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6. ANÁLISE DOS DADOS

6.3 ANÁLISES COMPLEMENTARES

6.3.1 Relação das MPE com as mídias tradicionais

A relação das micro e pequenas empresas com a mídias tradicionais é pautada principalmente pela desconfiança do retorno obtido nesse investimento por parte das MPE. A dificuldade de quantificar e mensurar o retorno nesse tipo de divulgação é o que os faz manterem-se cautelosos e até evitarem esses meios de comunicação. Há casos no qual a situação financeira ou a fase dos processos internos da empresa não permitem. Além disso, em algum dos casos o retorno percebido pelo gestor foi praticamente nulo, o que os fez desistir da veiculação. A única mídia tradicional com ações mais contundentes pelas MPE são a participação e realização de eventos.

Alguns gestores, no entanto, estão dispostos a anunciarem as marcas de suas empresas em mídias tradicionais. Duas empresas anunciam em revistas regionais distribuídas em salas de espera de empresas e consultórios. A criação de folders é a prática comunicacional de apenas uma das empresas, porém ele é distribuído apenas para quem quiser conhecer melhor o seu produto, não é distribuído exclusivamente com o intuito de captar novos cliente, mas sim, de informar aqueles que já são os seus clientes. Uma única empresa demonstrou interesse em divulgar sua marca em folders e, se a proposta fosse atrativa, anunciaria também em rádio.

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A impossibilidade de manter uma continuidade nas publicidades em mídias tradicionais também foram motivos levantados tanto por clientes, quanto pelas agências. É preciso manter uma certa regularidade nessa exposição, o que dependeria de uma verba da qual nenhuma micro e pequena empresa entrevistada possui. Em um dos casos, o gestor lembrou que a mídia ostensiva trouxe resultados positivos para a sua empresa em períodos de promoção ou em épocas de maior venda de seus produtos. Vale ressaltar que um planejamento contínuo de comunicação em mídias como o rádio, por exemplo, não se encaixa numa comunicação de baixo custo. No entanto, em se tratando de outras mídias onde também não há uma constância, como a participação de MPE em sites que oferecem descontos ou cupons por períodos determinados, é manifestada uma insatisfação devido aos clientes que compraram os cupons e que não rescindirem ao empreendimento.

Com isso pode-se concluir que, mesmo que estamos tratando de uma comunicação que visa resultados de curto e médio prazo, a constância nessas práticas devem trazer mais eficiência e melhores resultados para a empresa.

6.3.2 As MPE e as práticas de comunicação interna

A partir das análises foi possível perceber que quanto maior a empresa (dentro dos critérios de classificação das MPE), seja em número de funcionários ou em faturamento, maiores são as ações comunicacionais destinadas ao seu público interno. Isso pode estar relacionado a estrutura simplificada das empresas menores e das relações mais pessoais que ali se estabelecem. Nas empresas maiores são produzidos jornais informativos mensais com informações sobre saúde e segurança no trabalho, ou os funcionários recebem presentes nos seus aniversários, ou são realizada outras ações dessa natureza, como confraternizações de final de ano.

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A maioria absoluta das micro e pequenas empresas entrevistadas não possuem interesse em contratar uma agência de publicidade, o motivo mais alegado é a falta de dinheiro disponível para pagar pelo serviço. Isso justifica o motivo de as agências serem quase unicamente solicitada pelas MPE para criarem a sua logomarca.

Na parte das críticas negativas está o engessamento das agências frente a dinâmica e as demandas diárias das micro e pequenas empresas, ao fazerem anúncios simples e “artificiais” demais, fora do contexto interativo e da linguagem da internet. Nesse caso a própria proprietária passou a gravar vídeos na empresa, publicá-los e impulsioná-los no Facebook. Ela também criou campanhas de descontos em sua loja, mediante check-in nas redes sociais. O resultado tem se mostrado muito satisfatório, de acordo com a empresária.

Outros dois empresários demonstraram-se satisfeitos com o trabalho realizado pelas agências de publicidade, em um dos casos o gestor afirmou que ele preferia pensar sozinho nos anúncios pois sabia o que fazer, estava dentro da loja e sabia de sua realidade e suas necessidades, ou seja, usava a agência para refinar as suas ideias e divulgá-las

Para suplantar o problema do distanciamento da agência com a empresa, ouve uma empresa que decidiu contratar uma profissional pós-graduada que atende a sua agência uma vez por semana em seu estabelecimento e planeja e executa suas ações de comunicação.

Outro empresário possui interesse em divulgar sua marca da internet, ele informou que tem interesse investir em vídeos sobre a empresa e que estava disposto para investir nisso, porém falta quem lhe ofereça um esboço, um projeto dentro de sua realidade de micro e pequeno empresário, pois ele mesmo não tem tempo para buscar esses serviços. Para ele, esse prestador de serviços precisa ser como um sócio da empresa, que espere crescer conjuntamente.

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A prática menos efetiva de comunicação, na visão de uma agência, é a micro e pequena empresa não saber para quem está vendendo o seu produto. Muitos empresários entendem muito de seu produto e pouco do consumidor. Na técnica de cliente oculto que é realizada pela agência, é possível perceber as discrepâncias entre o que proprietário entende de sua empresa e a visão dos clientes sobre ela.

As técnicas mais comuns utilizadas pelas micro e pequenas empresas para conhecer seus clientes são: prestar atenção aos produtos e serviços que eles solicitam, a experiência e tempo de mercado do gestor num determinado segmento, o comportamento e interação dos clientes nas mídias sociais, a pesquisa de satisfação, o pós-venda, o atendimento direto e via Facebook.

6.3.5 As MPE e a comunicação com os fornecedores

Semelhantemente as práticas das micro e pequenas empresas de comunicação interna, a comunicação com os fornecedores é proporcional ao tamanho que essas empresas possuem (dentro da classificação das MPE). Quanto menor a empresa, menos práticas são adotadas. Por exemplo: quando as empresas menores eram perguntadas sobre quais estratégias de comunicação utilizavam para manter um bom relacionamento com fornecedores, a resposta variava entre: pagar em dia e manter o mesmo fornecedor ao longo dos anos. Nas empresas mais estruturadas, além disso, há também ações promocionais e sociais conjuntas. Dessa forma a comunicação com fornecedores tende a estar mais restrita atualmente a empresas de maior porte.

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