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4 DIRETRIZES PROJETUAIS PARA ACESSIBILIDADE EM PRAÇAS 153

2.3 A ACESSIBILIDADE E O DESENHO UNIVERSAL

3.3.6 Análise quanto aos ambientes

Os ambientes de permanência da praça são aqueles espaços específicos, destinados à realização de atividades que a caracterizam enquanto espaço livre de lazer e convivência, o que faz com que a acessibilidade seja essencial para que se garanta a participação de todos.

O Jardim São Benedito possui diversos destes ambientes, dentre os quais, temos: a Academia Campista de Letras, a academia de ginástica ao ar livre, os quiosques para venda lanches, as quadras poliesportivas, a quadra de areia, a academia da terceira idade, os pergolados com área de estar e de jogos de tabuleiro e as áreas de parque infantil.

De uma forma geral, os espaços e mobiliários apresentam boa visibilidade devido à permeabilidade da praça. Quanto às informações dos ambientes, existem algumas placas que descrevem seus nomes e as atividades que ali são realizadas, como se vê na Figura 73, mas que não compreendem todos os espaços, assim como não há sinalização que oriente suas localizações. Também não se vê qualquer sinalização tátil para atendimento a pessoas com deficiência visual.

Figura 73 – Exemplo de sinalização existente na praça, com a identificação dos ambientes e das atividades ali realizadas.

Fonte: Moreira, 2021.

Como o piso da praça, em geral, é recoberto por areia e grama, a maioria dos ambientes apresenta desníveis que, em alguns casos, são vencidos por rampas que não configuram garantia de acessibilidade, por apresentarem inclinações acentuadas e demonstrarem certo improviso em suas construções, não acompanhando os padrões estabelecidos em norma. A Academia Campista de Letras apresenta situação um pouco diferenciada, pois para que se chegue até ela, o deslocamento se faz pelo eixo principal pavimentado, ainda que inadequado, assim como sua rampa, que apresenta inclinação superior à recomendada em norma (Figura 74).

Figura 74 – Exemplos de desníveis existentes em alguns dos ambientes de permanência do JSB, sendo eles: a) quadra poliesportiva 2; b) pergolado para jogos; c) Academia Campista de Letras; d) Academia de Ginástica ao

ar livre

Fonte: Moreira, 2021.

Apesar de não existir rota acessível no Jardim São Benedito, uma das quadras é utilizada para a prática de basquete em cadeira de rodas pela ONG Esporte sem Fronteiras, ainda que os atletas precisem se deslocar por caminhos inadequados para alcançar o espaço da prática esportiva dentro da praça. Na data da reabertura do JSB ao público, quando ocorreram diversas atividades na praça em um contexto de celebração pela oportunidade de apropriação do espaço em um momento de melhoria dos índices pandêmicos, houve demonstração desta prática esportiva (Figura 75), reforçando a necessidade de medidas para a promoção da acessibilidade em tal espaço.

a) b)

c) d)

Figura 75 – Integrantes da equipe da ONG Esportes sem Fronteiras em uma das quadras do JSB, no momento de sua reabertura ao público.

Fonte: Página do Prefeito Wladimir Garotinho no Instagram, 2021.

A NBR 9050/2020 orienta, quanto aos ambientes esportivos, que a largura dos vãos de portas por onde circulam praticantes de esportes que utilizem cadeira de rodas do tipo

“cambada” deve ser de 1,00 m, incluindo as portas dos sanitários e vestiários. Com isso, vale apresentar, na Figura 76, as informações quanto aos tipos de cadeiras de rodas e suas dimensões, apresentadas na NBR 9050/2020.

Figura 76 – Dimensões referenciais de cadeiras de rodas manuais, motorizadas e esportivas, segundo a Norma Técnica 9050/2020.

Fonte: ABNT, 2020.

No Jardim São Benedito, a quadra 3, onde se viu a prática de esportes em cadeira de rodas, o vão para acesso ao ambiente possui 0,92m de largura, diferentemente da quadra 2, onde não há registros desta prática esportiva, mas apresenta vão para entrada e saída do

espaço com 1,29m de largura. Identifica-se ainda que as portas dos sanitários possuem 0,80m de largura, diferentemente do que a norma orienta (Figura 77).

Figura 77 – Quadra poliesportiva onde há prática de basquete em cadeira de rodas, com vão para acesso mais estreito do que o recomendado.

Fonte: Moreira, 2021.

Também existem, no JSB, dois espaços recobertos por pergolados, sendo um espaço de estar com bancos e um para jogos de tabuleiros. O pergolado com mesas para jogos de tabuleiro apresenta desnível para que se alcance este ambiente, sem que haja rampa integrada a uma rota acessível. Nele não se percebe a existência de espaço que permita a participação de pessoa em cadeira de rodas nas atividades, sem que haja área livre junto à mesa para encaixe da cadeira (Figura 78).

Figura 78 – Pergolado com conjunto de mesas para jogos.

Fonte: Moreira, 2021.

O pergolado com bancos apresenta um arranjo interessante do mobiliário, por estimular a conversa, dispondo-se frente a frente, em formato circular. Fica localizado próximo ao parque infantil, o que contribui para que adultos possam acompanhar as crianças, considerando a boa visibilidade que o espaço permite. O mobiliário urbano citado também estimula práticas relacionadas aos direitos concretos que envolvem as cidades, articulando assim o direito ao lazer ao direito à cidade, conforme exaltado por Lefebvre (2001), refletindo não só na qualificação do espaço para crianças, mas também para adultos.

Como nos demais ambientes da praça, percebe-se desnível para o acesso ao ambiente, sem rampa integrada a uma rota acessível. Os bancos deste local não possuem encosto, como recomendado na NBR 9050/2020, além de não se ver espaço reservado para pessoa em cadeira de rodas junto a eles, conforme se vê na Figura 79.

Figura 79 – Pergolado com bancos, como área de estar.

Fonte: Moreira, 2021.

A área de parque infantil do JSB compreende o espaço com brinquedo mecânico (conhecido como Minhocão) e pula-pula, em área demarcada por meio-fio e demais brinquedos tradicionais dispersos em uma área com limites não definidos. Além dos bancos da área de pergolados, também existem outros bancos nesta área, estes com encosto, para utilização dos acompanhantes dos usuários do espaço (Figura 80).

Quanto aos brinquedos, com os serviços de manutenção realizados para a reabertura da praça, foi feita a recuperação da pintura, apresentando bom contraste destes com o piso e as demais áreas da praça, facilitando sua identificação por pessoas de baixa visão. Mas não há brinquedos acessíveis, que permitam que crianças com deficiência também possam brincar em segurança.

Todo o espaço é recoberto por areia, material habitualmente utilizado em parques infantis por amortecer quedas, mas que torna inviável o deslocamento em cadeira de rodas, principalmente nos trechos em que esta fica mais fofa.

Figura 80 – Área de parque infantil do JSB.

Fonte: Moreira, 2021.

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