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Diretrizes projetuais para promoção da acessibilidade em espaço livre público: um estudo de caso no Jardim São Benedito e seu entorno em Campos dos Goytacazes/RJ.

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO EM ARQUITETURA, URBANISMO E TECNOLOGIAS

MODALIDADE PROFISSIONAL

THALITA ROSÁRIO DE OLIVEIRA MOREIRA

DIRETRIZES PROJETUAIS PARA PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE EM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO: Um estudo de caso no Jardim São Benedito e seu entorno em

Campos dos Goytacazes/RJ.

Campos dos Goytacazes 2022

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THALITA ROSÁRIO DE OLIVEIRA MOREIRA

DIRETRIZES PROJETUAIS PARA PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE EM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO: Um estudo de caso no Jardim São Benedito e seu entorno em

Campos dos Goytacazes/RJ.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, área de concentração Tecnologias em Arquitetura e Urbanismo, linha de pesquisa Tecnologia, Gestão e Produção, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologias.

Orientador (a): Dra. Daniela Bogado Bastos de Oliveira.

Campos dos Goytacazes 2022

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Dedico este trabalho ao meu pai, que cumpriu sua trajetória no plano físico de forma extraordinária, deixando exemplo de devotamento à família e ao conhecimento, sendo sempre grande incentivador à busca pelo saber. Seu apoio foi essencial para meu desenvolvimento neste curso e, embora não esteja presente fisicamente, certamente seu espírito se felicitará com esta conquista, da qual faz parte.

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AGRADECIMENTOS

Sou grata, acima de tudo, a Deus, por toda a proteção, pelo fortalecimento nos momentos difíceis e por conduzir meus caminhos até à conclusão desta pesquisa.

Agradeço à minha família, em especial a meus pais Wanewton e Valdinita, por serem minha base de amor e dedicação em toda a vida; às minhas irmãs, Elysia e Maíra, pela parceria que sempre tivemos; e ao meu esposo Paulo Eduardo, pelo apoio e amor que foram tão importantes para vencer os desafios por quais passei.

Agradeço à minha orientadora Daniela Bogado Bastos de Oliveira por aceitar conduzir minha pesquisa, pelos ensinamentos e atenção, e por demonstrar, de forma contagiante, seu amor ao conhecimento.

A todos os meus professores do curso de Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia do Instituto Federal Fluminense, pela excelência da qualidade técnica de cada um.

Também agradeço aos funcionários do Instituto Federal Fluminense que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão deste trabalho.

Aos meus colegas do curso de Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia pelas trocas de ideias e ajuda mútua. Juntos conseguimos avançar e ultrapassar todos os obstáculos.

Agradeço, em especial, à minha amiga Lílian Peixoto Faria, que sempre me ajudou com sua vasta experiência desde o início desta pesquisa, além do incentivo e apoio na superação dos desafios.

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A sabedoria suprema é ter sonhos bastante grandes para não se perderem de vista enquanto

os perseguimos.

(FAULKNER, William, 1929)

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RESUMO

MOREIRA, Thalita Rosário de Oliveira Moreira. Diretrizes projetuais para promoção da acessibilidade em espaço livre público: Um estudo de caso no Jardim São Benedito e seu entorno em Campos dos Goytacazes/RJ. 2022. Dissertação (Mestrado em Arquitetura,

Urbanismo e Tecnologias) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2022.

Esta pesquisa tem o objetivo de propor diretrizes projetuais voltadas para a promoção da acessibilidade física ao espaço livre público urbano, tendo como base os instrumentos normativos inspirados nos princípios do desenho universal, visando à melhoria da qualidade de vida e ao incentivo de uma sociedade mais justa, inclusiva, democrática e sustentável, em que todos tenham garantido seu pleno exercício do direito à cidade. Para este fim, toma-se como recorte o Jardim São Benedito (JSB), oficialmente denominado como Praça Nilo Peçanha, e seu entorno, na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, tendo sido este recorte definido considerando sua centralidade, suas diferentes tipologias de uso e sua importância no contexto da cidade. Foram feitas pesquisas bibliográfica e documental para a construção da fundamentação teórica deste trabalho, além de um estudo de caso, com pesquisa de campo, para aprofundar o conhecimento sobre o recorte em estudo e suas condições de acessibilidade.

Os resultados das análises realizadas demonstraram que, apesar de algumas tentativas em se promover a acessibilidade, muito há a ser feito para que o Jardim São Benedito seja considerado uma praça acessível. A partir desta observação, foram desenvolvidas diretrizes projetuais, enquanto direcionamentos que visam contribuir com a atividade dos planejadores urbanos de Campos dos Goytacazes em tornar a praça um espaço mais inclusivo e democrático, capaz de acolher seus usuários, considerando toda a diversidade humana.

Palavras-chave: Acessibilidade. Praça. Espaço livre público.

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ABSTRACT

MOREIRA, Thalita Rosário de Oliveira Moreira. Design guidelines for promoting

accessibility in public open space: A case study in Jardim São Benedito and its surroundings in Campos dos Goytacazes/RJ. 2022. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologias) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2022.

This research aims to propose design guidelines aimed at promoting physical accessibility to urban open public space, based on normative instruments inspired by the principles of universal design, aiming at improving the quality of life and encouraging a fairer society, inclusive, democratic and sustainable, in which everyone has guaranteed their full exercise of the right to the city. For this purpose, Jardim São Benedito (JSB), officially known as Praça Nilo Peçanha, and its surroundings, in the city of Campos dos Goytacazes/RJ, are taken as a cutout, having been this cutout defined considering its centrality, its different typologies of use and its importance in the context of the city. Bibliographic and documental research was carried out to build the theoretical foundation of this work, in addition to a case study, with field research, to deepen the knowledge about the clipping under study and its accessibility conditions. The results of the analyzes carried out showed that, despite some attempts to promote accessibility, much remains to be done so that Jardim São Benedito is considered an accessible square. From this observation, design guidelines were developed, as directions that aim to contribute to the activity of urban planners in Campos dos Goytacazes in making the square a more inclusive and democratic space, capable of welcoming its users, considering all human diversity.

Keywords: Accessibility. Square. Open Public Space.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa de localização de Campos dos Goytacazes, na região Norte Fluminense 29 Figura 2 – Padrões definidos pela busca das proporções ideais humanas – a) Homem

Vitruviano representado por Leonardo da Vinci; e b)Sistema Modulor de Le Corbusier. 46

Figura 3 – Diversidade de características dos usuários 47

Figura 4 – Localização do Jardim São Benedito na malha urbana campista atual 66 Figura 5 – Mapa urbano de Campos dos Goytacazes, segundo Plano Bellegarde 67 Figura 6 – Mapa de Campos dos Goytacazes, referente ao ano de 1900 68

Figura 7 – Atual configuração do Jardim São Benedito 69

Figura 8 – Escola Wenceslau Braz, no interior do Jardim São Benedito 71 Figura 9 – Mapa de Campos dos Goytacazes, referente ao ano de 1920 71 Figura 10 – Mapa da localização das praças existentes atualmente na cidade de Campos

dos Goytacazes/RJ 73

Figura 11 – Mapa de localização das praças da Macrozona Central de Campos dos

Goytacazes 74

Figura 12 – Mapa de setorização da praça, quanto aos usos do espaço 75 Figura 13 – Fotografias da praça a partir dos pontos de vista indicados na Figura 12 76 Figura 14 – Prática da caminhada, atividade comum nas calçadas do Jardim São

Benedito 77

Figura 15 – Apropriação do espaço por estudantes universitários 78 Figura 16 – Mapa de uso e ocupação do solo do entorno do Jardim São Benedito 79

Figura 17 – Principais atrativos do entorno do JSB 80

Figura 18 – Mapa dos fluxos associados às vias do entorno do JSB 82

Figura 19 – Mapa de largura média das calçadas 83

Figura 20 – Localização do Jardim São Benedito na Zona de Comércio Principal do

município 84

Figura 21 – Faixa elevada e piso tátil na região central da cidade 85 Figura 22 – Mapa de acessibilidade urbana da Zona Centro Histórica de Campos dos

Goytacazes, RJ 86

Figura 23 – Poste sobre o alinhamento do piso tátil, sem a instalação de piso de alerta 88 Figura 24 – Faixa elevada e piso tátil na região central da cidade 88

Figura 25 – Mapa de registro dos trajetos 91

Figura 26 – Cruzamento A, entre as Ruas Conselheiro Otaviano e a Marechal Deodoro 92

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guia desalinhado da faixa de pedestres; c) e d) Falta de elementos para uma travessia

acessível. 93

Figura 28 – Rebaixamento de Guia na Rua Marechal Deodoro, próximo ao cruzamento A – fora do alinhamento da faixa de segurança para pedestres e sem que haja o seu

oposto, do outro lado da via 94

Figura 29 – Cruzamento B, entre as Marechal Deodoro e a Rua Saldanha Marinho 95 Figura 30 – Cruzamento C, com ponto de vista a partir do JSB em direção à Rua

Saldanha Marinho 96

Figura 31 – Cruzamento C, entre as Ruas Saldanha Marinho e Marechal Floriano 97 Figura 32 – Rebaixamentos de Guias no Cruzamento C - Rua Saldanha Marinho:

desalinhados e inadequados ao padrão estabelecido para a garantia da acessibilidade 98 Figura 33 – Rebaixamento de Guia no Cruzamento C - Rua Saldanha Marinho:

inadequado ao padrão estabelecido para a garantia da acessibilidade e sem rebaixamento do lado oposto da via, onde existe amplo canteiro na calçada do Jardim São Benedito 98 Figura 34 – Rebaixamento de Guia no Cruzamento C – Rua Marechal Floriano 99 Figura 35 – Cruzamento D, entre as Ruas Conselheiro Otaviano e Marechal Floriano 100 Figura 36 – Falta de área de travessia definida entre o JSB e a calçada oposta, na Rua

Marechal Floriano, no Cruzamento D 101

Figura 37 – Cruzamento D - rebaixamento de guias entre a quadra do JSB e a quadra da

Igreja de São Benedito 102

Figura 38 – Cruzamento E, onde não se vê tratamento para que haja uma travessia

acessível 103

Figura 39 – Cruzamento F, onde não se vê tratamento para que haja uma travessia

acessível 103

Figura 40 – Calçada do Jardim São Benedito, na Rua Marechal Deodoro 105 Figura 41 – Vegetação comprometendo a altura livre de 2,10m no passeio 106 Figura 42 – Piso do passeio danificado, na calçada do JSB, na Rua Marechal Deodoro 106 Figura 43 – Intenso desgaste do piso da calçada, no acesso de veículos à praça 107 Figura 44 – Interferências no passeio, devido à inclinação transversal e ao desgaste do

pavimento 108

Figura 45 – Amplos canteiros que comprometem a largura do passeio da calçada do

JSB, na Rua Marechal Deodoro 109

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Figura 46 – Calçada do JSB na Rua Saldanha Marinho – amplo espaço para o

deslocamento de pedestres 110

Figura 47 – Piso danificado na calçada do JSB na Rua Saldanha Marinho 110 Figura 48 – Acesso de veículos ao JSB, localizado na Rua Saldanha Marinho 111

Figura 49 – Condições do pavimento no cruzamento C 112

Figura 50 – Obstáculos na calçada do JSB, na Av. Marechal Floriano, devido à largura

do canteiro e qualidade do pavimento 113

Figura 51 – Desnível na calçada do JSB, na Rua Marechal Floriano 114 Figura 52 – Uma das calçadas que conduzem ao acesso ao JSB 115 Figura 53 – Calçadas voltadas ao acesso principal ao JSB – a) Calçada linear do JSB na Rua Conselheiro Otaviano; b) Calçada em arco, que conduz à entrada da praça 116 Figura 54 – Condições do passeio na calçada da Praça da Igreja de São Benedito, na

Rua Marechal Floriano 117

Figura 55 – Condições da pavimentação do passeio na calçada da Praça da Igreja de São Benedito, na Travessa Alcindor Bessa. a) Apresentação da extensão de toda a calçada.

b) Condições do pavimento na esquina entre a Travessa Alcindor Bessa e a Rua

Marechal Deodoro 118

Figura 56 – Acesso de veículos como interrupção à área de passeio na calçada da Igreja

de São Benedito, na Travessa Alcindor Bessa 118

Figura 57 – Calçada da Praça da Igreja de São Benedito, na Rua Marechal Deodoro 119 Figura 58 – Caminhos à frente da Igreja de São Benedito, na Rua Conselheiro Otaviano 120 Figura 59 – Áreas de Estacionamento no Entorno do JSB – a) Rua Marechal Deodoro;

b) Rua Saldanha Marinho; c) Travessa Dr. Alcindor Bessa; d) Rua Marechal Floriano 121 Figura 60 – Áreas de Estacionamento no perímetro da Praça da Igreja de São Benedito 122 Figura 61 – Processo de melhorias no estacionamento do Jardim São Benedito 122 Figura 62 – Vagas reservadas para PCD (02) e para Idosos (02) na Rua Conselheiro

Otaviano, próximas ao cruzamento D 124

Figura 63 – Vagas reservadas para PCD (01) e para Idosos (01) na Rua Conselheiro

Otaviano, próximas ao cruzamento A 125

Figura 64 – Principal eixo de circulação interna do JSB 126

Figura 65 – Acesso voltado para a Igreja de São Benedito 127 Figura 66 – Principal caminho interno do JSB – estabelecido por seu eixo central 128 Figura 67 – Caminhos no interior do JSB, nos quais não existe acessibilidade 129

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as demais áreas e a necessidade de transitar sobre areia e grama 130

Figura 69 – Rampa inadequada no interior do JSB 131

Figura 70 – Acesso de pedestres ao JSB, localizado na Rua Saldanha Marinho 132 Figura 71 – Circulações internas na Praça da Igreja de São Benedito 133

Figura 72 – Escada para acesso ao coreto 134

Figura 73 – Exemplo de sinalização existente na praça, com a identificação do

ambientes e das atividades ali realizadas 135

Figura 74 – Exemplos de desníveis existentes em alguns dos ambientes de permanência do JSB, sendo eles: a) quadra poliesportiva 2; b) pergolado para jogos; c) Academia

Campista de Letras; d) Academia de Ginástica ao ar livre 136 Figura 75 – Integrantes da equipe da ONG Esportes sem Fronteiras em uma das quadras

do JSB, no momento de sua reabertura ao público 137

Figura 76 – Dimensões referenciais de cadeiras de rodas manuais, motorizadas e

esportivas, segundo a Norma Técnica 9050/2020 137

Figura 77 – Quadra poliesportiva onde há prática de basquete em cadeira de rodas, com

vão para acesso mais estreito do que o recomendado 138

Figura 78 – Pergolado com conjunto de mesas para jogos 139

Figura 79 – Pergolado com bancos, como área de estar 140

Figura 80 – Área de parque infantil do JSB 141

Figura 81 – Bloco de sanitários infantis 141

Figura 82 – Interior de sanitários infantis 142

Figura 83 – Bloco de sanitários 142

Figura 84 – Sinalização dos sanitários 143

Figura 85 – Sanitários acessíveis, quando a praça encontrava-se em processo de

recuperação para sua reabertura ao público 144

Figura 86 – Sanitário acessível, no momento atual – acesso restrito e uso inadequado 144

Figura 87 – Arborização do Jardim São Benedito 145

Figura 88 – Vegetação interferindo na altura mínima livre de 2,10m 146

Figura 89 – Parâmetros referenciais para alcance manual 148

Figura 90 – Posicionamento das lixeiras existentes no JSB 148 Figura 91 – Bancos do JSB e de seu entorno – a) e b) bancos internos do JSB; c) e d)

bancos distribuídos pela calçada da entrada principal do JSB, nas calçadas da Praça da

Igreja de São Benedito e em seu interior 149

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Figura 92 – Rebaixamento de guia, com redução de percurso para a travessia 155 Figura 93 – Nivelamento entre o término do rebaixamento de guia e o leito carroçável 156 Figura 94 – Cuidado necessário na execução do nivelamento entre o rebaixamento de

guia e o leito carroçável 156

Figura 95 – Faixa de acomodação necessária em vias com inclinação transversal da

pista superior a 5% 157

Figura 96 – Rebaixamentos de guias alinhados em ambos os lados da via 157 Figura 97 – Piso tátil de alerta identificando as travessias 158 Figura 98 – Sinalização visual para a travessia de pedestres 158 Figura 99 – Sinalização sonora para a travessia de pedestres 158 Figura 100 – Sinalização de rampa nas áreas de travessias 159 Figura 101 – Setorização de calçadas quanto às faixas de uso 160

Figura 102 – Exemplo de setorização da calçada 160

Figura 103 – Indicação da altura livre necessária para caminhos acessíveis 161

Figura 104 – Calçada com piso, regular, firme e estável 161

Figura 105 – Revestimentos de piso adequados à acessibilidade 162 Figura 106 – Sinalização tátil de faixa livre – calçada. 162

Figura 107 – Vagas para pessoas com deficiência 163

Figura 108 – Vagas para idosos 163

Figura 109 – Rampa para superar desníveis existentes na praça 164 Figura 110 – Referência de guarda-corpo com corrimão em duas alturas 165 Figura 111 – Exemplo de piso tátil para identificar início e fim de escadas e rampas 166

Figura 112 – Sinalização de degraus 166

Figura 113 – Espaço para pessoa em cadeira de rodas junto aos bancos 167 Figura 114 – Layout de mobiliário incluindo espaço para pessoa em cadeira de rodas 168 Figura 115 – Espaço para encaixe da cadeira de rodas para o uso de mesas 168 Figura 116 – Dimensões adequadas para mesas de jogos acessíveis 168

Figura 117 – Área de aproximação em mesas 169

Figura 118 – Piso emborrachado, que garante um pavimento firme, estável e seguro em

parques infantis 169

Figura 119 – Brinquedos com design inclusivo 170

Figura 120 – Exemplo de Mapa Tátil em uma praça de Joinville 170 Figura 121 – Portas de sanitários acessíveis, evidenciando a sinalização 172 Figura 122 – Faixa para instalação da sinalização tátil, ao alcance das mãos 172

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Figura 124 – Porta de sanitário com abertura para lado externo 173 Figura 125 – Sanitário acessível com porta abrindo para o lado externo 174 Figura 126 – Padrão de barras de apoio para bacias sanitárias com caixa acoplada

próxima a uma parede 174

Figura 127 – Altura recomendada para posição de barra de apoio vertical no lavatório 175 Figura 128 – Barras de apoio para uso de bacia sanitária com caixa acoplada 175 Figura 129 – Lavatório sem coluna, com torneira do tipo alavanca, para sanitário

acessível 176

Figura 130 – Identificação de elemento suspenso por piso tátil de alerta 177 Figura 131 – Recuo no passeio para instalação de banco e lixeira 178

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Painel sobre as pessoas com deficiência em Campos dos

Goytacazes/RJ, no ano de 2010 31

Quadro 2 – Painel Metodológico 36

Quadro 3 - Componentes da Acessibilidade Espacial, elementares para a

promoção da acessibilidade aos ELP 40

Quadro 4 - Quadro resumo dos impedimentos identificados no Jardim São

Benedito 150

Quadro 5 - Diretrizes Projetuais para promoção da acessibilidade no Jardim São

Benedito e seu entorno 155

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ELP Espaço Livre Público JSB Jardim São Benedito SEL Sistema de Espaços Livres

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1 INTRODUÇÃO 27 2 ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS INCLUSIVOS: A ACESSIBILIDADE

EM PRAÇAS 37

2.1 OS ASPECTOS CONCEITUAIS DA ACESSIBILIDADE 37 2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ACESSIBILIDADE CONSIDERANDO AS

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 41

2.3 AACESSIBILIDADE E O DESENHO UNIVERSAL 46 2.4 ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS DE CONVÍVIO E LAZER –PRAÇAS 49 2.5 DIREITO À CIDADE E INCLUSÃO NOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS 52

2.6 ASPECTOS LEGAIS 57

3 ACESSIBILIDADE NO JARDIM SÃO BENEDITO E SEU ENTORNO 65 3.1 OCONTEXTO DA PRAÇA NA PAISAGEM CAMPISTA 65 3.2 AACESSIBILIDADE NA ÁREA CENTRAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES 84 3.3 AACESSIBILIDADE NO JARDIM SÃO BENEDITO 89

3.3.1 Análise quanto às travessias 92

3.3.2 Análise quanto ao passeio 104

3.3.2.1 Análise do passeio no perímetro do JSB 104

3.3.2.2 Análise do passeio no perímetro da Praça da Igreja de São Benedito 116

3.3.3 Análise quanto ao estacionamento 121

3.3.4 Análise quanto às circulações internas 126

3.3.5 Análise quanto às circulações verticais 133

3.3.6 Análise quanto aos ambientes 134

3.3.7 Análise quanto aos sanitários 141

3.3.8 Análise quanto à vegetação 145

3.3.9 Análises complementares 147

4 DIRETRIZES PROJETUAIS PARA ACESSIBILIDADE EM PRAÇAS 153

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 179

REFERÊNCIAS 183

APÊNDICE A - CHECKLIST COM ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE

ACESSIBILIDADE DA PRAÇA 189

APÊNDICE B - PLANTA DE IMPLANTAÇÃO DO JARDIM SÃO BENEDITO

E DA PRAÇA DA IGREJA DE SÃO BENEDITO 199

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ANEXO A – PLANTA DE IMPLANTAÇÃO DO JSB – FORNECIDA PELA

PREFEITURA 201

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1 INTRODUÇÃO

A crescente população urbana das sociedades contemporâneas apresenta intensa diversidade de indivíduos quanto ao gênero, etnia, faixas etárias, condições de mobilidade, dentre tantas outras características que os distinguem. Para que toda esta pluralidade se sinta acolhida e vivencie o bem estar nos espaços das cidades, importante se fazem políticas e ações que tornem a cidade mais justa, inclusiva e democrática, dentre as quais se destacam aquelas voltadas para a acessibilidade.

A busca por uma melhor qualidade de vida no ambiente urbano e por cidades mais sustentáveis envolve a qualificação e valorização dos Espaços Livres Públicos (ELP), destacando-se a necessidade da promoção de uma infraestrutura que permita que as pessoas tenham condições de acessar e utilizar estes espaços com autonomia e segurança, para exercer seu direito à cidade. Neste sentido, Cambiaghi (2018, p. 287) afirma que a acessibilidade é “a possibilidade e condição de alcance para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário e elementos”.

Desta forma, o conceito de acessibilidade associa-se ao de direito à cidade por este agregar os direitos civis, sociais e difusos, tendo como premissa a afirmação de que todo cidadão tem o direito à plena utilização e fruição dos espaços da cidade por meio da ampla oferta de cultura, lazer e serviços diversos, de forma inclusiva e sem discriminação, e assim, participarem da produção da cidade e da vida em sociedade, com condições de acessar locais públicos ou privados, de forma a vivenciar tais espaços, agilizar suas vidas, solucionar seus problemas, realizar suas atividades, dentre tantas outras situações que levam os indivíduos a circularem pela cidade.

O conceito da acessibilidade aplicado ao ambiente urbano também se relaciona ao contexto da sustentabilidade, que envolve eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, demonstrando que o planejamento urbano deve considerar a eliminação de barreiras para atendimento à necessidade das pessoas usarem e se apropriarem dos espaços livres públicos de caráter ambiental, de forma próxima, ativa, sentindo-se parte da cidade.

Nesta perspectiva do desenvolvimento sustentável, o planejamento urbano tem na acessibilidade elementos associados aos propostos da Agenda 2030, enquanto plano de ações estabelecido no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), definindo objetivos e metas voltados para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, em uma escala global, em que se destaca a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 11, no sentido

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de proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, em particular para as mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência.

Ainda sob a ótica do desenvolvimento sustentável, o Espaço Livre Público (ELP) se constitui como importante instrumento de contribuição ambiental, por abarcar as áreas permeáveis e vegetadas das cidades (MACEDO, 2018, p. 17). É um termo considerado complexo e multidimensional, impregnado de significados, sendo, geralmente, associado ao meio urbano, a áreas livres de edificações, se definindo pelo perfil de propriedade, acessibilidade ou uso e funções de preservação, recreação, convívio, circulação, apresentando relações de conectividade e complementaridade (SCHLEE et .al., 2009). Segundo Macedo et al. (2018, p. 14), os ELP se relacionam à qualidade espacial urbana de forma a atender às diversas demandas sociais que, para a realização da esfera pública, exigem espaços livres acessíveis, sendo essenciais para o enfrentamento aos diversos problemas ambientais que afetam as cidades brasileiras, além de serem fundamentais para a construção de sociedades verdadeiramente democráticas e justas. Destaca-se a importância das praças na configuração das cidades, enquanto “espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos, definidos pela malha urbana formal e que não ocupem mais 2 ou 3 quadras consecutivas” (ROBBA e MACEDO, 2002).

A busca em garantir a acessibilidade no Espaço Livre Público está presente em diversos instrumentos regulatórios brasileiros, tendo como base a Constituição Federal de 1988, em que se destaca o direito de todo cidadão à livre locomoção em território nacional, reconhecido popularmente como a garantia à liberdade de ir e vir. Leis e normas técnicas foram criadas nos últimos anos para o estabelecimento de padrões para a construção de rampas, instalação de barras de apoio, elevadores ou plataformas elevatórias, dentre outros recursos, de forma a oferecer autonomia ou facilitar a realização das atividades cotidianas para as pessoas com deficiência e as com mobilidade reduzida. Dentre as principais, destacam-se a Lei nº. 13.146, de 06 de julho de 2015, denominada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, mais conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, além da NBR 9050/2020, que trata da Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Diante do contexto apresentado, percebem-se as praças como espaços essenciais para a efetivação da vida urbana, sendo a acessibilidade nestes ELP um instrumento para atendimento à legislação vigente, além de também ser uma forma de promover a inclusão das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e de estimular a apropriação destes espaços por todos, sem discriminação, na cidade campista.

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O município de Campos dos Goytacazes é o maior em extensão territorial no estado do Rio de Janeiro, se estendendo por uma área de 4.032,49km². Fica localizado na planície do Rio Paraíba do Sul e compõe, como se vê na Figura 1, a região Norte Fluminense, junto a outros oito municípios, sendo eles: Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco do Itabapoana e São João da Barra. É cortado por importantes vias estaduais e federais, em que se destacam a BR-101 e a BR-356, constituindo-se assim, em um relevante entroncamento entre os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, distando em torno de 270km da capital fluminense e 235 km da capital capixaba.

Figura 1 – Mapa de localização de Campos dos Goytacazes, na região Norte Fluminense.

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Erthal et al., 2017 e IBGE, 2009.

Desde sua formação, a economia do município foi baseada, por muito tempo, na produção sucroalcooleira. Porém, esta entrou em decadência no período compreendido entre 1970 e 1980, quando houve a ascensão da exploração do petróleo na bacia de Campos, promovendo aumento significativo dos recursos municipais com o recebimento de royalties, fazendo com que o município se destacasse na região, juntamente a Macaé e, recentemente, a São João da Barra, pelo desenvolvimento destas atividades petrolíferas e também portuárias

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(LETTIERI, 2019, p. 19). Cláudio e Santos (2019, p. 84-85) afirmam que a exploração do petróleo cooperou para o incentivo do mercado de trabalho e fez com que Campos se convertesse em referência quanto à infraestrutura de apoio às demais cidades da região, passando também a ser polo universitário e de serviços de saúde de relevância no contexto em que se insere. Segundo Lettieri (2019, p. 57) atualmente a cidade apresenta uma quantidade significativa de instituições de ensino superior, tanto públicas, quanto privadas, dentre as quais estão a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), o Instituto Federal Fluminense (IFF), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estácio de Sá, os Institutos Superiores de Ensino Nossa Senhora Auxiliadora (Isecensa), a Faculdade Redentor, a Universidade Salgado de Oliveira (Universo), a Faculdade de Medicina de Campos (FMC), dentre outras. O desenvolvimento da atividade petrolífera na região, assim como o estabelecimento das instituições de ensino, promoveu o aumento da população com a migração das pessoas em busca de oportunidade de empregos, estudos e melhores condições de vida.

O último Censo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 20101, apresentava que a população total campista naquele ano era de 463.731 habitantes e a estimada para o ano de 2020 era de 511.168 pessoas, apresentando ainda, no ano de 2010, uma densidade demográfica de 115,16 hab/km².

Diante das informações quanto à população do município, direcionando a análise para o público-alvo desta pesquisa, observa-se que o censo do IBGE expõe uma classificação relacionada ao grau de severidade das deficiências permanentes, em que as pessoas se apresentam como as que têm alguma dificuldade, passando por aquelas com grande dificuldade, até as que não conseguem de modo algum ouvir, enxergar ou caminhar e/ou subir escadas, além de apresentar também informações sobre as pessoas com deficiência mental e/ou intelectual. (IBGE, 2010). O Quadro 1 apresenta os dados do IBGE quanto às pessoas com deficiência auditiva, motora e visual na cidade de Campos dos Goytacazes.

1 Nota-se um grande espaço temporal quanto às informações obtidas a respeito da população campista, no que se refere às pessoas com deficiência e às com mobilidade reduzida, tendo como referência o ano de 2010.

Considerando a periodicidade decenal como padrão para o recenseamento, existia a previsão de realização do censo no ano de 2020, o que permitiria que as informações estivessem atualizadas. Entretanto, devido ao contexto da pandemia causada pela Covid-19, o censo previsto de ser realizado no ano de 2020 foi adiado, sendo o levantamento de dados previsto para o segundo semestre de 2021, com sua publicação para o ano de 2022.

Apesar disso, o IBGE apresenta informação mais recente sobre a população do município, tendo sido estimada para o ano de 2021, em um total de 514.643 pessoas.

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Quadro 1 - Painel sobre as pessoas com deficiência em Campos dos Goytacazes/RJ no ano de 2010.

Deficiência

Auditiva Visual Motora

Grau de Severidade Não consegue de modo

algum

999 1.409 2.331

Grande dificuldade 3.973 15.818 11.446

Alguma dificuldade 15.757 67.393 24.358

Fonte: IBGE, 2021.

Quanto às pessoas com mobilidade reduzida, o Censo 2010 apresenta a informação de que 55.041 (12%) indivíduos da população campista eram de pessoas idosas. Sugere-se que o quantitativo de pessoas com dificuldade em mover-se, no município, certamente é maior do que o número de idosos apresentado, pois segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) o grupo de pessoas com mobilidade reduzida inclui, além dos idosos, aqueles que, por qualquer motivo, tenham dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, com redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora ou percepção, incluindo assim, gestantes, lactantes, pessoas com criança de colo e obesos.

Assim sendo, considerando as reflexões expostas quanto à necessidade da garantia de direitos a todos os cidadãos, com ênfase nas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, bem como as potencialidades no âmbito da arquitetura e urbanismo quanto às contribuições para o desenvolvimento sustentável das cidades, desperta-se a necessidade do entendimento das diretrizes projetuais a serem utilizadas no planejamento urbano para a promoção efetiva da acessibilidade no espaço livre público, com vistas à inclusão das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Esta ponderação embasa a temática proposta nesta pesquisa, tendo origem em uma questão pessoal da autora, que tem como formação acadêmica a Arquitetura e Urbanismo e possui, em seu quadro familiar, pessoa com deficiências múltiplas, envolvendo deficiência física e visual. Este familiar demonstra demasiado interesse pelo cotidiano da cidade campista e procura manter-se informado a este respeito por meio de canais de comunicação, o que desperta seu desejo em participar dos eventos que são anunciados, sendo muitas vezes frustrado por encontrar barreiras físicas no ambiente urbano, impedindo sua livre circulação.

Para além desta questão pessoal, esta pesquisa justifica-se, de uma forma mais ampla, pela importância do tema para o incentivo do desenvolvimento sustentável, agregando-se a

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acessibilidade ao planejamento do Sistema de Espaços Livres (SEL), visando garantir uma maior qualidade de vida nas cidades. Trata-se também da necessidade da justiça social, de se dar condições de promover a participação na vida urbana por todos, incentivando a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Ainda, necessário se faz destacar que esta pesquisa alinha-se às exigências estabelecidas na legislação brasileira, que possui diversos instrumentos para garantir que o espaço construído seja acessível a todos, com orientações rigorosas e detalhadas, apesar de ainda se ver contradição entre esta base legal e os espaços das cidades brasileiras em geral, sendo muitas vezes, necessária a utilização de Termos de Ajustamento de Conduta2, dentre outras medidas legais, para a correção e adequação dos espaços.

Diante deste contexto, propuseram-se diretrizes projetuais voltadas para a promoção da acessibilidade física no Jardim São Benedito, enquanto espaço livre público urbano de destaque na paisagem campista, por sua centralidade e por apresentar ambientes internos que proporcionam diversidade de usos pela população. As diretrizes têm como base os princípios do desenho universal e os instrumentos jurídicos, visando à melhoria da qualidade de vida e ao incentivo de uma sociedade mais justa, inclusiva, democrática e sustentável, em que todos tenham garantido seu pleno exercício do direito à cidade.

Neste sentido, foi necessário: compreender o estado da arte a respeito dos temas centrais desta pesquisa, como acessibilidade, espaços livres públicos, inclusão social e pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida; analisar o Jardim São Benedito e seu entorno, quanto à acessibilidade, no intuito de contribuir com o planejamento urbano da cidade de Campos dos Goytacazes, tendo como base as observações realizadas; bem como aplicar os conhecimentos adquiridos relacionados ao recorte da pesquisa, para o desenvolvimento das diretrizes projetuais de modo que cooperem para a efetivação da acessibilidade no espaço livre público.

Para tanto, a presente pesquisa se desenvolveu utilizando um método de caráter exploratório, para que se obtivesse um maior entendimento da temática a que se propôs, almejando ampliar a visão geral a respeito da acessibilidade nos espaços livres públicos, mais especificamente, no Jardim São Benedito, ou Praça Nilo Peçanha. Por isso, apresenta uma abordagem qualitativa, ao se desenvolver sob a ótica de percepções subjetivas dos aspectos sociais em um determinado ambiente, que não se resumem a fenômenos relacionados à

2 Os Termos de Ajustamento de Conduta são medidas para “fomentar a adoção espontânea de comportamentos relacionados a interesses difusos ou coletivos” [...], não sendo “instrumentos de punição, mas de indução de comportamentos concretos” (SUNDFLED e CÂMARA, 2008).

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operacionalização de variáveis. Tratou-se ainda de uma pesquisa aplicada, considerando-se que apresenta soluções práticas voltadas para problemas de acessibilidade. (FLICK, 2009 e MINAYO, 2001). Desta forma, ela constituiu-se de cinco etapas, em que se configuram:

pesquisa bibliográfica, documental, estudo de caso com pesquisa de campo, análise de dados e proposições projetuais.

A revisão bibliográfica foi o instrumento utilizado para aprofundar os conhecimentos sobre os aspectos teóricos relacionados à temática da arquitetura e urbanismo voltados para a acessibilidade, considerando o processo histórico de conquistas do público-alvo desta pesquisa, sua relação com o desenho universal e o direito à cidade; para compreender a importância dos espaços livres públicos para a cidade, principalmente para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; para ressaltar o potencial das praças para a realização de atividades de lazer, socialização e convivência, democratizando o acesso e apropriação de tais espaços.

Para desenvolver a pesquisa, inicialmente, foram obtidas as informações a respeito das praças de Campos dos Goytacazes, tendo como referência o Perfil de Praças e Jardins, relatório elaborado pelo CIDAC – Centro de Informações e Dados de Campos – no ano de 2015, a partir do qual se definiu o Jardim São Benedito como objeto de estudo, considerando critérios como centralidade, diversidade de ambientes e usos da praça e sua importância para a cidade. Na etapa da pesquisa documental, foram levantados: as normas, em que se identificaram as exigências, os critérios e as diretrizes para a promoção da inclusão e da acessibilidade nas praças públicas; os mapas e as plantas arquitetônicas, tanto para a caracterização geral do Jardim São Benedito no Sistema de Espaços Livres Públicos do município de Campos dos Goytacazes, como para a análise da paisagem da praça e do seu entorno; e os dados históricos, estatísticos e jornalísticos, em que se buscou identificar as informações gerais relevantes para o contexto em estudo.

Quanto aos meios de investigação desta pesquisa, propôs-se um estudo de caso e, como estratégia, uma pesquisa de campo. Estes instrumentos metodológicos podem ser compreendidos a partir das seguintes definições:

Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo. (VERGARA, 1998, p.47)

Pesquisa de campo é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não.

(VERGARA, 1998, p.45)

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No estudo de caso, buscando aprofundar o conhecimento da área em estudo e o entendimento da paisagem da praça, além dos mapas já existentes, também foram elaborados outros pela autora, para tratar de informações mais específicas da pesquisa.

Para a efetivação da pesquisa de campo, optou-se por utilizar o procedimento de walkthrough, em que se realiza um percurso para a análise de um ambiente, que no caso desta pesquisa, foi feito com a aplicação de checklist (Apêndice A), registros fotográficos e observações registradas em planta baixa (Anexo A). A propósito, o walkthrough3 realizado é o classificado por Rheignantz et al. (2009, p. 28-29) como Passeio Walkthrough, em que recomendam que, quando o percurso for realizado por um único pesquisador, haja a realização de dois percursos em sequência, um para a anotação dos resultados das observações, outro para fazer as fotografias. Depois do trabalho de campo, as observações devem ser lançadas em uma matriz composta de plantas baixas, fotografias e comentários, conforme realizado neste trabalho.

Apesar de se considerar a importância da participação do público-alvo na avaliação do espaço, como esta pesquisa se desenvolveu em um momento de grave crise sanitária causada pela Covid-19, em que se requer o afastamento social para preservação da saúde e da vida, o viés participativo foi inviabilizado. Com isso, a metodologia foi afetada, pois a avaliação do espaço não pôde contar com o envolvimento e contato com outros indivíduos. Apesar disso, considerando que o quadro íntimo de convivência familiar da pesquisadora conta com uma pessoa com deficiências múltiplas, indivíduo que motivou a escolha da temática trabalhada nesta pesquisa, houve sua participação contribuindo com a avaliação do espaço ao acompanhá-la em um dos percursos realizados.

O contexto da pandemia também afetou a pesquisa no que diz respeito à necessidade de realização dos percursos para análise da acessibilidade na praça em diferentes momentos, considerando o período que o espaço esteve fechado ao público, desde o início da pandemia, em março de 2020 até outubro de 2021.

O primeiro passeio walkthrough foi realizado em maio de 2021, quando ainda se viam altos índices de óbitos e contaminações e não havia perspectiva de reabertura da praça.

Naquele momento, o percurso foi feito somente nas calçadas do seu entorno, sendo possível a

3 Instrumento da Avaliação Pós Ocupação (APO), processo de pesquisa aplicada com métodos e técnicas voltadas para a avaliação de desempenho de ambientes construídos e já ocupados (RHEINGANTZ et al., 2009), sabendo-se que o Jardim São Benedito e seu entorno tratam-se de espaços já consolidado há tempos.

Esta é uma metodologia amplamente utilizada nas pesquisas que se voltam para a avaliação da acessibilidade, relacionando critérios técnicos e a psicologia ambiental.

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captura de algumas fotografias do seu interior, perpassando o equipamento por entre as grades, para a realização dos registros. Com o passar do tempo e os avanços no controle da doença, começaram a ser veiculadas notícias a respeito da reabertura da praça para o dia 12 de setembro de 2021, o que motivou o interesse da realização de um novo walkthrough, para que se fizesse uma avaliação mais efetiva do interior da praça. Em tal data, a reabertura de fato não ocorreu, mas a pesquisadora foi autorizada, pelos guardas que se encontravam no local, a percorrer partes da praça. Porém, o percurso completo não foi possível, mediante interrupção por desconfiança de que se tratasse de uma ação política contrária ao atual governo do município. Com a reabertura da praça no dia 24 de outubro de 2021, foi possível a realização de um novo passeio walkthrough, contemplando o interior da praça de forma mais ampla.

De forma geral, a avaliação física da acessibilidade toma como base critérios legais e normativos organizados em checklists para sistematização dos itens do ambiente que se encontram em desconformidade com as regulações (SILVEIRA, 2019). Considerando que este instrumento é apresentado em muitas pesquisas já realizadas anteriormente, nesta é utilizado como referência o que foi apresentado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2014, p. 135-156), que utiliza critérios de acessibilidade baseados nos princípios de Desenho Universal e nas normas sobre o assunto, onde se registram a existência e adequação de elementos de acessibilidade quanto às travessias, ao passeio, estacionamentos, circulações internas, circulações verticais, ambientes de permanência, sanitários e vegetação. Faz-se necessário informar que houve a necessidade de adequação deste checklist, considerando a atualização da NBR 9050, no ano de 2020, e as especificidades de normas municipais ou estaduais, sendo que o utilizado como referência foi desenvolvido para pesquisa realizada na cidade Florianópolis, no estado de Santa Catarina, no ano de 2014 e o desta pesquisa é aplicado à cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, no ano de 2021.

Posteriormente, os dados obtidos foram analisados, tratados e sistematizados, servindo como base de orientação para o desenvolvimento das diretrizes projetuais a que se destinou esta pesquisa.

Diante do que foi exposto, o Quadro 2 apresenta de forma resumida e objetiva a metodologia utilizada nesta pesquisa.

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Quadro 2 - Painel Metodológico.

ETAPA DESCRIÇÃO MÉTODO

1ª Etapa Fundamentação teórica Revisão da Literatura

2ª Etapa Pesquisa documental Levantamento de dados e caracterização do objeto

3ª Etapa Estudo de caso com Pesquisa de Campo

Elaboração de mapas complementares Walkthrough com:

Observações e análises Registros fotográficos Aplicação de checklist

4ª Etapa Resultados e Discussão Tratamento dos dados e Sistematização 5ª Etapa Produto Proposição das Diretrizes Projetuais

Fonte: Moreira, 2021.

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2 ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS INCLUSIVOS: A ACESSIBILIDADE EM PRAÇAS Para que sejam desenvolvidas diretrizes projetuais no intuito de promover a acessibilidade em praças públicas, se faz necessária a compreensão do estado da arte a respeito desta temática, tendo como base os aspectos teóricos e conceituais. Além disso, entende-se que é necessário conhecer o processo histórico que demonstre as lutas e conquistas atingidas pelo grupo de pessoas mais afetado pela questão aqui tratada, o de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Conquistas estas que refletem nos instrumentos jurídicos e normativos desenvolvidos para a garantia de todos os direitos a todas as pessoas, sendo neste caso específico, o direito de livre acesso, com segurança e autonomia ao espaço público urbano.

2.1OS ASPECTOS CONCEITUAIS DA ACESSIBILIDADE

A acessibilidade pode ser considerada, de acordo com Sassaki (2009, p. 10), segundo seis dimensões, sendo elas: arquitetônica, a qual se relaciona à eliminação de barreiras físicas dos espaços e ambientes; comunicacional, envolvendo as relações de comunicação entre os indivíduos; metodológica, em que se considera a superação de empecilhos nos métodos e técnicas para a realização de atividades de lazer, trabalho e educação; instrumental, entendendo-se como a garantia de que todos tenham facilitada a utilização de instrumentos, ferramentas e utensílios; programática, que visa à supressão de impedimentos em políticas públicas, normas e legislações; e atitudinal, abrangendo a necessidade de relações sociais sem preconceito, estigmas e discriminações em relação às pessoas com deficiência.

A abordagem principal desta pesquisa envolve a dimensão arquitetônica, que, segundo Sassaki (2013), tendo como base a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, é aquela que envolve espaços livres de barreiras ambientais físicas, como degraus, desníveis, pisos escorregadios e com buracos, portas e sanitários de pequenas dimensões, dentre outros. A Lei nº 13.146, de 2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, mais conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, diferencia as barreiras enquanto:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;

d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento

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de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;

e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas;

f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias; (BRASIL, 2015. Acesso em Out. 2020).

Ampliando a reflexão sobre o tema, percebe-se que as barreiras, em especial neste trabalho as arquitetônicas e urbanísticas, tornam-se barreiras sociais, pois, de acordo com Cohen (2006), elas assumem o caráter concreto de impedimento para a ação no meio ambiente. Segundo Serpa (2004, p. 22), no espaço público urbano, a acessibilidade, além de física, é também simbólica, ou abstrata, pois relaciona as dimensões políticas e sociais aos aspectos formais e estruturais, que dão à esfera pública o que o autor chama de “concretude”.

Desta forma, a acessibilidade associa-se aos processos de inclusão social das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, propiciando uma estrutura física livre de impedimentos, oferecendo igualdade de oportunidades para o trânsito em espaços públicos ou privados, com conforto, segurança e autonomia.

Com isso, representa um conjunto de ações que visam proporcionar o reconhecimento de toda a diversidade humana, promovendo o verdadeiro exercício da cidadania. De acordo com Garcia (2010):

O exercício da cidadania, entendido como um conjunto de práticas, direitos e liberdades políticas, sociais e econômicas, é garantido, em grande medida, pelas legislações nacionais e internacionais construídas democraticamente através da representação política (direta ou indireta). No âmbito internacional, em particular após o término da II Guerra Mundial, em 1945, foram desenvolvidos tratados e convenções no sentido de garantir os direitos humanos e eliminar práticas discriminatórias. No Brasil, após o regime militar e depois de um período de transição política, foi promulgada a Constituição “cidadã” de 1988. Assim como ocorreu com outros grupos populacionais historicamente discriminados (mulheres e negros, por exemplo), as pessoas com deficiência foram sendo incorporadas, gradativamente, nesses sistemas normativos gerais.

Atualmente, consta na Lei nº 13.146/2015, o conceito de acessibilidade como a

Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;

(BRASIL, 2015. Acesso em Out. 2020)

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Nesta mesma Lei, pessoa com deficiência é definida como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Esta legislação ainda apresenta as pessoas com mobilidade reduzida como aquelas que tenham, “por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso”. A partir deste conceito, percebe-se que a questão da acessibilidade afeta, de forma direta, ou indireta, a vida de todos, pois é provável que em algum momento da vida, qualquer indivíduo venha a passar pela situação de dificuldade em movimentar-se, quer por algum tipo de acidente que promova imobilização, pela necessidade de se movimentar com algum tipo de carga que atrapalhe o movimento, ou pelo avanço da idade, por exemplo.

A abordagem de Dischinger et al. (2012, p. 28) a respeito da acessibilidade relacionada à arquitetura, é apresentada como a garantia que o usuário de um ambiente seja capaz de, além de atingir um determinado lugar, também consiga interagir com este espaço,

“compreender sua função, sua organização e relações espaciais, assim como participar das atividades que ali ocorrem”, de forma segura, independente e com conforto. As autoras ainda afirmam que, para que sejam realizadas as medidas para a garantia da acessibilidade aos espaços, se faz necessário conhecer as necessidades da diversidade das pessoas, além da identificação de possíveis barreiras nestes espaços que impeçam a efetivação destas atividades. Neste sentido, as autoras apresentam uma classificação de quatro categorias de Componentes da Acessibilidade Espacial enquanto aspectos para avaliação dos espaços que devem ser considerados ao se buscar promover a acessibilidade e minimizar possíveis restrições espaciais, sendo eles a orientação espacial, a comunicação, o deslocamento e o uso.

Ao se avaliar a orientação espacial, ou orientabilidade do espaço, deve-se atentar às necessidades das pessoas com maiores dificuldades em obter e/ou processar informações, em que se destacam as com deficiências cognitivas e/ou sensoriais, como aquelas com cegueira, por exemplo. As condições ambientais dos espaços devem permitir que tais indivíduos tenham a capacidade de reconhecer e compreender a identidade e as funções do local, para se orientarem e tomarem suas decisões quanto ao uso e o deslocamento.

Quanto às condições de comunicação em um espaço, a avaliação se volta para a verificação dos elementos que tornem as informações acessíveis a todos, de forma que se

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permita o acesso, a compreensão e a participação nas atividades ali realizadas, como o uso de placas em braile para a identificação dos ambientes.

Ao se tratar do deslocamento, deve-se atentar à necessidade das pessoas em percorrer caminhos de forma independente, segura, confortável e sem interrupções ou barreiras, com cuidados especialmente voltados a pessoas com deficiências motoras ou com mobilidade reduzida.

A avaliação relativa ao uso deve considerar que os espaços e seus elementos devem permitir que todos tenham condições de participação plena e realização efetiva das atividades que ali acontecem.

O Quadro 3 apresenta o resumo das características de cada um dos componentes de acessibilidade, além de apresentar exemplos aos quais se relaciona.

Quadro 3 – Componentes da Acessibilidade Espacial, elementares para a promoção da acessibilidade aos espaços públicos.

ORIENTAÇÃO

ESPACIAL COMUNICAÇÃO DESLOCAMENTO USO

Informações que permitam aos indivíduos se orientarem e transitarem pelo espaço, envolvendo elementos visuais, sonoros e

arquitetônicos de um ambiente.

Facilidades espaciais e tecnologias assistivas disponíveis nos espaços públicos, que permitam ao usuário uma maior interação com o ambiente.

Características que garantem que os indivíduos tenham condições para o movimento e livre fluxo nas áreas de circulações, de forma independente, segura e

confortável.

Características ergonômicas que permitam aos usuários sua plena participação em atividades e utilização dos equipamentos.

Exemplo:

Placas informativas;

Piso tátil;

Sinalizações sonoras e visuais.

Exemplo:

Terminais de informações computadorizados;

Layout de mobiliário que permitam conversas e interações entre os usuários do espaço.

Exemplo:

Pisos regulares e antiderrapantes nas vias;

Faixa de segurança para pedestres.

Exemplo:

Conjunto de mesas com espaço para encaixe de cadeira de rodas;

Alcance manual de objetos,

acionamento de dispositivos, etc.

Fonte: Adaptado de Pereira, 2018, com base em Dischinger et al., 2012.

Segundo Neves e Neves (2019, p. 15) é imprescindível que no processo projetual, os arquitetos levem em consideração “tanto aspectos de conforto físico, quanto aspectos perceptivos e cognitivos. Observa-se então que a acessibilidade vai além do conforto físico”.

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Como uma evolução do conceito, as autoras Cristiane Duarte e Regina Cohen vêm, nos últimos anos, trabalhando a ideia da acessibilidade emocional, expressão que criaram a partir do discurso da acessibilidade plena, que já levava em conta a necessidade de se incluir, no planejamento dos espaços, fatores além dos parâmetros das regulações voltadas ao acesso físico, mas de se considerar também a multissensorialidade, além de vertentes emocionais, afetivas e intelectuais, fazendo com que os espaços se tornem mais acolhedores para todos (DUARTE E COHEN, 2018). Com isso, evidenciando a percepção subjetiva envolvida neste conceito, o termo foi substituído pelas autoras pela expressão “acessibilidade emocional”

utilizada mais recentemente (2018, p. 4). Sobre a acessibilidade emocional, apresentam o conceito como:

a capacidade do Lugar de acolher seus visitantes, de gerar afeto, de despertar a sensação de fazer parte do ambiente e de se reconhecer como pessoa bem-vinda.

Esse conceito destitui a ideia de que a acessibilidade acontece apenas com a supressão de barreiras físicas. Assim, a ‘Acessibilidade Emocional’ engloba toda a ambiência que envolve o usuário do lugar, tratando-o como um ser total, capaz de ativar sistemas complexos de relação com o espaço e com o Outro (DUARTE E COHEN, 2018, p. 4).

As autoras afirmam ainda que muitas vezes, os profissionais envolvidos no processo de projeto da cidade não consideram a acessibilidade de uma forma mais generosa, como um instrumento para ampliar os laços de afeto que as pessoas desenvolvem com a cidade (DUARTE e COHEN, 2018).

Esta relação vem sendo construída com o passar dos anos, em que as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida vêm ampliando suas conquistas, principalmente no que diz respeito à garantia do direito de uso e de apropriação dos espaços da cidade. Com isso, importante se faz conhecer o contexto histórico destas conquistas, com vistas à promoção da acessibilidade no espaço urbano.

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ACESSIBILIDADE CONSIDERANDO AS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA

No decorrer da história, o ser humano foi modificando o ambiente ao seu redor, adaptando as casas e cidades ao seu uso e às suas necessidades. Estas adaptações vêm sendo importantes para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, fazendo com que suas atividades e funções não sejam comprometidas pelas barreiras dos ambientes.

Atualmente as pessoas com deficiência têm um maior reconhecimento de seus direitos, de seu valor e importância para a sociedade, como todo e qualquer cidadão. Esta situação

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atual representa uma evolução da sociedade e é o resultado da luta por direitos, o que não significa que já tenha se alcançado a condição ideal. Pelo contrário, percebe-se que ainda há muito a se conquistar, principalmente no que diz respeito às questões voltadas para a acessibilidade, pois em muitas cidades ainda se veem barreiras que impedem que pessoas com deficiência possam se locomover, perceber e se reconhecerem nos espaços urbanos (COHEN, 2006, p. 62).

Cambiaghi (2018) afirma que nos primórdios, as pessoas com deficiência eram eliminadas ou abandonadas, como no período greco-romano, em que havia grande valorização da perfeição física para atendimento aos exércitos e desprezo daqueles que nasciam em condição diferente a esta. Na Idade Média, elas eram apartadas da sociedade, para locais de tratamento ou acolhimento institucional, pois na perspectiva da sociedade daquela época as pessoas com deficiência não podiam contribuir para o trabalho e para o desenvolvimento da comunidade. Segundo Camargo et al. (2017) com o cristianismo, passou-se a ter uma visão religiosa quanto às diferenças humanas, colocando a questão da deficiência como um castigo divino devido aos pecados cometidos pelos genitores, ou como consequência de possessão demoníaca. Já na Idade Moderna e no Renascimento, quando houve um maior desenvolvimento das ciências e tecnologias, se verificaram importantes mudanças na maneira como a sociedade se relacionava com as pessoas com deficiência. Elas passaram a ser mais compreendidas, a receberem os tratamentos adequados à época e a ter uma melhoria nas condições de vida. No fim deste período, teve início a fase de assistencialismo com confinamentos em um perfil de asilamento, tendo sido criadas as primeiras instituições especializadas, voltadas para o tratamento e educação, definindo-se assim, neste período, o chamado Paradigma da Institucionalização. Porém dificilmente, nestes casos, as pessoas voltavam aos seus lares de origem, fazendo com que fossem cada vez mais estigmatizadas e inferiorizadas, sendo vistas como pessoas condenadas ao isolamento e fadadas a uma marginalização.

Ainda em consonância com Camargo et al. (2017), posteriormente, teve início o período que foi chamado de Paradigma de Serviços, podendo ser considerado um avanço por buscar proporcionar às pessoas com deficiência uma vida mais próxima da considerada normalidade, tendo sido iniciado um processo de integração, consolidando-se no século XX.

Neste caso, o centro da questão das mudanças era o indivíduo com deficiência, considerando que este deveria se adaptar à sociedade, destacando-se que o termo integração representa uma via de mão única, em que as pessoas com deficiência deveriam ajustar-se ao meio, para

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conseguir acessar os espaços e utilizar seus bens e serviços, o que, de certa forma, conduz a uma percepção negativa das diferenças humanas.

Os autores ainda sustentam que atualmente a sociedade passou a se pautar no que chamam de Paradigma de Suportes, na qual a diversidade passa a ser vista como parte da natureza humana, fazendo com que sejam viabilizados os direitos das pessoas com deficiência, no sentido de ter seus acessos facilitados, favorecendo sua participação nas diferentes instâncias da sociedade. Destacam-se as ações voltadas para a acessibilidade no ambiente construído, com a eliminação de barreiras físicas, sendo que estas ações trouxeram benefícios não só às pessoas com deficiência, mas também às com mobilidade reduzida, e à sociedade como um todo.

Vale ressaltar no discurso de Cambiaghi (2018, p.27) a diferenciação dos conceitos de integração e de inclusão. Segundo a autora, o conceito de integração “prevê a adaptação da pessoa com deficiência a uma sociedade organizada para pessoas sem deficiência”, e o de inclusão “trouxe a ideia de tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, isto é, de admitir a diferenciação com base na deficiência, mas apenas com o propósito de promover o acesso ao direito e nunca de negar seu exercício”.

Neste caso, a deficiência deve ser identificada não como aquilo que se considera fora de um determinado padrão estabelecido, mas como condição e característica própria de algumas pessoas que devem ter seus direitos atendidos, assim como qualquer outra pessoa, em qualquer condição.

Cambiaghi (2018, p. 28) destaca a importância da diferenciação destes conceitos para sua aplicação nos projetos de arquitetura e urbanismo, no sentido de que a “acessibilidade aos ambientes construídos e à área urbana surge como atributo imprescindível a uma sociedade que se quer inclusiva, isto é, que planeja que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades”.

Retomando o processo histórico, após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os países europeus tiveram um crescimento em programas e políticas assistenciais, propostos no sentido de atender minorias vulneráveis, como pobres, idosos, crianças carentes e as pessoas com deficiência, que em muitos casos eram vítimas e mutilados de guerra. Neste sentido, o quantitativo de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida aumentou significativamente, levando à necessidade de especial atenção na política interna dos países, voltada para seu atendimento, envolvendo a Organização das Nações Unidas (ONU), que no ano de 1948 proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em que constava em

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