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O presente estudo compreende uma investigação com abordagem qualitativa, cujo objeto e objetivos propostos englobam as informações resultantes da análise de conteúdo das entrevistas realizadas com colaboradoras, as quais trouxeram os relatos de suas lembranças da experiência vivenciada durante o tempo de realização do Curso – Período de Transição, – e, a partir do término do Curso.

Os resultados da pesquisa foram organizados de modo a manter uma apresentação coerente com o entendimento do estudo, contemplando os pressupostos da Teoria de Transição de Afaf Meleis.

Os resultados obtidos na pesquisa são apresentados e discutidos neste capítulo e englobam, inicialmente, a caracterização das colaboradoras, e, as três categorias e suas subcategorias. Assim, a primeira categoria faz referência ao período que antecede o evento transicional e discute os motivos que levaram as colaboradoras a realizarem o Curso. A segunda apresenta as condições favoráveis, desfavoráveis e a consciência da experiência transicional, ou seja, a realização do Curso propriamente dita, e a terceira enfatiza as mudanças ocorridas na vida pessoal e profissional das colaboradoras após a passagem do evento transicional.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS COLABORADORAS DA PESQUISA

As colaboradoras desta pesquisa foram enfermeiras egressas do CESER/UFBA do período 1996 a 2009. A caracterização desses colaboradores foi-me permitida pelo levantamento das informações sóciodemográficas e pessoais, visando o alcance de um dos objetivos propostos neste estudo (APÊNDICE G).

Dessa maneira, das quarenta colaboradoras que relataram sua história oral de vida, houve predominância do sexo feminino. Esse resultado demonstra, mais uma vez, o caráter essencialmente feminino da enfermagem. A feminização que se mantém ao longo dos tempos é uma característica histórica da profissão e compõe a imagem dessa categoria profissional.

Posso apontar resultados semelhantes em outras pesquisas, em que os sujeitos foram egressos de cursos de Pós-Graduação em enfermagem, como as de Andrade, Padilha e Kimura (1998); Barros e Michel (2000); Almeida et al. (2004), Silva, Esteves e Rocha (2004); Barros et al. (2005) e Formiga et al. (2005), que obtiveram, também, nos resultados das suas pesquisas, a predominância do sexo feminino.

Em relação à idade, identifiquei que a maior parte das colaboradoras do estudo encontrava-se entre 31 a 39 anos. Registro que resultado similar foi encontrado na pesquisa de Andrade, Padilha e Kimura (1998), na qual a maioria dos encontrava-se na faixa dos 30 anos.

Quanto ao estado civil, houve predominância de colaboradoras casadas. Essa informação, possivelmente, pode estar relacionada com o maior número de pessoas que já alcançaram certa estabilidade profissional, estando em idade, em que é comum as pessoas já terem estabelecido laços conjugais.

No tocante ao local de residência, identifiquei que a maior parte das egressas reside em Salvador e que apenas uma deles mora no interior do Estado da Bahia. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de a cidade do Salvador constituir-se no principal pólo da rede de serviços nas áreas especializadas de atenção à saúde e, consequentemente, tornar-se mercado de trabalho que oferece maiores oportunidades às enfermeiras especialistas.

No que se refere ao ano em que as egressas graduaram-se, para melhor entendimento considerei 04 períodos, conforme se segue: cinco delas graduaram-se entre 1993 a 1995; seis de 1996 a 1999; dezoito de 2000 a 2005, e onze de 2006 a 2008. Quanto ao tempo de graduação, compreendeu: onze egressas com 03 a 05 anos de formadas; treze, com 06 a 10anos; doze, com 11 a 15 anos e quatro, com 16 a 18 anos. Diante disso, posso afirmar que houve colaboradoras para a pesquisa com diferentes intervalos de tempo de graduação, o que tornou seus relatos bastante representativos.

Ao identificar as IES do Curso de Graduação das egressas, a EEUFBA predominou, com cerca de vinte e oito alunos. Essa informação mostra que as egressas deram continuidade à sua formação profissional na mesma Instituição da formação inicial, denotando valorização e reconhecimento ao Curso e à Instituição. Houve seis alunas oriundas da Universidade Católica do Salvador (UCSAL) e seis da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o que pode refletir a ausência dessa modalidade de formação, em outras cidades do Estado, levando ao deslocamento dessas alunas para a capital, a fim de continuarem a investir na sua formação profissional.

Referente ao período em que as colaboradoras realizaram o CESER, oito egressas o frequentaram no período compreendido entre 1995 a 1999; dezenove, entre 2000 a 2005; e treze entre 2006 a 2009. Tais resultados possibilitam afirmar que houve colaboradoras que vivenciaram o curso em diferentes períodos, o que, em certa medida conduziu ao enriquecimento da pesquisa.

Quanto ao intervalo de tempo entre a Graduação e a realização do CESER, entre as colaboradoras, este variou entre menos de um ano a seis anos. A maior parte das

colaboradoras concluiu o Curso de Graduação e ingressou imediatamente no CESER, como exemplifica a fala das Col.12 e Col.10:

Eu me formei em março de 2003 e em abril eu comecei a residência [...].

Eu me graduei em Enfermagem no ano de 2000 e dois meses depois fui selecionada para iniciar a Especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico na modalidade de Residência [...].

Desse modo, posso inferir que o intervalo de tempo reduzido entre a graduação e o CESER deve-se a um dos critérios para a realização do Curso, que é a comprovação da disponibilidade da candidata para desenvolvê-lo em tempo integral. Esse critério pode ter limitado o acesso de profissionais com maior tempo de formado, provavelmente já inseridos no mercado de trabalho e com indisponibilidade para atender a esse requisito, conforme demonstrado pelo recorte da fala da Col.23, que declinou do emprego para realizar o Curso:

[...] Tive que sair do trabalho porque não tinha como conciliar o trabalho com a residência [...].

No que se refere ao vínculo empregatício, em organizações de saúde, antes do Curso, 16 egressas não possuíam vínculo; 24 mantinham vínculo, sendo 16 deles em organização privada, 07 em organização pública e 01 integrava o Programa de Trainee em organização privada. Dessa maneira, a quantidade das egressas que não possuíam vínculo no período anterior ao CESER era semelhante àquela dos que eram vinculados à organizações privadas.

Quanto às funções exercidas antes do Curso, a maioria das enfermeiras exercia a função assistencial. Duas delas ainda exerciam suas funções como técnicas de enfermagem em organizações públicas, categoria que ingressaram por concurso público, impossibilitando o enquadramento na categoria enfermeira. Uma exercia a docência em curso para técnico de enfermagem e outra acumulava as funções docente e assistencial, enquanto dezesseis egressas não haviam exercido nenhuma função como enfermeira, antes do CESER.

Em relação às funções exercidas no momento da entrevista, a maioria das enfermeiras estava em função assistencial; cinco enfermeiras na função gerencial; três acumulavam tanto a assistencial quanto a docência; duas atuavam apenas na docência; duas exerciam função técnica na Administração Pública, em nível central de saúde e uma acumulava as funções assistencial e gerencial. Esses resultados vão ao encontro de um dos objetivos do Curso de

Especialização, que consiste em preparar a profissional de forma segura e qualificada para a assistência e gerência em determinada especialidade.

Ressalto que a enfermeira ao se tornar especialista depara-se com um leque de possibilidades para exercer as diversas funções profissionais, próprias do exercício da enfermagem, a exemplo da assistência, da docência, da gerência, bem como a de pesquisa.

Finalmente, considerei oportuno e interessante apresentar, de forma sucinta, as características dessas colaboradoras, aos quais estivemos nos referindo até então, de modo a individualizá-las no estudo, conforme explicitado a seguir: