de causalidade, onde o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem o qual o resultado não teria ocorrido (Art. 13 do CP).

b) O Art. 18 do CP define os crimes culposos, quando o agente deu causa ao resultado por negligência, imperícia ou imprudência. No parágrafo único o legislador complementa: “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”, isto é, se o resultado foi culposo, somente será considerado crime se estiver tipificado no CP.Essa tipificação de crime é a que se aplica aos acidentes de trabalho.

c) O §3º, do Art 121º, trata do homicídio culposo simples, e nessa tipificação podemos enquadrar os acidentes de trabalho cuja culpa possa ser imputada à chefia, a qualquer preposto envolvido na atividade ou a um colega de trabalho desde que seja constatada negligência, imperícia ou imprudência. Mesmo quem também tenha sido vítima, qualquer pessoa que tenha contribuído para o resultado danoso poderá ser responsabilizado pelo evento.

Se houver negligência, imperícia ou imprudência ficará caracterizado homicídio culposo e a culpa poderá ser:

 Pela falta de qualificação do profissional escolhido para executar o serviço;  Pela falta de fiscalização durante os preparativos e execução do serviço;

 Pela imprudência ou imperícia por quem praticou o ato, causando dano ao colega;  Pela negligência às cautelas recomendadas por parte agente;

 Pela falta de cautela ou atenção na guarda do bem.

Após essas referências ao CP é possível constatar que o sistema penal brasileiro obriga a uma postura prevencionista no ambiente de trabalho, pois mesmo sem dolo, há a possibilidade de condenação penal por negligência, imperícia ou imprudência.

OBS: Cabe ressaltar que em alguns casos, pode-se invocar para um mesmo fato as esferas cível e penal. Isto é possível quando o fato concreto é tipificado como crime pelo CP e importa em prejuízo de ordem material, podendo ser este a suspensão temporária da capacidade de trabalho do empregado.

6.3.1 Tipos de danos e responsabilidade criminal

a) Lesão Corporal: Art. 949. “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.”

 Ressarcimento das despesas do tratamento (dano emergente);  Lucros cessantes até o fim da convalescença (alta médica);  Danos morais (se a lesão provocou uma situação vexatória);

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 Danos estéticos (deformidade);

 Pensão vitalícia, correspondente à importância do trabalho, constituído de um capital para garantir o pagamento das prestações futuras (proporcional a inabilitação para a atividade que desempenhava). b) Homicídio: Art. 948. “No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.”

 Pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral, luto da família, jazigo, etc. (dano emergente);

 Danos morais

 Pensão mensal correspondente a 2/3 dos rendimentos do de cujus, até a época em que este completaria 65 anos (prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto devia)

c) Art. 951. “O disposto nos Arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.”

6.3.2 Alguns conceitos e definições de Direito

a) Condenação criminal art. 63 do CPP: Sentença condenatória transitada em julgado constitui título

executivo judicial para reparação no juízo cível.

b) Solidariedade pela reparação Art. 942 CC: Todos responderão em caso de mais de um autor a

ofensa.

c) Responsabilidade objetiva art. 927 parágrafo único CC:Obrigação de reparar o dano, independente

de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para direito de outrem.

d) Imputáveis - Empregador e seus agentes Sócios, gerentes, diretores ou administradores que

participem da gestão da empresa, profissionais do SESMT 6.3.3 Alguns crimes e penas

a) Contravenção penal § 2.º art. 19 da Lei 8.213/91: Deixar de cumprir as normas de segurança e

higiene do trabalho. Pena de multa

b) Crime - art. 132 do CP: perigo para a vida ou a saúde de outrem - Expor a vida ou a saúde de

outrem a perigo direto e iminente. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais grave.

c) Lesão corporal art. 129 CP detenção de 3 meses a 1 ano.

d) Lesão corporal grave - Incapacidade por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade permanente

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e) Lesão corporal gravíssima - Incapacidade permanente, enfermidade incurável, perda ou

inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente, aborto. - § 2.º - reclusão de 2 a 8 anos

f) Lesão corporal seguida de morte - § 3.º- reclusão de 4 a 12 anos g) Homicídio culposo art. 121 § 3.º - detenção de 1 a 3 anos h) Homicídio doloso art. 121 reclusão de 6 a 20 anos

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