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A aprendizagem formal e informal são intervalos ao longo de uma aprendizagem contínua (Cross, 2006:16). Contudo, o debate em volta de noções como aprendizagem formal, não formal e informal subsiste. O que realmente importa é que qualquer uma delas proporcione uma experiência educacional rica e de igual importância.

A aprendizagem formal é descrita pela European Commission (2001), como uma aprendizagem assegurada usualmente por um ensino ou instituição de formação, organizada quer em termos de objetivos e de tempo de aprendizagem, ou mesmo, como uma aprendizagem de suporte que encaminha a aprendizagem à obtenção de uma certificação. Já do ponto de vista do aluno é uma aprendizagem que decorre de forma intencional. A este respeito, Conner (2006) acrescenta ainda que, o sistema de ensino é hierarquicamente estruturado, desde a escolar primária à universidade, com programas edificados como um negócio de formação técnica e profissional.

A aprendizagem informal é resultante de ações do quotidiano diretamente relacionadas com a família, o trabalho ou mesmo o lazer. Contrariamente à aprendizagem formal, esta não é estruturada em termos de objetivos e de tempo e não conduz a uma certificação. Pode ocorrer de forma intencional, no entanto, na grande maioria dos casos ocorre de forma “acidental”, isto é, não intencional (European Commission, 200). Ou seja, a aprendizagem informal decorre ao longo da vida, o que permite aos sujeitos adquirirem atitudes, valores, competências e saberes, derivados da sua experiência diária, do seu ambiente (Conner, 2006) Por último, a aprendizagem não-formal não recorre a uma instituição de formação, nem encaminha o sujeito a uma certificação, no entanto encontra-se estruturada quer nos objetivos, quer no tempo de aprendizagem ou na aprendizagem de apoio, e o aluno perspetiva-a como intencional (European Commission, 2001). Ou seja, como alude Conner (2006), a aprendizagem não-formal é qualquer atividade disposta fora do sistema formal estabelecido pela escola, no entanto, destinado à prossecução de objetivos de aprendizagens identificáveis.

Por conseguinte, relembra Pinto (2005:4), que “a educação não formal é fundamentalmente uma aprendizagem social, que ocorre de forma voluntária e sem hierarquias, concentrada no aluno e com ação exterior ao sistema de ensino formal, complementando-o”.

Torna-se valiosa a aprendizagem não formal, na medida em que é uma aprendizagem que contempla a diferença, voltada para a socialização e respeito entre pares, para a fundamentação de regras éticas e com condutas aceites socialmente (Ghon, 2006). Sumariamente, auxilia o desenvolvimento de valores e competências necessárias ao exercício de uma cidadania responsável (Costa, 2010).

As aprendizagens não ocorrem apenas em ambientes escolares, ou seja de uma maneira formal, onde são premiados e privilegiados os que possuem boa memoria e avaliações aceitáveis (Cross, 2006), decorrem também de processos que não são estruturados. Por seu lado, Conner (2006) descreve que a aprendizagem informal é o termo utilizado para descrever o que decorre em ambientes extra escolares que acontece para além do currículo oficial e que pode ocorrer numa viagem, numa conversa com um vizinho ou ao ler uma revista (Cross, 2006). Desta forma, Conner em 2006, descreve que para distinguir entre o conceito de formal e informal deve-se investigar a aprendizagem que ocorre de forma intencional ou acidental instituindo assim, novos conceitos:

Intentional learning is the process whereby an individual aims to learn something and goes about achieving that objective. Accidental learning happens when in everyday activities an individual learns something that he or she had not intended or expected.(Conner, 2006:n.p., bold no original)

A autora faz referência a alguns exemplos como os que constam na seguinte figura:

Figura 1 - Aprendizagem formal e informal (Conner, 2006:n.p.)

Quando fazemos referência a uma aprendizagem formal que ocorre de forma intencional podemos estar perante uma aula, uma reunião ou mesmo de elearning. Tratando- se de uma aprendizagem formal e inesperada deparamo-nos com um estudo autónomo, com uma navegação na Internet. Se a aprendizagem for informal e intencional, resultam os

exemplos de leitura, de treino e de consultoria; se for formal mas acidental pode decorrer numa comunidade, numa exploração ou mesmo numa brincadeira.

Cross (2006) propôs um modelo designado 80:20, que significa que cerca de 80% da aprendizagem dentro das organizações se considera informal e cerca de 20% formal.

Um modelo semelhante ao de Cross emergiu do trabalho de outros investigadores como Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo nos anos 90. No livro publicado em 1996, Eichinger e Lombardo (citado por Jennings & Wargnier, 2011:14) referem o que consideram básico para esse modelo e que está esquematizado na figura 2, abaixo representada.

Figura 2 - Modelo 70:20:10 (Jennings & Wargnier, 2011:15)

Como nos indica a figura, a aprendizagem não é mais uma atividade vislumbrada como um ato isolado, mas sim intercalada com as experiências sociais e pessoais que cada um realiza, para além de um curso ou de um currículo e o conhecimento ocorre em fluxos como referem Hagel III, Brown e Davidson (2009):

To succeed now, companies (and individuals) have to continually refresh what they know by participating in relevant “flows” of new knowledge. Tapping into and harnessing the flows of knowledge, especially flows generated by the creation of new knowledge, increasingly defines one’s competitive edge, personally and professionally. This capability is partly enabled by new technological advancements that allow people to connect virtually.(Hagel III, Brown & Davidson, 2009:46)

As tecnologias podem assim beneficiar os espaços de aprendizagem que se traduzem por uma aprendizagem contínua, ao longo da vida, e efetivadas com prática de interação e colaboração contínuas entre os pares, discutidas e enquadradas de uma forma ativa e

Na era da sociedade do conhecimento valorizam-se as aprendizagens não-formais e informais, pois são percebidas e elevadas as suas potencialidades, num acervo de aprendizagens ao longo da vida (Antunes, 2011).

Silva (1999) nos seus estudos reconhece que, do mesmo modo que o currículo oculto faz parte no ensino formal, também é encontrado em ambientes de educação informal, como é o caso das comunidades virtuais. Tal sucede uma vez que são suplantados os objetivos manifestos e planificados da aprendizagem e contribuem deste modo para aprendizagens sociais (ações, condutas, valores, entre outros).