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Intenção da utilização dos ícones culturais vintage na comunicação visual pela oferta

6. Apresentação e análise dos resultados

6.2. Intenção da utilização dos ícones culturais vintage na comunicação visual pela oferta

Para responder a este objetivo de perceber a intenção da utilização dos ícones culturais vintage na comunicação visual pela oferta turística de Lisboa, foi realizada uma entrevista semiestruturada em profundidade com Vítor Carriço (ver transcrição da entrevista na íntegra no Apêndice 12), gerente de media e relações públicas da Associação do Turismo de Lisboa.

A partir desta declaração “continuamos a funcionar não de uma forma tão proactiva neste momento, estamos a fazer estudos e um novo plano estratégico para 2020 e 2025, que será lançado agora no início de 2020 para podermos avançar com novas estratégias e novas

61 plataformas”, nota-se que a essência da estratégia de comunicação está baseada no plano estratégico realizado a cada cinco anos e o objetivo da comunicação de forma geral é manter o crescimento do turismo na cidade de forma sustentável. De acordo com o entrevistado, uma das estratégias utilizadas nesse sentido é a comunicação dos patrimónios locais, desde os mais conhecidos aos que têm recebido investimentos para se tornarem mais apelativos ao turismo. Quando se trata da comunicação da cidade, a região abrange mais que o centro de Lisboa, pois engloba as cidades ao redor, como Cascais, Sintra, Ericeira e Setúbal.

O público-alvo, como definido no plano estratégico e reforçado durante a entrevista, é composto, principalmente, por casais e famílias na faixa etária entre 30 e 50 anos. Ao ser questionado sobre as sensações que buscam despertar nos turistas, o entrevistado é enfático: “sobretudo, alegria, desfrute e prazer, que as pessoas tenham prazer em visitar-nos e conhecer Lisboa e não pensar em nostalgia, não, o Fado é muito bonito, mas não com esse lado nostálgico, não com ar de nostalgia e tristeza”. Nota-se que Vítor Carriço faz uma interpretação negativa do termo nostalgia e não o elenca como uma das possíveis sensações a se despertar no público. Esclarece que não há um “cenário de época” em Lisboa e que, de repente, aproveitar-se do passado, poderia ser mal visto. “Temos que nos vangloriar e temos que ter orgulho na nossa identidade e naquilo que fizemos. Ok, não fomos bonzinhos com toda a gente, mas ninguém foi bonzinho… e, aliás, acho que, dentro dos maus, nós fomos os menos maus… e há que ter orgulho dessa época”.

Para além disso, o entrevistado associa a nostalgia a uma época conturbada da história e evoca um cenário negativo do passado “Era uma época diferente... Quando imaginamos que havia um rei que saía para passear e que atrás de si leva leões, elefantes, girafas e rinocerontes pra passear na rua, quer dizer, não cabe na minha cabeça... Uma coisa é que, no século XVI, aquilo era época medieval praticamente, não é? E isso devia ser uma coisa completamente louca, imagina, devia ser uma loucura total. Mesmo posteriormente, toda a época dos descobrimentos, depois todas as riquezas que se conseguiram acumular em Lisboa, há relatos da época de que Lisboa era um bordel, as pessoas eram loucas e que o terremoto foi castigo de Deus para acalmar aquela gente toda, mas deve ter sido uma época gloriosíssima. Mas pronto, acabou, acho que tirar partido disso e usufruir de uma boa forma, não, “fomos tão fantásticos e agora somos coitadinhos”, não”.

62 Porém, relaciona o termo com alguns dos ícones da cidade, como o Fado e, ao associar nostalgia a passado, também faz uma associação a praticamente todo o património histórico devido à riqueza da história local.

No final da entrevista, o entrevistado riu e confirmou que, vendo sob a perspectiva da análise, todas as imagens apresentadas possuem em comum a ligação com o passado e, ao ser questionado se poderiam ter associações com o termo vintage, responde: “sim, pois têm. O Santo António absolutamente. O elétrico, o pavilhão Carlos Lopes, a fonte da Alameda também, porque é dos anos 1940, 1950, sim”.

Em relação ao guia Follow Me Lisboa, especificamente, o objetivo é promover as atrações do mês dos associados à ATL. Desta forma, embora seja um guia oficial, tem um viés comercial e privilegia as atrações de acordo com seus interesses. Ou seja, o tema escolhido para estampar a capa não é, necessariamente, por relevância, pois pode vir a ser por interesses dos associados, como explica o entrevistado: “o objetivo do guia é dar a conhecer… para além dos eventos que há na cidade, o que é que a pessoa pode visitar; e como nós somos uma associação de turismo nós promovemos Lisboa enquanto destino turístico no global, seja a nível da cidade seja a nível da região… quando vamos ao produto ou aos equipamentos, só promovemos os nossos associados... ok, há serviços que são incontornáveis, mas no que diz respeito a casas de fado por exemplo... só estão presentes os nossos associados”.

O entrevistado compreende que os ícones culturais da cidade contribuem para o crescimento do turismo, no sentido de que todos eles são únicos e exclusivos de Lisboa e menciona alguns ícones como mais relevantes para a cidade tais como: Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Castelo de São Jorge, Padrão dos descobrimentos, Museu Gulbenkian, Museu Nacional de Arte Antiga e Museu dos Coches. Ao ser questionado sobre a sardinha, os azulejos e o pastel de belém, o entrevistado afirmou que são ícones da cidade, sobretudo o elétrico que é “o” ícone de Lisboa, “mais conhecido do que a Torre de Belém, atualmente”, explica.

Quando questionado sobre informações do website, o entrevistado se encarregou de obter as informações com o responsável pelo marketing digital e enviou por e-mail posteriormente (Anexo B) algumas informações como origem dos acessos, principais países de origem dos acessos e páginas mais visitadas. Podemos observar que o tempo de sessão é

63 curto, cerca de 1 minuto e 40 segundos, e que o maior número de visitas é oriundo de Portugal, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Brasil, entre outros. O número mensal de acessos, no entanto, não foi respondido até o encerramento desta pesquisa.

A seleção feita pelo entrevistado inspira-se na importância cultural e simbólica: Quando questionado sobre a possível sensação que o turista associa a Lisboa, respondeu em uma palavra: “conforto”. A seguir, na discussão dos resultados, verificaremos se as informações obtidas na análise semiológica e nesta etapa se confirmam ou não com a perceção dos turistas.