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4. Ações de melhoria na sramport

4.3. Sequenciamento de lotes para tratamento térmico

4.3.1. Heurística desenvolvida

Numa empresa como a SRAMPORT, tornar os seus processos produtivos cada vez mais independentes e sofisticados é um objetivo. Deste modo, e como referido anteriormente, era necessário criar um método/mecanismo que evitasse a dependência do Know-how de um operador nas linhas de fornos contínuos. Sabe-se, por razões óbvias, que depender do Know-how de um trabalhador para o normal funcionamento de uma fábrica é, no mínimo, perigoso.

Atendendo a esse facto, e sendo os tempos de setup a única medida desempenho, decidiu-se desenvolver uma heurística baseada nesses tempos. Entenda-se por tempos de setup os tempos de mudança de temperatura nos fornos de revenido. Estes tempos são registados desde o momento em que se monitoriza a mudança de temperatura até ao momento em que a temperatura estabiliza no intervalo de valores pretendidos.

Depois de alguma pesquisa, optou-se por seguir um modelo idêntico ao apresentado por (Sule, 1997). A Figura 20 representa a base desse modelo.

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Figura 20 - Sequence-Dependent Setup Times (Sule, 1997)

Na Figura 20 estão representados os tempos de setup para situações em que o “Job, j” é processado depois do “Job, i”. De acordo com (Sule, 1997), aplicando a regra do next-best (NB), ao selecionar inicialmente um “Job, i” terá de selecionar imediatamente a seguir o “Job, j” com menor valor associado. Em termos práticos, se iniciar o processo com o Job 1, o próximo Job a ser selecionado seria o Job 4 pelo facto de ser o menor valor de setup time quando precedido pelo Job 1. Continuando o mesmo exemplo, a ordem de processamento seria a seguinte: 1-4-3-5-6-2. Ao longo da sequência é importante ir eliminando os números do Job à medida que estes são selecionados.

Porém, a aplicação deste método tem um inconveniente. Torna-se impraticável à medida que o número de itens aumenta. No seguimento deste problema, e sabendo que existem cerca de 50 itens para tratamento nas linhas de fornos contínuos, optou-se por atualizar uma tabela já existente, acessível integralmente no anexo D, e agrupar as referências por famílias. Com isso, garantíamos uma redução significativa do número de itens (de cerca de 50 para 5) e possibilitaria a aplicação da heurística.

A Figura 21 corresponde a uma parte da tabela referida anteriormente e demonstra a divisão efetuada para duas das cinco famílias geradas. Chama-se a atenção do leitor para os valores das temperaturas do Revenido. Foi com base nesses valores que foram reagrupadas as referências.

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Figura 21 - Tabela auxiliar (SRAMPORT, 2018)

Figura 22 - Interface da heurística criada para a linha de fornos contínuos

Tendo as cinco famílias claramente definidas, começou-se a desenvolver o programa e a sua respetiva interface. Para tal, recorreu-se à linguagem de programação Visual Basic e ao programador do Microsoft Office Excel. A Figura 22 ilustra a interface criada.

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Figura 23 - Interface da heurística criada para a linha de fornos contínuos

Na interface é possível observar vários campos e botões. Começando pelo campo ‘Prioridade’, este serve para o operador colocar aquela que é a sua família prioritária num dado momento. Ou seja, se o operador for informado que uma dada referência está em falta nas linhas de montagem, torna-se crucial apressar a sua produção. Então, com o auxílio deste campo, toda a sequência é gerada, sendo que o primeiro item a ser processado nos fornos será aquele que estará dado como prioritário. Ao não haver itens prioritários, a prioridade será a família cuja temperatura de revenido se aproxime mais daquela que se verifique nos fornos na altura de gerar a sequência.

Os campos a vermelho que contém uma cruz servem para o operador colocar quais as famílias de peças inexistentes nos carris de espera no momento em que é gerada a sequência. Para isso, o operador deve verificar quais as famílias existentes nos carris de espera e deve indicar ao programa quais não existem. Se existirem as cinco famílias de peças, o operador deve gerar a sequência carregando no botão azul denominado “Iniciar(5famílias)”. Se por algum motivo existirem apenas quatro ou três das famílias, o operador deve escolher a linha adequada assim como clicar no botão azul relativo a essa linha. Suponhamos a seguinte situação: é comunicado ao operador, no início do seu turno, que a peça com a referência 40010 é dada como urgente. Essa referência pertence à família 2. De seguida, o operador verifica que existem apenas 4 famílias nos carris de espera (1,2,4,5). Desta feita, as figuras que se seguem mostram como deveria agir o operador.

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Figura 24 - Interface da heurística criada para a linha de fornos contínuos

Conforme mostra a Figura 23, o operador deve começar por introduzir qual a prioridade e qual a família inexistente. De notar que todos os campos a vermelho estão limitados aos dígitos de 1 a 5, que representam as cinco famílias de peças. De seguida, deve pressionar o botão azul “Iniciar(4famílias)” e será gerada automaticamente uma sequência, como mostra a Figura 24.

Por fim, e depois de gerada a sequência, o operador deve limpar todos os campos, pressionando no botão “Limpar”. Nesse momento o programa estará pronto para gerar uma nova sequência e lidar com alguns imprevistos que possam ocorrer no dia-a-dia. Todas as instruções necessárias à correta utilização do programa estão presentes no ficheiro Excel. Em relação ao código (Visual Basic) responsável por todas as funções da interface, encontra-se disponível no anexo E.

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Figura 25 - Indicadores de eficiência das prensas, OEE (SRAMPORT,2018)

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