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Entrevista com os moradores das casas da antiga vila oper�

VILAS CONSTRUÍDAS ENTRE 1933 E 1938 NA ÁREA ESTUDADA

1. As antigas vilas operárias das fábricas

Na década de 60 as fãbricas de tecidos, que desde sua implantação no Rio de Janeiro apresentaram muitas oscila­ ções, atravessam uma conjuntura bastante desfavorãvel as suas atividades. Basbaum (1977) nos fala da inflação, da diminui ção do poder aquisitivo do povo, do encarecimento dos manufa turados devido ao aumento do custo de mãquinas e matérias­ primas importadas, além das inevitãveis greves, como uma cau­ sação circular para uma queda no crescimento econômico do pais como um todo nos primeiros anos desta década.

A diretoria da Companhia·Confiança Industrial, d�

vido a "intransponíveis condições para a continuação do trab� lho em suas instalações fabris", propõe em 1965 o encerramen­ to definitivo das atividades da Socieda�e com o fechamento da

fãbrica, ratificando-se esta medida em Assembleia de 26 de

junho deste ano(l).

Anos mais tarde esta experiência se repetiria. A

crise econ6mica que atravessa o pais em 1-973 atinge intensa­

mente a industria de tecidos. A Companhia América Fabril pe­ de concordata nesta época, tendo sido resgatada graças ã in­ tervenção do Banco Central do Brasil, que assumindo o contro­ le acionãrio, a provê dos recursos necessãrios ã quitação dos debitas. Gradualmente a Companhia América Fabril vai fechan

do as suas fãbricas.<2

>.

A Fãbrica Cruzeiro, hipotecada ao

Banco do Brasil, torna-se um bem da União e

e

repassada ao Banco Nacional da Habitação.

Por outro lado, na década de 70, 1 observaríamos

também uma intensa valorização do solo urbano na cidade. Tor nava-se cada vez mais interessante o investimento imobiliãrio mesmo em ãreas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Assim e que os diretores da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado, pro­ prietãria da Fãbrica de Tecidos Botafogo desde 1919, propoe em relatõrio de 1971 a mudança da sua fâbrica para Guadalupe,

.,

subúrbio mais distante da ãrea central, onde adquire terreno, e no local das antigas instalações fabris a ção de um moderno empreendimento imobiliãrio. Esta

ocorre por etapas durante o ano de 1972(3) ,

. 128. um amplo

realiza

mudança

A possibilidade de investir em empreendimentos im�

biliãrios atrairia tambem.nesta década a Companhia Confiança

Industrial. Em 1977, reunindo seus acionistas em assemble1a ainda para tratar da liquidação da empresa, J. J. Abdalla, seu presidente, propoe a mudança de denominaçao e objeto da sacie dade. O nome da empresa passa a ser Agro-Primaveril S. A. , com objetivos de "adquirir por compra, alem dos imõveis que jã possui, aluguel, arrendamento, troca, concessão ou por ou­ tras formas, prédios, terrenos urbanos, fazendas, sitias, chã

caras, pastagens, tanto para a agricultura como pecuãria e

qualquer outros imõveis e propriedades urbanas. "(4)

Obviamente estas mudanças trazem serias conseqílê�

cias para as vilas operãrias das fã�ricas� não somente em

sua forma, mas também em seu significado.

As vilas operãrias das fabricas Cruzeiro e Botafo go foram demolidas quase que inteiramente. Manteve-se ape­ na5 um pouco mais de uma dezena de habitações de cada um des

ses conjuntos de casas, justamente aquelas que haviam sido

anos antes vendidas a pessoas-que não trabalhavam nas fãbri­

cas(S).

E interessante observar que a vila operãria da Fã brica Cruzeiro� quando de sua demolição, era propriedade da União. No entanto, não foi colocada em questão a possibilid� de dé sua preservação. As discussõ�s na época acerca do tom bamento das edificações devido ao seu valor enquanto patrimQ nio histõrico e artistico se limitaram, assim como ocorre na Fâbrica Confiança, aos prédios que abrigavam as fabricas, em decorrência principalmente de sua forma.

1

. 129.

nabara estudou durante alguns anos a hipõtese de tombar o pré­ dio principal da Fãbrica Confiança, que segundo avaliação dos técnicos 11é de excelente construção e gosto clãssico11<6). Os

valores que naquele momento justificavam o seu tombamento eram relativos aos seus aspectos construtivos: as telhas france­ sas, os torreões, as cantarias, as belas portas, janelas e

escadarias de madeira, além de serralherias e remanescentes da iluminação a gãs na cidade.

Da Fâbrica Cruzeiro re�tou a chaminé do estabele cimento fabril, elemento insólito entre os prédios do INOCOOP - Instituto Orientação Cooperativas Habitacionais - que adqul re o terreno onde se localizavam as principais

da fâbrica. dependências

No terreno onde se implantava a antiga Fãbrica Bo tafogo durante muitos anos permanece o esqueleto do prédio on de a diretoria da Companhia Corcovado pretendia instalar o empreendimento imobiliãrio, pois esta empresa também entra em falência em 1977. Posteriormente este terreno e adquirido p� la Imobiliãria Nova Iorque que ali constrõi um centro comer-

·cial - o Off- Shopping.

O prédio principal da Fãbrica Confiança foi o uni

co que manteve a sua aparência externa inalterada, bem como

alguns dos seus elementos internos, tendo sido arrendado ã Companhia de Supermercados Disco e tranformado no Centro Co­ mercial Boulevard. Apesar da demolição de algumas das habita ções pertencentes aos operãrios, muitas das casas da antiga vila operãria permanecem ate hoje, bem distintas das constru ções vizinhas, guardando as mesmas caracteristicas na aparên­ cia externa da época de sua implantação, e apresentando uma homogeneidade no seu conjunto que nos permite perceber o que teria sido este tipo de habitação. Por este motivo mesmo, e� tas construçoes juntamente com as demais edificações remanes­ centes da antiga Companhia Confiança Industrial, foram recen temente tombadas pelo Conselho Municipal de Proteção do P-atri

- 1 d R. d J . (J)

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CONJUNTOS DE CASAS DA ANTIGA VILA OPERÁRIA