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Para cumprir o principal objetivo deste trabalho – identificar e analisar os resultados e a contribuição do programa PAPPE para com as empresas, a inovação tecnológica e o estabelecimento de relações de parceria entre atores econômicos distintos (empresas e pesquisadores) –, buscou-se a geração de dados primários por meio da realização de uma pesquisa com as empresas que tiveram seus projetos aprovados no programa.

Para tanto, foi elaborado um questionário com questões objetivas dividido em oito seções: (1) identificação da empresa; (2) descrição do sócio fundador da empresa e do pessoal ocupado na empresa; (3) participação da empresa em Arranjo Produtivo Local (APL); (4) características das relações de cooperação antes da participação no PAPPE; (5) atividades inovativas antes da participação no PAPPE; (6) participação da empresa no PAPPE; (7) indicadores de desempenho após a participação no PAPPE; (8) a participação da empresa em outras formas de apoio público.

O primeiro passo para iniciar a pesquisa foi o estabelecimento do contato com as fundações de amparo estaduais com o intuito de conseguir uma listagem que identificasse o nome das empresas aprovadas no PAPPE.

Inicialmente, o objetivo do trabalho era avaliar os resultados encontrados apenas em Minas Gerais. Foi realizado o contato com a fundação de amparo estadual, a FAPEMIG, a qual disponibilizou a lista com o nome de 132 empresas que tiveram seus projetos aprovados nas três edições do programa que aconteceram nos anos 2004, 2005 e 2007. Tendo em vista que o universo a ser investigado não era demasiadamente grande, cogitou-se a possibilidade de entrevistar todas as empresas e, por tal razão não se pensou, em princípio, em analisar outros Estados.

Para alcançar as 132 entrevistas, o questionário foi aplicado de forma online, um método que tende a sofrer menos negativas por parte das empresas pelo fato de ser mais rápido e objetivo. No entanto, não foi bem isso a que se assistiu. O questionário começou a ser aplicado em janeiro de 2010 e, até o mês de maio, apenas 74 empresas mineiras haviam respondido, e não havia mais nenhuma manifestação das empresas, apesar das persistentes solicitações de participação na pesquisa.

Decidiu-se, frente a isso, que seria adotada uma metodologia para a definição de uma amostra de empresas que seria objeto de aplicação do questionário e que se buscaria entrevistar empresas também dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro para complementar o trabalho e realizar uma análise comparativa entre os três Estados, tendo em vista que os mesmos apresentam editais com padrões bem próximos, como pode ser comprovado no QUADRO 2:

QUADRO 2: Comparação dos editais PAPPE dos Estados pesquisados: MG, RJ e SP

CARACTERÍSTICAS DOS

EDITAIS MG (PAPPE-MG) RJ (RIO INOVAÇÃO) SP (PAPPE-PIPE III)

OBJETIVO DO PROJETO

Apoiar a execução de Projetos de Inovação que apresentem soluções tecnológicas, com potencial de inserção no mercado, de impacto social ou comercial, desenvolvidos por pesquisadores vinculados e/ou associados a empresas localizadas no Estado de Minas Gerais, preferencialmente de base tecnológica.

O programa se destina a empresas fluminenses que possuam protótipos, produtos e/ou processos em fase final de desenvolvimento, visando promover o desenvolvimento tecnológico das mesmas, induzindo-as à aproximação com instituições de pesquisa, com o intuito de gerar inovações tecnológicas.

O programa visa o financiamento parcial dos custos da FASE III do PIPE, em que é feito o desenvolvimento da inovação tecnológica decorrente da execução do projeto nas fases I e II do PIPE.

ÁREAS PRIORITÁRIAS DO PROGRAMA

Agronegócios, Energia, Biotecnologia na Saúde, Tecnologia Ambiental, Eletroeletrônica/Tecnologia da Informação.

Petróleo e Gás, Agronegócios, Biotecnologia, Saúde e Energia. Havendo sobra de recursos, poderão ser contempladas outras áreas de tecnologia de inovação não prioritárias

PORTE DA EMPRESA – – Pequena

FASES DO PROJETO

Três fases:

I) cadastramento de potenciais clientes com a respectiva pré-qualificação da Empresa, do Pesquisador e da Proposta para as fases seguintes; II) objetiva a realização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Comercial (EVTEC); III) contemplará projetos em estágio de desenvolvimento relativo à parte principal da pesquisa, com EVTEC aprovado.

Três fases:

I) Pré–qualificação da Empresa, do Proponente, e do Projeto; II) Apresentação do Projeto de Inovação;

III) Julgamento Final e Contratação.

Três fases.

Os recursos do PAPPE- PIPE III se destinam a financiar empresas que estejam na terceira etapa do PIPE.

PRAZO DE EXECUÇÃO

DO PROJETO Até 24 meses Até 24 meses Até 24 meses

EXIGÊNCIA DO PESQUISADOR EM COOPERAÇÃO COM AS

EMPRESAS

Sim

Sim. Mas não menciona o termo “Pesquisador”. O edital diz que a empresa deve ter um

representante pessoa física que será o Proponente.

Sim

VALOR FINANCIADO Até R$ 200 mil – Até R$ 500 mil

REQUISITO DO SOLICITANTE

Os pesquisadores devem ser vinculados e/ou associados a empresas localizadas no Estado de Minas Gerais. Eles poderão ou não ser pertencentes ao ambiente acadêmico. Os pesquisadores deverão ter: formação acadêmica mínima de 3º grau completo; experiência indicadora da capacidade de desenvolvimento do projeto proposto; vínculo com a EMPRESA candidata, mediante contrato de trabalho, vínculo societário ou contrato de consultoria e/ou parceria; comprovar, caso haja, vínculo com instituições de ensino e/ou pesquisa; ter autorização da universidade ou instituição de P&D para que o pesquisador possa executar o projeto junto às empresas proponentes, mediante declaração assinada por seu dirigente legalmente constituído.

O Proponente deverá comprovar: formação acadêmica mínima de terceiro grau completo; experiência indicadora da capacidade de desenvolvimento do projeto proposto; vínculo com a empresa candidata, mediante contrato de trabalho, vínculo societário ou contrato de consultoria.

Para obter apoio financeiro do Programa PAPPE-PIPE III, o pesquisador solicitante deve atuar diretamente ou em cooperação com empresas de base tecnológica e atender aos seguintes requisitos: experiência comprovada na área do projeto de pesquisa; dedicação de, no mínimo, 8 horas semanais a atividades relativas à execução do projeto.

Além das características semelhantes presentes nos editais de MG, RJ e SP, os três Estados estão entre os 19 primeiros que implementaram o PAPPE em 2004, havendo ainda alguns dados econômicos que corroboram com a importância dessa análise comparativa: são os Estados com maior participação no PIB brasileiro, segundo dados IBGE;26 aqueles

com os maiores gastos totais em P&D (IBGE, 2010); SP e MG possuem o maior percentual de empresas inovadoras do Brasil; e o RJ, embora seja superado pelos Estados do sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), também possui um percentual considerável.

Para determinar o tamanho da amostra, segundo Campos & Nicolau (2003), dever- se-ia levar em consideração, como é usual, um nível de confiança de 95% e o erro amostral tolerável (E0) de 10%. Com estes dados e, conhecendo-se a população total (N), é possível

definir a amostra por meio das seguintes fórmulas:

 O cálculo do tamanho da amostra (n) pode ser feito por: n0 = 1 / E02

 E corrigir pelo tamanho da população (N): n = N*n0 / N + n0 - 1

ONDE: E0 é o erro amostral tolerado; e,

N é o tamanho da população.

Nesses termos, foi estabelecido o contato com as fundações de amparo estaduais de SP e RJ, as quais indicaram que, no primeiro Estado, somente 20 empresas encontravam-se aprovadas no PAPPE, devido à exigência ímpar do programa paulista – que é a de ter sido uma empresa participante das duas fases do PIPE, e no Rio de Janeiro havia 72 empresas. Neste sentido, conhecendo as populações dos três estados e utilizando-se da metodologia apresentada, foi definido que o tamanho da amostra em Minas Gerais deveria ser de 57 empresas, em SP de 17 e no RJ de 42.

Para SP e RJ, a aplicação do questionário às empresas aconteceu de maio a agosto de 2010 e a situação final alcançada com as entrevistas online nos três Estados segue apresentada no QUADRO 3:

26 Valores disponíveis em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1497 &id_pagina=1>. Acesso em: 8.2010.

QUADRO 3: Caracterização das empresas com projetos aprovados no PAPPE

e as que foram entrevistadas

DADOS DAS EMPRESAS NOS TRÊS ESTADOS QUANTIDADE DE

EMPRESAS

Minas Gerais27

Universo de empresas participantes do PAPPE no Estado 132

Pela metodologia dever-se-ia entrevistar 57

Empresas entrevistadas 74

Empresas que se recusaram a participar 6

Não foram encontrados os contatos 6

Empresa fechou as portas 1

Projeto aprovado, mas não contratado 4

Empresa disse que o projeto não foi aprovado 2

Empresas que não se manifestaram após o contato 39

Rio de Janeiro

Universo de empresas participantes do PAPPE no Estado 72

Pela metodologia dever-se-ia entrevistar: 42

Empresas entrevistadas 20

Empresas que se recusaram a participar 3

Não foram encontrados os contatos 13

Empresa fechou as portas –

Projeto aprovado, mas não contratado –

Empresa disse que o projeto não foi aprovado –

Empresas que não se manifestaram após o contato 36

São Paulo

Universo de empresas participantes do PAPPE no Estado 20

Pela metodologia dever-se-ia entrevistar: 17

Empresas entrevistadas 8

Empresas que se recusaram a participar –

Não foram encontrados os contatos –

Empresa fechou as portas –

Projeto aprovado, mas não contratado –

Empresa disse que o projeto não foi aprovado –

Empresas que não se manifestaram após o contato 12

Total de empresas aprovadas no PAPPE nos três Estados 223 Pela metodologia deveria se entrevistar 70

Foram entrevistadas 108

FONTE: Elaboração própria.

27Segundo dados enviados pela FAPEMIG, em MG, do universo das 132 empresas que já tiveram projetos aprovados: 45 são de Belo Horizonte, 34 de Santa Rita do Sapucaí, 11 de Uberlândia, 7 de Contagem, 6 de Viçosa, 4 de Itajubá, 4 de Juiz de Fora, 3 de Betim, 2 de Lavras, 1 de Governador Valadares, 1 de Ijaci, 1 de Lagoa Santa, 1 de Matozinho, 1 de Nova Lima, 1 de Ouro Branco, 1 de Pedro Leopoldo, 1 de Pouso Alegre, 1 de Ribeirão das Neves, 1 de Sabará, 1 de Varginha, 1 de Vespasiano, 1 de Uberaba, 1 de Ubá, 1 de Sete Lagoas, 1 de Barbacena. Para RJ e SP, as fundações de amparo estaduais não forneceram esta informação.

Em Minas Gerais, foi possível superar o número de empresas previsto pela metodologia para a amostra, mas nos demais Estados não se alcançou o mínimo necessário. Acredita-se, no entanto, que uma análise comparativa entre os Estados pode ser essencialmente importante ainda que se tenha disposto de um número abaixo do ideal para a amostragem. Por outro lado, se for levado em consideração o número total de empresas com projetos aprovados no PAPPE nos três Estados, chegar-se-á a um total de 223 empresas; a amostra aqui prevista contaria, inicialmente, com 70 empresas, expectativa que foi superada tendo em vista que a presente pesquisa contou com 108 questionários respondidos nos três Estados.