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Apoio aos projetos de cariz turístico: o caso do Parque Aquático da Almargem

CAPÍTULO IV METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

V. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE DE CONTEÚDO E DISCUSSÃO

V.2 Apresentação dos resultados

V.2.7 Apoio aos projetos de cariz turístico: o caso do Parque Aquático da Almargem

Nesta secção pretende-se evidenciar a importância da criação de projetos estruturantes do turismo como sendo uma oportunidade fundamental para a região VDL.

Assim, a EPr3 aborda a questão falando do parque aquático da Almargem como um espaço com várias vertentes capaz de responder aos vários mercados ao mesmo tempo. Esse facto é corroborado por várias entidades que assumem que “um parque temático que permita atrair ao território um volume significativo de pessoas é sempre importante” (GAL1). Da mesma forma, a CM1 reforça que “não temos nenhum parque temático no nosso território e acho que é mais um motivo para fixar pessoas nesta região. Penso que só

há aspectos positivos na implementação de um parque temático nesta região”. A

CM2, assim como a EPu2 acrescentam que é uma questão importante e positiva a implementação de um parque temático na região, representando este um polo de atração significativo, opinião partilhada pela EPR2 e pela EPR1 referindo que “qualquer atração

que tenha impacto do ponto de vista regional, nacional ou mesmo internacional é positivo para a notoriedade da região”, assumindo-se assim uma posição de âncora para

este parque aquático.

Contudo emergem algumas limitações apontadas pelas entidades entrevistadas, havendo dúvidas sobre as condições de sucesso deste empreendimento, inerentes ao facto de ainda não estar em funcionamento.

Apesar da EPu2 ver originalidade no projeto e da EPu1 mencionar que o projeto é inovador e diferenciador, a CM5 salienta que não é mais do que “ um espaço de lazer, é o

mesmo que saltar numa piscina grande. Então pode ser uma experiência mas é uma

experiência de lazer, de lazer desportivo” o que segundo a CM5 não vai ao encontro do

98 representado e não real, enquanto neste espaço espera-se encontrar algo relacionado com o rural, como caraterística dominante.

Da mesma forma, a EPR1 alerta para a sensatez do projeto: “ É lógico que um parque

temático tem que se enquadrar no que é a oferta característica da região para poder fazer sentido”, senão corre-se o risco de “descaraterizar aquilo que é típico, numa

região enquanto caraterística desta própria região” (EPr1).

Reforçando este aspeto, a EPr1 sublinha que “um parque aquático na região é um

investimento […] arriscado” com uma “utilização sempre muito mais condicionada”,

pois “é difícil atrair públicos num destino só por si com um parque aquático”, tendo em conta que em certos casos como os aquistas, existem indicações terapêuticas que proíbem o uso de outra água durante os tratamentos, por ser “contraproducente” (EPr1).

Alguns atores territoriais assumem que se trata de um projeto “megalómano” (EPu2, GAL3), ou põem em causa a sustentabilidade do projeto (EPu2, CM2, CM4, GAL3, GAL2), em termos ambientais como financeiros.

Assim a CM4 assume que o parque aquático da Almargem não será a primeira proposta feita aos turistas, pois “um parque aquático tem uma escala, tem confusão, tem barulho, e as pessoas saem desses meios (urbanos) para vir para a natureza, para descansar. Se eu lhes vou oferecer o mesmo, estou a entrar num contrasenso”, realçando-se aqui a importância do sossego associada ao turismo de natureza, representativo da região, nas palavras da CM4. O GAL3 defende esta ideia e sublinha que “se vamos oferecer uma coisa completamente diferente estamos a desvirtuar aquilo pelo qual temos lutado ao longo dos anos”, pondo em risco a autenticidade referida pela CM5.

O GAL2 reforça que há “ muitas dúvidas que este tipo de parque temático possa

funcionar, primeiro porque não há mercado aqui”. Contudo “um parque temático que

estivesse relacionado com aquilo que são caraterísticas fundamentais do território, isso via com bons olhos” (GAL2).

Para além de se pôr em causa a sustentabilidade e os fundamentos do projeto, o GAL1 aponta para um aspeto essencial que é a “capacidade do território em absorver essa

gente e de lhes dizer venham mais que uma noite porque o território tem mais para ver”.

99 está preparado, “porque não temos alojamento, não temos pessoas preparadas para o efeito” (GAL3).

Por outro lado, a existência da Live Beach ®, piscina com areal artificial, posiciona-se como um concorrente o que faz com que o município que a representa não veja o parque aquático da Almargem como algo definitivamente positivo, dando mais ênfase aos recursos arquitectónicos como o património religioso (CM3).

Porém, todas as entidades regionais, não estão fechadas a uma eventual colaboração mas sempre com ponderação o GAL2 propõe:

colaborações no sentido de valorizar as produções locais, iniciativas que nos permitam colaborar com instituições como essa. […] Usando a nossa rede de contactos, usando as

nossas parcerias que temos no território, os nossos meios de comunicação, divulgando isso pela nossa rede à escala nacional já que pertencemos a uma rede de âmbito nacional, onde temos diferentes GAL.

O GAL2 confirma esse apoio com a proposta de “dar formação, dado que somos uma entidade que dá formação, e podemos eventualmente ajudar na formação de ativos que trabalhem nesse parque”, ao que a EPu1 acrescenta que “pode apoiar como tem apoiado todos os atores privados da região: é fazer o que lhe compete na parte pública, é ser facilitador, é ter políticas públicas que favoreçam o fluxo turístico”.

Por um lado temos um apoio das entidades facilitadoras no que respeita as políticas públicas de financiamento, mas também na divulgação; e por outro lado, os municípios e entidades privadas privilegiam uma colaboração (EPR1) que varia entre a divulgação e a parceria, tirando benefícios deste projeto.

Assim o GAL3 sugere que haja colaboração “na componente promocional”, como o GAL4, propõe que haja divulgação do projeto, aspeto que a CM1 chama de:

uma boa promoção em cada um dos nossos municípios […] através dos nossos postos turismo, dos nossos gabinetes de desenvolvimento turístico, podemos colaborar fundamentalmente na promoção e até criando alguma ligação entre os turistas e um

eventual pacote com estadia nesse projeto.

Aspeto que a EPu1 também admite ao dizer que “promover, divulgar, valorizar” seria o

seu papel “e como tal a articulação seria fácil, seria integrar mais esse polo no discurso

100 Sempre ponderadas, a CM5 e a CM4 dizem, no entanto, que estão disponíveis para colaborar e para divulgar a existência do parque aquático da Almargem, apesar de este precisar de iniciar atividade para se comprovar que é positivo para a região, pois “a

existência de um parque temático fará o sentido que o sucesso possa vir a criar”

(CM5).

O parque aquático da Almargem torna-se então algo que é esperado de forma ambígua pois trata-se de um produto que tanto entusiasma como assusta, e o factor diferenciador que o representa, pode ser visto com um ponto positivo ou um ponto negativo.

O desconhecimento do projeto pode explicar essa ambivalência na tomada de posição perante este tipo de produto, tanto que segundo a EPr3, o projeto foi aceite mas com alguma desconfiança, por ser diferente e ter dimensões importantes em termos de investimentos (16 milhões de euros), havendo também algum descredito apontado pela EPr3, no que concerne a aceitação das entidades bancárias ao conceder empréstimos, para um projeto que teria mais aceitação em zona urbana.