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Aplicação da metodologia SMED na mudança de rolo

4. Ações de melhoria na sramport

4.5. Outros trabalhos desenvolvidos na SRAMPORT

4.5.2. Aplicação da metodologia SMED na mudança de rolo

Como tem vindo a ser falado anteriormente, a capacidade que uma empresa tem para responder às adversidades é decisiva para a sua performance. Uma dessas adversidades passa por lidar com tempos de setup. Durante esse período não se cria valor, apenas se aumenta o custo e o tempo do processo e, deste modo, o setup é considerado um desperdício e deve ser reduzido e, na melhor das opções, eliminado. A técnica mais utilizada para reduzir estes tempos de setup é o SMED.

Para se poder aplicar a ferramenta SMED numa situação de mudança de rolo de aço que abastece a prensa KAISER, era necessário analisar e compreender todas as atividades que compõe esse processo.

Aplicação de ferramentas Lean Manufacturing na SRAMPORT

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Figura 32 – SMED: etapa 1

De seguida, ao longo deste tópico, serão descritas as várias etapas que compõe a aplicação dessa ferramenta Lean numa das prensas da empresa SRAMPORT. O anexo H contém todas as etapas do estudo. A Figura 31 mostra os dois desenroladores que suportam os rolos de aço e que são responsáveis pelo abastecimento da prensa em questão.

A etapa 1 consistia no estudo do trabalho, ou seja, fez-se o registo de todos os elementos de trabalho necessários. O estudo foi realizado com base na observação direta do processo e recorrendo a folhas de registo. A contabilização dos tempos de cada atividade foi efetuada recorrendo a um cronómetro. A título de exemplo, a Figura 32 apresenta um pequeno extrato das observações efetuadas no decorrer da primeira etapa.

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Figura 33 - SMED: etapa 2

A etapa 2 consistia na separação das tarefas internas e externas. Quanto à separação das tarefas internas e externas, as informações recolhidas demonstram que existe uma preparação prévia do processo de setup, sendo que todas as operações visualizadas numa fase inicial são classificadas como externas. De seguida, surgem as operações internas, isto é, operações realizadas com a prensa parada. A Figura 33 é representativa dessa fase do estudo.

A etapa 3 consistia na transformação de tarefas internas em tarefas externas, com base na classificação dada na etapa precedente. As tarefas sugeridas para aplicar essa alteração estão discriminadas na Tabela 6 e dizem respeito, maioritariamente, a operações de controlo e de limpeza.

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Tabela 7 - Alterações sugeridas na etapa 4 do SMED Tabela 6 - Alterações sugeridas na etapa 3 do SMED

Para transformar estas tarefas internas em externas sugeriram-se as seguintes recomendações:

• Relativamente à tarefa 15: Verificar a possibilidade de ser outro

operador ou o chefe de turno a controlar a qualidade do material;

• Relativamente à tarefa 21: Levar a fita à sucata apenas no final de todas

as operações;

• Relativamente às tarefas 23 e 25: Verificar a possibilidade de cortar a 1ª

volta da fita quando se coloca o rolo de aço no desenrolador secundário;

• Relativamente à tarefa 46: Verificar a possibilidade de se controlar a

amostra já com a prensa a trabalhar; estudar a taxa de refugo para situações imediatamente posteriores à mudança do rolo de aço;

Na etapa 4, procurou-se reduzir o tempo associado a tarefas classificadas como internas. Para tal, procurou-se eliminar alguns ajustes e afinações na movimentação do cabeçote da prensa bem como simplificar o processo associado ao virar do desenrolador. A Tabela 7 demonstra as tarefas internas em que era possível reduzir tempos.

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Tabela 8 - Alterações sugeridas na etapa 5 do SMED

Para reduzir os tempos associados a estas tarefas sugeriram-se as seguintes recomendações:

• Relativamente à tarefa 17: Estudar a possibilidade de reprogramar a

consola da prensa KAISER para ter um valor predefinido para esta subida do cabeçote. Evitar assim subidas manuais por tentativa e erro;

• Relativamente à tarefa 22: Estudar a possibilidade de tornar este

processo motorizado. Requer grande esforço por parte do operador e gasta tempo desnecessário;

Em jeito de curiosidade, os tempos acima exibidos podem parecer melhorias pouco relevantes para a dimensão desta empresa. No entanto, com a redução de 30 segundos no tempo de setup seriam produzidas mais 600 placas em cada mudança de rolo. Este incremento é fruto de uma cadência de 300 golpes por minuto, a 4 peças por golpe. Traduzindo este incremento em quilogramas e sendo o peso médio das placas de 75 gramas, resultaria num ganho de 0.45 quilogramas em cada mudança de rolo. Sabendo que se executam centenas de mudanças de rolo por mês, é de fácil perceção que todos os segundos contam neste tipo de operações.

Por fim, a etapa 5 consistia na redução do tempo associada a tarefas classificadas como externas. Para tal, procurou-se melhorar a logística de suporte. Desta feita, a Tabela 8 demonstra as atividades em que foi possível reduzir tempos e, de seguida, são representadas as recomendações para atingir essas reduções.

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Figura 34 - SMED: Balanço final

Para reduzir os tempos associados às tarefas apresentadas na tabela anterior sugeriram-se as seguintes recomendações:

• Relativamente à tarefa 7: Adquirir uma tesoura para cada prensa. Evita

deslocações desnecessárias;

• Relativamente à tarefa 8: Estudar um método para facilitar o corte das

abraçadeiras metálicas. A tesoura não é o ideal, de todo;

• Relativamente à tarefa 11: Estudar a possibilidade de tornar este

processo motorizado. Requer grande esforço por parte do operador e demora tempo desnecessário;

Em jeito de conclusão, e ponderando todas as etapas descritas anteriormente, apresenta-se de seguida um balanço final com alguns dados sobre o aumento de produtividade associado a este estudo. De referir que os valores que se seguem são fruto de uma estimativa.

De acordo com o balanço final representado na Figura 34, aplicando todas as sugestões dadas nas etapas do SMED, seria possível uma redução de cerca de 12 minutos e 20 segundos em cada mudança de rolo de aço na prensa KAISER. Deste modo, produzir-se-iam mais 14 800 peças, o que perfazia um aumento de cerca de 11.1 quilogramas por cada mudança de rolo. Seria um saldo claramente positivo para a empresa.

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Figura 35 - Lista para mudança de fabrico

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