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As aposentadorias no regime geral da Previdência Social: os tipos de aposentadorias, características e sua função social

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CLEIDIR EISSMANN

AS APOSENTADORIAS NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: OS TIPOS DE APOSENTADORIAS, CARACTERÍSTICAS E SUA FUNÇÃO SOCIAL

Palhoça 2017

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AS APOSENTADORIAS NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: OS TIPOS DE APOSENTADORIAS, CARACTERÍSTICAS E SUA FUNÇÃO SOCIAL

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Nélio Herzmann Junior, Esp.

Palhoça 2017

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AS APOSENTADORIAS NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: OS TIPOS DE APOSENTADORIAS, CARACTERÍSTICAS E SUA FUNÇÃO SOCIAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de novembro de 2017.

__________________________________________________ Prof. e orientador Nélio Herzmann Junior, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Profª.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Prof. Gabriel Henrique Collaço, Esp.

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AS APOSENTADORIAS NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: OS TIPOS DE APOSENTADORIAS, CARACTERÍSTICAS E SUA FUNÇÃO SOCIAL

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 21 de novembro de 2017.

_________________________________

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Dedico este trabalho a toda equipe da Unisul Virtual pela oportunidade em poder realizar este curso e principalmente à minha esposa, companheira e amiga Noeli Candido Eissmann que durante estes cinco anos do curso esteve sempre ao meu lado, me apoiando nos momentos mais difíceis desta nobre caminhada.

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Agradeço primeiramente a Deus por tudo que me concedeu e continua concedendo como saúde, força, disposição, coragem e sabedoria que me ajudaram a perseverar nos estudos e assim poder alcançar um dos objetivos de minha vida que é a conclusão do curso de Direito.

Não poderia deixar de agradecer aos meus familiares que muito me incentivaram durante toda a caminhada, principalmente minha esposa Noeli Candido Eissmann, minhas filhas Gabrieli Eissmann e Lívia Eissmann que sempre me apoiaram em tudo e foram pacientes nos momentos de que mais precisei. A minha querida mãe Ana Jaci Eissmann que sempre orou por mim pedindo ao Espírito Santo a sabedoria e discernimento no momento de realizar as provas.

À professora e Mestre Dilsa Mondardo, que com sua orientação baseada em incentivos, palavras firmes e carinhosas, sempre esteve apoiando minha caminhada, tornando o curso de Direito na modalidade a distância uma feliz realidade.

À tutora Suele de Souza Rosa que sempre auxiliou de forma sistemática e colaborativa nas questões didáticas e metodológicas, prestando suporte técnico na utilização do Espaço Virtual de Aprendizagem (EVA), trazendo segurança e confiança para realizar todas as minhas atividades.

Agradecer também à gestora do Polo Unisul Virtual de Blumenau-SC, Juliana Gehrke e a toda a sua equipe que sempre estiveram à disposição para esclarecer dúvidas acadêmicas e sobre procedimentos administrativos, garantindo flexibilidade, qualidade, segurança e economia para a realização do curso de direito na modalidade a distância.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

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“A palavra aposentar não é sinônimo de envelhecer, e sim um dos sintomas de vencer.” (PITTA, 2015).

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O presente trabalho trata do estudo das espécies de aposentadorias existentes no Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e as características principais de cada uma, conceituando-as principalmente de acordo com a legislação previdenciária vigente e com as doutrinas existentes. O objetivo principal da pesquisa é levar ao conhecimento de todos, sejam acadêmicos, trabalhadores ou segurados da previdência, as particularidades existentes em cada espécie de aposentadoria do Regime Geral da Previdência Social. Para delinear o processo do caminho metodológico utiliza-se quanto à abordagem o método dedutivo com pesquisa na modalidade bibliográfica por melhor se adequar ao assunto, utilizando-se de doutrinas, artigos científicos em fontes de papel e meio eletrônico, bem como a legislação brasileira. Quanto ao nível de pesquisa, foi adotada a exploratória, por proporcionar maior intimidade do autor com o objeto de estudo. A pesquisa abrange o estudo do surgimento das primeiras leis protetivas e do Instituto Nacional do Seguro Social, princípios específicos da previdência, tipos de segurados, dependentes, formas de filiação, manutenção e perda da qualidade de segurado, a questão do direito adquirido, carência necessária e valor do benefício. São tratadas no presente trabalho, as aposentadorias por invalidez, por idade, por tempo de contribuição e a especial. Dá-se também um enfoque na função social que esses benefícios proporcionam. Com suporte no estudo realizado, conclui-se que existem atualmente diversas formas de aposentadoria que podem ser buscadas pelo segurado filiado no Regime Geral da Previdência Social, porém grande parte dos segurados desconhecem a existência de alguns desses tipos de aposentadorias, deixando de buscar tal direito. Neste cenário, a presente pesquisa ganha relevância, pois ajuda e orienta os segurados e todos os cidadãos a ficarem atentos ao tipo de aposentadoria que podem requerer, levando-se em consideração que as modificações a serem introduzidas pela PEC 287/2016 (Reforma da Previdência ainda não aprovada) podem, ressalvado o direito adquirido, alterar significativamente as regras de concessão dos benefícios de aposentadoria aqui tratados, causando enorme prejuízo a muitos segurados.

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The present paper deals with the study of the types of pensions existing in the General Social Security System (RGPS) and the main characteristics of each one, conceptualizing them according to existing social security legislation and existing doctrines. The main objective of this research is to bring to the attention of all, whether academics, employees or pensioners, the peculiarities that exist in each type of retirement of the General Social Security System. In order to delineate the process of the methodological path, the deductive method with the use of research in the bibliographic mode is used as the best approach to the subject, using doctrines, scientific articles in paper sources and electronic means, as well as the legislation Brazilian As for the level of research, it was adopted the exploratory one, for providing greater intimacy of the author with the object of study. The research begins with the study of the emergence of the first protective laws and the National Institute of Social Security, specific principles of social security, types of insured persons, dependents, forms of membership, maintenance and loss of insured status, required grace and benefit amount. Retirement due to disability, age, contribution and special time are treated in the present study. There is also a focus on the social function that these benefits provide. Based on the study carried out, it is concluded that there are currently several forms of retirement that can be sought by the insured person affiliated to the General Social Security System, and most of the insured persons are unaware of the existence of some of these types of pensions, right. In this scenario, this research gains relevance, since it helps and guides policyholders and all citizens to pay attention to what types of retirement they may require, taking into account that the changes introduced by PEC 287/2016 (Pension Reform) can Significantly change the rules of granting the retirement benefits dealt with here, causing huge loss there are many policyholders.

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ANFIP - Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil DATAPREV - Empresa de Tecnologia e Informação da Previdência Social DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos DUDH - Declaração Universal dos Direitos Humanos

EVA - Espaço Virtual de Aprendizagem

IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social IAPB - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários

IAPC - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários IAPI - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários IAPM - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos INPS - Instituto Nacional de Previdência Social

INSS - Instituto Nacional do Seguro Social LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

LTCAT - Laudo Técnico de Condições do Ambiente de Trabalho MONGERAL - Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

OIT - Organização Internacional do Trabalho ONU - Organização das Nações Unidas PEC - Proposta de Emenda à Constituição PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário RGPS - Regime Geral da Previdência Social RMI - Renda Mensal Inicial

RPPS - Regime Próprio de Previdência Social STF - Supremo Tribunal Federal

SUS - Sistema Único de Saúde

TNU - Turma Nacional de Uniformização TRF - Tribunal Regional Federal

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1 INTRODUÇÃO ... 12

2 A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ... 14

2.1 PRIMEIRAS REGRAS DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL ... 15

2.2 A LEI ELOY CHAVES ... 16

2.3 A CRIAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ... 17

2.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ... 19

2.5 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 20

2.5.1 Da filiação obrigatória ... 20

2.5.2 Do caráter contributivo ... 21

2.5.3 Do equilíbrio financeiro e atuarial ... 22

2.5.4 Da garantia do benefício mínimo ... 22

2.5.5 Da correção monetária dos salários de contribuição ... 23

2.5.6 Da preservação do valor real dos benefícios ... 24

2.5.7 Da facultatividade da previdência complementar ... 25

2.5.8 Da indisponibilidade dos direitos dos benefícios ... 26

3 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 28

3.1 SEGURADOS ... 28

3.1.1 Segurados obrigatórios ... 30

3.1.2 Segurados facultativos ... 31

3.2 DEPENDENTES ... 32

3.3 FILIAÇÃO ... 34

3.4 MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO ... 36

3.5 DIREITO ADQUIRIDO NAS RELAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ... 39

4 APOSENTADORIAS NO REGIME GERAL DA PREVIDENCIA SOCIAL ... 43

4.1 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ... 44

4.2 APOSENTADORIA POR IDADE ... 46

4.3 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ... 49

4.4 APOSENTADORIA ESPECIAL ... 53

4.5 A IMPORTÂNCIA SOCIAL DAS APOSENTADORIAS ... 59

5 CONCLUSÃO ... 62

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1 INTRODUÇÃO

A aposentadoria, independentemente de sua espécie, é um dos momentos mais esperados na vida do trabalhador que na maioria das vezes passa grande parte de sua vida dedicada às atividades laborais. A aposentadoria é garantida por lei e faz parte de um elenco de benefícios resguardados pela Previdência Social que carrega como sua principal essência a função de proteger e de amparar o trabalhador contra infortúnios da vida, entre eles a idade avançada, os acidentes de trabalho e as doenças em geral.

A presente monografia aborda as aposentadorias existentes no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), conceituando-as, explicando suas principais características e função social, tendo como base a legislação previdenciária atualizada, doutrina e as decisões recentes dos tribunais.

O Problema de pesquisa, do qual parte toda a investigação, consiste em identificar e explicar os tipos de aposentadorias existentes no RGPS, tendo como objetivo levar ao conhecimento de todos, sejam acadêmicos, trabalhadores ou segurados, as particularidades existentes em cada espécie de aposentadoria.

Este trabalho é de grande relevância, pois ajuda e orienta segurados e cidadãos a ficarem atentos aos tipos de aposentadoria que ainda podem requerer antes da reforma previdenciária trazida pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287/2016), que se aprovada alterará significativamente os requisitos para a concessão dos benefícios aqui mencionados. Trata também de assuntos importantes ligados à aposentadoria como o tempo de contribuição, a idade, carência, direito adquirido e outras especificidades exigidas para receber o benefício, que varia de acordo com cada modalidade, podendo resultar em uma aposentadoria concedida de forma mais rápida e vantajosa ao segurado.

A iniciativa deste trabalho se deu por ser o pesquisador pessoa atuante no ramo do direito previdenciário e principalmente por estar preocupado com os cidadãos e segurados que já possuem direito a algum tipo de aposentadoria, mas que por algum motivo desconhecem tal direito, podendo com isso sofrer algum prejuízo, caso a reforma seja aprovada e ocorram mudanças significativas na legislação previdenciária.

Este estudo tem como caminho metodológico a pesquisa bibliográfica, com a finalidade de consultar autores renomados na área do direito previdenciário tais como Frederico Amado, Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari e Hugo Medeiros Goes entre outros que pudessem contribuir na fundamentação teórica acerca do tema estudado. Além da pesquisa bibliográfica, conta-se também com a pesquisa documental a qual

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tem como base principal a doutrina, legislação vigente aplicada ao direito previdenciário e decisões recentes dos tribunais. O método de abordagem utilizado na pesquisa é o dedutivo/qualitativo.

O trabalho está estruturado em três capítulos teóricos para facilitar a organização do conteúdo e a compreensão do leitor. No primeiro capítulo aborda-se a evolução da proteção social no Brasil, desde as primeiras regras de proteção, o surgimento do INSS e a origem dos princípios que regem o direito previdenciário, dando enfoque aos princípios específicos da previdência social tais como: filiação obrigatória, caráter contributivo, entre outros.

O segundo capítulo identifica os beneficiários do RGPS, mencionando os tipos de segurados, seus dependentes, formas de filiação, manutenção e perda da qualidade de segurado e o instituto do direito adquirido, temas de suma importância e decisivos no momento de se requerer uma aposentadoria.

O terceiro capítulo, tema central do trabalho, aborda os benefícios de aposentadoria existentes no RGPS, apresentando suas características, critérios para concessão, carência, renda, entre outros. Esse capítulo enfoca também a questão da função social que tais benefícios cumprem, pois, uma vez concedidos, amparam os cidadãos que não podem mais prover o seu sustento e o de seus familiares, em virtude da falta de capacidade para a atividade laboral.

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2 A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O presente capítulo trata do surgimento da Previdência bem como da Proteção Social no Brasil, dando um enfoque maior na Constituição de 1988 que especificou melhor a noção de previdência social. Aborda também algumas das primeiras leis de proteção como a Lei Eloy Chaves, a criação do Instituto Nacional do Seguro Social e também os princípios que norteiam a previdência social, dando maior enfoque sobre os princípios específicos da previdência social.

Tratando sobre a evolução da proteção social no Brasil Castro e Lazzari (2016, p. 57) ensinam que:

A formação de um sistema de proteção social no Brasil, a exemplo do que se verificou na Europa, se deu por um lento processo de reconhecimento da necessidade de que o Estado intervenha para suprir deficiências da liberdade absoluta postulado fundamental do liberalismo clássico – partindo do assistencialismo para o Seguro Social, e deste para a formação da Seguridade Social.

Para entender este processo de surgimento da proteção social e da previdência é importante trazer à baila alguns aspectos vividos pela sociedade brasileira e descritos por Rocha, D. (2004, p. 45):

[...] Enquanto a primeira revolução industrial estava na sua fase de maturação na Inglaterra (1820 a 1830), o Brasil acabara de promover a sua independência, deixando de ser colônia, mas permanecendo com uma economia arcaica baseada no latifúndio e no trabalho escravo. Por isto, antes de ingressar na era industrial, nosso País já apresentava contornos sociais marcados por desigualdades, em especial, uma distribuição de renda profundamente desigual.

Segundo o mesmo autor, esta economia arcaica, baseada no latifúndio e no trabalho escravo, aliada aos ideais trazidos pela revolução industrial, trouxe à tona diversos problemas ligados aos trabalhadores, surgindo com isso as primeiras manifestações, por meio das quais os trabalhadores começaram a reivindicar melhores condições de trabalho e de subsistência. Assim, surgiram também as primeiras preocupações com a proteção previdenciária do trabalhador. (ROCHA, D., 2004).

Castro e Lazzari (2016) apontam alguns diplomas legais que tratam sobre as primeiras matérias de Previdência Social no Brasil:

O Brasil só veio a conhecer verdadeiras regras de caráter geral em matéria de previdência social no século XX. Antes disso, apesar de haver previsão constitucional a respeito da matéria, apenas em diplomas isolados aparece alguma forma de proteção a infortúnios. A Constituição de 1824 – art. 179, XXXI – mencionava a garantia dos socorros públicos, em norma meramente programática; o Código Comercial, de 1850, em seu art. 79, garantia por três meses a percepção de salários do preposto acidentado, sendo que desde 1835 já existia o Montepio Geral

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da Economia dos Servidores do Estado (MONGERAL) – primeira entidade de previdência privada no Brasil. (CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 57).

Como se pode perceber, a Consituição Federal de 1988 foi o marco principal na defesa dos direitos da seguridade social, principalmente em seu artigo 194, que propôs a compreensão da seguridade social baseada no tripé: política de saúde, previdência e assistência social. (BRASIL, 1988).

2.1 PRIMEIRAS REGRAS DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Do mesmo modo como aconteciam no âmbito mundial, as primeiras formas de proteção social dos indivíduos no Brasil tinham caráter eminentemente beneficente e assistencial. Assim, ainda no período colonial, tem-se a criação das Santas Casas de Misericórdia, sendo a mais antiga aquela fundada no Porto de São Vicente, depois em 1543 a Vila de Santos. (TAVARES, 2002).

Seguiu-se ainda com as Irmandades de Ordens Terceiras (mutualidades) e, no ano de 1795, estabeleceu-se o Plano de Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marinha. (CAMPOS, 2004). No período marcado pelo regime monárquico, houve iniciativas de natureza protecionista. Oliveira (1996, p. 91) assim escreve sobre tal período:

O primeiro texto em matéria de previdência social no Brasil foi expedido em 1821, pelo ainda Príncipe Regente, Dom Pedro de Alcântara. Trata-se de um Decreto de 1º de outubro daquele ano, concedendo aposentadoria aos mestres e professores, após 30 anos de serviço, e assegurado um abono de 1/4 (um quarto) dos ganhos aos que continuassem em atividade.

Em 1888, o Decreto nº 9.912-A, de 26 de março, dispôs sobre a concessão de aposentadoria aos empregados dos Correios, fixando-lhes trinta anos de serviço e idade mínima de 60 anos como requisitos para tal. Em 1890, o Decreto nº 221, de 26 de fevereiro, instituiu a aposentadoria para os empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, posteriormente estendida aos demais ferroviários do Estado pelo Decreto nº 565, de 12 de julho do mesmo ano. (BRASIL, 1888, 1890; CASTRO; LAZZARI, 2016).

De acordo com Casto e Lazzari, “a Constituição de 1891, art. 75, previu a aposentadoria por invalidez aos servidores públicos. Em 1892, foi instituída a aposentadoria por invalidez e também a pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro”, (CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 58).

Castro e Lazzari (2016, p. 58) também comenta como eram consideradas à época as aposentadorias:

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O peculiar em relação a tais aposentadorias é que não se poderia considerá-las como verdadeiramente pertencentes a um regime previdenciário contributivo, já que os beneficiários não contribuíam durante o período de atividade. Vale dizer, as aposentadorias eram concedidas de forma graciosa pelo Estado. Assim, até então, não falava em previdência social no Brasil.

Em 1919 o Decreto nº 3.724 faz surgir a primeira lei de proteção ao trabalhador contra os acidentes de trabalho. Porém, existiam normas anteriores a esta que protegiam o trabalhador e o acidentado como o artigo 159 do antigo Código Civil, vigente a partir de 1917, e antes disso, as normas das Ordenações Filipinas. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

2.2 A LEI ELOY CHAVES

De acordo com Rocha, na Constituição Federal de 1891, em seu artigo 75 a expressão “aposentadoria” foi aludida, nesta Carta Política pela primeira vez, para funcionários públicos, em caso de invalidez a serviço da nação, totalmente por ela custeada. (ROCHA, D., 2004; BRASIL, 1891).

Embora tenham existido outras iniciativas anteriores, a Lei Eloy Chaves é considerada o marco histórico da previdência pelas características mais próximas ao conceito atual de previdência social.

Martins (2002, p. 31) destaca de forma prática o que foi a primeira norma previdenciária instituída no Brasil:

A Lei Eloy Chaves denominada Decreto nº 4.682de 24 de janeiro de 1923, foi a primeira norma a instituir no Brasil a previdência social, com a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões para ferroviários, de nível nacional. Tal fato ocorreu em função das manifestações gerais dos trabalhadores da época, da necessidade de apaziguar um setor estratégico e importante da mão-de-obra daquele tempo. Previa os benefícios de aposentadoria por invalidez, a ordinária (equivalente a aposentadoria por tempo de serviço) pensão por morte e assistência médica.

Conforme descreve Vieira Gomes, existiram alternativas anteriores à Lei Eloy Chaves, contudo, a referida lei, por suas características muito próximas do conceito atual de previdência, é considerada o marco histórico da previdência social. Tratando sobre os benefícios da referida lei, Gomes (2017) assim discorre:

Os benefícios se destinavam aos ferroviários, categoria de empregados das mais vulneráveis aos riscos de acidente e ao desgaste físico e, portanto, mais suscetíveis à perda ou à redução da capacidade laboral. Como o processo de industrialização continuava avançando para outras atividades, as garantias trabalhistas/ previdenciárias ganharam mais atenção e incentivaram o surgimento de vários Institutos de Aposentadoria e Pensões para que se ampliasse o alcance da previdência a um maior número de trabalhadores. Assim, foram criados o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), junho de 1933, dos Comerciários (IAPC), maio de 1934, dos Bancários (IAPB), julho de 1934, dos

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Industriários (IAPI), dezembro de 1936, e os de outras categorias profissionais nos anos seguintes. Portanto, a previdência social surge da necessidade de se garantir a sobrevivência do trabalhador e seus dependentes quando da perda ou redução de sua capacidade de trabalho. Essa preocupação se voltava para os trabalhadores mais vulneráveis, das atividades de maiores riscos e desgastes; contudo, ao longo do tempo, todos passaram a se beneficiar do sistema de previdência, independentemente da natureza de sua atividade, inclusive políticos, juízes, militares e autoridades públicas.

A primeira crise do sistema previdenciário veio a ocorrer em 1930 no governo de Getúlio Vargas. Serra e Gurgel (2008 apud CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 59) relembra que Getúlio Vargas, em virtude de inúmeras fraudes e denúncias de corrupção, por meio do Decreto nº 19.540 de 17.12.1930 suspendeu por seis meses a concessão de qualquer aposentadoria e determinou ainda uma revisão geral em todos os benefícios concedidos até aquele momento. A partir daí, aos poucos a estrutura passou a ser reunida por categoria profissional. Com isso, surgiu o Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs).

Da presente análise, percebe-se que no Brasil as normas indicam uma tendência existente desde o Império, qual seja a extensão dos benefícios parte sempre de uma categoria para a coletividade, iniciando no serviço público e estendendo-se posteriormente para os trabalhadores da iniciativa privada. (RUSSOMANO, 1981).

2.3 A CRIAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

Em 1988, realizou-se a elaboração da nova Constituição Federal, anunciada em 05 de outubro. Essa constituição concedeu o seguro social com maior intensidade, criando as bases da Seguridade Social, incluindo a saúde e a assistência social. (BRASIL, 1988).

A Carta Magna inseriu a ideia de que as ações da comunidade e os serviços públicos de saúde precisavam agregar um Sistema Único de Saúde (SUS), custeado com recursos e orçamento da Seguridade Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (GONÇALVES, 1997).

O grande marco da previdência ocorreu no ano de 1990 com a criação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que surgiu da fusão do IAPAS com INPS, mediante o Decreto nº 99.350 de 27 de junho. (BRASIL, 1990).

O INSS tornou-se responsável pelas funções de arrecadação, pagamento de benefícios e prestação de serviços. Essa instituição até hoje é a entidade responsável tanto pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de penalidades e regulamentação da parte de custeio do sistema de seguridade social, como pela concessão de benefícios e serviços aos segurados e aos seus dependentes. (CASTRO, F., 2002).

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No ano de 1991 foi aprovada a Lei nº 8.212 de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e estabelece seu novo plano de custeio e a Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, que estabelece medidas em relação aos Planos de Benefícios da Previdência Social regulamentadas, simultaneamente, pelo Decreto nº 356/91 e pelo Decreto nº 357/91. As duas leis ganharam nova redação pelo Decreto nº 611 de 21 de julho de 1992, e pelo Decreto nº 612 de 21 de julho de 1992. (BRASIL, 1991, 1992; CASTRO; LAZZARI, 2016).

No período que incide entre os anos de 1993 e 1997, vários pontos da legislação da Seguridade Social foram modificados. Segundo Castro e Lazzari (2002), destacam-se os seguintes: a Lei nº 8.672 de 06 de julho de 1993 que estabeleceu normas previdenciárias gerais a respeito dos desportos; a criação da lei nº 8.742 de 07 de dezembro, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). A admissão da Lei 8.935 de 18 de novembro de 1994 conectou os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares à Previdência Social, de âmbito federal, assegurando a contagem mútua de tempo de serviço. Ainda em 1994 foi aprovado o Decreto nº 1.317 de 29 de novembro, o qual determinou que a fiscalização das entidades fechadas de previdência privada fosse desempenhada pelos fiscais de contribuições previdenciárias do INSS. (BRASIL, 1993, 1994).

A Emenda Constitucional nº 20 de 15 de dezembro, no ano de 1998, alterou substancialmente o regime da Previdência Social no Brasil. Entre as modificações implantadas citam-se as seguintes: novas exigências para as aposentadorias especiais, limite de idade nas regras de transição para a aposentadoria integral, fixado em 53 anos para o homem e 48 anos para a mulher, mudança na regra de cálculo de benefício com a introdução do fator previdenciário entre outras modificações relevantes. (BRASIL, 1998; CASTRO; LAZZARI, 2016).

Na opinião de Castro e Lazzari, a Emenda Constitucional nº 20/98 provocou divergências entre os profissionais da área do Direito, visto que, a partir dela, os professores de ensino superior passaram a ter de exercer tempo de contribuição idêntico aos segurados em geral, para consentimento de aposentadoria, continuando os docentes de nível fundamental e médio com aposentadorias depois de menor tempo de trabalho. (CASTRO; LAZZARI, 2002; BRASIL, 1988).

Atualmente, a previdência social brasileira engloba três órgãos principais, cada qual com funções características no fornecimento de assistência social e seguridade. Estes órgãos são os seguintes: o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Ministério da

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Previdência e Assistência Social (MPAS) e a Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV).

Neste capítulo pode-se perceber que a proteção social evoluiu muito no Brasil. Inicialmente foi privada e voluntária, depois passou para a formação dos primeiros planos mutualistas e, posteriormente, para a intervenção cada vez maior do Estado. O marco normativo da Seguridade Social brasileira foi a Lei Eloy Chaves, que criou nacionalmente as Caixas de Aposentadorias e Pensões para os ferroviários as quais são regidas pelas Leis nº 8.080/90 e nº 8.213/91, que criaram, sob a égide da Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Plano de Benefícios da Previdência Social. (BRASIL, 1990, 1991). No próximo capítulo faz-se um breve estudo dos objetivos específicos da seguridade social elencados no parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal, lembrando que os objetivos que o legislador constituinte menciona são na verdade princípios que dão sustentação a todo o sistema. (BRASIL, 1988).

2.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Este tópico trata dos princípios específicos que constituem a base da seguridade social, com destaque à previdência social, os quais devem ser observados pelo legislador ao elaborar leis sobre a matéria, como também pelo Poder Judiciário ao proferir decisões que envolvam o tema seguridade social. O Direito Previdenciário é um ramo do Direito que possui sua própria autonomia e princípios que o norteiam.

Renata Barbosa de Almeida e Walsir Edson Rodrigues Júnior, ao falar sobre os princípios, trazem o seguinte ensinamento:

(...) os princípios não devem ser confundidos com valores. Estes, diferentemente dos princípios que têm sentido deontológico, não indicam consequências jurídicas pelo não cumprimento do comportamento desejado; portanto, os valores não são considerados normas, indicam apenas relações de preferência. Já os princípios que possuem força normativa têm o poder de impor deveres e criar direitos. (ALMEIDA; RODRIGUES JÚNIOR, 2010, p. 593).

Portanto, as regras ordinárias precisam estar embebidas desses princípios, caso contrário, podem tornar-se letra morta, ou serem banidas do ordenamento. (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Sobre os princípios, também é importante destacar:

Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a da porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições que, apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são

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assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários. (REALE, 1986, p. 60).

No Direito Previdenciário temos inicialmente os princípios da solidariedade, vedação do retrocesso social e proteção do hipossuficiente que são em linhas gerais os princípios que regem a seguridade social e o direito previdenciário.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, como norma, fixar uma gama de princípios e objetivos regentes da Seguridade Social. Em seu artigo 194 enumera, em sete incisos, os chamados princípios constitucionais da Seguridade Social. São eles: universalidade da cobertura e do atendimento, uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e às rurais, seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e dos serviços, irredutibilidade do valor dos benefícios, equidade na forma de participação no custeio, diversidade da base de financiamento e caráter democrático e descentralizado da administração. (BRASIL, 1988; CASTRO; LAZZARI, 2016).

Contudo, em face do interesse desta monografia, observam-se tão somente os princípios específicos da Previdência Social os quais passam a ser tratados a seguir.

2.5 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os princípios específicos da Previdência Social estão previstos no art. 201 da Constituição Federal, sendo que a maior parte deles também está mencionada no art. 2.º da Lei nº 8.213/91 a qual dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência. (BRASIL, 1988, 1991; AMADO, 2015).

Abaixo, apresenta-se de forma sucinta a descrição de cada princípio específico da Previdência Social e sua importância em conjunto com a lei e jurisprudência.

2.5.1 Da filiação obrigatória

Este princípio, disposto no caput do artigo 201 da Constituição Federal segue a mesma linha doutrinária do princípio da compulsoriedade da contribuição, segundo o qual todo trabalhador que se enquadre na condição de segurado é considerado pelo regime geral como tal, desde que não esteja amparado por outro regime próprio. Havendo relação de trabalho ou de emprego ocorre o ingresso do indivíduo na Previdência Social de forma obrigatória, não sendo, pois relevante a vontade do segurado, salvo na hipótese do segurado facultativo. (BRASIL, 1988; CASTRO; LAZZARI, 2016).

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Em Goes, encontra-se o seguinte esclarecimento sobre o princípio da filiação obrigatória:

O art. 201 da Constituição Federal menciona que a filiação à Previdência Social é obrigatória. Assim, exercendo o trabalhador alguma atividade remunerada abrangida pelo RGPS, será obrigatoriamente filiado a este regime previdenciário. No tocante àquelas pessoas que não exercem atividade remunerada, a Constituição permite a filiação de forma facultativa. (GOES, 2015, p. 38).

Para Cardone (1990) o princípio da obrigatoriedade ou da automaticidade de filiação refere-se aos beneficiários e ao órgão gestor do seguro social. Não há como um dos polos dessa relação jurídica recusar a filiação. Dessa forma, fixando o legislador a condição de filiação, retira dos sujeitos a possibilidade de opção. Por conta disso, o segurado não pode se opor à filiação assim como o órgão gestor não poderá selecionar os filiados.

2.5.2 Do caráter contributivo

Os sistemas previdenciários, quanto à contributividade, são classificados em contributivos e não contributivos. A Previdência Social, em atenção ao que dispõe o art. 201 da Constituição Federal, possui caráter contributivo. O mesmo autor, tratando sobre o princípio da contributividade, ensina que:

[...] para fazer jus aos benefícios previdenciários é necessário que o segurado contribua financeiramente para o regime. Das três áreas integrantes da Seguridade Social (previdência social, assistência social e saúde), a única que tem caráter contributivo é a Previdência Social. Saúde e assistência social independem de contribuição, ou seja, nestes segmentos, o beneficiário não precisa comprovar qualquer tipo de recolhimento para a Seguridade Social. Apesar de serem prestadas independentemente de contribuição, a saúde e a assistência social possuem fontes de custeio, que são oriundas das contribuições sociais arrecadadas de toda a sociedade. (BRASIL, 1988; GOES, 2015, p. 38).

No âmbito da previdência social os benefícios e serviços serão oferecidos em caráter oneroso, ou seja, serão atendidos somente aqueles que estiverem filiados e contribuindo para o RGPS. Em Amado, encontra-se o seguinte esclarecimento sobre esse principio:

Deveras, dentro da seguridade social coexistem dois subsistemas: de um lado o subsistema contributivo, formado pela previdência social, que pressupõe o pagamento (real ou presumido) de contribuições previdenciárias dos segurados para a sua cobertura previdenciária e dos seus dependentes. (AMADO, 2015, p. 23).

Como se observa, o caráter contributivo está amparado na Constituição Federal em seus artigos 40 e 201 e garante a cobertura para os diversos riscos sociais como doença, morte, invalidez, etc. Contudo, é importante observar que tal cobertura somente é garantida

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a quem contribuiu para seu financiamento e para seus dependentes em algumas situações. (BRASIL, 1988).

2.5.3 Do equilíbrio financeiro e atuarial

Esse princípio, previsto desde a Emenda Constitucional nº. 20/98 e expresso no artigo 201 da Constituição Federal determina que o Poder Público deverá, na execução da política previdenciária, atentar sempre para a relação entre custeio e pagamento de benefícios, com a finalidade de manter o sistema em condições superavitárias, e observar as oscilações da média etária da população, bem como sua expectativa de vida, para a adequação dos benefícios a essas variáveis. (BRASIL, 1988, 1998; CASTRO; LAZZARI, 2016).

O equilíbrio financeiro se refere às reservas monetárias que devem existir para o pagamento de benefícios e também por precaução, enquanto o atuarial são os cenários futuros que devem ser traçados para a manutenção ou alcance do equilíbrio financeiro, com o auxílio da matemática estatística, por meio do desenho dos prováveis cenários que advirão.

Em Goes (2015, p. 39), encontra-se o seguinte esclarecimento a respeito desse princípio:

Equilíbrio financeiro é a garantia de equivalência entre as receitas auferidas e as obrigações do regime previdenciário em cada exercício financeiro. Equilíbrio atuarial é a garantia de equivalência, a valor presente, entre o fluxo das receitas estimadas e das obrigações projetadas, apuradas atuarialmente, a longo prazo.

Baseado nesse princípio, recentemente foi modificado o RGPS, incluindo o fator previdenciário no cálculo de benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição e idade. O fator previdenciário é resultante das variáveis demográficas e atuariais relativas à expectativa de vida, comparativamente à idade de jubilação – Lei nº 9.876/99. (BRASIL, 1999; CASTRO; LAZZARI, 2016).

2.5.4 Da garantia do benefício mínimo

Esse princípio, previsto no §2º do artigo 201 de Carta Magna, assegura que nenhum benefício do RGPS que substitua o rendimento do trabalho tenha valor inferior a um salário mínimo, avanço que dobrou muitas aposentadorias rurais que tinham a renda equivalente a ½ salário mínimo no anterior regime. (BRASIL, 1988; CASTRO; LAZZARI, 2016).

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Seguindo o mesmo caminho, o artigo 2°, inciso VI, da Lei nº 8.213/91, elevou essa norma à categoria de princípio da previdência social, fazendo com que apenas os benefícios que não venham a substituir a remuneração do trabalhador possam ser inferiores a um salário mínimo, como é o caso do auxílio-acidente e do salário-família. (BRASIL, 1991; GOES, 2015).

O segurado, a cada ano que passa, vai perdendo um pouco do valor do benefício de aposentadoria, tendo em vista a desvinculação do benefício substitutivo do rendimento do trabalho daquele salário mínimo pago ao trabalhador na atividade. Sobre essa polêmica, Castro e Lazzari (2016, p. 94) utilizam-se da seguinte argumentação:

Com isso, tem-se a sempre discutida equiparação do salário mínimo dos trabalhadores com o benefício mínimo pago pela Previdência – e também pela Assistência Social. Matéria que causa polêmica, geralmente em épocas de reajuste do salário mínimo, quando, periodicamente – ano após ano –, o valor é majorado em percentuais menores que os inicialmente propostos, haja vista o efeito da majoração sobre as contas do RGPS. Entendemos, entretanto, que a proposta de desvinculação do benefício substitutivo do rendimento do trabalho daquele salário mínimo pago aos trabalhadores na atividade é retrocesso inaceitável. O beneficiário da Previdência também tem direito a uma existência digna, tal como preconiza o art. 1º, III, da Carta Magna. Ora, se o trabalhador tem necessidades básicas, que devem ser cobertas pelo valor do salário mínimo, o beneficiário da Previdência também as tem, e não em menor escala, senão pelo contrário.

Como se observa, a Previdência Social é um mecanismo que pode extinguir a pobreza e a redistribuição de renda por meio de pagamentos diferenciados aos seus beneficiários. Assim, da análise detalhada dos benefícios pagos pela Previdência Social, fica evidenciado que a previsão constitucional que garante o pagamento mínimo do salário mínimo nacional para os seus beneficiários traz em seu bojo um nítido objetivo de redistribuição. (CAMARGO, 2017).

2.5.5 Da correção monetária dos salários de contribuição

Esse princípio encontra respaldo no artigo 201, § 3º da Constituição Federal bem como no artigo 2º, Inciso IV e artigo 29-B da Lei nº 8.213/1991, afirmando que os salários de contribuição considerados no cálculo do benefício sejam corrigidos monetariamente. (BRASIL, 1988, 1991).

Em relação à correção monetária dos salários de contribuição, é imperioso esclarecer que:

A Lei 8.213/91, art.29-B, regulamenta esse dispositivo constitucional, determinando que “os salários de contribuição considerados no cálculo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de acordo com a variação integral do Indice

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Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”. (GOES, 2015, p. 39).

Tal princípio é de suma importância, pois exige que o legislador ordinário, ao fixar o cálculo de qualquer benefício previdenciário em que se leve em conta a média de salários de contribuição, adote fórmula que corrija nominalmente o valor da base de cálculo da contribuição vertida, a fim de evitar distorções no valor do benefício pago. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Sobre a correção monetária dos salários de contribuição, Amado (2015, p. 143) afirma:

Assim, para que um segurado possa se aposentar com base na legislação atual, para o cálculo da renda mensal do seu benefício, todos os salários de contribuição deverão ser atualizados pelo índice legal (atualmente é o INPC), a fim de não defasar o valor da prestação previdenciária a ser recebida. Parece óbvio, mas não era assim no passado. Na legislação previdenciária vigente no regime constitucional pretérito, nem todos os salários de contribuição eram corrigidos monetariamente (os dozes últimos salários de contribuição não sofriam correção monetária, nos termos do artigo 37, §1º, do Decreto 83.080/79) o que levava a uma acentuada defasagem da sua renda mensal inicial, especialmente em tempos de inflação galopante.

Portanto, esse princípio é muito importante aos segurados, pois faz com que o legislador ordinário, ao fixar o cálculo de qualquer benefício previdenciário em que se leve em conta a média de salários de contribuição, utilize fórmula que corrija nominalmente o valor da base de cálculo da contribuição vertida, para que, assim, se evitem distorções no valor do benefício pago. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

2.5.6 Da preservação do valor real dos benefícios

O referido princípio expresso no § 4º do artigo 201 da Constituição Federal dispõe que deve ser garantido o reajustamento dos benefícios previdenciários a fim de preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Tal regramento encontra-se também disciplinado no artigo 41 da Lei nº 8.213/1991, assegurando-se a atualização anual como medida de preservar o poder aquisitivo do benefício. (BRASIL, 1988, 1991; CASTRO; LAZZARI, 2016).

Portanto, sempre que for acumulada uma inflação significativa em um determinado período, os proventos previdenciários deverão ser reajustados pelos percentuais inflacionários, de forma a preservar-lhes o valor real do benefício. O reajuste por índices inferiores à inflação real esbarra na garantia constitucional, permitindo a sua correção pelo Judiciário.

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Nesse sentido, Castro e Lazzari (2016, p. 94) argumentam:

A matéria se encontra disciplinada, no âmbito do RGPS, pelo art. 41-A da Lei n. 8.213/91, com redação conferida pela Lei n. 11.430, de 26.12.2006, que assegura o reajuste do valor dos benefícios, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Assim, o benefício previdenciário tem como função substituir os valores que o segurado recebia quando empregado, para que ele possa manter seu sustento e de sua família. Portanto, a renda mensal do benefício previdenciário não pode ficar sujeita às desvalorizações da moeda, porque o poder de compra deve ser preservado desde a renda mensal inicial, até o final da cobertura previdenciária. (SANTOS, 2012).

2.5.7 Da facultatividade da previdência complementar

Como se sabe, o regime previdenciário estatal é compulsório e universal. Por conta disso, esse regime admite que a iniciativa privada participe na atividade, complementando o regime oficial e em caráter de facultatividade para os segurados (CF, art. 40, §§ 14 a 16, no âmbito dos regimes próprios de agentes públicos; art. 202, no âmbito do RGPS). (BRASIL, 1988; CASTRO; LAZZARI, 2016).

Falando sobre o princípio da facultatividade da previdência complementar, Amado (2015, p. 146) ensina que:

Além dos tradicionais planos básicos públicos (RGPS para os trabalhadores em geral e RPPS's para os servidores públicos efetivos e militares), a previdência social brasileira ainda contempla os planos complementares na área pública (ainda pendentes de instituição pelas entidades políticas interessadas) e na área privada, estes repartidos em abertos e fechados. Em todos os planos complementares, ao contrário dos planos básicos, a adesão será sempre facultativa, ante a natureza contratual que rege essa relação jurídica e a previsão expressa na cabeça do artigo 202, da Constituição de 1988 e no artigo 2°, inciso VII, da Lei 8.213/91.

Segundo Castro e Lazzari (2016), a organização da previdência privada é feita de forma autônoma, desvinculada do regime previdenciário oficial, e, segundo o texto constitucional, deverá ser regulada por lei complementar. Compete ao Estado, pois, a função de fiscalizar a atividade das instituições de previdência privada, abertas e fechadas, no exercício do poder de polícia.

A previdência complementar facultativa é uma boa opção para os segurados que desejam complementar a renda, sendo que para isso devem aderir a alguma entidade de Previdência Complementar, seja aberta ou fechada, que será custeada por contribuições adicionais. (GOES, 2015).

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2.5.8 Da indisponibilidade dos direitos dos benefícios

Segundo esse princípio, em se tratando do valor do benefício devido ao segurado ou a seu dependente de direito de natureza alimentar, inadmissível se torna que o beneficiário, pelo decurso do prazo, perca o direito ao benefício. Assim, de acordo com artigo 102, § 1º da Lei nº 8.213/1991 fica preservado o direito adquirido daquele que, tendo implementado as condições previstas em lei para a obtenção do benefício, ainda não o tenha exercido. (BRASIL, 1991; CASTRO; LAZZARI, 2016).

Amado (2015, p. 566) faz seu esclarecimento sobre esse princípio:

Ainda de acordo com o artigo 114 do mesmo dispositivo legal retro mencionado tendo em vista o seu caráter alimentar, salvo quanto a valor devido à Previdência Social e a desconto autorizado por esta Lei, ou derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecidos em sentença judicial, o benefício não pode ser objeto de penhora, arresto ou sequestro, sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria para o seu recebimento.

Pode-se observar que é nítida a proteção ao caráter alimentar dos benefícios previdenciários, salvo quando o valor for devido à previdência ou a alimentos.

Já Castro e Lazzari (2016, p. 95) utilizam-se da seguinte argumentação:

Da mesma forma, não se admite seja o benefício sujeito a penhora, arresto ou sequestro, sendo nula de pleno direito a venda ou cessão dos direitos do beneficiário ou a constituição de qualquer ônus sobre o benefício (art. 114 da Lei n.8.213/91), à exceção de valores devidos a título de contribuição devida pelo segurado (por exemplo, na concessão do salário maternidade), devolução de valor de benefício concedido indevidamente pela Previdência, tributação sobre a renda, cumprimento de ordem judicial decorrente da obrigação de prestar alimentos e, quando autorizados pelo beneficiário, mensalidades de entidades civis ou pagamento de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento mercantil, sendo que, na última hipótese, limitado o pagamento de tais obrigações a 30% do valor do benefício, por mês (art. 115 da Lei n. 8.213/91).

Neste capítulo introdutório busca-se fazer um estudo voltado às primeiras regras de proteção social existentes no Brasil, abordando-se de forma especial a lei Eloy Chaves chegando-se até Constituição de 1988 que especifica melhor a noção de previdência social e acaba criando o Instituto Nacional do Seguro Social, órgão responsável pelas funções de arrecadação, pagamento de benefícios e prestação de serviços.

Quanto aos princípios específicos, também abordados, verifica-se que os mesmos possuem papel de destaque na aplicação de direitos relativos à seguridade social, por terem conteúdo próprio que dá eficácia ao direito social assegurado e por isso possuem importância fundamental nas decisões judiciais, garantindo esses direitos. (AGUIAR, 2017).

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Tanto as regras de proteção social aqui mencionadas, quanto os princípios aplicados ao direito previdenciário, possuem uma única função que é amparar e proteger os beneficiários da previdência social, tema abordado no capítulo seguinte.

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3 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Trata este capítulo dos beneficiários da Previdência Social que nada mais são os titulares do direito de gozar das prestações contempladas pelo regime geral. São classificados em segurados e dependentes. Os beneficiários da Previdência Social são os que receberão a proteção previdenciária do INSS (órgão gestor do regime geral de previdência social). Para a clara definição de beneficiários, trazem-se os ensinamentos de Goes (2015, p. 77) nos seguintes termos:

Beneficiários são os titulares do direito subjetivo de gozar das prestações previdenciárias. Na verdade, o beneficiário é toda pessoa física que recebe ou possa vir a receber alguma prestação previdenciária (benefício ou serviço). É o gênero do qual são espécies os segurados e dependentes. Dessa forma, não pode o beneficiário (segurado ou dependente), ser uma pessoa jurídica. Beneficiário é sempre pessoa física. A pessoa jurídica será contribuinte, pois, nos termos da lei, pagará certa contribuição a Seguridade Social.

Nesse contexto, o Regime Geral de Previdência Social se encontra abrigado no artigo 201 da Constituição Federal de 1988. É proposto aos empregadores do campo privado, ao empregado, ao empregado doméstico, aos funcionários públicos celetistas, que por sua vez, são avaliados como sendo segurados obrigatórios. (BRASIL, 1988).

Explica Martinez (2010, p. 107) que “este regime atende igualmente os servidores e trabalhadores que não estejam associados com qualquer regime próprio, pois esses são tidos como sendo segurados facultativos.”

De tal modo, Duarte (2008, p. 80) afirma que:

[...] o sistema compreende tanto os trabalhadores urbanos, quanto os rurais, agregando ao seu rol de segurados obrigatórios, o trabalhador empregado; o empregado doméstico; o ‘contribuinte individual’ (categoria de trabalhadores por conta própria, onde figuram, entre outros, o trabalhador autônomo, o eventual, o empresário e o ministro de confissão religiosa); o trabalhador avulso; e o segurado especial.

Assim, o RGPS rege-se por órgão público que se conserva por meio do recolhimento de contribuições, usadas para pagar dentro do próprio exercício financeiro, benefícios aos aposentados e pensionistas, com a utilização do Regime de Caixa. A seguir passa-se a tratar propriamente dos segurados obrigatórios e facultativos no RGPS.

3.1 SEGURADOS

Sabe-se que os indivíduos segurados são pessoas físicas afiliadas ao RGPS e podem ser classificados como segurados obrigatórios ou segurados facultativos, dependendo

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de a filiação transcorrer no exercício de atividade laboral remunerada ou não. Os segurados são um dos tipos de beneficiários que podem vir a auferir o benefício ou serviço. Estes são classificados como segurados obrigatórios ou facultativos, dependendo de a filiação ser proveniente do exercício da atividade laboral remunerada, ou não. (BRASIL, 1991).

De tal maneira, pode-se então dizer que é segurado da Previdência Social, nos termos do art. 9° e seus parágrafos do Decreto n° 3.048/99 toda pessoa física que desempenha uma determinada atividade ligada ao Regime Geral ou que angaria contribuições. (BRASIL, 1999).

Segundo Ribeiro (2006, p. 143), o segurado pode ser conceituado como:

A pessoa física que desempenha uma atividade remunerada, efetiva ou casual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculos de emprego, a título precário ou não, assim como aquele que a lei determina como tal, ressalvadas, quando for necessário, as ressalvas prognosticadas no texto processual, ou desempenhou alguma atividade das citadas acima, no período prontamente antecedente ao denominado ‘período de graça’. Ao mesmo tempo, é segurado o indivíduo que se filia facultativa e espontaneamente à Previdência Social, colaborando assim para o custeamento das prestações sem estar vinculado de maneira obrigatória ao RGPS ou a outro regime previdenciário qualquer.

Portanto, toda pessoa física ligada ao RGPS por meio de um vínculo contributivo e com a obrigação de contribuir para esse regime, é considerada segurado. (ARAGÃO, 2013).

Castro e Lazzari (2010, p. 125-126) também apontam quem são os sujeitos que têm essa obrigação de contribuir:

[...] todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja, os trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (empregados urbanos, mesmo os que estejam prestando serviço a entidades paraestatais, os aprendizes e os temporários), pela Lei n. 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei n. 5859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários, titulares de firmas individuais ou sócios gestores e prestadores de serviços; trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores, como garimpeiros, empregados de organismos internacionais, sacerdotes, etc. [...].

Validamente, pode-se deduzir que as pessoas seguradas no RGPS, podem ser classificadas como segurados obrigatórios, quando desempenham atividade ligada ao Regime Geral e apresentada no art. 11 da Lei n° 8.213/91, ou segurados facultativos, quando, não vinculados de maneira obrigatória, almejam filiar-se ao regime, perante recolhimento de contribuições. (BRASIL, 1991).

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3.1.1 Segurados obrigatórios

Segurados obrigatórios são aqueles cuja filiação ao RGPS não depende de suas vontades, pois a lei é que os obriga a se filiarem. (GOES, 2015).

De acordo com o art. 12 da Lei nº 8.212/1991, são segurados obrigatórios da Previdência Social as pessoas físicas classificadas como: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual (empresário, trabalhador autônomo e equiparado a trabalhador autônomo), trabalhador avulso e segurado especial. (BRASIL, 1991).

A partir de 29.11.99, data da publicação da Lei nº 9.876, de 26.11.99, o empresário, o trabalhador autônomo e o equiparado passaram a ser classificados numa única espécie de segurados obrigatórios, com a nomenclatura de contribuintes individuais. (BRASIL, 1999).

O pressuposto básico para alguém ter a condição de segurado do RGPS é o de ser pessoa física. Dessa forma é inconcebível que uma pessoa jurídica seja um segurado da previdência. Outro requisito para ser segurado obrigatório é o exercício de uma atividade laborativa, remunerada e lícita, pois o exercício de atividade com objeto ilícito não encontra amparo na ordem jurídica. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Com relação à questão do exercício de atividade lícita, Alice Monteiro de Barros ensina que:

Outro requisito ou elemento essencial de validade do contrato de trabalho é a licitude do objeto. Exige-se que a prestação de serviços esteja em consonância com a lei, com a ordem pública e com os bons costumes, independente de a atividade empresarial ser lícita ou ilícita. Se o objeto for ilícito, o contrato não produz nenhum efeito, sequer alusivo à retribuição pelos serviços prestados. (BARROS, 2003,

p. 495).

Em relação ao segurado obrigatório, assim ensinam os doutrinadores Castro e Lazzari (2016, p. 133):

O segurado obrigatório sempre exerce ao menos uma atividade remunerada, seja com vínculo empregatício, urbano, rural ou doméstico, seja sob regime jurídico público estatutário (desde que não possua regime próprio de previdência social), seja como trabalhador autônomo ou trabalho a este equiparado, trabalhador avulso, empresário ou segurado especial.

A atividade exercida pode ser de natureza urbana ou rural. Ainda que exerça, nessas condições, suas atividades no exterior, a pessoa será amparada pela Previdência Social, nas hipóteses previstas em lei. Impõe-se lembrar, igualmente, que não importa a nacionalidade da pessoa para a filiação ao RGPS e seu consequente enquadramento como segurado obrigatório, sendo permitido aos estrangeiros com domicílio fixo no Brasil o

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ingresso, desde que o trabalho tenha sido desenvolvido no território nacional ou nas repartições diplomáticas brasileiras no exterior. (CASTRO; LAZZARI, 2016; BRASIL, 1991).

Pode ocorrer, no entanto, que o segurado obrigatório exerça concomitantemente mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS. Nesses casos, Santos (2012, p. 74) faz o seguinte esclarecimento:

O exercício de atividades concomitantes: exercendo o segurado, de forma concomitante, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, está sujeito a filiação obrigatória em cada uma delas, isto é, pagará contribuição previdenciária em todas as atividades, nos termos do Plano de Custeio (§ 2º do art. 11 da Lei n. 8.213/91 e art. 9º, § 13, do Dec. n. 3.048/99). Essa regra também se aplica ao servidor ou militar que venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS (art. 12, § 1º, do PBPS e art. 10, § 2º, do RPS).

É importante salientar que o reconhecimento do indivíduo como segurado do Regime de Previdência Social é uma das condições fundamentais para a obtenção de direitos de tal natureza. O não reconhecimento da qualidade de segurado é um dos motivos frequentes para o indeferimento do benefício na seara administrativa. Porém, devido à existência de relações informais de trabalho, nem sempre é possível ao trabalhador conseguir provar a qualidade de segurado, requisito importante para a concessão do benefício. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

3.1.2 Segurados facultativos

Ao lado do segurado obrigatório, o qual é filiado independentemente de sua vontade, encontramos o segurado facultativo, que desfruta do privilégio constitucional e legal de se filiar ao RGPS. Em relação ao conceito de segurado facultativo, Amado (2013, p. 266) ensina que:

[...] com base no artigo 14 da Lei 8.212/91, o segurado facultativo é a pessoa natural que não trabalha e objetiva uma proteção previdenciária, filiando-se ao RGPS mediante a inscrição formalizada e ulterior pagamento da contribuição previdenciária. Logo, as pessoas que desenvolvam atividade laboral remunerada que gere a filiação como segurados obrigatórios não poderão ser obviamente segurados facultativos.

Assim, segurado facultativo é a pessoa que, não estando em nenhuma situação em que a lei considera como segurado obrigatório, contribui para a Previdência Social, desde que seja maior de 14 anos (segundo o Decreto nº 3.048/99, a partir dos 16 anos somente) e que não esteja vinculado a nenhum outro regime previdenciário, conforme art. 11 e § 2º do mesmo Regulamento. (BRASIL, 1999).

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Sobre a filiação facultativa ao RGPS, Ibrahim assim corrobora:

A regra básica do seguro social é a compulsoriedade de filiação e a conseqüente contribuição. Entretanto, obedecendo ao princípio da universalidade de participação no RGPS, criou‑se figura atípica, cuja filiação ao RGPS decorre exclusivamente de ato de vontade do interessado. [...] A atual configuração, na forma do segurado facultativo, é muito mais ampla, pois permite a filiação voluntária de qualquer pessoa excluída do sistema previdenciário, na maioria das vezes, em virtude da ausência de atividade remunerada. (IBRAHIM, 2010, p. 225).

A Constituição Federal, no texto original do § 1º do art. 201, dispõe que “qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da Previdência Social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários.” (BRASIL, 1988).

Com esse dispositivo, quis o constituinte incorporar ao sistema determinados grupos, que não possuem os requisitos para serem segurados obrigatórios, mas que desejam a proteção previdenciária. Com as alterações operadas pela Emenda Constitucional nº 20/98, entendemos que qualquer pessoa maior de 14 anos de idade pode filiar-se facultativamente ao RGPS (art. 14 da Lei nº 8.212/91), desde que não esteja vinculada, como segurado obrigatório, a nenhum outro regime previdenciário (art. 195, § 4º, da Constituição). (BRASIL, 1988, 1991).

É admitida a filiação na qualidade de segurado facultativo das pessoas físicas que não exerçam atividade remunerada, entre as quais podemos citar algumas: donas de casa, estudantes, aquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdência Social, entre outros, conforme dispõe o Decreto nº 3.048/1999 em seu artigo 11, §1º. (BRASIL, 1999).

3.2 DEPENDENTES

Frisou-se, até o presente momento, que beneficiários de prestações previdenciárias são, em primeiro plano, todos os segurados do RGPS, os obrigatórios (empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado especial) e os facultativos. Em segundo plano, temos outra gama de beneficiários da previdência que são os dependentes do segurado. (AMADO, 2015).

Destaca-se inicialmente sobre o que é preciso para que uma pessoa seja considerada dependente da previdência:

Por óbvio, para que uma pessoa natural seja dependente no RGPS, é preciso que o falecido ou o preso seja segurado da Previdência Social para instituir a pensão por morte ou o auxílio-reclusão respectivamente, salvo na situação excepcional prevista na Súmula 416, do STJ (pensão por morte), que será estudada oportunamente. Isso porque a relação do dependente do segurado com a Previdência Social é derivada da

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relação jurídica entre o segurado e o Regime Geral de Previdência Social, não possuindo autonomia, em um primeiro momento. (AMADO, 2015, p. 308).

De acordo com a o artigo 16 da Lei nº 8.213/1991, os dependentes do segurado, considerados beneficiários do RGPS, dividem-se em três classes conforme demonstra o quadro abaixo:

Quadro 1 – Quadro de Dependentes dos Segurados

Classe Dependentes

Classe I - Preferencial e com presunção de dependência econômica

O cônjuge, a companheira, o campanheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

Classe II - Sem presunção de dependência

econômica Os pais do segurado

Classe III - Sem presunção de dependência econômica

O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

Fonte: BRASIL (1991).

Em Torres (2012), encontra-se o seguinte esclarecimento em relação à proteção previdenciária para os dependentes:

Os ganhos auferidos pelo trabalhador, como é cediço, tanto sustentam a si como também garantem a subsistência de sua família. Daí que a proteção conferida pela Previdência Social não se restringe ao segurado, abrangendo, igualmente, os seus dependentes, notadamente porque o intuito da Previdência Social é assegurar “aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente” (Lei 8.213/91, art. 1º).

Santos (2012, p. 86), faz a seguinte observação sobre a relação jurídica existente entre o INSS e o dependente:

A relação jurídica entre dependentes e INSS só se instaura quando deixa de existir relação jurídica entre este e o segurado, o que ocorre com sua morte ou recolhimento à prisão. Não existe hipótese legal de cobertura previdenciária ao dependente e ao segurado, simultaneamente. A inscrição do dependente se dá por ocasião do requerimento do benefício a que tiver direito (art. 17, § 1º, do PBPS), e mediante a apresentação dos documentos exigidos pelo art. 22 do RPS. Os dependentes do segurado são os enumerados nos incisos I a III do art. 16 da Lei n. 8.213/91.

Salienta-se que os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições, ou seja, o benefício (pensão por morte ou auxílio-reclusão) será dividido em cotas iguais. Com isso, quando o direito de um dependente cessar, a sua cota reverterá em favor daqueles que permanecerem com o direito. E mais, a existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às prestações os da classe seguinte. (CASTRO; LAZZARI, 2016; BRASIL, 1991).

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