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Histórico das atrações e dos parques temáticos

CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA

II.4 Histórico das atrações e dos parques temáticos

Os marcos históricos que explanam a razão de ser das atrações não são de todo fáceis de identificar, pois como Swarbrooke (2002) o questiona: com quantos visitantes já se pode falar de uma atração e a partir de quando podemos atribuir o nome de atração? Swarbrooke (2002) ilustra de forma justa estas interrogações ao descrever as pirâmides do Egito que poderiam ter sido atração com os poucos romanos que as poderiam ter visitado. O autor

19 continua esclarecendo a segunda interrogação com a referência aos monumentos religiosos que inicialmente foram motivo de peregrinação por devoção, quando hoje o simples desfrute da beleza da arquitetura também provoca a viagem, então não seriam atrações em todos os casos? O parque temático, sendo uma atração, poderíamos colocar as mesmas questões, mas a especificidade dos critérios que os descrevem permite ter uma abordagem mais precisa.

Efetivamente, vários autores concordam em dizer que o primeiro parque temático a entrar na história, foi criado por Walt Disney em 1955 e implantado na Califórnia (cidade de Anaheim), sendo ele uma referência ainda hoje e respondendo ao nome de Disneyland (Braun, 2000; Clavé, 2007; Martins & Costa, 2009; Milman, 2007, 2010). Samuelson & Yegoiants (2001, cit.por Clavé Anton, 2007) rematam que ao contrário da crença popular, Walt Disney não inventou o parque temático, pois sublinham que não se pode considerar que seja um parque temático por não corresponder exatamente à definição do conceito. Na realidade Milman (2007) admite que

Os parques de diversão foram os antecessores históricos dos parques modernos. As origens dos parques de diversões residem em festas religiosas antigas e medievais e feiras. Comerciantes, artistas e fornecedores de alimentos reuniam-se para tirar proveito da grande multidão temporária. (p.4).

Esta afirmação indica que os parques temáticos tiveram predecessores identificados em

parques de diversão que tiveram suas origens nas feiras medievais onde se encontravam

comerciantes, artistas e restauradores aproveitando-se do ajuntamento populacional que ocasionava esses acontecimentos. Milman (2010) também refere que os parques de diversão costumavam cobrar um preço à entrada de cada diversão, para além do modesto preço de entrada, quando observa que atualmente, nos parques temáticos só é cobrado uma taxa de entrada para se poder usufruir do espaço de lazer.

Assim, já se costumava ter em atenção as oportunidades de negócio que as feiras proporcionavam, sem no entanto haver algo na idade média que se identificasse com o atual parque temático. Porém, Wanhill (2008a) identificou um parque de diversões chamado Bakken, situado nos arredores de Copenhaga, cuja criação foi assinalada em 1583. No seguimento deste parque, continua Wanhill (2008a), muitos jardins foram criados como lugares de diversões, onde já se desenvolviam espetáculos de música e entretenimento, fogos-de-artifício, jogos e até as próprias diversões numa forma primitiva.

20 Wilmeth (1982, cit. por Milman 2007) refere-se aos “pleasure parks” que floresceram no século XVII em França e se espalharam pela Europa, e descreve-os como sendo os primeiros abertos em permanência ao público e exclusivamente para atividades outdoor. Milman (2007) citando a NAPHA (National Amusement Park Historical Association, 2007) esclarece que as atrações incluídas (entende-se aqui por atrações, as diversões que compõem o conjunto do pleasure park) eram as fontes, as flores, e outros jogos, o que vai de encontro com a pesquisa de Wanhill (2008a) supracitada.

O desenvolvimento dos parques temáticos é por isso indissociável das atrações, e é de realçar que se trata de uma indústria bastante recente no que concerne a compreensão do fenómeno, tal como o turismo, e consta-se que a criação do espaço de entretenimento de Walt Disney contribui para acelerar o processo de criação deste tipo de atrações (Martins & Costa, 2009). Swarbrooke (2002) assinala que após a segunda guerra mundial a quantidade de atrações disponíveis aumentou de forma notória, o que corresponde ao momento da criação de Walt Disney World, entre outros parques temáticos, ao que Mills (1990, cit. por Milman, 2007) acrescenta serem assim definidas as bases de um parque temático que ainda são validas hoje. Arroyo (2007), por sua vez, indica que o período pós guerra que o desenvolvimento dos parques temáticos foi favorecido pelo avanço tecnológico e o acréscimo de tempo de lazer, sabendo que obviamente as premissas de um conflito mundial contribuíram para o declínio da indústria dos parques de diversões e assim deixar lugar para os parques temáticos. O impulso foi efetivamente dado nos Estados Unidos onde Arroyo (2007) refere ter havido várias tentativas para copiar o elitista Walt Disney, mas sem sucesso.

Porém, Swarbrooke (2002) recorda que após a segunda guerra mundial, a generalidade das atrações conheceu uma forte evolução, não se devendo só à tecnologia e ao tempo de lazer disponível, mas sim ao reconhecimento de que o turismo era uma aposta económica importante. O mesmo autor realça a crescente validade legitimidade das atrações ao referir que nas décadas de 80 e 90 emergiu a consciência de que as atrações poderiam servir de base nas políticas de urbanização e de desenvolvimento regionais, facto que ainda hoje se verifica.

Mesmo sendo uma atração muito particular, o parque temático está hoje em dia com o vento em poupa e apresenta uma tão grande variedade que pode favorecer a abrangência dos mercados que pretende alcançar.

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II.5 Situação do Mercado dos Parques temáticos (situação mundial e