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4.2 OS REFERENTES LULA E DILMA: SIGNIFICADO TEXTUAL E

4.2.1 Referente Lula

4.2.1.1 Análise do Quadro 11

Este artigo traz o referente Lula tematizado apenas 2 vezes, sendo uma desta posição temática utilizada como um termo para se referir a Lula. É possível perceber a pouca menção a Lula, tendo em vista a centralidade semântica e argumentativa voltada para Dilma. Na primeira oração em destaque, o tema é ideacional e traz Lula no rema “Tentou-se colocar o Lula na casa civil”, numa remissão a este episódio, realizado numa tentativa de dar foro privilegiado ao referente Lula. Neste caso, coincide a informação nova da oração na localização do Rema, o fato de que Dilma havia chamado Lula para ser Ministro da Casa Civil.

No nosso entender, há uma relativização quanto a informação nova, ou seja, para o leitor, a informação pode não ser nova, dado seu conhecimento de mundo que já o faz conhecedor de tal fato. Na oração 2 “Também não funcionou pelo jeito, a genialidade política que se atribui a Lula”, o referente Lula é colocado na posição do rema, que mais uma vez, traz a informação nova da oração, a ironia de que este referente seria um gênio na política. Com relação à oração 3)” Lula foi capaz de eleger postes como Dilma...”, temos o referente Lula em um Tema Tópico, que são Temas responsáveis pela introdução dos personagens de destaque no artigo. Houve também uma subdivisão do Tema; ou seja, o elemento do Rema da oração 2, Lula, desdobrou-se em temas nas orações subsequentes. Este se revela um padrão de progressão que propicia dinamicidade ao artigo. A oração 3 se inicia com Lula tematizado que atua na forma de identificado, por um processo relacional “foi capaz”. Este tema topical não-marcado corresponde ao sujeito da oração e traz no

rema informações novas que direcionam para o teor argumentativo perpetrado pelo articulista.

Já o artigo de opinião Tempo de Desvario traz o referente Lula 7 vezes, mas apenas na 7ª oração, há ocorrência do referente Lula em posição temática, embora o conteúdo semântico em torno deste referente assemelhe nas posições do Tema e Rema: o de levar a indução do governo Lula como um exemplo de má gestão. Vejamos a oração 1) “Pois foi justamente o que fez na última semana desse funesto mês de março, ao decidir em três minutos, e por unanimidade, abandonar o governo Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, do PT e de todos os parasitas pendurados em todos eles.” Há um tema textual, configurado ao fazer um link com a pergunta que antecede e situa Lula no Rema. Nas orações 2)” Só um governo patologicamente ruim conseguiria levar um partido como o PMDB a largar o osso que roeu em mansa sociedade com Lula, Dilma e o PT desde que foram para o palácio do Planalto treze anos e três meses atrás.” e 3) “Nunca se roubou tanto dinheiro público no Brasil como nos governos de Lula e DIlma.” o referente em questão, Lula, está presente no Rema, onde traz a informação nova de que o governo patologicamente ruim seria o de Lula e de que o maior desvio de dinheiro público do país teria sido em seu governo.

Estas informações trazidas sobre Lula no Rema levam o leitor a inferir que a mensagem pretendida, de uma negativa construção de imagem do referente Lula, será o pano de fundo do artigo como um todo. Nas orações 4, 5 e 6 que trazem Lula no Rema delineia-se a mesma perspectiva de análise da mensagem, a avaliação negativa de Lula, na inserção deste nos processos penais e na quebra da imagem de herói de Cuba, fato que em outrora se consolidou na imagem do ex-presidente Lula, mas agora atribuído ao ex-presidente americano Barack Obama. Por fim, a oração em que Lula é tematizado em forma de atributo, “Lula é indefensável”, já que traz o processo relacional “ser”, revela-se um Tema Tópico que proporcionou proeminência ao artigo por ser uma estrutura que trouxe ênfase na finalização do texto, visto que Lula foi representado, por uma voz de autoridade, uma deputada de extrema esquerda, como aquele cidadão incapaz de ser inocentado das acusações que lhes são feitas. O referente Lula é apresentado com mais incidência, neste artigo, no Rema, nas informações novas ou inferíveis pelo leitor.

Quanto à estrutura temática, o artigo Paraíso Perdido apresenta 7 menções ao referente Lula, e todas elas estão localizadas no Rema. As orações “1)Onde foi parar neste começo de 2016, o carrinho novo que, segundo o ex-presidente Lula, o operário brasileiro finalmente teve dinheiro e crédito para comprar, por conta das virtudes de seu governo?” e 2) “Onde poderia estar circulando o Trem Bala que, segundo Lula, garantiu mais de uma vez, seria inaugurado dali a pouquinho e calaria a boca dos que torcem contra o governo?” trazem tema interpessoal configurado por um elemento interrogativo, o que codifica um levantamento irônico dirigido às ações que supostamente foram ovacionadas pela gestão da era Lula. A oração 3, “O Brasil entrou, afinal, na Opep, como Lula previa diante da nossa transformação em potência na produção de petróleo?” traz um tema ideacional não- marcado e lança o referente Lula para o Rema onde a informação nova é construída.

Este estilo de escrita de situar Lula no Rema se apresenta bastante recorrente no presente artigo. Vale ressaltar que, no Rema, onde consta o referente Lula e onde há a informação nova ao leitor, o recurso estilístico da ironia é fortemente marcado em quase todas as orações que trazem o referente Lula. Na oração 4,” Aliás, por falar nisso, quando foi a última festa para comemorar mais uma descoberta do pré-sal, com Lula e Dilma fazendo aquelas marcas pretas de óleo nos uniformes cor de laranja com que eram fantasiados?” há um tema múltiplo, o que contribui para a coerente organização do texto enquanto mensagem.

O referente Lula, novamente encontra-se no Rema, com uma informação nova por não ser retomada no texto nem no contexto. Na última oração,”Este é o país que resultou na prática, dos treze anos de Lula, Dilma e PT.”, o tema é ideacional, por iniciar por um processo, e traz Lula na posição de Rema. Desta vez, o Rema apresenta uma informação que não é nova. Pela própria maneira como o articulista conduziu toda sua carga argumentativa, esta informação é dada por inferência ou conhecimento de mundo do leitor.

Quadro 12 – Metafunção Textual Referente Lula

Artigo V4 Tudo desigual Artigo V5 – Na véspera

Tema Rema Tema Rema 1) De todas as

aberrações criadas na vida do país por Dilma Rousself, pelo PT e pelos ex-presidente Lula,

É difícil escolher uma campeã indiscutível (...)

1) O fator Lula. O passo em falso do juiz Sérgio Moro, ao deter

Lula

2) A alarmante carga de cavalaria que Lula faz

no momento contra as normas gerais da democracia

2) ofereceu Um discurso ao ex- presidente

3) O homem desistiu Definitivamente de defender-se dentro das leis.

3) O ex-presidente voltou

ao centro do palco

4) Nomeou A si próprio para um terceiro mandato como chefe da casa civil

4) Lula ser Investigado e

eventualmente preso como qualquer cidadão obedece à boa ordem republicana e é sinal de avanço civilizacional. 5) Dilma foi gravada

dizendo

A Lula que ia lhe mandar o termo de posse como ministro

5) Ocorre que ele não é um cidadão qualquer.

6) Fizeram Uma edição extra do Diário Oficial na véspera da posse de Lula, para ele se esconder o mais rápido

possível das

investigações

6) teremos Nova eleição e Lula se

sobreviver às

investigações sairá candidato.

7) Dilma é Tratada por Lula como se fosse sua empregada.

7) Certamente não inclui Lula em seus cálculos.

8) Na inesquecível gravação em que se prontifica

a entregar-lhe o termo de posse preventivo, não recebe dele sequer um obrigado.

9) É impossível acreditar que

Possa dar alguma ordem que desagrade a seu novo ministro da Casa Civil.

10) ao mesmo tempo, para dizer que não querem mais saber

De Lula 11) No começo de sua carreira política, quando se (elipse) apresentava como um idealista não contaminado pela politicagem, Lula

disse que no Brasil só preto e pobre vão para a cadeia

12) Ladrão vira Ministro, garantiu ele na ocasião

13) (elipse)Falou De livre e espontânea vontade

14) Além e talvez acima de tudo, Lula, o PT e seu sistema de propaganda tentam vender

Uma ideia perversa, de que na política brasileira tudo e todo mundo é igual.

Fonte: Revista Veja