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Contextualização: Já divididos em dois grandes grupos e após a exploração da história

“A surpresa de Handa” em português, as crianças foram desafiadas a escutarem a mesma, mas, desta vez, segmentada em diferentes línguas (português, espanhol, italiano e francês) de forma a fazerem corresponder a cada uma das partes uma imagem das que tinham à sua frente e que representavam os diferentes momentos da história, tendo que posteriormente explicar ao outro grupo a sua escolha.

Áudio – Gostará do ananás de folhas aguçadas tal como a girafa aprecia …

(De imediato as crianças selecionam a imagem e todas a querem evidenciar.)

C4 – Eu percebi ananás.

EE2 – Quais foram as palavras que vocês perceberam? Todos – Ananás e girafa.

EE2 – Então, qual será a imagem? C2 – A girafa.

EE2 – Estava em que língua esta parte? C5 – Português.

(No momento de explicar ao outro grupo)

EE2 – Porque é que nós escolhemos essa imagem?

C2 – Porque estava em português e percebemos girafa e ananás.

Figura 46

142 Relativamente à terceira sessão, denominada por Ao ritmo do ambiente, consideramos relevante destacar o momento de audição da canção “El planeta hay que salvar” em espanhol (Cf. Anexo V/ figura 13). Assim que iniciada a reprodução da canção, as crianças evidenciaram sinais de felicidade e de implicação, chegando até a tentar acompanhar a canção através da voz e de palmas. Já num momento posterior, também foram visíveis sinais de empenho e envolvimento na atividade de exploração da canção, como se pode ver nas imagens seguintes.

Por fim, no que diz respeito à quarta sessão (Cf. Anexo I), Os desafios das línguas, foram evidentes os sinais de implicação e bem-estar durante a realização dos diferentes desafios. Tanto no primeiro desafio, onde se pretendia que as crianças erguessem a placa da cor correspondente à língua da palavra escutada (figura 51), como no segundo desafio, cujo objetivo era que as crianças escutassem os nomes dos animais nas diferentes línguas e os fizessem corresponder à imagem correta (figura 52), sentimos que as crianças se encontravam completamente implicadas em tudo o que lhes dizia respeito, mostrando interesse em participar e dar o seu contributo em cada tarefa proposta.

Figura 48 Figura 49

143 Figura 51

144

3. Síntese dos resultados obtidos

Após uma análise mais descritiva dos dados recolhidos, importa agora realizar uma síntese de todas as ideias conclusivas que se retiveram, procurando obter respostas às questões de investigação do presente estudo.

Neste sentido, relativamente às subcategorias da primeira categoria, a competência de compreensão oral, mais concretamente à subcategoria Compreensão da informação transmitida oralmente, podemos referir que, apesar de ter sido um dos primeiros contactos com línguas estrangeiras para a maioria das crianças, a compreensão dos enunciados recebidos auditivamente foi sendo alcançada. Como pudemos verificar nos exemplos dados, na maioria dos casos, as crianças apenas compreendiam algumas palavras soltas, nomeadamente informação emitida em língua espanhola. No entanto, essa breve compreensão acabava por ser suficiente em certos casos para conferir uma compreensão geral da informação. É de realçar também que, com o desenrolar das sessões, notámos que as crianças iam ficando mais sensibilizadas e preparadas para a receção de novos enunciados verbais e novas palavras em diferentes línguas, tentando sempre recorrer à comparação com a sua língua materna.

Quanto à subcategoria Reconhecimento da alteração da língua escutada e sua identificação, é oportuno mencionar que, com o passar dos dias, as crianças se iam sentindo mais à vontade com as diferentes línguas, conseguindo por fim identificar as línguas em causa. Claro será dizer que as línguas mais compreendidas foram o português, como sua língua materna, e o espanhol, evidenciando as crianças mais dificuldades no estabelecimento de proximidades com a língua italiana e francesa. No entanto, a compreensão foi sendo levada a cabo através da capacidade de mobilização de conhecimentos que foram sendo adquiridos e através da capacidade de comparação, através da qual se procurou sempre encontrar semelhanças e diferenças entre os diversos enunciados escritos e orais, numa atitude de intercompreensão. Assim, importa também realçar o facto das crianças selecionadas para o estudo já estarem um pouco familiarizadas com o alfabeto, o que facilitou muito a concretização das diferentes tarefas.

145 No que concerne à última subcategoria desta primeira parte, Reconhecimento de semelhanças e diferenças entre as línguas escutadas, podemos dizer que as crianças cada vez mais foram estando conscientes da proximidade ou distância entre as diferentes línguas com que contactaram, tentando sempre recorrer à comparação com a sua língua materna de forma a encontrar semelhanças e diferenças entre as línguas. Também aqui foram evidentes os conhecimentos das crianças em torno do alfabeto, uma vez que foi através dos enunciados escritos que as crianças conseguiam muitas vezes encontrar essas tais diferenças existentes.

Já no que diz respeito à dimensão socioafetiva e no que concerne à subcategoria Abertura, recetividade e curiosidade em relação a novas línguas, podemos dizer que foi notória a atitude positiva e de abertura em relação à novidade linguística. De facto, desde o início, quando questionámos as crianças sobre a importância da aprendizagem de novas línguas, apercebemo-nos que estas estariam recetivas a esta temática. Assim, ao longo da implementação do projeto, fomo-nos apercebendo que o interesse seguia a tendência ascendente, mostrando as crianças permanentemente curiosidade e vontade de aprender sempre algo novo.

Além disso e em relação à última subcategoria de análise, implicação nas diferentes atividades, esta curiosidade crescente proporcionou um envolvimento constante nas diferentes tarefas. As crianças, para além de evidenciarem sinais de bem-estar, mostravam estar implicadas e empenhadas em contribuir para as diversas atividades.

Posto isto e uma vez que estas conclusões pretendem dar resposta à questão de investigação principal do nosso estudo, Qual o contributo de um projeto baseado na intercompreensão para a promoção da competência de compreensão oral das crianças?, importa referir que a oportunidade de contacto com alguma diversidade linguística, já por si, é uma mais-valia para o enriquecimento das crianças, quer a nível de conhecimentos assimilados, quer a nível pessoal, em termos de atitudes positivas que se desenvolvem. Assim, apesar do tempo de implementação do projeto, as crianças foram enriquecendo o seu repertório plurilingue e foram sendo capazes de realizar as tarefas relacionadas com a compreensão de línguas não estudadas. Além disso, todas as sessões desenvolvidas tiveram como um propósito a estimulação da curiosidade e da motivação para aprender cada vez

146 mais acerca desta temática, o que fez com que as crianças se tornassem mais sensibilizadas para a importância destas aprendizagens e das estratégias para uma compreensão mútua.