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AO CONTRÁRIO DO QUE SE POSSA IMAGINAR, UM

PROVÁVEL E IMINENTE

FUTURO COM A OFERTA

ABUNDANTE DE ENERGIA

LIMPA IRÁ DEMANDAR

MAIS MINÉRIOS E,

CONSEQUENTEMENTE,

MAIS ATIVIDADE MINERAL

51 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INDÚSTRIA MINERAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO - IBRAM

4. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MINERAÇÃO a. Ampliar o mapeamento geológico nacional, com foco para as opor-

tunidades relacionadas a minerais não convencionais (a exemplo das terras raras), providência ideal para contribuir ao florescimento deste novo mercado;

b. Desenvolver base tecnológica para a melhor absorção das po- tencialidade no campo de energia limpa, com destaque para o fomento de iniciativas integradas entre academia-empresa;

c. Incentivar efetivamente pesquisas aplicadas ao uso de terras- -raras;

d. Incentivar efetivamente a substituição de energia fóssil por energias renováveis, com destaque para formas alternativas de geração e armazenamento de energia.

4.9

Gestão de Resíduos

Um grande desafio para a sociedade é a redução dos resíduos ge- rados e manutenção do mesmo patamar de qualidade de vida. Do mesmo modo, os setores produtivos, incluídos aqui o de minera- ção, também têm que lidar com este paradigma.

Na geração de resíduos da mineração, destaca-se a existência dos resíduos sólidos de extração (estéril) e os oriundos do tratamento/ beneficiamento (rejeitos). Estes resíduos, de modo geral, podem ser pilhas de minérios pobres, estéreis, rochas, sedimentos, solos, aparas e lamas das serrarias de mármore e granito, as polpas de decantação de efluentes, as sobras da mineração artesanal de pe-

dras preciosas e semipreciosas – principalmente em região de ga- rimpos – e finos e ultrafinos não aproveitados no beneficiamento. Os outros resíduos resultantes da operação das plantas de mine- ração são, em geral, os efluentes das estações de tratamento, os pneus, as baterias utilizadas nos veículos e maquinários, além de sucatas e resíduos de óleo em geral, cuja disposição se dá em lo- cais e forma a eles adequados.

4.9.1

Economia Circular

A economia circular tem como fundamento o melhor aproveita- mento dos recursos naturais, evitando desperdícios. Representa uma mudança sistêmica que constrói resiliência em longo-prazo e gera oportunidades econômicas e de negócios, além de propor- cionar benefícios ambientais e sociais.

A circularidade tem como base o desenho de produtos, compar- tilhamento, manutenção, reutilização, remanufatura e reciclagem de materiais e aparece como alternativa ao modelo tradicional li- near, que envolve produção, consumo e descarte, uma vez que defende o uso dos recursos naturais com menos desperdício; Os metais são essenciais para a sociedade e vitais para a econo- mia circular. Porém, somente um pequeno número de metais é reciclado. Muitos deles já utilizados poderiam ser reciclados, porém, os altos custos para este processo – devido à geografia, tamanho do mercado, escassez de dados, reciclagem e infraes- trutura de (re)manufatura imaturas – prejudicam os drivers para impulsionar a reciclagem.

52 4. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MINERAÇÃO

Tabela 3: Barreiras que influenciam o investimento na economia circular

ECONÔMICO TECNOLÓGICO SOCIAL E POLÍTICO

Alto custo de coleta:

Os custos de transporte são altos em devido à baixa implementação da coleta seletiva e logística reversa

Baixo valor intrínseco dos produtos /material por unidade (apesar de

valor potencialmente grande de volumes de produtos)

Alto custo de capital para reciclagem ou fabricação a infraestrutura

Cadeias de fornecimento secundários imaturos:

Falta de demanda local para materiais reciclados ou componentes reutilizados para impulsionar investimento

Economia circular não é

prioridade para as PME`s

Negócios e consumidores enfrentam barreiras tecnológicas, tributárias e financeiras dos sistemas atuais.

Design de produtos complexos:

Os produtos não foram projetados para desmontagem, remanufatura, reparação ou reciclagem.

Os produtos não foram projetados para serem duráveis e/ou com planejamento de obsolescência, diminuindo a expectativa de vida e limitando a capacidade de ser reutilizado

Complexidade de produtos com números e misturas crescentes de materiais, tornando- os mais difíceis reciclar

Desenvolvimento tecnológico rápido levando a demanda por novos materiais, limitando o potencial por remanufatura de novos produtos usando materiais reciclados.

Escassez de dados impedindo investimento:

Falta de infraestrutura de reciclagem, baixo incentivo para os recicladores

Política inconsistente e restrita:

ausência de articulação entre estados e municípios.

Políticas nacionais de administração de produtos cobrir apenas um pequeno número de produtos.

Sistemas de coleta inconsistentes entre produtos diferentes.

Ausência de políticas com foco em aumentar

circularidade.

Falta de conscientização do consumidor sobre opções de reciclagem

Preferência por comprar novos:

Relutância em usar segunda mão ou produtos reciclados

Falta de padrões para fazer isso em certos setores, por exemplo na indústria da construção

Armazenamento doméstico de eletrônicos:

O valor percebido dos produtos evita coleta no final da vida útil, levando a grandes volumes de de lixo eletrônico.

53 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INDÚSTRIA MINERAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO - IBRAM

4. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MINERAÇÃO

Nos últimos anos, o aumento da demanda por insumos minerais trouxe um gran- de crescimento de suas atividades, além de viabilizar a lavra e o beneficiamento de minérios com teores sucessivamente mais baixos. O resultado foi o aumento crescente dos resíduos da mineração: resíduos sólidos da extração – o estéril – e do beneficiamento – os rejeitos. Com isso, a disposição final e o gerenciamento dos mesmos constituíram tema cada vez mais importante nessa indústria. Abre-se um importante leque de oportunidades para a gestão eficiente e circu- lar dos resíduos da mineração, com dimensões e questões pertinentes a serem endereçadas:6

Dimensões sociais: quais são as dimensões sociais locais, regionais e globais relacionadas ao gerenciamento de resíduos de mineração?

Aspectos geoambientais: Quais são os impactos geoambientais espaciais e temporais resultantes dos resíduos de mineração e como os passivos em po- tencial podem ser prevenidos ou substancialmente mitigados?

Especificações de geometalurgia: Quais são as propriedades geometalúrgicas para criar valor adicional e melhorar os resultados ambientais em resíduos de mineração e processamento mineral?

Drivers econômicos e implicações legais: como e quais drivers econômicos

devem liderar as mudanças nos sistemas regulatórios, para transformar abor- dagens de negócios para criar valor, diminuir riscos e mitigar drasticamente as responsabilidades dos resíduos de mineração?

Aspirações da economia circular: como a indústria de mineração pode avaliar e quantificar sua contribuição para a economia circular?

6 Fonte: Tayebi-Khorami, M.; Edraki, M.; Corder, G.; Golev, A. Re-Thinking Mining Waste through an Integrative Approach Led by Circular Economy Aspirations. Minerals 2019, 9, 286.

54 4. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MINERAÇÃO

4.9.2

Disposição de Rejeitos no Setor

Devido à diversidade de minérios, processos e tratamentos em- pregados no setor de mineração uma gama de rejeitos com varia- das características geotécnicas, físico-químicas e mineralógicas pode ser obtida.

A maior parte da disposição destes rejeitos, no mundo, se faz por barragens de rejeitos, cuja função principal é a sua contenção, tendo por objetivo secundário a reservação de água para o reuso na mina e/ou no beneficiamento. Outras formas de disposição de rejeitos são possíveis em:

a. minas subterrâneas;

b. cavas exauridas de minas;

c. pilhas;

d. por empilhamento a seco (método dry stacking);

e. por disposição em pasta, e

f. em barragens de contenção de rejeitos (do tipo a montante7, a

jusante8 e em linha de centro).

A escolha de um ou outro método de execução irá depender de uma série de fatores, tais como: tipo de processo industrial, características geotécnicas e nível de produção de rejeitos, ne- cessidade de reservar água, necessidade de controle de água percolada, sismicidade, topografia, hidrologia, hidrogeologia e custos envolvidos.

7 A Montante: topograficamente anterior ao talude. 8 A Jusante: topograficamente posterior ao talude.

Para maiores informações sobre tecnologias de disposição de rejeitos empregadas, o documento “Gestão e Manejo de Rejeitos de Mineração”, publicado pelo IBRAM, reúne dados e informações sobre o tema, bem como aborda informação sobre práticas de gestão e manejo de rejeitos de mineração.

Rejeitos da Mineração