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A partir das leituras obtidas por meio de leituras mensais, torna-se possível a elaboração de gráficos que relacionam, em função da profundidade de instalação do torpedo e do eixo escolhido:

 Os desvios laterais experimentados pelo tubo;

 A evolução dos deslocamentos horizontais sofridos pelo tubo, ao longo de um período considerado;

 Os deslocamentos horizontais sofridos pelo tubo segundo ambos os eixos de análise, simultaneamente, em um dado período de tempo.

6.4.1. Análise Estatística de Validação de Dados

Foram adotados procedimentos estatísticos a fim de se avaliar a representatividade e a dispersão dos dados, que podem ser afetadas por diversos fatores, tais como imperfeições no tubo-guia, mau posicionamento da sonda, problemas de calibragem, presença de fragmentos, grânulos ou pedras no interior das ranhuras do tubo-guia, tubos desalinhados ou separados na junção entre eles ou, ainda, a passagem da “roda” do torpedo em alguma saliência porventura existente na junção entre tubos.

6.4.2. Média das Somas das Leituras

A média da soma das leituras, efetuadas à mesma profundidade segundo os eixos 0º e 180º, é calculada pela relação:

n ΣX

X  i (6.4)

sendo X a média das somas das leituras, Xi a leitura obtida para cada profundidade observada e n é o número de leituras efetuadas para cada furo de inclinômetro.

A condição ideal requer uma soma das leituras igual à zero, mas este critério, embora recomendável na avaliação da homogeneidade dos dados coletados, é insuficiente por si só para uma validação completa dos resultados ou das análises de eventuais erros durante a operação dos inclinômetros.

Tomando-se as variações admissíveis nas somas das leituras propostas (± 10 do valor médio para o eixo A e ± 20 para o eixo B), a análise dos gráficos resultantes (Figura 6.8) permite avaliar a uniformidade dos dados coletados, relacionando as médias das somas das leituras nas diversas datas de levantamento.

Na análise dos erros, estes gráficos indicam a ocorrência de erros sistemáticos devido a deslocamentos na diagonal e uma inclinação pode indicar problemas com o sensor eletrônico. Os gráficos de checagem (checksum) promovem as correções necessárias e refinam os resultados finais. Assim, quanto menor for a média, maior será a confiabilidade dos dados. Os valores mais altos encontrados para o eixo B, bem como uma maior tolerância em sua variação, decorrem do fato de que tais medidas são tomadas de forma automática pelo acelerômetro que mede inclinações segundo este eixo.

Figura 6.8 – Exemplo dos gráficos de checagem (checksum) dos dados coletados

6.4.3. Desvio Padrão

O desvio padrão das leituras é calculado segundo a relação abaixo:

n X - X S 2 i 2 (6.5)

sendo S o desvio padrão dos dados obtidos, Xi a soma das leituras para cada profundidade de instalação da sonda, X a média das somas das leituras por eixo de coordenada e n o número de leituras efetuadas por eixo de inclinômetro.

Procurou-se relacionar os desvios padrões máximos observados a cada intervalo de cinco leituras por furo de inclinômetro, a cada data de coleta de dados e segundo os dois eixos ortogonais A e B. Esse tipo de análise, baseada na obtenção e interpretação dos desvios padrões possibilitou a geração de tabelas com a do exemplo abaixo (Tabela 6.1), que indicam os valores dos desvios-padrão observados em cada zona de investigação, bem como a freqüência de cada ocorrência.

Trata-se de uma estimativa acerca dos valores mais representativos para cada furo de inclinômetro, possibilitando sua consulta futura, uma vez que se torna um referencial relevante no processo de validação dos dados.

Tabela 6.1 – Exemplo da relação de desvios padrões máximos para leituras (eixos A e B do inclinômetro)

Profundidade (m) Eixo A Eixo B

1,0-3,0 0,8 2,0 3,5-5,5 0,6 1,2 6,0-8,0 0,7 1,9 8,5-10,5 0,3 1,2 11,0-13,0 0,5 1,4 13,5-15,5 0,4 1,3 16,0-18,0 0,4 0,9 18,5-20,5 11,7 1,9

A ocorrência de valores maiores de desvio padrão evidencia um caráter permanentemente instável das leituras coletadas nessa zona, traduzidas pela oscilação dos gráficos de deslocamento horizontal; quando tais problemas assumem uma magnitude relevante, ocorre um comprometimento da interpretação dos resultados.

6.4.4. Deslocamentos Acumulados

Os deslocamentos são mudanças na posição do tubo e admitidos como movimentos do terreno circunvizinho. Um gráfico do deslocamento requer pelo menos duas análises: uma análise prévia (inicial) e uma análise atual, sendo que a primeira não aparece no gráfico.

No gráfico de deslocamentos acumulados, um dado ponto do perfil representa a soma dos deslocamentos incrementais em relação ao ponto de referência (tipicamente a base

engastada do instrumento). Uma vez que a escala horizontal não é proporcional à escala vertical, os deslocamentos acumulados podem apresentar variações abruptas, de forma a caracterizar facilmente mecanismos de ruptura e/ou problemas correlatos (Figura 6.9). Em alguns casos, erros sistemáticos podem mascarar a interpretação, induzindo uma falsa inclinação do perfil dos deslocamentos acumulados.

Figura 6.9 – Exemplos de gráficos de deslocamentos acumulados fornecidos pelo software

Digipro

6.4.5. Deslocamento incremental

Este gráfico mostra deslocamentos em profundidades discretas. Um “ponto crescente” indica o movimento e a variação contínua de sua posição denota a evolução dos movimentos (Figura 6.10). Neste caso, os deslocamentos apresentados são pontuais e nenhuma soma de dados é envolvida, permitindo, desta maneira, que erros sistemáticos sejam minimizados.

Figura 6.10 – Exemplos de gráficos de deslocamentos incrementais fornecidos pelo software

Digipro

Com estes resultados, é possível avaliar as movimentações relativas segundo as duas direções de investigação, a orientação final resultante e a evolução do processo ao longo do tempo, facilitando a caracterização da presença de erros sistemáticos e a correta compreensão da fenomenologia dos processos em andamento.

6.4.6. Tempos de Deslocamento

Este gráfico mostra a taxa de movimentação em uma ou mais zonas do maciço analisado. Um degrau de inclinação representa movimentos de aceleração. O valor traçado para cada zona é a diferença entre os valores dos deslocamentos acumulados para o período contabilizado (Figura 6.11).

Figura 6.11 – Exemplos de gráficos de tempos de deslocamentos fornecidos pelo software

Digipro

A identificação dos processos de movimentos de massa constitui uma atividade de campo na qual a precisão dos resultados é função direta do perfeito entendimento dos mecanismos de instabilizações associados. O monitoramento das áreas mais susceptíveis a movimentos de massa fornecem uma boa fonte para subsidiar medidas preventivas, corretivas e mitigadoras dos problemas detectados.

Há que se considerar, entretanto, que tais análises não devem ficar restritas à identificação dos locais críticos em termos das ocorrências destes processos, devendo ser avaliadas também as dimensões das conseqüências potenciais em termos de danos materiais e dos riscos associados para a população e o patrimônio artístico e cultural afetados.