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Análise prospectiva aos atletas convocados por coorte na categoria Sub21.

CAPÍTULO I Revisão da literatura

A PROGRESSÃO DOS ANDEBOLISTAS DE ELITE NAS DIVERSAS CATEGORIAS DAS SELEÇÕES NACIONAIS DE PORTUGAL UM ESTUDO

3.3 Análise prospectiva aos atletas convocados por coorte na categoria Sub21.

Por último do total de atletas convocados para a categoria de Sub21 (M:153; F:109) há, em algumas coortes, uma elevada percentagem de atletas convocados novamente para a equipa sénior (M: C2=75% e C4=61%). Esta percentagem é inferior nas atletas estudadas, e apenas na coorte 7 cerca de metade das atletas que participaram na categoria Sub21 foram novamente convocadas para a equipa sénior, sendo que com a exceção da coorte 6 (F:C6=13%) os valores observados nas restantes coortes variam entre os 35 por cento e os 39 por cento (ver Figura 5 e 6).

Figura 3. Atletas masculinos convocados por coorte na categoria Sub19.

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 Su b 1 9 56% 76% 67% 64% 56% 54% 69% 63% 25% 57% 37% 40% 41% 43% 23% 22% Sub21 Sénior

Figura 4. Atletas femininos convocados por coorte na categoria Sub19.  

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 Su b1 9 50% 62% 40% 81% 70% 25% 65% 39% 23% 19% 15% 39% 30% 8% 39% 17% Sub21 Sénior

4. Discussão

Os resultados obtidos parecem demonstrar que as conclusões reportadas pelos estudos efetuados neste âmbito podem não explicar de forma abrangente a eficácia do processo de seleção de atletas de elite nas modalidades coletivas. Em todas as análises efetuadas nos dois géneros, há sempre pelo menos uma coorte que apresenta valores muito diferentes (muito superiores ou muito inferiores) daqueles reportados nos estudos que utilizam amostras muito amplas e com várias gerações em simultâneo.

As investigações efetuadas nos desportos coletivos analisam várias gerações em simultâneo e as conclusões são obviamente generalizadas a todos os atletas internacionais incluídos nas amostras. De uma forma geral os estudos efetuados nas modalidades coletivas indicam que apenas uma pequena percentagem de atletas convocados para os escalões de formação são novamente convocados para os seniores (Barreiros et al., 2012; Buñuel et al., 2006; Ford & Williams, 2012; Helsen et al., 2000; Ibáñez et al., 2010). O

nosso estudo parece contradizer estes resultados. Por exemplo na coorte 7

100 por cento dos atletas foram convocados para competir na categoria Sub17 e novamente nos seniores, valores nunca antes reportados nos desportos

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 Su b2 1 40% 75% 46% 61% 58% 58% 33% 25% Sénior

Figura 5. Atletas Masculinos convocados por coorte, na categoria Sub21.  

Figura 6. Atletas Femininos convocados por coorte na categoria Sub21.   C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 Su b2 1 36% 35% 38% 39% 35% 13% 53% 38% Sénior

coletivos. Outro dado interessante é o facto de esta ter sido a coorte que apresentou valores mais baixos nas percentagens de atletas convocados para competir entre etapas consecutivas, comparativamente às outras coortes. Estes dados parecem indicar que houve uma seleção de atletas diferentes durante as etapas de formação, no entanto, os atletas convocados na categoria Sub17 devem ter apresentado na idade de sénior aptidão superior aos colegas, o que se traduziu nos resultados encontrados. Parece assim ser possível concluir que nesta geração o planeamento a longo prazo da carreira desportiva destes jovens atletas foi muito eficaz, pelo que seria muito interessante conhecer os fatores que contribuíram para este sucesso.

Como referido anteriormente os valores encontrados são muito diferentes entre as coortes estudadas e por exemplo na coorte 2 os valores reportados foram também muito superiores àqueles reportados nos estudos que analisam várias gerações em simultâneo (M:C2=67%). No entanto nesta coorte o comportamento da população em estudo foi diferente da coorte 7 porque entre etapas consecutivas a percentagem de atletas convocados é muito elevada (Sub17-Sub19: 100%; Sub19-Sub21:76% e Sub21-Sénior:75%). Ou seja apesar de se verificar uma estabilidade nos atletas convocados durante os escalões de formação, esta não se traduziu num aproveitamento máximo desses atletas nos seniores. No entanto, cerca de dois terços de atletas convocados é um valor muito elevado comparativamente aos resultados obtidos noutros estudos, noutras modalidades e, parece refletir as várias possibilidades quanto às trajetórias dos atletas até à seleção sénior.

Os resultados encontrados no género feminino são semelhantes, apesar da diferença entre coortes não ser tão expressiva como no masculino. Por exemplo na coorte 4 verifica-se um grande aproveitamento de atletas nas categorias iniciais entre etapas consecutivas durante o processo de formação (Sub17-Sub19: 95% e Sub19-Sub21: 81%), e também uma elevada percentagem de atletas convocadas para a equipa sénior (F: C4=43%).

Há também a considerar os valores baixos na transição entre a categoria Sub21 e a Sénior, em ambos os géneros, que pode ser justificado, por exemplo, pela diminuição do número de convocados na seleção sénior.

Por outro lado, verifica-se ainda que nos dois géneros existem coortes que apresentam valores consideravelmente mais baixos do que aqueles reportados pelos estudos onde a análise foi efetuada com várias gerações em simultâneo. Há também uma enorme variabilidade nas percentagens de atletas convocados/as entre etapas consecutivas. Os valores são de tal forma diferentes entre algumas coortes que avançar com justificações para estes dados não seria mais do que especulação e apenas uma análise aprofundada a estas coortes permitiria encontrar explicações para estes resultados.

Há no entanto na literatura tentativas de explicações para os resultados encontrados nos estudos referidos que permitem efetuar uma reflexão neste âmbito. Por um lado, e como já referido, nos últimos anos alguns autores referem o facto de poder haver gerações com maior número de atletas de alto nível, o que poderá significar que estes atletas permanecem na seleção sénior durante mais tempo, dificultando a participação dos atletas mais jovens. Por outro lado, há ainda a considerar o facto de que os planos de desenvolvimento de talentos das federações (Blanco, 2004) possam ser diferentes de geração para geração, traduzindo-se em maiores (ou menores) oportunidades para os jovens em formação. Esta constatação pode possivelmente explicar a variação do número total de atletas convocados nas diferentes gerações. Aliás, observa- se que mesmo em coortes com número semelhante de convocados, os atletas que participaram nas diversas categorias em estudo é diferente. Há coortes onde foram convocados menos atletas por categoria, o que se pode traduzir em menos oportunidades para alguns atletas.

A literatura refere ainda que o sucesso na competição nestas idades jovens pode ser explicado pelo maior tempo de prática dos atletas, ou seja, os atletas mais experientes têm mais sucesso (Barreiros et al., 2013a; Ford & Williams, 2012; Ward et al., 2007). Este fator parece ser muito interessante na tentativa de explicar os resultados obtidos mas seria necessário informação relativa ao tempo de prática dos atletas para se poder concluir que este foi um fator decisivo no processo de seleção destes atletas.

Por último, os estudos reportam que as baixas percentagens de atletas convocados para os escalões de formação de elite e novamente para a seleção

sénior, podem provavelmente ser explicadas pelo facto de nos clubes e nas seleções regionais e nacionais a escolha, numa fase inicial (Sub17) ser efetuada tendo em conta apenas, ou principalmente, a aptidão física dos atletas (Buñuel et al., 2006; Helsen et al., 2000; Ibáñez et al., 2010; Meylan et al., 2010; Milanese et al., 2011; Musch & Grondin, 2001; Reilly et al., 2000; Romann & Fuchslocher, 2011; Vayens et al., 2009; Vila et al., 2012). Durante as fases iniciais de seleção, os atletas são escolhidos pela sua aptidão física e características antropométricas, fatores claramente influenciados pelo processo de desenvolvimento maturacional, e altamente variável entre indivíduos (Malina, 2004). A presente investigação parece demonstrar que esta explicação pode não ser tão linear quanto aparenta, uma vez que não justifica o enorme sucesso do processo de desenvolvimento desportivo que se encontrou neste estudo em algumas coortes (e.g. M: coorte 7).

Por outro lado, há ainda coortes com elevadas percentagens de convocados para participar nas categorias Sub17 e Sub21. Por exemplo, no masculino as coortes 2 e 3 apresentam valores percentuais superiores a 80 por cento, e no género feminino a coorte 4 também, o que significa que estes/as atletas foram convocados/as durante a fase do seu desenvolvimento maturacional (Sub17) e novamente numa fase onde esse desenvolvimento já terminou não sendo substituídos/as por outros/as atletas durante este processo. Assim, tal como referido anteriormente parece muito interessante o estudo de coortes específicas (no caso, as coortes com valores muito superiores e muito inferiores aos reportados nos estudos efetuados neste âmbito nos desportos coletivos), de forma a procurar explicações exatas e reais para a investigação do desenvolvimento da carreira dos jovens desportistas de elite nos desportos coletivos.

5. Conclusões

O presente estudo permitiu concluir que a percentagem de atletas que participaram pelo menos uma vez na categoria Sub17 e que voltaram a ser convocados para a equipa sénior é muito diferente entre coortes para ambos os géneros. Em todas as análises efectuadas há sempre, pelo menos uma

geração, que apresenta valores muito diferentes (muito superiores ou muito inferiores) daqueles reportados nas análises globais noutras modalidades desportivas coletivas. Parece claro que em ambos os géneros os estudos neste âmbito devam concentrar-se em determinadas gerações, de forma a procurar explicações exatas para o estudo da progressão dos jovens atletas de elite nas seleções nacionais nas modalidades desportivas coletivas.

CAPÍTULO III

Artigo 3

UM PONTO DE VISTA DIFERENTE SOBRE O EFEITO DA IDADE RELATIVA