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O m anual do professor é com post o pelo sum ário, apresent ação da obra, objet ivos quant o a leit ura, prát ica lingüíst ica (gram át ica), produção de t ext os e oralidade. O aut or discorre sobre os gêneros t ext uais que serão abordados na 5a

série e faz indicação de bibliografia para o professor.

É um livro igual ao do aluno, com o diferencial de possuir nas diferent es páginas, em suas lat erais direit a e esquerda, orient ações m et odológicas,

fundam ent ação t eórica, os objet ivos dos cont eúdos e das at ividades, com ent ários, explicações e sugest ões que cont ribuem para a form ação do professor. Percebe-se que o m anual do professor, da form a com o est á organizado, pode cont ribuir significat ivam ent e para a realização do t rabalho do docent e, apesar de falt arem sugest ões de m at eriais didát icos, recursos audiovisuais, sugest ões de obras lit erárias que possam enriquecer e am pliar o t rabalho com o livro didát ico de Língua Port uguesa. De acordo com o relat o do aut or,

O m anual do professor para m im é básico, eu diria que 50% é o livro do aluno, 50% é o m anual do professor. Apesar de eu ter com o princípio o seguinte: quando quero explicar um a coisa difícil para o professor, eu explico para o aluno, se o aluno conseguir entender, tenho certeza de que o professor vai entender, porque algum as coisas são m ais difíceis para o aluno porque ele é virgem , ele não está prostituído aí com um a série de inform ações, lições distorcidas. Então, eu sem pre m e propus o seguinte: se eu conseguir explicar para um aluno, tenho certeza de que o professor vai entender. Então, a parte nobre j ogo para o aluno, aí para o professor, no m anual, procuro trazer inform ações, sustentações que o aj udam a estabelecer ligações com o que ele aprendeu, que dão um as recordações. Hoj e, o m elhor m anual que fiz foi o do Montagem de 1a a 4a série, ele tem página a página.

Mas sei que nem todos os professores lêem esse m aterial, por isso que o m anual tem que estar claro, ele tem que estar conectado ao livro do aluno, ele tem que se apresentar com o o elem ento facilitador e dar pequenas inform ações e fragm entos para que esse professor encontre o que peço, o que im agino. O professor deu um exercício, por exem plo, e enquanto o aluno trabalha ele vai lá, lê o m anual, vê algum a inform ação. I sso vai aj udá- lo no desem penho de sua aula. Saiu um suplem ento ontem na Folha de São Paulo sobre com o despertar o gosto do aluno pela leitura num m undo povoado de im agens, de j ogos, etc. Eu acho que o professor vive tam bém um pouco esse m undo, então um m anual tem que trabalhar de um a form a clara para que você ganhe este professor, facilite este trabalho de leitura de form a que ele não precise ler tudo de um a vez, m as ele lê fragm entos e a partir daí o todo, de m odo gradual.

Considerações

O livro Montagem e desm ontagem de textos, edit ado em 1999, t rabalha com os com ponent es form ais e de cont eúdo do t ext o, apresent ando t em át icas e linguagens adequadas para a faixa et ária dos alunos que fazem a 5a série do

ensino fundam ent al.

A seleção de t ext o propost a pelo livro é int eressant e e diversificada, pois apresent a os diversos t ipos e gêneros, cont ext ualizando a prát ica social de t ais t ext os. O aut or elege principalm ent e t ext os curt os, o que facilit a a desm ont agem de t ext o, m as lim it a o t rabalho com a leit ura. Apesar de o livro analisado ut ilizar- se do t ext o com o m arco cent ral da propost a m et odológica, não cont ribui de form a sat isfat ória para a form ação de leit ores. Conform e relat a do próprio aut or na ent revist a,

Hoj e, talvez, com todas as pesquisas que têm sido feitas, acho que nós podem os chegar num m aterial didático que vá conduzir à form ação de leitores. Mas tem -se trabalhado m uito pouco pra isso, porque da form a m uito fragm entada com o o livro didático tem que estar, o leitor deve entender que os “ autores” finais se com pletam . Eu não tenho a certeza de que o livro didático possa fazer isto. Se você perceber, por exem plo, no livro ‘Atividades de Com unicação” , para cada unidade, para cada tem a, eu j ogava o prazer de ler, textos longos e o pessoal do MEC que avaliou não gostou do livro, falou que os textos eram só literários. Mas eu sabia que os alunos gostavam daquele livro, os pais gostavam porque os alunos iam lendo páginas e páginas. Então foi um a tentativa ou um a form a de atender a isso, porque eu sei que o pior texto é aquele que você lê e depois faz perguntas, isso para o aluno é péssim o, então eu j ogava só texto pelo prazer de ler, dizia leia, dava o vocabulário no final ou coisa desse tipo. Fazia um a ou outra questão que tam bém só para rem eter ao que ele tinha acabado de ler. I sto foi tentativa de chegar a tendências obj etivas, porque eu tenho a consciência de que os textos com o eles se apresentam no conj unto não cum prem , ou dificilm ente cum prem essa função.

Pode-se observar, desse m odo, que o aut or t em um a post ura que desacredit a no pot encial do livro didát ico com o um inst rum ent o de form ação de leit ores, dadas as condições didát icas que envolvem a form a e est rut ura do livro didát ico. Considera-se que essa posição, vinda de um aut or de livro didát ico, é significat iva para o professor de Língua Port uguesa. Ao docent e é necessário t er clareza quant o aos lim it es que cercam a obra didát ica e que esse não pode ser o único inst rum ent o de ensino a ser disponibilizado no t rabalho pedagógico com o aluno. Por m ais que o livro didát ico incent ive a form ação de leit ores, essa t arefa será sem pre lim it ada pela fragm ent ação im post a pela m aneira com o o livro se organiza. É, ent ão, fundam ent al que o professor associe out ros m at eriais, t ext os m ais longos, obras com plet as e aut ores que não aparecem no livro didát ico, criando espaço e t em po, dent ro das aulas, para que a prát ica da leit ura seja experenciada prazerosam ent e pelos alunos. Nenhum livro didát ico, por m elhor que seja, pode subst it uir o t rabalho e a int ervenção do professor nesse sent ido.

Para Sargent im , o currículo est abelecido oficialm ent e não pode ser um a cam isa de força para o aut or no processo de const rução do livro didát ico, conform e relat a a seguir.

O currículo escolar não t em sido o elem ent o nort eador na elaboração dos m eus livros. Tenho procurado at endê- lo, de acordo com o objet ivo da obra e os princípios básicos present es no currículo escolar, m as não o t enho t ransform ado num a cam isa de força que obriga a cum prir it ens específicos e inibe um a coerência m et odológica do livro. Dest e m odo, a int rodução de novos t em as em m eus livros é decorrent e de um conjunt o de fat ores. Leit uras, reflexões e vivências, seja no nível pessoal, seja no nível profissional, conduzem gradat ivam ent e a um a descobert a de novos t em as, de novas relações. O livro didát ico para m im nunca est eve sit uado apenas no cam po profissional. Para

m im , escrever é t am bém expressar um a parcela significat iva da m inha vivência pessoal. Nesse sent ido, procuro selecionar t ext os int eressant es, obedecendo a dois crit érios fundam ent ais: crit ério t em át ico, crit ério est rut ural. Sob o pont o de vist a t em át ico, seleciono t ext os que est ejam ligados à vivência sociocult ural e pessoal do aluno; sob o pont o de vist a est rut ural, seleciono t ext os que explicit em os aspect os lingüíst icos (com posição, gram at ical, produção) de acordo com a organização da obra.

Percebe- se, nesse relat o, que as t em át icas que com põem o livro didát ico e os t ext os selecionados são frut o das vivências, da experiência cult ural e do próprio cot idiano do aut or do livro didát ico. Seu processo criat ivo do aut or, que dá origem a um det erm inado livro, revela-se nas caract eríst icas da obra. Esse é t am bém um fat o im port ant e a ser observado pelo professor. O livro didát ico é um a produção concret a, feit a por alguém que possui det erm inadas crenças, gost os e caract eríst icas. O professor, na condição de usuário dessa produção, deve est ar at ent o para esses aspect os e para possíveis avanços e lim it ações que um livro didát ico pode apresent ar. O t rabalho em sala de aula depende da com pressão e sensibilidade do professor para perceber que o livro didát ico é um a const rução hum ana, passível de im perfeições e problem as, m as t am bém com desafios e qualidades capazes de gerar idéias e prát icas inst igadoras, enfim , produzir pensam ent o.

3 .3 - M udanças e perm anências: as duas obras em