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A avaliação de risco envolve uma estimativa da extensão dos prováveis danos que podem resultar de um dado escorregamento (movimento de massa). Os danos podem ser tanto econômicos como envolver comprometimento da infra-estrutura e perdas de vidas humanas.

Para a determinação das zonas de risco e de sua classificação, de acordo com os níveis de evolução dos processos instabilizadores no terreno, foram confrontadas as características físicas, geológicas e geotécnicas da área, com o mapeamento dos agentes instabilizadores presentes (cadastro de escorregamentos e inundações) e das ações antrópicas identificadas como potenciais agentes de indução ao risco. As áreas de risco englobam porções com formas e tamanhos irregulares, com características geológico- geotécnicas e tipologia ocupacional próprias. Abrangem áreas ocupadas e podem ou não conter zonas de risco de graus diferentes.

A avaliação final do risco desenvolvido neste estudo priorizou a população como elemento de foco central; por esta razão, o mapa de risco abrange apenas áreas de vertentes ocupadas por residências e algumas áreas em potencial para ocupação. Estas áreas foram analisadas quanto ao perigo, vulnerabilidade e dano potencial às pessoas potencialmente afetadas pelo risco. O mapa de risco a escorregamentos para o espaço urbano da cidade de Ouro Preto está dado no Anexo I.

Cada uma das zonas delimitadas foi avaliada em termos da predisposição à ocorrência dos diferentes tipos de processos atuantes, por meio do cruzamento com os mapas de Inventário, Suscetibilidade e Perigo elaborados previamente para a área urbana. Para a delimitação dos setores de risco e definição dos graus de risco, foram adotados os critérios discutidos anteriormente (Risco R1 – Baixo; Risco R2 – Médio; Risco R3 – Alto e Risco R4 – Muito Alto). Os mapas temáticos previamente digitalizados (inventário de ocorrências e cadastral) foram superpostos para a análise da freqüência de ocorrências por bairro (Figura 5.10 e Tabela 5.8).

Figura 5.10 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto

Tabela 5.8 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto

Bairro  Zoneamento  % 

Água Limpa  AGL  2%

Antônio Dias  ANT  7%

Alto da Cruz  ATC  2%

Barra  BAR  6% Bauxita  BAU  1% Cabeças  CAB  3% Morro Santana  MSN  14% Padre Faria  PDF  1% Piedade  PIE  9% São Cristovão  SCR  12% Santa Cruz  STC  26% Santa Efigênia  STF  1% Taquaral  TAQ  13%

CAPÍTULO

6

6. INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DAS ENCOSTAS

O histórico e a discussão de alguns estudos de casos mostrados neste trabalho ilustram bem a grande diversidade das causas, a complexidade dos processos envolvidos e a multiplicidade dos ambientes urbanos afetados pela ocorrência de eventos geotécnicos nas encostas da cidade de Ouro Preto. Mais do que isso, justificam e impõem a necessidade de se estabelecer, em alguns locais críticos, dispositivos para controle da susceptibilidade a movimentos de massa.

Estes estudos visam assegurar a representatividade do zoneamento das áreas de risco geotécnico e, consequentemente, antecipar a magnitude dos problemas e a natureza das eventuais intervenções corretivas, ações que justificam a proposição deste trabalho. A metodologia da instrumentação adotada e a apresentação dos resultados preliminares constituem o escopo deste capítulo.

6.1. INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA DE ENCOSTAS

As características morfológicas e geotécnicas desfavoráveis da área urbana da cidade de Ouro Preto, associadas à ação antrópica inadequada destes locais, induziram variados eventos de movimentos de massa e processos correlatos, agravando ainda mais os riscos geotécnicos potenciais que afetam a infra-estrutura local, os monumentos históricos e as comunidades assentadas ao longo das encostas, particularmente ao longo da Serra de Ouro Preto.

Dada a extrema diversidade das causas e a complexidade dos processos envolvidos, torna-se imprescindível estabelecer formas de controle e de gestão da susceptibilidade a movimentos de massa nas áreas mais críticas. Para minimizar os efeitos de intervenções emergenciais e/ou de caráter essencialmente preventivos, impõe-se a implementação de estudos de mapeamento geológico-geotécnico, zoneamento das áreas de risco e de diretrizes de ocupação para toda a área urbana da cidade de Ouro Preto (Fontes, 2006).

A instrumentação geotécnica de obras de engenharia constitui uma das ferramentas mais adequadas para a observação, detecção e caracterização de eventuais deteriorações que constituem risco potencial às condições da segurança global do empreendimento. Ela permite fazer um processo de aquisição, registro e processamento sistemático dos dados obtidos, a partir dos instrumentos de medida instalados em diferentes seções e zonas dos maciços investigados.

Em encostas urbanas, estes princípios se aplicam integralmente, pela relevância de se monitorar o comportamento de taludes em largos períodos de tempo. A partir dos dados obtidos pela instrumentação, torna-se possível, mediante um adequado processamento e interpretação dessas leituras, envolvendo freqüência e abrangência das mesmas, estabelecer bases consistentes para reavaliações dos critérios da sua estabilidade e formular diretrizes para eventuais intervenções nos taludes potencialmente instáveis.

Um modelo básico de instrumentação geotécnica envolve a instalação de inclinômetros (Figura 6.1) e a medida de deslocamentos sub-superficiais. Estes instrumentos são formados por tubos segmentados inseridos ao longo de furos de sondagens que permitem o monitoramento dos deslocamentos horizontais do maciço ao longo da profundidade e a consequente localização da superfície crítica de ruptura envolvendo o talude.

Na região das encostas e das vizinhanças de prédios históricos, tem sido adotada a prática de se instalar inclinômetros ao longo de seções representativas das áreas, a exemplo dos procedimentos originalmente adotados quando das obras de estabilização dos eventos decorrentes das grandes chuvas de 1979. A Figura 6.2 apresenta, por exemplo, a localização de um dos furos de inclinômetro instalados no domínio do terreno no qual está situado o antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia (século XIX), que tem sido afetado em larga escala, por movimentações periódicas ao longo dos últimos 30 anos.

Figura 6.2 – Tubo de inclinômetro instalado ao lado do antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia