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Apresentação dos resultados da correlação canónica da amostra total

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3 A PRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA INFLUÊNCIA DO AMBIENTE PSICOSSOCIAL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO

3.1. Apresentação dos resultados da correlação canónica da amostra total

Depois de se ter justificado a opção estatística29 mais adequada ao objectivo desta investigação, apresentam-se, no quadro 16, os resultados globais da correlação canónica para avaliar como as dimensões do ambiente familiar propostas pelo FES (Moos & Moos, 1986) interferem no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens, avaliado pelas dimensões subjacentes ao CCCS (Blustein et al., 1989).

Quadro 16

Análise da correlação canónica global do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS).

F. Can. Rc. R2 Eigenval. % Var. Lambda de Wilks F G. L. P

1 .424 .180 .219 77,964 .771 6,062 18 .0001*

2 .207 .043 .045 15,911 .940 2,490 10 .006**

3 .130 .017 .017 6,124 .983 1,739 4 .140

Nível de significância: *p<.0001; **p<.01; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= =quadrado da correlação canónica; Eigenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

29

Justificou-se esta opção estatística, pelo facto de ser ainda pouco frequente este tratamento nas investigações no domínio da Psicologia em Portugal.

Apresentação e discussão dos resultados 219

Da análise dos resultados pode concluir-se que existem duas raízes canónicas com uma relação significativa (embora, a magnitude da segunda raiz seja inferior a .30) entre os seis factores do clima psicossocial do ambiente familiar (FES) e os três factores subjacentes à escala do desenvolvimento vocacional (CCCS) para o total da amostra, com um Lambda de Wilks =.771, F (G. L.= 18)= 6,062, P= .0001 para a primeira raiz canónica, e com um Lambda de Wilks = .940, F (G. L.= 10)= 2,490, P= .006 para a segunda raiz canónica. A primeira raiz canónica explica 78% da variância e a segunda raiz 16% da variância total. A leitura destes resultados permite concluir, globalmente, que o ambiente familiar tem um impacto, óbvio, no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens.

Para que uma correlação canónica possa ser objecto de interpretação deve-se ter em conta, por ordem de prioridades, a confluência de três critérios a saber: a magnitude da raiz canónica30, a significância estatística da raiz canónica31, e o nível de redundância32 resultante da percentagem da variância explicada a partir dos dois conjuntos de variáveis (Hair et al., 1995). Como, neste caso, a magnitude da segunda correlação canónica é baixa, apesar da sua significância, e, como o seu contributo, relativamente à

30

A magnitude da correlação canónica é o valor considerado aceitável para a correlação canónica. Embora se proponha como orientação o valor .30, a decisão depende sempre do investigador, ou seja, este terá que ponderar a contribuição dos resultados obtidos para a melhor compreensão do problema de investigação em estudo (Hair et al., 1995).

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O nível de significância da correlação canónica, geralmente considerado para ser objecto de interpretação, é de p<.05, resultante do F estatístico do teste Lambda de Wilks.

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O valor da redundância proporciona uma estimativa da variância partilhada pelos dois conjuntos de variáveis canónicas, resultante do quadrado da correlação canónica; este valor representa a variância linear partilhada pelo conjunto de variáveis que funcionam como critério e pelas variáveis preditivas (Hair et al., 1995).

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primeira, para explicar a percentagem da variância é modesto, não se fará qualquer interpretação da mesma.

Para se fazer uma interpretação das correlações canónicas, normalmente recorre-se à estrutura de correlação canónica ou canonical loadings, que permite verificar qual o contributo ou peso que cada variável tem na correlação canónica, e analisar a relação entre as várias dimensões. Embora os investigadores considerem os canonical loadings33 como o critério mais válido para interpretar a natureza da correlação canónica, alertam, no entanto, para se ter precauções na utilização dessas conclusões, nomeadamente quando se pretende afirmar a validade externa dos resultados.

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Apesar de se considerar os canonical loadings como o método mais seguro e adequado para a interpretação dos resultados da correlação canónica, existem três métodos possíveis: (1) canonical weights (estrutura de coeficientes estandardizados): diz respeito à análise do sinal e magnitude do coeficiente canónico de cada variável na raiz canónica. Isto é, variáveis com coeficientes relativamente elevados contribuem mais para a raiz canónica, e vice-versa. Do mesmo modo, variáveis canónicas cujos coeficientes têm sinais opostos têm uma relação inversa com as outras, e variáveis com coeficientes do mesmo sinal indicam uma relação directa. Não se utiliza, normalmente, este método porque estes coeficientes revelam uma forte instabilidade de amostra para amostra; (2) canonical loadings (estrutura de correlação canónica): mede a correlação linear simples entre uma variável original observada nos dois conjuntos de variáveis dependente ou independentes e a raiz canónica. Isto é, reflecte a variância que as variáveis observadas partilham com a raiz canónica e manifesta como cada variável contribui para a explicação de cada função canónica; (3) canonical cross-loadings: este procedimento implica correlacionar cada uma das variáveis dependentes observadas directamente com a variável canónica independente e vice-versa . Parte do pressuposto de que a correlação canónica maximiza a correlação entre os dois conjuntos de variáveis canónicas (Hair et al., 1995).

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Quadro 17

Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) da amostra total.

VARIÁVEIS RAIZ 1 Coesão e expressividade .037 Conflito .250 Ênfase religiosa .380 Orientação intelectual/cultural/recreativa .049 Organização e controle .450

Orientação para o sucesso .951

Exploração vocacional .544

Investimento vocacional -.370

Tendência para excluir opções .742

Partindo do valor .30 como referência com significado (Tabachnick & Fidel, 1989), verifica-se, quando se faz a análise da estrutura de correlação canónica da raiz canónica 1, que explica 78% da variância, que as dimensões da orientação para o sucesso, da organização e controle e da ênfase religiosa estão positivamente relacionadas com as dimensões da tendência para a exclusão de opções (tendência a fazer escolhas sem exploração) e para a exploração vocacional e negativamente relacionadas com a dimensão de investimento vocacional (cf. Quadro 17).

Realizaram-se correlações canónicas intra-grupos: rapazes e raparigas, alunos do 9º e 12º anos de escolaridade, e os três níveis socio- económicos, alto, médio e baixo, para explorar se existiriam diferenças significativas quanto ao sexo, ano de escolaridade e nível socio-económico.

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3.2. Apresentação dos resultados da correlação canónica da