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Analise a ocorrência sazonal de acidentes ofídicos no Paraná.

No documento Curso vigilancia epidemio (páginas 95-100)

Epidemiologia descritiva

QUESTÃO 18: Analise a ocorrência sazonal de acidentes ofídicos no Paraná.

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O técnico responsável pela área de Acidentes por Animais Peçonhentos, do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, analisa:

“A distribuição mensal dos casos segue padrão encontrado nos demais Estados das Regiões Sul e Sudeste, onde é verificada uma sazonalidade marcada pela predominância dos casos nos meses quentes e chuvosos de setembro a março, confirmando que a ocorrência do acidente ofídico está, geralmente, relacionada a fatores climáticos e ao aumento da atividade humana nos trabalhos no campo, nessa época do ano.”

1.3. Lugar: Onde?

Em epidemiologia, o conhecimento do lugar onde ocorre determinada doença é muito impor- tante, principalmente para se conhecer o seu agente etiológico e as fontes de contaminação. Distri- buindo-se os casos sobre um mapa detalhado da área, identifica-se sua concentração ou dispersão. Isso vai orientar as ações de investigação de casos e contatos, como também a aplicação das medidas de controle – por exemplo, a distribuição da cobertura da vacinação permite verificar onde devem se concentrar as ações de imunização.

Utiliza-se a distribuição geográfica para identificar de que forma as doenças se distribuem no espaço (urbano/rural, distrito sanitário, bairro, Município, etc.), associando a sua alta ocorrência, por exemplo, à baixas coberturas vacinais, precariedade no saneamento básico, mananciais contaminados por microorganismos, existência ou não de uma rede básica de atenção à saúde, etc.

Vários elementos geográficos espaciais podem influenciar a distribuição das doenças, como, por exemplo, clima, fauna, relevo, poluentes urbanos e rurais, contaminação de alimentos, tipo de habitação, espaço urbano, ambiente de trabalho e inúmeros outros. Pode-se dizer que a expressão “onde ocorre” uma determinada doença significa o mesmo que dizer em que “tipo de ambiente”. A distribuição geográfica de uma doença pode variar entre países, Estados, Municípios e localidades.

A expressão estatística espacial designa um conjunto amplo de técnicas de análise geográfica que utiliza técnicas quantitativas para caracterizar o fenômeno em estudo. Essas técnicas incluem métodos estatísticos que procuram descrever a variação espacial do fenômeno em estudo, a partir de amostras disponíveis.

Atualmente, o geoprocessamento diz respeito a um conjunto de técnicas de processamento digital de dados geográficos ou espaciais, ou seja, dados que possuem uma localização espacial. Das diferentes técnicas de geoprocessamento, destaca-se: sensoriamento remoto, cartografia automatizada; Sistema de Posicionamento Global (GPS); e Sistemas de Informação Geográfica.

Alguns Municípios vêm-se dedicando à detecção de padrões na distribuição dos agravos de forma a discutir medidas preventivas, sejam elas de caráter assistencial, ambiental ou educativo.

A desigualdade no acesso aos serviços de saúde também pode ser observada, mediante a visua- lização das trajetórias percorridas pelos pacientes. No caso da mortalidade pós-neonatal (de 28 dias a um ano de idade), mapear as longas trajetórias percorridas entre o local de residência da criança e o local onde veio a falecer indica a necessidade de melhorar a oferta de assistência nos locais mais distantes.

Quanto ao lugar de ocorrência, também são referenciais as características, fatores ou condicio- nantes ambientais, naturais ou sociais, em que a doença aconteceu. O local onde as pessoas vivem ou trabalham pode determinar, em parte, o tipo de doença ou problema de saúde passível de ocor- rência.

Em relação ao local de transmissão, os casos podem ser classificados como:

Caso autóctone

É o caso confirmado que foi detectado no mesmo local onde ocorreu a transmissão.

Casos alóctone

É o caso confirmado que foi detectado em um local diferente daquele onde ocorreu a trans- missão.

2. Formas de ocorrências das doenças 2.1. Caso esporádico

Quando, em uma comunidade, verifica-se o aparecimento de casos raros e isolados de uma certa doença, a qual não estava prevista, esses casos são chamados de casos esporádicos. Exemplo: peste.

2.2. Conglomerado temporal de casos

Um grupo de casos para os quais se suspeita de um fator comum e que ocorre dentro dos limites de intervalos de tempo, significativamente, iguais, medidos a partir do evento que, supostamente, foi a sua origem. Exemplo: leptospirose.

2.3. Endemia

Quando a ocorrência de determinada doença apresenta variações na sua incidência de caráter regular, constante, sistemático. Assim, endemia é a ocorrência de uma determinada doença que, du- rante um longo período de tempo, acomete, sistematicamente, populações em espaços delimitados e caracterizados, mantendo incidência constante ou permitindo variações cíclicas ou sazonais ou atípicas, conforme descrito anteriormente. Exemplo: tuberculose e malária.

2.4. Epidemia

As epidemias caracterizam-se pelo aumento do número de casos acima do que se espera, com- parado à incidência de períodos anteriores. O mais importante, contudo, é o caráter desse aumento – descontrolado, brusco, significante, temporário. Se, em uma dada região, inexiste determinada doença e surgem dois ou poucos casos, pode-se falar em epidemia, dado o seu caráter de surpresa – por exemplo, o aparecimento de dois casos de sarampo em uma região que, há muitos anos, não apresentava um único caso. Exemplo: epidemia de dengue.

Tal qual as situações endêmicas, as ocorrências epidêmicas são limitadas a um espaço definido, desde os limites de um surto epidêmico até a abrangência de uma pandemia.

2.5. Surto epidêmico

Costuma-se designar surto quando dois ou mais casos de uma determinada doença ocorrem em locais circunscritos, como instituições, escolas, domicílios, edifícios, cozinhas coletivas, bairros ou comunidades, aliados à hipótese de que tiveram, como relação entre eles, a mesma fonte de infecção ou de contaminação ou o mesmo fator de risco, o mesmo quadro clínico e ocorrência simultânea.

2.6. Pandemia

Dá-se o nome de pandemia à ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial que atinge várias nações. São exemplos clássicos de pandemias: a epidemia de influenza de 1918; e a epidemia de cólera, iniciada em 1961, que alcançou o continente americano em 1991, no Peru.

a) Aumento do número de suscetíveis: quando o número de suscetíveis em um local é suficientemente grande, a introdução de um caso (alóctone) de uma doença transmissível gera diversos outros, configurando um grande aumento na incidência. O aumento do número de suscetíveis pode apresentar diversas causas, como:

- Nascimentos - Migrações

- Baixas coberturas vacinais

b) Alterações no meio ambiente que favorecem a transmissão de doenças infecciosas e não infecciosas:

- Contaminação da água potável por dejetos favorece a transmissão de febre tifóide, hepatite A, hepatite E, cólera, entre outras.

- Aglomeração de pessoas em abrigos provisórios, em situações de calamidade, facilita a eclosão de surtos de gripes, sarampo e outras doenças respiratórias agudas.

- Aumento no número de vetores infectados, responsáveis pela transmissão de algumas doenças em razão de condições ambientais favoráveis e inexistência ou ineficácia das medidas de controle, facilita o crescimento do número de agravos, como no caso de malária, dengue.

- Contaminação de alimentos, por microorganismos patogênicos, ocasiona surtos de intoxicação, toxiinfecção e infecção alimentar, freqüentes em locais de refeições coletivas. - Extravasamento de produtos químicos poluindo o ar, solo e mananciais leva a intoxicações

agudas na comunidade local.

- Emissão descontrolada de gás carbônico por veículos motorizados leva a problemas respiratórios agudos na população.

Uma epidemia ou surto pode surgir a partir das seguintes situações:

- Quando inexiste uma doença em determinado lugar e aí se introduz uma fonte de infecção ou contaminação (por exemplo, um caso de cólera ou um alimento contaminado), dando início ao aparecimento de casos ou epidemia.

- Quando ocorrem casos esporádicos de uma determinada doença e começa a haver aumento na incidência além do esperado.

- A partir de uma doença que ocorre endemicamente e alguns fatores desequilibram a sua estabilidade, iniciando uma epidemia.

3. Quanto ao tipo de epidemias ou surtos

As epidemias podem ser: de fonte comum ou propagada, lentas ou explosivas.

3.1. Epidemia de fonte comum

Quando não há um mecanismo de transmissão de hospedeiro para hospedeiro. Na epidemia por fonte ou veículo comum, o fator extrínseco (agente infeccioso, fatores físico-químicos ou produtos do metabolismo biológico) pode ser veiculado pela água, por alimentos, pelo ar ou introduzido por inoculação. Todos os suscetíveis devem ter acesso direto a uma única fonte de contaminação, po- dendo ser por curto espaço de tempo (fonte pontual) ou por um espaço de tempo mais longo (fonte

persistente). Trata-se, geralmente, de uma epidemia explosiva e bastante localizada, em relação ao tempo e lugar. Exemplo: intoxicação alimentar.

São variantes da epidemia de fonte comum:

3.2. Epidemia de fonte pontual

Na epidemia gerada por uma fonte pontual (no tempo), a exposição se dá durante um curto intervalo de tempo e cessa, não se tornando a repetir. Exemplo: exposição à alimento contaminado em evento.

3.3. Epidemia de fonte persistente

Na epidemia gerada por uma fonte persistente (no tempo), a fonte tem existência dilatada e a exposição da população prolonga-se por um largo lapso de tempo. Exemplo: exposição à Salmonella Typhi através de uma mina de água.

3.4. Epidemia de fonte progressiva ou propagada, de contato ou contágio

Quando o mecanismo de transmissão é de hospedeiro a hospedeiro, ocorrendo a propagação em cadeia, difundida de pessoa a pessoa por via respiratória, anal, oral, genital ou por vetores – por exemplo, a gripe, a meningite meningocócica, doenças sexualmente transmissíveis, a raiva canina. Geralmente, sua progressão é lenta.

3.5. Epidemia lenta

Na epidemia lenta, o critério diferenciador é a velocidade com que ela ocorre na etapa inicial do processo, que é lenta, gradual e progride durante um longo tempo. Acontece, em geral, nas doenças de curso clínico longo, principalmente doenças não transmissíveis, podendo ocorrer, tam- bém, com doenças cujos agentes apresentam baixa resistência ao meio exterior ou para os quais a população seja altamente resistente ou imune. Será lenta, ainda, se as formas de transmissão e meios de prevenção forem bem conhecidos pela população. Exemplo: aids, exposição à metais pesados ou agrotóxicos.

3.6. Epidemia explosiva ou maciça

Quando várias pessoas são expostas, simultaneamente, à mesma fonte – por exemplo, os surtos de infecção ou intoxicação alimentar, cujo tempo de incubação é muito curto.

QUESTÃO 19: A seguir, analise as figuras abaixo e classifique-as segundo tempo e fonte.

No documento Curso vigilancia epidemio (páginas 95-100)