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O nosso estudo focalizou-se principalmente na recolha de informação e conceitos, tanto a nível teórico como empírico, de forma a compreender se o ensino da Matemática, em especial a temática de resolução de problemas, se consegue aliar às redes sociais, pois consideramos que estas se tornaram uma abordagem pertinente na atualidade.

Com este trabalho percebemos que muito ainda há a revelar relativamente à introdução das redes sociais no ensino, em especial no Ensino Superior, onde decorreu este nosso ensaio.

É do nosso entender que, a educação necessita de um impulso para ir ao encontro dos aprendentes e dos seus interesses. Sabemos que os jovens são adeptos das redes sociais, pois permite-lhes estar em contato com o mundo que os envolve, onde recolhem a informação que consideram necessária para o seu quotidiano (Miranda et al., 2011). Nestas, sentem-se envolvidos num ambiente que lhes é familiar e particular, partilham imagens, vídeos, conteúdos dos quais muitas vezes são autores. Por conseguinte, os professores necessitam “construir ambientes desafiadores, em que a tecnologia ajude a promover o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da sistematização do conhecimento, do desenvolvimento da colaboração, da cooperação e auto-estima” (Coutinho, 2009:4), ou seja, compete ao professor a conceção de condições necessárias para desafiar os alunos e diversificar os momentos de aprendizagem. Esta ocorre do debate, da interação e da partilha de ideias. Quanto mais interessante for a temática maior o envolvimento existente por parte dos intervenientes no processo ensino-aprendizagem.

Vamos em seguida começar por relacionar as questões de investigação propostas inicialmente e os resultados obtidos, onde mencionaremos as implicações e contributos desta investigação.

Serão no entanto conclusões relativamente breves, uma vez que ao longo do nosso discurso, com especial incidência no capítulo antecedente, as ilações/reflexões ocorreram do cruzamento dos resultados obtidos das diferentes análises aos dados (entrevistas individuais, comunicação assíncrona (interações) originadas no processo de resolução de um problema matemático e avaliações finais).

Ao longo do estudo procuramos dar respostas, explicitar e expandir o conhecimento de forma a obter respostas para a questão de investigação. Cumpre-se então o momento de

refletir sobre a execução dos objetivos a que nos propusemos, bem como os resultados alcançados.

A literatura revista e a análise aos dados obtidos, permitiu-nos depreender que as redes sociais são meios importantes de fluxos de informação, onde impera a confiança e o respeito pelos demais atores participantes, proporcionando uma partilha de informação e de conhecimento mais confiáveis.

Sabemos que a Educação acompanha a evolução dos tempos e é nesta ideia que nos apoiamos para afirmar que não podemos ignorar a presença das redes sociais como potenciadora de métodos educativos que se baseiem no diálogo, na partilha, na colaboração e na construção coletiva de conhecimento. Como já afirmava Dias de Figueiredo em 2002, não podemos adiar continuamente a evolução das redes sociais, que valorizam “a comunidade e a interação, o contexto, os processos orgânicos, a geometria variável, a complexidade, o fluxo, a mudança” (Figueiredo, 2002:2).

Registamos com a investigação que, o Facebook, além de se encontrar presente no quotidiano dos alunos do Ensino Superior de forma bastante enraizada, corroborando as ideiais de Miranda et al. (2011), adquiriu na nossa investigação um cariz de apoio contínuo à resolução de problemas, de esclarecimento de dúvidas, bem como, incrementou a interação e integração entre colegas, possibilitando o desenvolvimento pessoal de cada participante, que a nosso ver são manifestações de um espaço de pertença, onde os alunos se sentiram acolhidos e desinibidos para comungar o conhecimento.

Este espaço de pertença é um constituinte importante, que não devemos negligenciar das redes sociais virtuais, as comunidades. Da nossa revisão literária sobre esta temática verificamos que as comunidades de aprendizagem são constituídas por atores que constroem significados, partilham informações, edificam o conhecimento e se revêm nelas.

O nosso grupo Macs.ESocial foi constituindo-se, gradualmente, num espaço com caraterísticas às anteriormente descritas, o que nos incita a afirmar que nos encontramos perante uma comunidade de aprendizagem. Salientamos que o grupo foi percebido como um espaço de partilha, integração, desenvolvimento pessoal, comunicação, colaboração, com vínculo à aprendizagem e sem relações hierárquicas estabelecidas, ambiente este vantajoso para ocorrer aprendizagem.

• Por uma ativa interação quer a nível pessoal dos integrantes, quer da comunicação estabelecida, quer pelas temáticas abordadas;

• Pela partilha rica de comentários mais de estudantes para estudantes, do que de estudantes para professora;

• Pelo conhecimento edificado na partilha de comentários, pelas questões colocadas e mesmo pela aprovação de ideias, tendo a intenção clara de alcançar os objetivos propostos, neste caso, a resolução de problemas matemáticos propostos;

• Pela disponibilidade demonstrada por todos os integrantes em ajudar o outro na construção do conhecimento.

Estes são para nós indicadores claros de que estamos perante uma comunidade virtual de aprendizagem e uma vez que os alunos se sentem motivados e estimulados a participar em comunidades como a descrita, que se incentiva à autonomia e à colaboração, a nosso ver, afigura-se pertinente estudos como o realizado, pois além de possibilitar a conexão ao mundo real, permite também a promoção de proficiências matemáticas.

A inclusão das redes sociais na edificação e dinamização da aprendizagem de Matemática, exterior ao ambiente da sala de aula acarreta, na nossa perspetiva, capacidades de trabalho e estudo efetivo, uma vez que o ambiente gerado no Facebook além de reforçar aprendizagens que decorreram da sala de aula, fomentou e aguçou a curiosidade pela resolução de problemas, como pudemos constatar não só pela análise qualitativa que efetuamos, como pela análise quantitativa efetuada às notas finais obtidas nas duas frequências realizadas.

Registou-se nos alunos uma mudança notória de postura ao sentirem-se implicados com o projeto e face à temática de resolução de problemas matemáticos. Consideramos que melhoraram a relação com a disciplina de Matemática, mais concretamente com a unidade curricular em causa, pois participaram ativamente e tornaram o processo dinâmico ao envolverem-se com diversos momentos, para a resolução de uma multiplicidade de problemas.

As dificuldades sentidas foram suplantadas com o diálogo e a partilha de ideias estabelecida entre a professora e os alunos, visando deste modo a aprendizagem e

desenvolvimento de todos. Por conseguinte, à docente competiu o papel de regulador das atividades decorrentes no grupo, clarificando dúvidas, fornecendo sugestões, apresentando tarefas, permitindo um ambiente propício à construção de competências e ao incremento de aprendizagens.

Tal como manifesta Salmon (2000), com a qual concordamos, a função fundamental do professor/mediador vai no sentido de promover a construção de significados e fomentar a conetividade entre os participantes. Por conseguinte, a posição do professor face a contextos virtuais norteia-se por facilitar o discurso e deste modo a aprendizagem, por proporcionar um ambiente onde todos se sintam engajados e seguros para participarem sem restrições e deste modo contribuírem para a inteligência coletiva, como refere Lévy (1999a).

Na nossa perspetiva, a prática de resolução de problemas matemáticos através do Facebook, proporcionou ao aluno uma nova metodologia de aprendizagem e permitiu o desenvolvimento da criatividade, a aptidão de comunicação escrita, o espírito crítico perante um resultado obtido, a aquisição de conceitos matemáticos, uma aprendizagem matemática informal e possibilitou superar expetativas negativas que os alunos universitários manifestam perante a Matemática. Possibilitou igualmente a edificação de um espaço onde os alunos construíram o conhecimento de um modo democrático e equitativo.

Torna-se assim imperativo que as instituições de ensino apreendam de que modo as redes sociais conseguem mover-se com metodologias auxiliares de ensino que proporcionem a aprendizagem.

No concernente à aprendizagem colaborativa, registaram-se evidências da mesma entre os distintos atores da comunidade, resultantes da análise das entrevistas e dos registos escritos presentes no grupo, no decorrer da investigação. A aprendizagem colaborativa resultou, não só da partilha de ideias, de estratégias ou mesmo do esclarecimento de dúvidas, mas sobretudo no trabalho em torno de um objetivo comum (compromisso mútuo) e no vínculo à aprendizagem, em que os alunos compreendem que aprendem com os outros e assumem responsabilidades que se traduz numa prática educacional mais enriquecida (Garrison & Anderson, 2003).

Os requisitos que o processo de Bolonha propõe através da constituição do seu sistema em ECTS, para um estudo de âmbito mais autónomo poderá ser um estímulo para concordar com uma aprendizagem em rede, que está ainda muito aquém da realidade do Ensino Superior.

Sabemos que os resultados da pesquisa não podem ser universalizados, no entanto as evidências reconhecidas, no decorrer da investigação, manifestam que é exequível considerar- se o uso de redes sociais virtuais de forma a incentivar e contribuir para que os alunos do Ensino Superior, perspetivem a matemática como apelativa, interessante e perante a qual, a resolução de problemas matemáticos é uma ferramenta útil para os problemas que ocorrem no quotidiano.

Desta nossa pesquisa resultou a convicção profunda de que as redes sociais, com as suas caraterísticas tão peculiares são o verdadeiro salvo-conduto para que fluxos de informação e conhecimento se difundam e contribuam para processos de inovação. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se, ainda, que os alunos adquiriram recursos ao realizarem esta experiência, que se reveste de acrescido interesse no processo de ensino/aprendizagem de Matemática.

Compete-nos também referir que, no concernente ao ganhos pessoais que este estudo produziu se traduzem numa prática de enorme riqueza e de grande significado no domínio da aprendizagem adquirida e do qual o ganho é difícil compilar ou quantificar.

Terminamos assim com uma frase que sentimos repercutida em muitos dos participantes no estudo, e que nos deu e dá alento para continuar a pesquisar o impacto das redes sociais nas aprendizagens: “Nunca me senti a participar só por participar. Senti mesmo que me estava a ajudar” (A1).