CATEGORIAS DE FATORES/CONDIÇÕES INFLUENTES NO DESEMPENHO DAS EQUIPES DESENVOLVEDORAS DE SOFTWARE
APÊNDICE A NOTAS GERAIS SOBRE REFERENCIAIS TEÓRICOS
1. DEFINIÇÃO
Usualmente, pode-se conceber o referencial teórico como o indispensável conjunto basilar de conhecimentos a suportar uma investigação científica (FOGLIATTO; SILVEIRA; RIBEIRO, 2007).
Atualmente, dada a tradição da escrita como veículo de acumulação de conhecimentos nas sociedades humanas modernas, consolida-se e se difunde este arcabouço gnosiológico mediante a elaboração e difusão de capítulos específicos em relatórios de investigação.
2. UTILIDADE E RELEVÂNCIA
Como exaustivamente objeto de análise na Física89, as percepções sobre um dado fenômeno variam em função do ponto/aspecto a partir do qual se realiza o seu exame (referencial). De modo similar, a utilidade e relevância do referencial teórico podem ser analisadas sob dois distintos enfoques em função do seu agente ou beneficiário.
2.1. UTILIDADE E RELEVÂNCIA NA PRODUÇÃO DE ESTUDOS
Buffa (2005), ao analisar a importância do referencial teórico em um contexto específico de produção científica (pesquisa em educação), identifica três funções principais ao comentado elemento para os pesquisadores:
· Captura de informações acerca do que já foi produzido a respeito do tema de pesquisa;
· Identificação de nichos para investigações futuras;
· Estabelecimento de um panorama atual sobre o objeto estudado.
Dado seu nível de abstração, é possível a definição de relação entre as elencadas funções e referenciais teóricos de qualquer natureza, i.e., referenciais produzidos para subsídio de investigações científicas com objetos de quaisquer espécies.
89
Para uma compreensão superficial e inicial acerca da relatividade na apreensão de fenômenos, é válida consulta a Resnick e Halliday (1991).
Discorrendo de modo mais genérico acerca do tema, Singh (2006), enumera um conjunto mais amplo de funções para o referencial teórico, sobressaindo-se, em sua análise, as seguintes:
· Facilitação do processo de delimitação do objeto de pesquisa;
· Estabelecimento de contato com estudos prévios para adequado direcionamento da pesquisa que se pretende conduzir;
· Auxílio no planejamento de novas investigações (definição de método, procedimentos, recursos e técnicas, v.g.);
· Subsídio de avaliações críticas sobre estudos prévios e teorias sedimentadas, i.e., teorias reputadas válidas em um dado contexto no momento presente ao do estabelecimento do referencial;
· Descoberta de novas variáveis relevantes ao problema em estudo;
· Evitação da replicação desnecessária de estudos e, por conseguinte, do dispêndio ineficiente de recursos na “reinvenção da roda”;
· Aproveitamento/reuso de esforços de pesquisas prévias;
· Minimização das probabilidades de reincidência em equívocos/falhas de investigações anteriores;
· Fornecimento de estimativas de êxito para a pesquisa;
· Diminuição das chances de insucesso no processo de investigação;
· Estabelecimento de uma contextualização contemporânea sobre o objeto de estudo. Pelo exposto, infere-se que múltiplas são as finalidades dos referenciais teóricos na produção de um estudo científico, merecendo destaque, ainda, as funções referidas por Fogliatto, Silveira e Ribeiro (2007):
· Conhecimento do “estado da arte” no domínio de pesquisa;
· Facilitação da definição dos objetivos do estudo que se pretende empreender;
· Evitação da concepção e condução de investigação não original;
· Minimização de dispêndio ineficiente de recursos de pesquisa (“retrabalho desnecessário);
· Auxílio no planejamento da pesquisa;
· Subsídio no desenvolvimento de novas teorias;
Finalmente, importa ressaltar, especificamente para os pesquisadores-alunos de programas de pós-graduação, que o referencial teórico se faz necessário, também, para:
· Demonstração da qualidade da investigação conduzida;
· Criação de convicção, nos examinadores, da utilidade e relevância do estudo, dado o seu embasamento teórico.
2.2. UTILIDADE E RELEVÂNCIA NA DIVULGAÇÃO DA PESQUISA E DOS SEUS RESULTADOS
Na disseminação do conhecimento científico, importante papel também é desempenhado pelo referencial teórico, sobressaindo-se, na percepção de Aquino e outros (2008), as seguintes funções:
· Esclarecimento sobre os elementos em que se fundou o estudo e conseqüente preparação para compreensão de suas conclusões;
· Demonstração da qualidade da investigação e de sua potencial utilidade, dado o nível do seu embasamento teórico;
· Facilitação do estabelecimento de relações com outros estudos. 3. OBJETO
Consideradas suas finalidades precípuas, os referenciais teóricos apresentam como objetos, em essência, os seguintes elementos:
· “Estado da Arte” no domínio de estudo;
· Ideias, teorias, ferramentas e tecnologias empregadas no processo de pesquisa. 4. ELABORAÇÃO
4.1. MATERIAL
Em razão da natureza do conhecimento que se pretende produzir com os processos de investigação científica, utilizam-se, na construção dos referenciais teóricos, insumos dotados de valor científico, desconsiderando-se ideias e conceitos resultantes apenas do senso comum.
Fogliatto et al (2007), ao analisar a questão, reconhecem o valor científico de determinadas fontes, sugerindo o seu emprego na formação de referenciais teóricos. Entre estas fontes, destacam-se:
· Artigos Científicos;
· Livros de caráter científico;
· Working Papers, i.e., relatos de investigações ainda não concluídas, ou seja, em andamento;
· Dissertações;
· Teses.
Na busca pelas referidas fontes, deve, ainda, o pesquisador, dada sua importância para o estudo, orientar-se pelos materiais mais relevantes na área e, preferencialmente, divulgados por repositórios de conceituação elevada no meio acadêmico e científico.
4.2. PROCEDIMENTO
Usualmente, o processo de elaboração de referenciais teóricos efetiva-se mediante a organizada reunião de ideias coletadas e extraídas de materiais diversos (conforme enumeração constante da seção 4.1 deste apêndice).
A referida reunião de ideias, tendo sempre em consideração clareza e facilidade para potenciais leitores, efetiva-se, como destacado por Fogliatto et al (2007), através dos seguintes procedimentos:
· Agregação de ideias comuns;
· Conexão de ideias e conceitos suplementares;
· Confronto entre ideias e teorias conflitantes.
Os citados procedimentos de reunião realizam-se, como já dito anteriormente, com foco na explicitação dos fundamentos do estudo e em uma maior simplicidade para sua compreensão, quando da difusão dos resultados da pesquisa. Ainda que estes objetivos façam-se presentes de modo contínuo, é frequente o cometimento de equívocos e erros nos procedimentos de reunião. Ilustrando-se a natureza destes erros, apresenta-se a Figura 35.
Figura 35 - Erros na Formação do Referencial Teórico90
No Quadro 39, apresenta-se sucinta descrição das categorias de erros referenciadas na Figura 35.
Quadro 39 - Erros na Formação do Referencial Teórico91