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A aposentadoria por tempo de contribuição, conforme determina o artigo 201, § 7º, Inciso I da Constituição Federal, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado que completar 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher. (BRASIL, 1988).

Para Felipe (2001) a aposentadoria por tempo de contribuição é um benefício básico da previdência social, que resulta de um esforço dispendido pelo segurado que, além de trabalhar, também faz contribuições durante um determinado número de anos.

Além de estar prevista na Constituição Federal esse tipo de aposentadoria encontra-se amparado também nos artigos 52 a 56 da Lei Federal nº 8.213/1991 e artigos 56 a 63 do Decreto Federal nº 3048/1999. Administrativamente, o INSS tem dois códigos básicos para indicar esse tipo de aposentadoria: o código 42 para a aposentadoria por tempo de contribuição e o 57 para a aposentadoria por tempo e contribuição de professor. (BRASIL, 1991, 1999; AMADO, 2015).

No RGPS não há exigência de idade mínima para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Entretanto, com a reforma da previdência, o governo está tentando

impor uma idade limite para a concessão dessa aposentadoria. Contudo, de momento, basta que se cumpra o período mínimo de contribuição, não importando qual a idade do segurado na data da entrada do requerimento.

Farinelli (2011) lembra que o requisito idade é encontrado na aposentadoria por tempo de contribuição proporcional, na qual a pessoa não possui o tempo total de contribuição, mas requer o benefício de forma proporcional. Nesse caso, devem ser preenchidos dois itens: a idade mínima de 53 anos (homem) e 48 anos (mulher) e o tempo mínimo necessário de contribuição para que o benefício seja concedido.

De acordo com o Regulamento da Previdência Social, Decreto nº 3048/99, diversos período são considerados como tempo de contribuição, entre os quais se destaca: o tempo de serviço militar, o tempo de serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, período em que o segurado esteve recebendo benefício por incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou não, o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991, entres outros. (BRASIL, 1999).

Por isso, no momento de requerer a aposentadoria, o segurado deve atentar-se para as possibilidades de cômputo de períodos que podem ser utilizados para completar os 35 anos para homem e 30 anos para mulher.

Recentemente, a Lei 13.183/2015 trouxe nova regra para o cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição. Com a publicação dessa lei, o cálculo leva em consideração o número de pontos alcançados pela soma da idade e o tempo de contribuição do segurado. Essa regra é conhecida como Regra 85/95 Progressiva. (BRASIL, 2015).

Alcançados os pontos necessários, será possível receber o benefício integral, sem a aplicação do fator previdenciário. A progressividade ajusta os pontos necessários para obter a aposentadoria de acordo com a expectativa de sobrevida dos brasileiros.

Até 30 de dezembro 2018, caso a reforma da previdência não seja aprovada, para se aposentar por tempo de contribuição, sem incidência do fator previdenciário, o segurado terá de somar 85 pontos, se mulher, e 95 pontos, se homem. A partir de 31 de dezembro de 2018, para afastar o uso do fator previdenciário, a soma da idade e do tempo de contribuição passa a ser de 86, se mulher, e 96, se homem. A lei limita esse escalonamento até 2026, quando a soma para as mulheres deverá ser de 90 pontos e para os homens, 100. (BRASIL, 2015).

Todavia, é importante ressaltar que tramita no Congresso Nacional um Projeto de Emenda à Constituição (PEC 287/2016) com o objetivo de fazer uma reforma na previdência. Caso as modificações propostas venham a ocorrer, a regra anteriormente mencionada deixará de existir.

Lazzari et al. (2012), citando a regulamentação dada pela Previdência Social à matéria, pondera que a aposentadoria por tempo de contribuição é concedida de acordo com as seguintes regras:

Os segurados inscritos no RGPS até 16 de dezembro de 1998, data da publicação da Emenda Constitucional (EC) n. 20, inclusive os oriundos de outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida, terão direito à aposentadoria por tempo de contribuição nas seguintes situações: I - aposentadoria por tempo de contribuição ou de serviço, conforme o caso, com renda mensal no valor de cem por cento do salário de benefício, desde que cumpridos: a) 35 anos de contribuição, se homem; b) 30 anos de contribuição, se mulher; II - aposentadoria por tempo de contribuição com renda mensal proporcional, desde que cumpridos os seguintes requisitos, cumulativamente: a) idade: 53 anos para o homem; 48 anos para a mulher; b) tempo de contribuição: 30 anos, se homem, e 25 anos de contribuição, se mulher; c) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o tempo de contribuição estabelecido na alínea b; - Os segurados inscritos no RGPS a partir de 17 de dezembro de 1998, inclusive os oriundos de outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida, terão direito à aposentadoria por tempo de contribuição desde que comprovem: a) 35 anos de contribuição, se homem; b) 30 anos de contribuição, se mulher. (LAZZARI et al., 2012, p. 245-246).

Ressalta-se que é possível a aposentadoria por tempo de contribuição para contribuintes individuais e facultativos. Porém, esses tipos de trabalhadores que fizerem opção pelo sistema de contribuição da Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006 com alíquota de 11% sobre o valor mínimo mensal do salário de contribuição, somente terão direito à aposentadoria por idade. Para se aposentarem por tempo de contribuição, deverão complementar as contribuições feitas com a alíquota menor que a regra geral, recolhendo mais 9% sobre o mesmo salário de contribuição. (BRASIL, 2006; LAZZARI e al., 2012).

A mesma regra é aplicada no caso de microempreendedor individual (MEI) e à dona de casa (de baixa renda) que optarem pela contribuição reduzida (5% sobre um salário mínimo mensal), conforme a Lei nº 12.470, de 2011. (BRASIL, 2011). Para isso será necessária a complementação de 15% (o equivalente a redução da alíquota cheia) para obterem o direito à aposentadoria por tempo de contribuição. (LAZZARI et al., 2012).

Relativamente à carência necessária para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, Goes (2015, p. 232) traz as regras atualmente aplicadas:

Em regra, a carência exigida para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição é de 180 contribuições mensais. Todavia, para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/1991, bem como para os trabalhadores e

empregadores rurais antes amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/91. [...].

Por isso, a perda da qualidade de segurado não será empecilho para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, bastando aos segurados inscritos após 24/07/1991 o cômputo de 180 contribuições e aos filiados até 24/07/1991 o cumprimento da carência prevista na tabela do artigo 142 da Lei nº 8.213/1999. (BRASIL, 1991, 2003).

Quem for contribuinte e esteve filiado à Previdência Social até 28/11/1999, terá sua RMI calculada levados em conta os salários de contribuição referentes às competências de julho de 1994 em diante. As competências anteriores a essa data serão desprezadas. (FARINELLI, 2011). O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição (Regra 85/95 da Lei nº 13.183/2015) não terá a incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria. (BRASIL, 2015).

Esse é também o entendimento reconhecido por Amado (2015, p. 367-368):

De acordo com o artigo 29, da lei 8.213/91, com redação dada pela lei 9.876/99, em regra, o salário de benefício corresponderá à média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondente a 80% de todo o período contributivo. No caso da aposentadoria por tempo de contribuição, para o cálculo do salário de benefício, essa média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição do PBC (período básico de cálculo) ainda será obrigatoriamente multiplicada pelo fator previdenciário (salvo no caso da regra85/95) [...].

De acordo com Goes (2015, p. 230) tratando-se de segurado professor, que possuir tempo de efetivo exercício na função de magistério na educação infantil, este também poderá se aposentar por tempo de contribuição de forma diferenciada, com uma redução de 5 anos. Contudo, os professores universitários não têm direito a aposentar-se com esse tempo de contribuição reduzido em 5 (cinco) anos.

A aposentadoria por tempo de contribuição dos professores universitários segue a regra aplicada aos demais segurados do RGPS, ou seja, obedece à regra de 35 (trinta e cinco) anos de contribuição para os homens e 30 (trinta) para as mulheres. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Cabe destacar que com a publicação da Lei 13.183/2015, o tempo de contribuição dos professores que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição. (BRASIL, 2015).

A título de exemplo, um professor do ensino básico que, em 2017 possuir 30 anos de tempo de contribuição exclusivamente como professor e 6o anos de idade, terá neste caso,

direito à regra 95 (30+60+5) com a aplicação facultativa do fator previdenciário. (AMADO, 2015).

O segurado deficiente também poderá aposentar-se com uma redução em seu tempo de contribuição. O direito a esta modalidade de aposentadoria foi instituído pela Lei Complementar nº 142 de 2013 em seu artigo 3º que assim estabelece:

Art. 3o É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve [...]. (BRASIL, 2013).

A Previdência considera pessoa com deficiência toda aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, impossibilitem sua participação de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. Os requisitos necessários para esse benefício são a deficiência no momento do pedido e a carência de 180 meses trabalhados na condição de pessoa com deficiência. (BRASIL, 2013, 2015).

É importante lembrar que o aposentado por tempo de contribuição pode continuar exercendo sua atividade remunerada, isso porque a aposentadoria voluntária não extingue o vínculo de emprego. Desse modo, o retorno à atividade não prejudica o recebimento do benefício, que será mantido no seu valor integral. Porém, retornando a sua atividade o aposentado fica obrigado a fazer contribuições à previdência, que incidirão sobre a remuneração que ele receber em decorrência do seu trabalho, e não sobre os proventos da aposentadoria. (BRASIL, 1999).

A aposentadoria por tempo de contribuição concedida pelo RGPS é um direito irreversível e irrenunciável, conforme dispõe o artigo 181-B do Decreto nº 3.048/99. Porém, existe a possibilidade de o segurado desistir do seu pedido, manifestando esta intenção do arquivamento do seu pedido antes da ocorrência do primeiro pagamento ou do saque do FGTS ou PIS. (BRASIL, 1999).

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