• Nenhum resultado encontrado

Os recursos turísticos constituintes da identidade de VDL

CAPÍTULO IV METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

V. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE DE CONTEÚDO E DISCUSSÃO

V.2 Apresentação dos resultados

V.2.5 O turismo como aposta estratégica

V.2.5.1 Os recursos turísticos constituintes da identidade de VDL

As entidades presentes em VDL têm a noção plena do potencial da região em termos de

recursos turísticos, e concordam todas em dizer que os recursos naturais, o património cultural e as termas são os mais significativos.

A CM1 menciona a riqueza do seu “património ambiental” com “paisagens magníficas”, “praias fluviais que começam agora a aparecer” para além do património arquitectónico fabuloso”. A posição do GAL3 e da CM4 de fortes defensores do turismo de natureza, enquadra-se na relevância dada a um espaço natural com serras e rios, caraterísticas da

89 região, que a CM2 e a CM4 vêem como espaços propícios à dinamização através de vivências e experiências únicas” (CM2) que permitam ao turista descobrir a vida das aldeias remotas, e também uma “ experiência de visita muito genuína, muito autêntica” (CM5).

Mais presente no espaço urbano, o GAL1 refere um património cultural religioso riquíssimo, designado também por património histórico (GAL4), ou por património arquitetónico (CM1, CM3), ou ainda monumentos (EPu1) e até centros históricos (EPR1). Apesar de considerado um recurso importante pelos atores locais, o GAL2 não deixa de emitir a opinião de que o “património construído, não é nada por aí além, mas existe”, ou seja há necessidade de se ponderar esta parte por motivos que serão abordados no próximo subcapítulo.

A ideia da autenticidade é cada vez mais considerada e abrange os próprios produtos ditos endógenos, que todos os grupos de entrevistados abordam como um aspeto a ter em conta no turismo. A ligação ao rural é aqui ainda mais evidenciada com a necessidade do turismo ter uma vertente gastronómica e de enologia considerada relevante na região VDL.

Segundo a maioria das entidades em estudo, as termas e o vinho do Dão são os produtos com maior potencial. O produto termal, por estar presente no território com uma grande representatividade a nível nacional (EPr1) e por haver uma vertente que está em franco desenvolvimento que é “toda a área de saúde e bem-estar […] área extremamente importante e […] com bastante potencial” (EPr1). A CM4 acrescenta que o termalismo já não é só para pessoas com problemas de saúde, mas que já pode ser visto como forma de prevenção.

O vinho do Dão integra o movimento de enoturismo, movimento do turismo que a GAL2

considera interessante. Movimento ainda considerado pela cidade de Viseu, que se quer

Capital Vinhateira (EPR2). A EPr3 remata com o argumento de que “o vinho hoje tem

uma importância capital na atração das pessoas, para experimentarem, para conhecerem as diversas propostas que existem a nível de enoturismo aqui na região”, recordando que o vinho do Dão possui a distinção Denominação de Origem Protegida (DOP) que lhe confere maior credibilidade. Por sua vez, a EPu1 observou “um crescimento da vinha e do vinho devido ao regresso dos jovens que têm os pais já na agricultura/viticultura, daí termos um grande rejuvenescimento da vinha e do seu setor”, dando novamente ênfase à ligação turismo-rural. A EPR1 acrescenta que “começa cada vez mais a ter o vinho uma

90 importância muito grande com grandes quintas com uma projecção”, o que torna o produto enoturismo mais atrativo, com a possibilidade de visitar quintas e participar nas tarefas de vindima, assim com toda a preparação do vinho, em forma de experiências que os turistas podem viver.

Outros produtos poderão contribuir para a “valorização económica […] como no caso do queijo da serra” da Estrela DOP (EPu1), da maça de Bravo Esmolfe também certificada DOP (GAL1), e outros produtos não com o mesmo reconhecimento mas com o contributo afirmado para a gastronomia local.

Acompanhado o raciocínio da EPu1, coloca-se a pergunta como se pode valorizar estes

produtos, considerando que a valorização através da gastronomia é a forma mais eficaz no

caso de produtos alimentares e de certa forma para o turismo, mas para se poder valorizar um conjunto de recursos, a opção proposta será um produto turístico agregado, com uma possível dinamização em eventos como feiras (CM3, CM5).

Assim a EPR2 salienta a necessidade “de funcionar cada vez mais de forma agrupada para que a cidade possa beneficiar”, mas toda a região também. Segundo a CM1, o objectivo é “criarmos um território que tenha potencialidades ao nível do desenvolvimento

turístico”. Importa que as entidades regionais trabalhem “em conjunto para um turismo integrado, é isso que está a ser feito” (CM3), pois é necessário criar “produtos turísticos

integrados para podermos usar o turismo como fator de crescimento” (GAL2). A EPR3 reforça que “Temos de ocupar as pessoas, tirá-las dos hotéis, porque tem de se criar

programas” ou “pacotes promocionais […] para as pessoas usufruírem […] de todos os

recursos que existem na região” (CM2). Nesse sentido a EPu1 reforça que “há um conjunto de recursos territoriais que valem muito por si, mas valem muito mais se o território/a região tiver a capacidade de fazer a combinação cruzada entre os vários recursos”. Exemplifica ao mencionar que a “CIM, o Turismo do Centro e a AHRESP decidiram juntar os operadores da restauração e do alojamento para começar a criar pacotes”.

É evidente que os intervenientes locais entenderam que os recursos presentes na região serão potenciados com um trabalho em rede (CM5,EPr1), ou a criação de roteiro (CM4), tendo o cuidado de este trabalho ser feito em sintonia para funcionar (GAL1), e assume-se que está iniciada esta etapa, pois “estruturar os produtos que existem isoladamente, e fazer deles rotas turísticas, fazer deles propostas de fim-de-semana, city

91 “as pessoas têm pouco tempo, têm poucos dias para vir ver o território […]. As pessoas querem mais qualquer coisa” (EPr1). Um exemplo é dado pela CM1 e pela CM5 que ambas propõem um roteiro cultural baseado nas figuras históricas da região que vão desde alguns reis como D. Duarte, ou o Infante D. Henrique, até figuras como Salazar, que poderão agregar outro tipo de públicos.

A construção de um produto turístico integrado pode ser uma tarefa dificultada, pois tem de se considerar vários intervenientes, várias opiniões para convergir para um resultado que seja do agrado de todos. “Agora é preciso saber explorá-los de uma forma sustentada e sustentável, para potenciar aquilo que nos temos”, adverte o GAL3, pois o saber-fazer é um dos aspetos constituintes de algumas limitações que irão ser abordadas na próxima secção, no que respeita a área do turismo.