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Foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo (análise temática). A análise foi desenvolvida durante toda a investigação, através de teorizações progressivas em um processo interativo com a coleta de dados, conforme sugestão de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999). Segundo estes autores, pesquisas qualitativas tipicamente geram um enorme volume de dados que precisam ser organizados e compreendidos.

Segundo Minayo (2000), a expressão mais comumente usada para representar o tratamento dos dados de uma pesquisa qualitativa é Análise de Conteúdo. No entanto, o termo significa mais do que um procedimento técnico. Faz parte de uma histórica busca teórica e prática no campo das investigações sociais.

Conforme Bardin (1979), análise de conteúdo é um tipo de análise que se situa entre a quantitativa e a qualitativa e que pode ser definida como:

Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção / recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1979, p. 42).

De acordo com Bardin (1991), a análise de categorias é o método de análise de conteúdo mais difundido e empregado. Cronologicamente, foi o primeiro. Consiste em “tomar em consideração

a totalidade de um texto, passando-o pelo crivo da classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença (ou de ausência) de itens de sentido”.

É o método das categorias, espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação dos elementos de significação constitutivos da mensagem. É, portanto, um método taxionômico bem concebido para [...] introduzir uma ordem segundo certos critérios na desordem aparente. (BARDIN, 1991, p. 42).

Ainda conforme Bardin (1991), a técnica, em resumo, consiste simplesmente em classificar os diferentes elementos do texto nas diversas gavetas, segundo critérios que permitam fazer surgir uma "certa ordem na confusão geral". Seguindo esse raciocínio, se o critério adotado for a coloração, por exemplo, é óbvio que não posso colocar na mesma gaveta meias brancas e vermelhas. “Um sistema de categorias é válido se puder ser aplicado com precisão ao conjunto da informação e se for produtivo no plano das inferências.” (Bardin, 1991, p. 55).

Conforme Minayo (1994), nos dias atuais podem ser destacadas duas funções na aplicação da técnica de Análise de Conteúdo. Uma se refere à verificação de hipóteses e/ou questões; a outra diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado. As duas funções podem se complementar e podem ser aplicadas a partir de princípios. Esta autora diz que pode-se optar por vários tipos de unidade de registro para analisar o conteúdo de uma mensagem. Essas unidades se referem aos elementos obtidos pela decomposição do conjunto da mensagem. Permite-se utilizar a palavra como uma unidade, trabalhando com todas as palavras de um texto ou com apenas algumas, que são destacadas de acordo com a finalidade do estudo. Outra unidade de registro é o tema que se refere a uma unidade maior a partir da qual chega-se a uma conclusão. Esse tipo de unidade é uma das modalidades mais utilizadas por aqueles que empregam a análise de conteúdo.

Nesta pesquisa, será utilizada a análise temática, que, segundo Minayo (2000), é uma técnica de análise de conteúdo em que a noção de tema está ligada a uma afirmação de determinado assunto. Através da análise temática, os elementos do texto das entrevistas são classificados em categorias. Ela comporta um feixe de relações e pode ser graficamente apresentada por uma palavra, uma frase, um resumo.

Minayo (2000) descreve que fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, e cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado. Ou seja, tradicionalmente, a análise temática se encaminha para a contagem de freqüência das unidades de significação como definidoras do caráter do discurso. Ou, ao contrário, qualitativamente a presença de determinados temas denota os valores de referência e os modelos de comportamento presentes no discurso.

De acordo com Franco (2003), a Análise de Conteúdo mostra-se ainda hoje envolta de controvérsias. Porém, este é um conflito entre lingüistas e psicólogos, que não será discutido no trabalho. Entretanto, a este respeito, cabe comentar que, aparentemente, a lingüística e a análise de conteúdo têm o mesmo objeto: a linguagem. Em verdade, porém, a distinção fundamental, proposta por F. Saussure, que fundou a lingüística, entre língua e fala, marca a diferença. A este respeito, Pêcheux (1973), apud Franco (2003), diz o seguinte, marcando os campos da língua (aspecto coletivo) e da fala (aspecto individual, uso da palavra):

O objeto da lingüística é a língua, quer dizer, o aspecto coletivo e virtual da linguagem, enquanto que o da Análise de Conteúdo é a palavra, isto é, o aspecto individual e atual (em ato) da linguagem. A lingüística trabalha com uma língua teórica, encarada como um conjunto de sistemas que autorizam combinações e substituições regulamentadas por elementos definidos... Ou seu papel resume-se, independentemente do sentido deixado, à semântica, à descrição de funcionamento da língua, para além das variações individuais ou sociais tratadas pela psicolingüística ou sociolingüística. Pelo Contrário, a Análise de Conteúdo trabalha a palavra, quer dizer, a prática da língua realizada por emissores identificáveis, a lingüística estuda a língua para descrever seu funcionamento. A Análise de Conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais de debruça (PECHEUX, 1973, p. 43).

Dentro desta perspectiva da análise temática, foram utilizadas as seguintes categorias em consonância com os objetivos específicos da pesquisa:

1ª Ingresso na carreira – desafios e possíveis problemas;

2ª Transição de carreira – meio empresarial para o meio acadêmico; 3ª Inserção no mercado de trabalho – progresso e estabilidade; 4ª Competências requeridas para a profissão;

5ª Apoio ao professor iniciante; 6ª Situação da profissão professor;

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