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2.4 A criação da organização mundial do comércio

2.3.1 Antecedentes históricos da OMC

A Organização Mundial do Comércio (OMC) teve seu nascimento em 1.995. Porém, sua origem data desde 1.945, quando, após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos convidaram seus aliados de guerra a criarem um acordo multilateral que previsse a redução das tarifas de comércio de bens. Como primeira tentativa, nesse sentido, teve a criação da ITO – International Trade Organization, conhecida OIT, que visava elaborar regras para o comércio internacional e outros assuntos econômicos. Entretanto, tal projeto não se estabeleceu, havendo a rejeição do Congresso Norte Americano, à sua carta.

Já em outubro de 1947, diante da insistência em se criar um acordo multilateral que regesse as relações comerciais internacionais, vinte e três países assinaram o “Protocolo de Provisão de Aplicação do Acordo Geral de Tarifas e Comércio”, o chamado GATT. O objetivo era criar medidas de proteção aos produtos nacionais, além de evitar a entrada de produtos estrangeiros, utilizando-se, para

isso, a política cambial para importação, como por exemplo, promovendo a diminuição progressiva de tarifas para os mais diversos produtos, em especial manufaturados.

É oportuno registrar aqui o Índice do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio com a finalidade de um melhor entendimento acerca da importância da Rodada Uruguai para o contexto internacional.

Artigo Temas

Parte I

Artigo I Tratamento Geral da Nação Mais Favorecida

Artigo II Listas de Compromissos sobre Tarifas

Parte II

Artigo III Tratamento Nacional sobre Taxação Interna e Regulamentação

Artigo IV Dispositivo Especial Relativos a Filmes

Cinematográficos

Artigo V Liberdade de Trânsito

Artigo VI Anti-dumping e Medidas Compensatórias

Artigo VII Valoração Aduaneira

Artigo VIII Taxas e Formalidades Relativas a Importações e Exportações

Artigo IX Marcas de Origem

Artigo X Publicação e Administração de Regulamentos sobre o Comércio

Artigo XI Eliminação Geral de Restrições Quantitativas Artigo XII Restrições para Salvaguardar o Balanço de

Pagamentos

Artigo XIII Administração Não Discriminatória de Restrições Quantitativas

Artigo XIV Exceções à Regra de Não Discriminação

Artigo XV Acordos sobre Pagamentos e Câmbio

(Cooperação com o FMI)

Artigo XVI Subsídios

Artigo XVII Empresas estatais de comércio externo

Artigo XVIII Assistência do Governo Destinada ao

Desenvolvimento Econômico

Parte III

Artigo XIX Ação de Emergência sobre Importações de Determinados Produtos

Artigo XX Exceções Gerais

Artigo XXI Exceções de Segurança

Artigo XXII Consultas entre Partes

Artigo XXIII Anulação ou Prejuízo pelo Não Cumprimento das Obrigações do Acordo

Artigo XXIV Zonas de Livre Comércio e Uniões Aduaneiras

Artigo XXV Ações Conjuntas pelas Partes

Artigo XXVI Aceitação, Entrada em Vigor e Registro do Acordo

Artigo XXVII Suspensão ou Retirada de Concessões Artigo XXVIII Modificação das Listas Concessões Artigo XXVIII bis Negociações Tarifárias

Artigo XXIX Relação do GATT com a Carta de Havana

Artigo XXX Modificações no Acordo

Artigo XXXI Saída de uma Parte Contratante do Acordo

Artigo XXXII Partes Contratantes no Acordo

Artigo XXXIII Acessão

Artigo XXXIV Anexos ao Acordo

Artigo XXXV Não Aplicação do Acordo entre Certas Partes Contratantes

Parte IV – Comércio e Desenvolvimento

Artigo XXXVI Princípios e Objetivos

Artigo XXXVII Compromissos

Artigo XXXVIII Ações Conjuntas

Quadro 2 – Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio

Fonte: GATT

A OMC possui uma abrangência muito maior que o antigo GATT, pois, além de incorporar os tratados que lhe precederam, ainda incluiu, ao longo de suas rodadas, principalmente a do Uruguai, (1986-1994) que deu origem à própria OMC, negociações multilaterais, além de novos temas relativos ao comércio internacional.

Atualmente a OMC abarca um grande número de temas relativos ao comércio internacional multilateral, sendo que, dentre eles, encontramos a proteção do meio ambiente e a concretização do ideal de desenvolvimento sustentável. Aliás, o conceito de desenvolvimento sustentável ficou consagrado na conferência do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que se deu em 1.992, conceito tal que se tornou parâmetro para todas as futuras negociações internacionais sobre o meio ambiente.

Como diz Vera Thorstensen, em sua obra OMC – Organização Mundial do Comércio:

Tal conceito implica a introdução de considerações de ordem ambiental no processo de decisão econômica com vistas ao desenvolvimento, através do uso racional dos recursos naturais, de forma a evitar comprometer o capital ecológico do planeta.66

Verifica-se assim a preocupação dos países componentes da OMC, com o tratamento que atualmente vem se despendendo ao meio ambiente, e ao chamado desenvolvimento sustentável. Como na frase da autora supra citada, a grande preocupação de hoje, relaciona-se com o uso racional dos recursos naturais, pelos

países, tendo em vista os seus processos de desenvolvimento, objetivando-se permitir o desenvolvimento tecnológico, comercial, assim como o crescimento global, porém, sempre tendo em vista as grandes questões ambientais, tão cruciais à própria sobrevivência do planeta.

Dessa forma, e buscando-se atrelar a problemática do comércio internacional que visa o crescimento e desenvolvimento global, com a questão ambiental, tendo como suporte o chamado desenvolvimento sustentável, é que a OMC tem a questão ambiental como uma de suas preocupações. Claro que, analisando o paralelo entre os dois temas: comércio e meio ambiente, temos uma preponderância do primeiro, mesmo porque, as normativas em relação a esta área são mais sistematizadas, enquanto que as questões ambientais gozam apenas de previsões esparsas, tratadas em convenções isoladas. Corrobora também para esse quadro a inexistência de um mecanismo de solução de controvérsias ambientais, sendo que as decisões, nesse campo, não são dotadas de execução forçada, mas sim apenas de mecanismos de acompanhamento daquelas obrigações impostas pelos acordos. É certo que o Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC pode ser acionado sempre que um dos membros fizer uma reclamação alegando violação de obrigação assumida em acordos da OMC. Mas esse órgão específico para matérias ambientais inexiste na Organização Mundial do Comércio.

O que se visa na atualidade é a criação de um sistema de proteção internacional do meio ambiente, diferenciado da OMC, ou seja, sem ligação com ele, o que criaria condições ideais para se discutir e estabelecer acordos internacionais multilaterais na esfera ambiental, totalmente desgarrado de qualquer outro interesse, principalmente comercial. Claro, sempre esbarraríamos em assuntos que também envolveriam o comércio internacional, porém, a solução poderia ser alcançada através de reuniões conjuntas com os membros da OMC.

Nesse aspecto, e levando em consideração o crescimento da OMC e a importância que este órgão assumiu perante o quadro internacional, é que ambientalistas e grupos internos buscaram a inserção do tema ambiental nas negociações que aconteceram em especial as do GATT 1947 ocorrida na Rodada Uruguai ao longo da década de 90, onde, inclusive, criou-se um Comitê sobre Comércio e Meio Ambiente.