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3.2 An´ alise da funcionaliza¸c˜ ao

3.2.2 An´ alise do potencial de superf´ıcie

Para caracterizar o processo de funcionaliza¸c˜ao, atrav´es de medidas de potencial de superf´ıcie utilizando o m´etodo Kelvin Probe Force Microscopy, as amostras foram funcionalizadas de acordo com o protocolo descrito na prepara¸c˜ao do biossensor. Ap´os a imobiliza¸c˜ao de probe DNA, as amostras foram passivadas com etileno glicol e foi adicionado target ssDNA em diferentes concentra¸c˜oes.

As medidas de potencial de superf´ıcie foram feitas com uma amostra de referˆencia (InP sem funcionaliza¸c˜ao) e em seguida com a amostra funcionalizada. As duas foram montadas no mesmo porta-amostra para manter os ajustes do lock-in para as medidas el´etricas. Dessa forma, os ajustes foram feitos com a ponta pr´oxima da amostra de referˆencia. Uma vez realizadas as medidas nessa amostra, a ponta foi levantada e aproximada na amostra funcionalizada, mantendo os mesmos ajustes da medida anterior. Assim podemos comparar o potencial de superf´ıcie m´edio das duas amostras.

As imagens foram obtidas com velocidade de varredura de 0.5 ln/s e com resolu¸c˜ao de 256 x 256 pixels. As medidas foram feitas sob fluxo de N2na cˆamara que cont´em as amostras, ap´os um intervalo de tempo entre 30’ e 4 h entre o in´ıcio do fluxo e a medida.

As Figuras 3.11 (a), (b) e (c) apresentam as imagens de topografia, fase e SP respectivamente para a amostra InP#3154 sem funcionaliza¸c˜ao (referˆencia) e as Figuras 3.11 (d), (e) e (f) ilustram as imagens para a amostra funcionalizada com PEG.

Medidas similares foram feitas para a amostra de referˆencia e a amostra funciona- lizada com mol´eculas de probe ssDNA (Figuras 3.11 (g), (h) e (i)). A Tabela 3.1 a seguir apresenta os valores m´edios do SP calculados para as imagens de SP das amostras com PEG e com probe ssDNA e as medidas de referˆencia corresponden- tes. O erro representa o valor do rms para toda a imagem.

Observamos que o SP m´edio da amostra funcionalizada com PEG aumenta 140 mV em rela¸c˜ao `a referˆencia, notando que a escala dos valores para o SP ´e negativa. J´a a amostra com probe ssDNA apresenta um SP m´edio 190 mV menor que a referˆencia, como ´e ilustrado na Figura 3.12.

Figura 3.11: Imagens de 5 µm x 5 µm de (a) topografia, (b) fase e (c) SP para a amostra InP#3154 sem funcionaliza¸c˜ao (referˆencia); (d) topografia, (e) fase e (f) SP para a amostra InP#3154 funcionalizada com PEG e (g) topografia, (h)

fase e (i) SP para a amostra InP#3154 funcionalizada com probe ssDNA.

Tabela 3.1: Potenciais de superf´ıcie m´edios para as amostras de InP#3154 funcionalizadas com PEG e probe DNA e as medidas de referˆencia correspon-

dentes.

Um estudo semelhante foi feito para amostras de InP#3228 com probe ssDNA e com target ssDNA nas concentra¸c˜oes 10 pM e 10 µM. As imagens obtidas para a referˆencia, probe ssDNA target ssDNA 10 pM s˜ao apresentadas na Figura 3.13. A amostra com target 10 µM apresentou comportamento similar. As imagens de topografia e fase apresentam superf´ıcies homogˆeneas, com um pequeno aumento na varia¸c˜ao de altura para as amostras funcionalizadas.

Figura 3.12: Diagrama representando a varia¸c˜ao de potencial de superf´ıcie entre as amostras de InP#3154 funcionalizadas e a referˆencia correspondente.

Figura 3.13: Imagens de 0,5 µm x 0,5 µm de: (a) topografia, (b) fase, (c) SP para a amostra InP#3228 de referˆencia, e (d) topografia, (e) fase e (f) SP para a amostra de InP#3228 com probe DNA, (g) topografia, (h) fase e (i) SP para

Tabela 3.2: Potenciais de superf´ıcie m´edios para as amostras de InP#3228 funcionalizadas com probe DNA, amostras com titula¸c˜ao de target DNA nas concentra¸c˜oes 10 pM, 10 nM e 10 µM e as medidas de referˆencia correspondentes.

Os valores m´edios para o potencial de superf´ıcie das amostras com probe e target ssDNA e das amostras de referˆencia correspondentes s˜ao apresentados na Tabela 3.2. Encontramos que o valor m´edio da amostra com probe ssDNA est´a 90 mV abaixo do valor da referˆencia, e para as amostras com target a varia¸c˜ao aumenta, sendo 280 mV e 360 mV abaixo da referˆencia para as concentra¸c˜oes de 10 pM e 10 nM, respectivamente. O diagrama da Figura 3.14 ilustra essas varia¸c˜oes.

Figura 3.14: Diagrama representando a varia¸c˜ao de potencial de superf´ıcie entre as amostras de InP#3228 funcionalizadas e a referˆencia correspondente.

Por´em, n˜ao podemos relacionar, a princ´ıpio, a varia¸c˜ao do potencial de superf´ıcie `as diferentes concentra¸c˜oes de target ssDNA, pois verificamos que a medida depende das condi¸c˜oes ambientes. Por exemplo a umidade e a quantidade de ´agua adsorvida na superf´ıcie, que variam de acordo com o tempo em que a amostra ficou exposta ao fluxo de N2 na cˆamara do microsc´opio, alteram significativamente os valores de SP medidos.

A Figura 3.15 ilustra duas medidas de SP realizadas com a mesma amostra de InP#3228 com target ssDNA 10 µM. A primeira medida foi feita ap´os 30 min de fluxo de N2 e a segunda, ap´os 2h.

Figura 3.15: Imagens com 0,5 x 0,5 µm para medidas de SP na amostra InP#3228 com target ssDNA 10µM ap´os (a) 30 min e (b) 2h de exposi¸c˜ao ao

fluxo de N2.

Tabela 3.3: Potenciais de superf´ıcie m´edios para medidas com a amostra InP#3228 com target ssDNA 10µ em diferentes tempos de exposi¸c˜ao ao fluxo

de N2.

A Tabela 3.3 apresenta os valores m´edios para o potencial de superf´ıcie da amostra de referˆencia InP#3228 sem funcionaliza¸c˜ao e da amostra InP#3228 funcionali- zada com target ssDNA 10 µM nas duas medidas: ap´os 30 min e 2 h em fluxo de N2. As varia¸c˜oes do SP m´edio das duas imagens em rela¸c˜ao ao SP m´edio das amostras de referˆencia correspondentes s˜ao ilustradas no diagrama da Figura 3.16. Para a medida feita ap´os 30 min em fluxo de N2 na cˆamara, encontramos uma varia¸c˜ao de potencial de -360 mV, enquanto para a medida ap´os 2 h de fluxo, a va- ria¸c˜ao foi de -90 mV. Podemos atribuir esta varia¸c˜ao `a contribui¸c˜ao dos momentos de dipolo da ´agua adsorvida na superf´ıcie, pois o brush da camada PEG favorece a liga¸c˜ao de mol´eculas de ´agua.

Figura 3.16: Diagrama ilustrando as varia¸c˜oes de potencial de superf´ıcie para medidas da amostra InP#3228 com target DNA 10 µM ap´os 30 min e 2h de exposi¸c˜ao ao fluxo de N2 em rela¸c˜ao `a medida de referˆencia correspondente.

Em alguns casos a funcionaliza¸c˜ao n˜ao resultou em superf´ıcies homogˆeneas, como mostram as figuras a seguir. A Figura 3.17 ilustra imagens de topografia, fase e SP para duas regi˜oes de uma amostra InP#3227 funcionalizada e com a adi¸c˜ao de target ssDNA na concentra¸c˜ao de 20 pM.

Como podemos observar, a imagem de topografia mostra estruturas de at´e 40 nm de altura (Figuras 3.17 (d) e (g)), provavelmente formadas pela aglomera¸c˜ao do PEG. As imagens de fase e SP indicam composi¸c˜oes diferentes na superf´ıcie. As medidas de SP (Figuras 3.17 (f) e (i)) mostram uma estratifica¸c˜ao de n´ıveis de potencial para as diferentes composi¸c˜oes encontradas na amostra.

Os n´ıveis est˜ao identificados como 1, 2, 3 e 4 na Figura 3.18, a qual apresenta um zoom em uma regi˜ao da Figura 3.17 (f) para melhor visualiza¸c˜ao dos n´ıveis observados. Os valores m´edios do SP calculados para cada n´ıvel nas duas regi˜oes da amostra, Figuras 3.17 (f) e (i), s˜ao apresentados na Tabela 3.4 . Nas medidas de referˆencia realizadas na amostra de InP sem funcionaliza¸c˜ao, o potencial de superf´ıcie m´edio foi (−1, 60 ± 0, 01) V.

Observamos que na primeira regi˜ao, existem 2 n´ıveis (identificados como 3 e 4) com potencial mais alto que o valor medido na referˆencia, enquanto o n´ıvel 1 est´a menor e o n´ıvel 2 mais pr´oximo da referˆencia. Como ilustra o diagrama da Figura 3.12, a camada PEG aumenta o potencial de superf´ıcie e adi¸cao de DNA diminui, ent˜ao inicalmente podemos atribuir os n´ıveis 3 e 4 ao PEG e os n´ıveis 1 e 2 ao DNA hibridizado e probe ssDNA, respectivamente, notando nas imagens que o n´ıvel 1 (regi˜ao branca) est´a apenas sobre o n´ıvel 2 (regi˜ao verde), ent˜ao

Figura 3.17: Imagens de 0,5 µm x 0,5 µm de: (a) topografia, (b) fase, (c) SP para a amostra de referˆencia, e (d) e (g) topografia, (e) e (h) fase, (f) e (i) SP

para duas regi˜oes da amostra InP#3227 com target DNA 20 pM.

Figura 3.18: Identifica¸c˜ao dos n´ıveis de potencial de superf´ıcie para as dife- rentes composi¸c˜oes obtidas pelo processo de funcionaliza¸c˜ao na amostra com

Tabela 3.4: Potenciais de superf´ıcie m´edios para os n´ıveis encontrados em duas regi˜oes da amostra com target ssDNA 20pM.

podemos considerar que o n´ıvel 1 corresponde a regi˜oes onde o target e o probe foram hibridizados.

Na imagem da segunda regi˜ao encontramos uma varia¸c˜ao menor entre os n´ıveis de potencial, o que pode ser atribu´ıdo ao fato desta regi˜ao apresentar ´areas mais homogˆeneas, o que se reflete no valor m´edio da Tabela 3.4. Para identifcar as composi¸c˜oes referentes a cada n´ıvel de potencial encontrado, analisamos a ´area ocupada por cada regi˜ao na imagem.

A Tabela 3.5 a seguir mostra uma m´edia dos valores de ´area calculados para as duas regi˜oes da amostra. As regi˜oes referentes aos n´ıveis 3 e 4 ocupam a maior ´area nas amostras, enquanto a regi˜ao 1, que supomos ser ocupada pelo DNA hibridizado, ocupa a menor ´area com ' 3%. A regi˜ao 2, que supomos ser o probe ssDNA n˜ao hibridizado ocupa uma ´area maior de ' 19%.

Tabela 3.5: ´Areas efetivas e relativas ocupadas por cada n´ıvel de potencial calculadas a partir da m´edia das duas regi˜oes da amostra com target ssDNA

20pM.

Tamb´em encontramos superf´ıcies n˜ao homogˆeneas numa outra amostra de InP#3227 funcionalizada e com a adi¸c˜ao de target ssDNA na concentra¸c˜ao 30 pM.

Figura 3.19: Imagens de 0,5µm x 0,5µm de: (a) topografia, (b) fase, (c)SP para a amostra de referˆencia, e (d) e (g) topografia, (e) e (h) fase, (f) e (i) SP

para duas regi˜oes da amostra InP3227 com target DNA 30pM.

A Figura 3.19 ilustra as imagens de topografia, fase e SP na amostra de referˆencia e em duas regi˜oes da amostra funcionalizada. Na topografia encontramos aglome- rados com at´e 60nm de altura e nas imagens de fase e SP observamos diferentes composi¸c˜oes na amostra. A Figura 3.20 apresenta um zoom em uma regi˜ao da Figura 3.19 (i), onde os 4 n´ıveis para o potencial de superf´ıcie foram identificados de maneira similar `a amostra com 20 pM.

Figura 3.20: Identifica¸c˜ao dos n´ıveis de potencial de superf´ıcie para as dife- rentes composi¸c˜oes obtidas pelo processo de funcionaliza¸c˜ao na amostra com

A Tabela 3.6 apresenta os valores m´edios, nas duas regi˜oes da amostra (Figuras 3.19 (f) e (i)) , para os n´ıveis 1, 2, 3 e 4 identificados na Figura 3.20.

Os valores de SP para cada n´ıvel s˜ao similares nas duas regi˜oes da amostra. O potencial de superf´ıcie m´edio da amostra de referˆencia, Figura 3.19 (c), foi de ' (1, 56±0, 01)V . Fazendo uma an´alise semelhante `a amostra com 20 pM, tamb´em podemos atribuir os n´ıveis 3 e 4 `a camada PEG, sendo que o potencial de superf´ıcie do n´ıvel 4 est´a acima do potencial da referˆencia. A m´edia das ´areas ocupadas por cada n´ıvel nas duas regi˜oes da amostra s˜ao apresentadas na Tabela 3.7.

Tabela 3.6: Potenciais de superf´ıcie m´edios para os n´ıveis encontrados em duas regi˜oes da amostra com target ssDNA 30 pM.

Tabela 3.7: ´Areas efetivas e relativas ocupadas por cada n´ıvel de potencial calculadas a partir da m´edia das duas regi˜oes da amostra com target ssDNA 30

pM.

Novamente encontramos que as regi˜oes 3 e 4 correspondentes ao PEG ocupam a maior ´area. A regi˜ao 1 correspondente ao DNA hibridizado ocupa a menor ´area, com ' 5% e a regi˜ao 2, correspondente ao DNA probe n˜ao hibridizado ocupa uma ´

area um pouco maior, com ' 12%.

Comparando as ´areas m´edias nas Tabelas 3.5 e 3.7, observamos que a ´area do n´ıvel 1 aumenta de 3% , na amostra com target 20 pM, para 5%, na amostra com target 30 pM e a ´area do n´ıvel 2 diminui de 19% para 12%. Isso d´a suporte `a conclus˜ao

de que o n´ıvel 1 corresponde ao DNA hibridizado, j´a que a ´area ocupada por este n´ıvel aumenta e a ´area do n´ıvel 2 correspondente ao probe n˜ao hibridizado diminui na amostra com concentra¸c˜ao de target maior. Al´em disso, quando variamos a concentra¸c˜ao de target nas amostras, n˜ao h´a varia¸c˜ao consider´avel nas ´areas ocupadas pelos n´ıveis 3 e 4, atribu´ıdos ao PEG passivado com etileno glicol e ao PEG n˜ao passivado.

Cap´ıtulo 4

Conclus˜oes

Foram estudados quatro biossensores baseados em filme fino de InP, crescido ho- moepitaxialmente por Epitaxia de Feixe Qu´ımico (CBE), sobre um substrato de InP semi-isolante. As medidas de Efeito Hall para caracteriza¸c˜ao das propriedades do semicondutor mostraram que as amostras preparadas apenas com a dopagem residual do sistema, possuem concentra¸c˜oes de portadores entre 1014 e 1015 cm−3 e a amostra dopada com Si, 1018 cm−3. Al´em disso as medidas mostraram que todas as amostras s˜ao do tipo-n. Em fun¸c˜ao do tempo de crescimento no CBE, o filme fino semicondutor foi crescido com diferentes espessuras.

As medidas de detec¸c˜ao do biossensor foram realizadas para o sistema de in- tera¸c˜ao espec´ıfica ssDNA, onde oligonucleot´ıdeos receptores (probe ssDNA) foram imobilizados na superf´ıcie funcionalizada do dispositivo para an´alise do analito contendo oligonucleot´ıdeos complementares (target ssDNA). A hibridiza¸c˜ao das fitas de DNA levam a uma varia¸c˜ao na densidade superficial de cargas, visto que o DNA tem carga negativa intr´ınseca. Essa varia¸c˜ao aumenta a camada de deple¸c˜ao no semicondutor, como foi observado nas medidas de resistˆencia em fun¸c˜ao do tempo, em que a resistˆencia aumenta com a adi¸c˜ao de target.

Nas medidas el´etricas de calibra¸c˜ao com o buffer TRIS, observamos uma varia¸c˜ao da resistˆencia no in´ıcio da medida, devido ao efeito capacitivo da configura¸c˜ao dos ´ıons na solu¸c˜ao pr´oximo `a superf´ıcie ap´os a aplica¸c˜ao do potencial aplicado entre os contatos de In. O potencial devido aos ´ıons na superf´ıcie depleta (ou acumula) os portadores pr´oximos da interface do semicondutor com a camada funcionalizada, variando a condutˆancia do canal. Depois de 20 min de medidas, o valor da resistˆencia estabiliza em um valor R0, o qual foi utilizado para o c´alculo da

varia¸c˜ao da resistˆencia nos experimentos de titula¸c˜ao com diferentes concentra¸c˜oes de DNA.

O biossensor 1 foi feito com a amostra de ' 70nm de espessura e concentra¸c˜ao de portadores da ordem de 1015 cm−3. Ap´os calibrar o dispositivo com buffer TRIS e adicionar a solu¸c˜ao que cont´em o target, ocorre uma varia¸c˜ao na resistˆencia por conta dos efeitos do TRIS e do tempo necess´ario para difus˜ao das mol´eculas de target at´e que atinjam `a superf´ıcie e ocorra a hibridiza¸c˜ao, e ap´os 20min a resistˆencia estabiliza. Este ´e, portanto, o tempo de resposta do dispositivo. A varia¸c˜ao ∆RR

0 apresentou valores significativos para concentra¸c˜oes entre 10 pM e 50

pM. A curva da resposta do sensor em fun¸c˜ao da concentra¸c˜ao de target ssDNA apresentou comportamento semelhante ao biossensor realizado anteriormente em nosso grupo [64], exceto por uma resposta menor, com aproximadamente ' 30% neste caso.

Com uma concentra¸c˜ao menor de portadores, mas mantendo a mesmo espessura da amostra, observamos que a resposta satura com a concentra¸c˜ao de 10 pM, como foi observado no biossensor 2.

No biossensor 3, o filme fino semicondutor tem 1014 portadores/cm3 e a espessura ´

e o dobro da amostra anterior. Encontramos que a resposta para concentra¸c˜oes de target entre 10 pM e 10 nM foi menor que 10%, diferentemente dos biossensores 1 e 2. Mas a adi¸c˜ao de concentra¸c˜oes de 1 µM provoca uma varia¸c˜ao na resistˆencia de aproximadamente 20%, compar´avel com as respostas encontradas anteriormente. Neste caso, por´em, a sensibilidade foi reduzida de pM para µM .

O biossensor 4, que foi feito com a amostra dopada, com concentra¸c˜ao de porta- dores da ordem de 1018cm−3, n˜ao apresentou varia¸c˜ao com a adi¸c˜ao de target e tamb´em n˜ao apresentou varia¸c˜ao significativa com a adi¸c˜ao de buffer, indicando que a varia¸c˜ao no potencial da superf´ıcie devido aos ´ıons da sulu¸c˜ao e a hibridiza¸c˜ao do DNA n˜ao foi suficiente para depletar os portadores do canal de condu¸c˜ao. A hibridiza¸c˜ao do DNA na superf´ıcie depende de v´arios fatores como densidade de receptores imobilizados (probe ssDNA) e for¸ca iˆonica do buffer TRIS. A detec¸c˜ao dos eventos de hibridiza¸c˜ao tamb´em depende das condi¸c˜oes do buffer e da altura da camada funcionalizada, visto que apenas eventos que ocorrem at´e o comprimento de Debye ser˜ao detectados. Como as amostras foram funcionalizadas e medidas sob as mesmas condi¸c˜oes, ent˜ao podemos atribuir a varia¸c˜ao observada na resposta dos biossensores `as propriedades do filme fino semicondutor.

Portanto, para amostras com baixa densidade de portadores, ´e necess´ario obter camada mais finas para obter sensibilidade para detectar concentra¸c˜oes da ordem de pM. Para amostras dopadas, uma tens˜ao VG deveria ser aplicada no gate, al´em do potencial da camada de biomol´eculas.

Para isso seria necess´ario fazer um dispositivo com um backgate, para aplicar um potencial VG e modular a camada de deple¸c˜ao no caso das amostras dopadas, as quais podem ser crescidas com controle da dopagem e, portanto, concentra¸c˜oes de portadores definidas, diferentemente da dopagem residual que depende das condi¸c˜oes do sistema CBE. Dessa forma, seria poss´ıvel estudar a resposta do bi- ossensor em fun¸c˜ao da concentra¸c˜ao de portadores e obter amostras que podem ser mais reprodut´ıveis. A Figura 4.1 ilustra uma representa¸c˜ao da estrutura do biossensor com backgate, que pode ser feito a partir da deposi¸c˜ao de uma camada de Au na parte inferior do substrato.

Figura 4.1: Representa¸c˜ao da estrutura do biossensor de InP de grande ´area, mostrando o filme de InP do tipo-n sobre um substrato de InP semi-isolante e

uma camada de Au, funcionando como contato do backgate.

Mas, como o InP ´e muito quebradi¸co, n˜ao foi poss´ıvel montar essa estrutura. Ent˜ao uma alternativa ao biossensor de InP de grande ´area seria fazer o dispositvo com nanofios de InP, o que foi feito em nosso grupo [62]. O biossensor com nanofios de InP dopados apresentando concentra¸c˜ao de portadores da ordem de 1018 cm−3, mostrou sensibilidade para medidas de concentra¸c˜oes de target ssDNA da ordem de fM, apresentando respostas com at´e 30% de varia¸c˜ao na resistˆencia.

A espessura da camada funcionalizada medida por AFM mostrou que o processo de funcionaliza¸c˜ao utilizado permite obter camadas com aproximadamente 2nm de espessura, o que ´e esperado para o funcionamento do biossensor, pois ´e necess´ario obter camadas muito finas para que os eventos de hibridiza¸c˜ao ocorram dentro do comprimento de Debye.

As medidas de potencial de superf´ıcie pelo m´etodo Kelvin Probe Force Microscopy mostraram que a funcionaliza¸c˜ao da superf´ıcie com polietileno glicol (PEG) pro- voca um aumento no potencial de superf´ıcie (SP) em rela¸c˜ao ao da amostra de referˆencia, a qual n˜ao passou por nenhum processo de funcionaliza¸c˜ao. A adi¸c˜ao de probe ssDNA, que ´e imobilizado covalentemente na camada PEG, causa uma diminui¸c˜ao no SP, que neste caso passa a ser mais negativo que o SP da amostra de referˆencia.

As imagens com as amostras fucnionalizadas com probe ssDNA e target ssDNA apresentaram-se homogˆeneas com varia¸c˜oes de no m´aximo 3nm na altura, como pode ser visto nas medidas de topografia. A fase e o SP tamb´em mostraram uma distribu¸c˜ao homogˆenea sobre a superf´ıcie. A partir da compara¸c˜ao dos valores m´edios de SP para cada imagem, vimos que o SP diminui em rela¸c˜ao `a referˆencia para a amostra com probe, confirmando os resultados da medida anterior. A adi¸c˜ao de target provoca uma diminui¸c˜ao maior no potencial, por´em n˜ao podemos a princ´ıpio fazer uma anologia precisa entre os valores m´edios observados na varia¸c˜ao e as concentra¸c˜oes de DNA utilizadas, visto que v´arios fatores podem influenciar nas medidas de potencial de superf´ıcie, como foram apresentados nos resultados que comparam o SP medido para uma mesma amostra sob tempos de exposi¸c˜ao diferentes ao fluxo de N2 na cˆamara do microsc´opio.

Nas amostras homogˆeneas n˜ao ´e poss´ıvel identificar varia¸c˜oes locais no SP, pois n˜ao h´a resolu¸c˜ao na medida para varia¸c˜oes de potencial de estruturas muito peque- nas (2-3 nm encontradas nas imagens de topografia), da´ı as an´alises foram feitas comparando o valor m´edio do SP da imagem da amostra funcionalizada com o

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