3.1. 1ª Fase: revisão integrativa da literatura científica: indicadores de gestão do capital humano de enfermagem
A questão norteadora definida para este estudo foi: “Quais as evidências na literatura científica, sobre a utilização no Brasil, de indicadores de gestão do capital humano de enfermagem?”. Foram percorridas as seguintes etapas na operacionalização da revisão integrativa da literatura científica: identificação do tema, busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos, interpretação e síntese do conhecimento evidenciado nas produções analisadas.
Com a utilização dos descritores de assunto e de suas associações por meio dos operadores booleanos, nenhuma produção científica foi evidenciada na busca realizada na MEDLINE. Em razão do número de produções evidenciadas na base de dados CINAHL (4431), realizou-se novo refinamento aplicando os limites área geográfica: América Latina e área de conhecimento - administração em enfermagem, o que resultou na seleção de quatro produções. A Figura 7 apresenta o fluxograma com a estratégia de busca e seleção das produções que compuseram a amostra.
Figura 7. Fluxograma de busca e seleção das produções científicas. Niterói, 2013
Fonte: Construído com dados do autor, 2013
Optou-se por trabalhar apenas com publicações disponíveis “online” com textos completos e produzidos no Brasil, visto as peculiaridades da profissão em nosso país e as políticas públicas de gerenciamento de recursos humanos em saúde, determinadas pelo panorama político, socioeconômico e cultural. Inicialmente pesquisou-se cada descritor individualmente nas bases de dados LILACS, BDENF e SciELO, conforme quadro 1:
Quadro 1. Distribuição quantitativa da bibliografia localizada nas bases de dados LILACS, BDENF e SciELO por descritor. Niterói, 2012
DESCRITORES LILACS BDENF SciELO
1. Gestão em Saúde 541 115 -107
2. Recursos humanos em saúde 2318 115 -82
3. Recursos humanos de enfermagem no hospital 289 210 -40 Fonte: Criado pelos autores. Niterói 2013.
Em seguida, devido ao quantitativo encontrado e com o intuito de aproximar o levantamento bibliográfico com os objetivos da pesquisa, realizou-se
refino com a associação dos três descritores nas bases de dados LILACS, BDENF e SciELO, conforme quadro2:
Quadro 2. Distribuição quantitativa da bibliografia localizada nas bases de dados LILACS, BDENF e SciELO, com a associação dos três descritores. Niterói, 2012
DESCRITORES LILACS BDENF SciELO
1 AND 2 AND 3 0 0 0
1 OR 2 OR 3 3126 352 222
1 AND 2 OR 3 305 210 47
1 OR 2 AND 3 0 0 0
Fonte: Criado pelos autores. Niterói, 2013.
Após concluída a busca, observou-se que a associação de descritores que apresentou melhor refino foi: Gestão em Saúde “and” Recursos humanos em saúde “or” Recursos humanos de enfermagem no hospital, tendo sido esta a escolha para dar andamento a pesquisa.
Realizou-se então a pré-leitura dos artigos, a partir dos resumos, para melhor verificar o conteúdo das obras e promover uma nova s eleção objetivando selecionar o material para realização de sua leitura. A pré-leitura “é uma leitura rápida do material bibliográfico, com vistas a verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa”39
. Procedeu-se a leitura de todos os resumos de artigos encontrados nos bancos de dados pesquisados: LILACS (305), BDENF (210), SciELO (47) e CINAHL (04), perfazendo o total de 566 publicações. Esse procedimento foi efetuado com intuito de selecionar as bibliografias que melhor atendessem aos objetivos, portanto realizou-se uma leitura seletiva, que faz a triagem das informações de interesse, após a localização das mesmas. Esta seleção deve ser realizada tendo em vista as proposições de trabalho, ou seja, o problema, as hipóteses, os objetivos etc39.
Assim, após a seleção das produções bibliográficas consideradas relevantes e exclusão de estudos evidenciados em duplicidade nas diferentes bases de dados, obtiveram-se 46 produções científicas consideradas como bibliografia potencial para realização do estudo, conforme apresentado no Quadro 3:
Quadro 3. Estudos incluídos na revisão integrativa da literatura sobre indicadores de gestão do capital humano de enfermagem. Niterói, 2013
ESTUDO TÍTULO AUTOR ORIGEM ANO FONTE
E1
Dimensionamento informatizado de profissionais de enfermagem: inovação tecnológica41. Gaidzinski et al SP 2009 Rev. esc. enferm. USP E2
Dimensionamento do pessoal de enfermagem das unidades de internação do Hospital São Paulo42.
Matsushita
et al SP 2005
Acta paul. Enferm.
E3 Dimensionamento de pessoal de enfermagem
em um hospital de ensino43. Fakih et al SP 2006
Rev. bras. Enferm.
E4
Utilização de sistema classificação de pacientes e métodos de dimensionamento de pessoal de enfermagem44.
Vigna et
Perroca SP 2007
Arq. ciênc. saúde
E5 Dimensionamento de pessoal de enfermagem em um hospital universitário45.
Nicola et
Anselmi SP 2005
Rev. bras. Enferm.
E6 Dimensionamento da equipe de enfermagem da UTI-adulto de um hospital ensino46.
Inoue et
Matsuda PR 2009
Rev. Eletr. Enferm.
E7 Dimensionamento de pessoal de enfermagem em um hospital universitário47. Antunes et Costa MG 2003 Rev. Lat.Am.Enfe rm E8
Carga de trabalho de enfermagem para quantificar proporção profissional de
enfermagem/paciente em UTI cardiológica48.
Ducci et al SP 2008
Rev. esc. enferm.
USP E9
Fatores associados à carga de trabalho de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva49. Gonçalves et al SP 2007 Rev. esc. enferm. USP E10 Número de horas de cuidados de enfermagem
em unidade de terapia intensiva de adultos50.
Tranquitelli et Ciampone SP 2007 Rev. esc. enferm. USP E11
Nursing Activities Score (NAS) como instrumento para medir carga de trabalho de enf. em UTI adulto51.
Conishi et
Gaidzinski SP 2007
Rev. esc. enferm.
USP, E12 Carga de trabalho de enfermeiros: uma
análise do Nursing Activities Score (NAS)52. Esteves RJ 2009
Dissertação UERJ
E13
A rotatividade e as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem: um enfoque da ergonomia53.
Souza SC 2003 Dissertação UFSC
E14 Rotatividade da equipe de enfermagem: estudo em hospital-escola54. Nomura et Gaidzinski SP 2005 Rev. Lat.Am.Enfe rm. E15
Tempo de permanência de enfermeiros em um hospital-escola e valores monetários despendidos nos processos de admissão, desligamento e provimento de novo profissional55. Holanda et Cunha SP 2005 Rev. Lat.Am.Enfe rm
E16 Absenteísmo de trabalhadores de
enfermagem em um hospital universitário56.
Silva et Marziale, SP 2000 Rev. Lat.Am.Enfe rm Continua...
...continuação
ESTUDO TÍTULO AUTOR ORIGEM ANO FONTE
E17 O absenteísmo entre trabalhadores de enfermagem no contexto hospitalar57.
Magalhães et al RJ 2011 Rev. enferm. UERJ E18
Taxa de absenteísmo da equipe de enfermagem como indicador de gestão de pessoas58. Sancinetti et al SP 2011 Rev. E. Enferm. USP E19
Absenteísmo: doença na equipe de enfermagem: relação com a taxa de ocupação59. Sancinetti et al SP 2009 Rev. E. Enferm. USP E20
Absenteísmo relacionado à doenças entre membros da equipe de enfermagem de um hospital escola60.
Costa et al MG 2009 Rev. bras. enferm;
E21 Ausência dos trabalhadores de enfermagem em um hospital escola61. Laus et Anselmi, SP 2008 Rev. E. Enferm. USP E22
Ausências previstas e não previstas da equipe de enfermagem das unidades de internação do HU-USP62. Fugulin et al SP 2003 Rev. E. Enferm. USP E23
Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrências com trabalhadores de um hospital de ensino63. Barboza et Soler SP 2003 Rev. Lat.Am.Enfe rm E24
Acidentes ocupacionais com material biológico e equipe de enfermagem de um hospital- escola64. Gomes et al SP 2009 Rev. enferm. UERJ. E25
Acidentes de trabalho, riscos ocupacionais e absenteísmo entre trabalhadores de enfermagem hospitalar65. Giomo et al SP 2009 Rev. enferm. UERJ E26
Acidentes de trabalho em ambiente hospitalar e riscos ocupacionais para os profissionais de enfermagem66. Sêcco et al PR 2002 Semina cienc. biol. saude E27
Qualidade no desempenho de técnicas dos trabalhadores de enfermagem de nível médio67. Peduzzi et al SP 2006 Rev. saúde pública E28
Reelaboração do treinamento admissional de enfermeiros de Unidade de Terapia
Intensiva68. Bucchi et Mira SP 2010 Rev. E. Enferm. USP E29 Burnout e estresse em enfermeiros de um
hospital universitário de alta complexidade69. Lorenz et al SP 2010
Rev. Lat.Am.Enfe
rm E30
Qualidade de vida associada a saúde e condições de trabalho entre profissionais de enfermagem70.
Silva et al SP 2010 Rev. Saúde pública
E31 Escala Bianchi de Stress71. Bianchi SP 2009
Rev. E. Enferm. USP E32 Enfermeiro hospitalar e o stress72. Bianchi SP 2000
Rev. E. Enferm. USP Continua...
...continuação
ESTUDO TÍTULO AUTOR ORIGEM ANO FONTE
E33
Desenvolvimento e validação de versão reduzida do instrumento para avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho de enfermeiros em hospitais73. Kimura, Miako; Carandina SP 2009 Rev. E. Enferm. USP
E34 A saúde do trabalhador de enfermagem sob a ótica da gerência74. Rocha e Felli MG e SP 2004 Rev. Bras. Enferm. E35
Satisfação no trabalho: indicador de qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem75. Siqueira et Kurcgant SP 2012 Rev. E. Enferm. USP E36
Fatores de insatisfação no trabalho segundo a percepção de enfermeiros de um hospital universitário76. Jeong, et Paulina SP 2010 Rev. Gaúcha Enferm. E37
Gerenciamento do pessoal de enfermagem com estabilidade no emprego: percepção de enfermeiros77. Guimarães et al RS 2011 Rev. Bras. enf E38
Significados das hierarquias no trabalho em hospitais públicos brasileiros a partir de estudos empíricos78. Vaghetti et al RS e SC 2011 Acta Paul. enf E39
Liderança Coaching: um modelo de referência para o exercício do enfermeiro-líder no contexto hospitalar79.
Cardoso et
al SP 2011
Rev. Esc. Enferm.
E40 As percepções dos enfermeiros acerca da liderança80.
Amestoy et
al RS e SC 2009
Rev. gaúch. enferm
E41 Diagnóstico situacional de um processo de avaliação de desempenho profissional81.
Gonçalves
et Leite SP 2004
Rev. bras. enferm
E42
Percepção da equipe de enf. de um hospital universitário acerca da avaliação de desempenho profissional82.
Lima et al SP 2007 Rev. gaúch. enferm
E43 Opinião da equipe de enfermagem sobre o processo de avalição de desempenho83.
Brahm et
Magalhães SP e RS 2007
Acta paul. enferm
E44
Levantamento dos tipos de repercussões resultantes da avaliação de desempenho em enf. Hospitalar84. Balbueno et Nozawa SP 2004 Rev. Lat. Am.Enferm E45
Gestão dos processos de trabalho e
humanização em saúde: reflexões a partir da ergologia85.
Hennington RJ 2008 Rev. Saúde Pública
E46 A humanização do trabalho para os profissionais86.
Amestoy et
al RS 2006
Acta paul.enferm Fonte: Dados dos autores, Niterói 2013.
3.1.1. Resultados
As 46 produções científicas evidenciadas no levantamento bibliográfico foram analisadas e agrupadas por similaridade de conteúdo, dando origem a 11 categorias, que com base nos temas evidenciados, foram distribuídas em dois grupos:
Grupo 01- Indicadores de gestão do capital humano de enfermagem