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Fonte: Turismo de Lisboa (2019)

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Mês: Abril Ano: 2018

DENOTAÇÃO Ícones Na parte superior da capa e em sentido descendente, observa-se grãos de

sal grosso, uma cauda de peixe, as extremidades identificáveis de uma faca e um garfo e uma erva fresca dispostos sobre uma mesa. No

quadrante inferior direito, são visíveis os contornos de padrões arabescos de azulejos.

Significantes plásticos

Composição: composição focalizada e também sequencial (Joly, 2007). Cor: preto, matizes de cinza, prata, verde, branco no sal e azulejos. Forma: arabescos, corações, quadrados, losangos e hexágonos

retangulares nos azulejos, linhas no talher, formas orgânicas no peixe, erva e sal.

Textura: lisa nos talheres, rugosa na superfície e na erva, granulada no

sal e escamosa no peixe.

Iluminação: difusa.

Enquadramento: vertical descendente da esquerda para a direita Moldura: laterais na parte inferior

CONOTAÇÃO Ícones A sardinha assada é um ícone da culinária de Lisboa (Turismo de Lisboa,

2019 e é a grande atração das Festas de Lisboa, tal que a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) promove desde 2003 o “Concurso Sardinhas Festas de Lisboa” para estimular a

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participação de alunos das escolas do Ensino Básico nacionais na criação da imagem da sardinha que será utilizada na campanha de comunicação das Festas de Lisboa e em 2019 o tema é “100% Sardinha” (EGEAC, 2019). Ao utilizar um peixe no contexto gastronómico com talheres e ervas frescas, associa-se à frescura da culinária local, à tradição que remete ao passado e raízes da cidade que tem a pesca da sardinha regulada em até 10 mil toneladas para a sobrevivência e preservação da espécie (Jornal de Notícias, 2019). Embora a sardinha já tenha sido associada à comida de pobres, ela sempre foi muito consumida na capital portuguesa e,

especialmente, durante as festas de Santo António, um grande símbolo da cidade, representadas artisticamente desde o século XIX pelo artista Raphael Bordalo Pinheiro (EFE, 2018). Desde o começo do século XX, estrangeiros identificaram o uso dos azulejos nas construções a ponto de ser considerado uma característica da arquitetura portuguesa e, por sua originalidade e evolução com o passar do tempo, pode-se dizer que o azulejo é um elemento diferenciador da cultura nacional portuguesa (Menezes, 2015). Por representar cenas do cotidiano, o painel de azulejos tencionava refletir, interna e externamente, um ideal de sociedade nacional e esse apreço pelo azulejo está relacionado à aspetos históricos, artísticos e científicos, uma expressão social mediada entre memória, cultura, identidade e sociedade (Menezes, 2015).

Significantes plásticos

Composição: a composição desta capa é focalizada, pois a iluminação

orienta o olhar para os produtos principais que são o peixe e talheres, mas pela posição dos elementos é também sequencial, pois a partir da

visualização do elemento principal, o olhar é levado para os azulejos e textos na parte inferior da imagem.

Cor: Embora a cor cinza remeta à tristeza de forma geral, neste contexto,

a cor é utilizada pela sua sobriedade, seriedade e associação com o passado e sabedoria (Farina, Perez & Bastos, 2006). De acordo com Farina, Perez e Bastos (2006), a prata dos talheres associa-se à

sofisticação, modernidade e requinte, e gera um contraste entre elementos e cores que remetem tradição e contemporaneidade. O verde,

representado pela erva aromática, traz a sensação de frescura, saúde e equilíbrio, enquanto o branco transmite beleza e pureza (Rossignol, 1999). O branco do sal e nos contornos que formam padrões de azulejos é o reflexo de todos os raios luminosos e provoca a sensação de pureza, inocência e sabedoria (Portal, 2001). No contexto alimentar, também, relacionamos o branco a higiene e limpeza (Pastoureau, 1997).

Enquadramento: a posição dos elementos causam um equilíbrio visual na

imagem, pois a fotografia os esquadra à esquerda na parte superior, enquanto a parte inferior direita foi preenchida com os azulejos.

Moldura: ausente na parte superior, a fotografia faz com que o leitor

imagine a continuidade desta composição, entretanto, nesta imagem há também moldura nas laterais inferiores. Este tipo de moldura faz um encerramento da imagem, centralizando a atenção para a parte textual, guiando a leitura e bloqueando o leitor a imaginar a sua continuidade, afinal, o conteúdo importante está destacado. De acordo com Joly (2007), este efeito provoca uma leitura centrípeta, ou seja, o leitor é levado para o foco que se pretende destacar. O azulejo usado como moldura, transforma a limitação do espaço em algo mais divertido e criativo.

Forma: os arabescos, como o próprio termo sinaliza, remete à arte arábe

que proíbe a utilização de figuras humanas e de animais e é, portanto, um símbolo do símbolo, que precisa de decifração (Chevalier & Gheerbrant, 1982). A sensação que o azulejo causa é a de necessidade de

contemplação, pois num primeiro momento, notam-se os padrões e depois o seu conteúdo. Assim como os arabescos representam pétalas, os corações entre os hexágonos retângulares representam um órgão vital do ser humano que tem um significado relacionado ao centro do indivíduo, a sede dos sentimentos e afetividade (Chevalier & Gheerbrant, 1982). Os

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losangos estão associados à feminilidade e na China é considerado o símbolo da vitória, enquanto os quadrados são o símbolo da terra

(Chevalier & Gheerbrant, 1982). A composição destes elementos forma um padrão cheio de mensagens de afetividade e visualmente delicados. A sensação é de que é um elemento típico em uma releitura elegante. Assim como o peixe é o símbolo da vida, fecundidade e associado ao elemento água, as plantas também transmistem a sensação de vida, pois são inseparáveis da água e do sol (Chevalier & Gheerbrant, 1982), pode- se dizer, portanto, que estes dois elementos proporcionam a sensação de frescura e vitalidade. Embora as facas estejam relacionadas à ideia de execução (Chevalier & Gheerbrant, 1982), no contexto alimentar, os talheres limpos passam a sensação de mesa posta e refeição a fazer e o sal que é um simbolo de equilíbrio e purificação (Chevalier & Gheerbrant, 1982) representa o tempero da gastronomia local.

Iluminação: a iluminação causa uma leve sombra nos talheres e no peixe,

proporcionando a sensação de profundidade dos elementos. A iluminação causa o brilho nos talheres, refletindo a prata e as escamas, dando a sensação de limpeza nos talheres e de frescura, pois nota-se o peixe ainda brilhante.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Poética Assim como as possíveis evocações da análise anterior, nesta imagem, a moldura nas laterais direciona o olhar para a mensagem central “peixe em Lisboa”, fazendo com que o texto seja o foco desta capa. A sensação é de que o azulejo “abraça” a mensagem “peixe em Lisboa”, mostrando a conexão entre gastronomia e a cultura local. A repetição desta imagem reforça a importância desta composição que se utiliza da sinédoque através dos azulejos que representam a cultura e o peixe que representa a gastronomia local.

Apelativa /Conativa

Esta capa traz dois autênticos ícones culturais de Lisboa e, além das sensações que estes podem provocar ao centralizar o foco na mensagem “peixe em Lisboa”, o recetor pode ter a sensação de que o peixe é a atração da cidade, sentido-se impelido a consumi-lo. A apresentação dos azulejos como se fossem cortinas para a grande celebração do mês, que configura o peixe como o protagonista, ajuda a construir o convite.

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