• Nenhum resultado encontrado

Uma das principais atividades de kidlink é a possibilidade de promover a aprendizagem colaborativa, utilizando para isso a estrutura da Internet. A idéia de disponibilizar educadores na rede para apoio a crianças que participam de projetos ou que, simplesmente, procuram remediar defeitos da sala de aula, do material didático disponível ou, simplesmente, satisfazer suas curiosidades é uma forma de contribuição para problemas educacionais brasileiros. A inspiração para a inclusão deste serviço no Brasil, conforme a autora veio de duas fontes: uma experimental e outra conceitual. A experiência se originou de

sua observação da lista Educa, em resposta a uma proposta de projeto apresentada pelo então Grupo de Educação à Distância da RNP (Rede Nacional de Pesquisas) em troca de uma ligação gratuita na Internet, da qual participaram estudantes da Escola Normal Azevedo Amaral que se beneficiaram do processo de Educação à Distância.

Desde o ano de 1996, a lista Kidleader-Portuguese funciona com seus próprios recursos e de acordo com Lucena (1997), não necessita de animadores, visto que os candidatos a professores, auxiliados pelos fundadores da lista, dominam a ferramenta e os recursos da Internet.

Lucena (1997), afirma ainda que a experiência mostrou na convocação de voluntários para tradutores e para outras atividades em Kidlink, que a situação mais comum é conseguir a contribuição dos pais que desejam estar envolvidos em uma atividade de aprendizado em companhia dos filhos.

Este é um perfil de colaborador, dentre outros, muito utilizado para a implementação do serviço de Aprendizado à Distância. Conforme a autora são três modalidades do serviço: cursos, seminários e tutoria. Os participantes das listas poderão se inscrever e acompanhar um curso ou seminário oferecido pela Internet ou ainda via correio eletrônico. Os tutores são procurados, da mesma forma os tradutores, para tirar dúvidas dos jovens sobre temas particulares relacionados ou não com o currículo que estão seguindo na escola. Como vimos na teoria defendida por Resselbein (1998), Palloff (2002) e LÉVY (1998), a aprendizagem colaborativa se dá por um agrupamento de várias ações colaborativas. Partindo de um planejamento com objetivos bem definidos e com metas traçadas estrategicamente, utilizando os meios disponíveis na Internet, é possível promover a aprendizagem colaborativa culminando no que Lévy chamou de Inteligência Coletiva.

Uma ação colaborativa demanda um acesso democratizado. Assim, o conceito de Kidlink Houses é uma das características do modelo adotado para o projeto Kidlink no Brasil com o objetivo de democratização do acesso e foi proposto para beneficiar crianças que não tenham acesso a computadores em suas casas ou escolas. Como veremos adiante na pesquisa desenvolvida pelo IBGE, há um número considerável de pessoas nesta situação. Obviamente esta pesquisa é recente e não foi à fonte de inspiração para a ação do Projeto Kidlink, entretanto o problema não é recente. Assim criou-se uma estrutura padrão, um modelo de Kidlink House. A idéia é que este modelo seja copiado por muitas instituições da sociedade que tenham os recursos mínimos necessários para essa implantação. Veremos mais a frente a khouse Jovens do Saber, instalada na Biblioteca Virtual do Centro de Referência do Professor no Ambiente Virtual de Ensino com apoio do Centro Federal de Educação Tecnológica do

Ceará (CEFET-CE), que adotou o modelo profissionalizante do Projeto Kidlink. Por acreditar na contribuição e na importância do Projeto Kkidlink para proporcionar mais um “lócus” educacional em Sergipe é que sugerimos a implantação de uma Khouse em nosso estado.

Havendo os recursos e um comprometimento por parte das instituições interessadas, com o método de trabalho desenvolvido, todo o suporte é dado através da Kidlink House modelo passa a dar apoio a cada nova Kidlink House criada. Uma kidlink House pode ser instalada em:

Escolas e universidades comunitárias com disponibilidade para expandir suas atividades, sindicatos, igrejas, diferentes tipos de ONGs, fábricas etc. Quando o governo (em qualquer nível) decide replicar o modelo, os seguintes recursos podem ser mobilizados: escolas e universidades, bibliotecas públicas, centros de ciência etc. A primeira KHouse, modelo, foi criada nos laboratórios do RDC da PUC-Rio (KHouse/PUC-Rio) e elaborou a metodologia e o material no qual instituições relacionadas a todos os segmentos da sociedade podem se basear para auxiliar com a proliferação deste exemplo de esforço de desenvolvimento da Educação através de uma ação comunitária (LUCENA, 1997, p. 211).

Considerando a problemática educacional brasileira e verificando a vantagem no que se refere ao uso de língua portuguesa proporcionada pelo Projeto Kidlink no Brasil, as Kidlink Houses passaram a proporcionar aos professores e alunos de escolas públicas e à população infantil carente o uso da Internet, conseqüentemente, inovando no âmbito educacional.

Lucena apresenta Kidlink House como sendo um projeto simples e rápido de ser implementado, bastando para isso um espaço físico, uma sala equipada com alguns computadores ligados à Internet e supervisionados por três profissionais (suportes pedagógico, suporte técnico e suporte psicossocial), colocados à disposição de crianças e professores que queiram desprender algum tempo, por conta própria, usando os serviços da Kidlink, independente (ou não) de suas atividades nas escolas.

A autora nos conta que em Arendal, (Noruega) existe uma forma diferente de Kidlink House: trata-se de uma casa de portas abertas à população que funciona como um centro cultural e que oferece também, outras atividades baseadas no uso do computador. Os serviços da Kidlink são usados com a ajuda de um monitor que viabiliza a operacionalidade do sistema. O conceito e a organização de Kidlink House, no Brasil, foram adaptados à nossa realidade e tem como filosofia básica prestar um serviço educacional e social às classes economicamente menos favorecidas, sobretudo, a alunos da rede pública escolar - que encontram dificuldades para conseguir um computador, dado a sua classificação social. Portanto, não possuem condições de acesso a computadores e muito menos, à Internet. Para atender a essa demanda foi criado o projeto Khouse.

A KHouse modelo, organizada na PUC-Rio, começou suas atividades em março de 1996, privilegiando dois grupos de alunos. Um grupo foi formado por filhos de funcionários da Universidade e outro por alunos da Escola Municipal Luís Delfino. A despeito da grande campanha de adesão promovida com os funcionários, a freqüência no início foi pequena. No entanto, à medida que o projeto se desenvolveu, novas crianças passaram a aderir diariamente à experiência.

O processo de aproximação com a escola ocorreu de forma direta. No início foi definido o grupo de alunos e o horário de suas atividades. O grupo foi formado com base na faixa etária que atua Kidlink.

No grupo formado por filhos de funcionários, alguns já tinham tido experiência prévia com computadores. Isto facilitou o entendimento dos objetivos de Kidlink. No grupo originário da escola a situação foi diferente. Muitos alunos nunca tinham visto um computador de perto. Diante dessas diferenças foi preciso definir horários e planos de trabalho diferentes.

O grupo originário da escola começou por uma familiarização com equipamentos e softwares enquanto o outro grupo começou diretamente na Internet. Lucena afirma que com o avanço do projeto ficou claro que as crianças da escola não estavam preparadas para enviar e receber mensagem, pois segundo Lucena (1997), sua comunicação escrita era de muito baixa qualidade. Por este motivo, demandou criar material concreto para facilitar a assimilação dos conceitos e solicitar a participação da escola no sentido da criação de um programa de apoio para os alunos. Isso comprova que a o uso das tecnologias naquele momento estava realmente ligado às condições financeiras mais elevadas. Chamamos a atenção do leitor, no sentido de perceber nesta ação uma contribuição significativa de kidlink para a Educação, do ponto de vista pedagógico.

Para transformar as dificuldades em possibilidades, o trabalho com relação à comunicação escrita continuou e os alunos foram capazes de produzir sua primeira carta redigida colaborativamente. Em função desses resultados, passou-se a dar maior atenção ao uso local de IRC, visto que esta ferramenta proporcionou essa possibilidade. A experiência foi considerada válida apesar das limitações de escrita da maioria dos alunos. Mesmo assim, o grupo aproveitou para ensinar as atitudes corretas a serem usadas na Internet (netiqueta).