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Caracterização e performance das empresas que inovaram em produto no mercado

4.3. Análise dos resultados obtidos com a pesquisa

4.3.8. Análise comparada entre variáveis

4.3.8.2. Caracterização e performance das empresas que inovaram em produto no mercado

inovaram no mercado nacional

Outra análise que se busca desenvolver parte da identificação das possíveis diferenças entre empresas que realizaram inovações de produto no mercado nacional e as que inovaram no mercado internacional. A intenção é, neste caso, verificar se empresas com potencial de inovar em mercados externos se diferenciam daquelas que não o conseguem. A caracterização destas duas categorias de empresas pode ser verificada nas TABELAS 19 e 20.

Nota-se que as empresas que inovaram no mercado internacional são aquelas que nasceram fundamentalmente entre os anos de 1990 e 2000, o que significa que são relativamente novas. Quando se analisa o cenário das inovações nacionais, verificam-se de forma mais difusa os anos de nascimento das empresas, sendo possível encontrar aquelas que foram fundadas entre os anos 1930 e 1940; 1950 e 1960 e 1970 e 1980, embora haja também uma concentração de empresas que surgiram entre os anos 1990 e 2000.

Neste sentido, pode-se dizer que, vis-à-vis às empresas mais antigas, as empresas mais novas tendem a ser mais inovativas, uma vez que são as que mais inovam no mercado nacional e internacional, bem como as que têm maior potencial de realizar inovação de produto no mercado externo.

No que tange à escolaridade dos sócios fundadores, observa-se que na totalidade das empresas que inovaram no mercado internacional estes possuem nível superior completo e pós-graduação, enquanto nas empresas que inovaram no mercado doméstico, embora se verifique uma quantidade considerável de sócios fundadores com estes níveis de formação, também é possível encontrar, em quase 10% das empresas, sócios fundadores com escolaridade entre ensino médio e superior incompleto. De modo geral, portanto, verifica-se que as empresas que mais inovam em mercados externos são aquelas cujos sócios fundadores possuem níveis de formação mais altos, entre superior completo e pós- graduação.

Quanto à participação em APLs, o que se observa é que as empresas participantes deste tipo de estrutura inovaram mais, tanto no mercado doméstico como externo, do que aquelas que não fazem parte. Os resultados apresentados entre as duas categorias de Assim, se a comparação se limitar aos resultados entre esta faixa de investimento em P&D e as faixas mais baixas, será possível dizer que os maiores gastos em P&D podem levar a um melhor desempenho por parte das empresas.

empresas são bem próximos, mas é possível perceber uma proporção maior de empresas em APLs entre aquelas que realizaram inovação de produto no mercado internacional. Tal constatação sinaliza para o fato de que fazer parte de aglomerações produtivas tende a elevar o potencial inovativo das empresas, em particular no mercado externo.

A análise é semelhante quando se trata de caracterizar as atividades de P&D nas empresas em contínuas ou ocasionais. Os resultados também são bem próximos, mas observa-se uma ligeira superioridade no número de empresas cujas atividades de P&D são contínuas entre aquelas que inovaram no mercado externo. Isso indica que quanto mais constantes são as atividades de P&D nas empresas, maior a tendência de inovar no mercado internacional.

No que se refere ao gasto médio anual com P&D, constata-se que as empresas que conseguiram inovar internacionalmente são aquelas que se encontram no intervalo de baixo investimento em P&D, ou seja, mais da metade das empresas que inovaram no

mercado externo, cerca de 56%, gastaram em média por ano com esta atividade até R$ 80.000,00. E apenas 6,7% das empresas realizaram elevados investimentos em P&D.

Já as empresas que inovaram no mercado nacional caracterizam-se por concentrarem seus investimentos em P&D entre os níveis intermediário e alto. Cerca de

48% das empresas investiram entre R$ 81.000,00 e R$ 320.000,00 e 14,3%, entre R$ 321.000,00 e acima de R$ 1 milhão. Portanto, elevados investimentos em P&D não

traduzem necessariamente empresas com maior potencial de inovar no mercado internacional; ao contrário, foram as empresas com menores gastos em P&D as que mais atuaram no sentido de inovar no mercado externo.

Buscou-se investigar também se a presença de departamentos próprios de P&D nas empresas influencia em sua capacidade inovativa, e o que se constata é que departamentos internos de P&D são mais encontrados em empresas que realizaram inovações de produto no mercado nacional do que naquelas que inovaram no mercado internacional. Tal resultado aponta para a ideia de que, embora haja um percentual significativo de empresas com departamentos próprios de P&D entre aquelas que inovaram no mercado internacional, não é possível dizer que sua presença resulta em maior potencial de inovar no mercado externo do que no mercado doméstico.

Verifica-se, ainda, que o número de empresas que já possuíam relações de parceria com pesquisadores antes de participarem do PAPPE entre as que inovaram no mercado internacional é maior do que naquelas que inovaram no mercado interno. Na pesquisa

realizada, portanto, as empresas que já estabelecem algum grau de parcerias com pesquisadores apresentam maior potencial de inovar no mercado externo.

Em relação às variáveis de desempenho analisadas pós-participação no PAPPE, percebe-se que estas possuem uma performance melhor na categoria das empresas que inovaram no mercado internacional. Este grupo de empresas patenteou, inseriu-se em novos mercados e empregou em uma proporção maior do que as empresas que inovaram no mercado nacional. A única exceção foi para a publicação de artigos, em que ambas as categorias apresentaram os mesmos resultados. Neste sentido, pode-se dizer que empresas que inovam no mercado internacional tendem a apresentar melhores variáveis de desempenho que aquelas que inovam apenas no mercado internacional.

TABELA 19: Caracterização e performance das empresas que realizaram inovação de

produto no mercado internacional – 30 empresas nos três Estados

Ano de Fundação: 1930-40 1950-60 1970-80 1990 2000 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (3,3%) 11 (36,7%) 18 (60%) Escolaridade do sócio fundador:

Ensino médio Técnico Superior Incompleto

Superior

Completo Mestre Doutor 0 (0,0%) 1 (3,3%) 0 (0,0%) 14 (46,7%) 4 (13,3%) 11 (36,7%) Faz parte de algum APL? Sim Não 17 (56,7%) 13 (43,3%) As atividades de P&D na empresa eram:

Contínuas Ocasionais Não ocorriam antes do PAPPE

26 (86,7%) 2 (6,7%) 2 (6,7%) Valor médio anual dos dispêndios em P&D: De 0 a 30.000,00 De 31.000 a 80.000 De 81.000 a 160.000 De 161.000 a 240.000 De 241.000 a 320.000 De 321.000 a 500.000 De 501.000 a 1 milhão < de 1 milhão 9 (30%) 8 (26,7%) 5 (16,7%) 5 (16,7%) 1 (3,3%) 2 (6,7%) 0 (0,0%) 0 (0%) Empresa possui departamento de P&D? Sim Utiliza de incubadora Utiliza de universidade Utiliza de instituo de pesquisa 20 (66,7%) 1 (3,3%) 7 (23,3%) 2 (6,7%) A relação de parceria com o pesquisador:

Existia antes do PAPPE Surgiu por causa do PAPPE

27 (90%) 3 (10%)

A participação no PAPPE resultou em:

Patentes Artigos Novos empregos Inserção em novo

mercado

8 (26,7%) 14 (46,7%) 22 (73,3%) 19 (63,3%)

TABELA 20: Caracterização e performance das empresas que realizaram inovação de

produto no mercado nacional – 77 empresas nos três Estados

Ano de Fundação 1930-40 1950-60 1970-80 1990 2000

1 (1,3%) 1 (1,3%) 9 (11,6%) 20 (26%) 46 (60%)

Escolaridade do sócio fundador

Ensino médio Técnico Superior Incompleto

Superior

Completo Mestre Doutor

1 (1,3%) 3 (3,9%) 3 (3,9%) 35 (45,4%) 18 (23,4%) 17 (22,1%)

Faz parte de algum APL?

Sim Não

40 (52%) 37 (48%)

As atividades de P&D na empresa

Contínuas Ocasionais Não ocorriam antes do

PAPPE

61 (79,2%) 11 (14,3%) 5 (6,5%)

Valor médio anual dos dispêndios em P&D (R$): De 0 a 30.000,00 De 31.000 a 80.000 De 81.000 a 160.000 De 161.000 a 240.000 De 241.000 a 320.000 De 321.000 a 500.000 De 501.000 a 1 milhão < de 1 milhão 17 (22,1%) 12 (15,6%) 18 (23,4%) 12 (15,6%) 7 (9,1%) 7 (9,1%) 2 (2,6%) 2 (2,6%) Empresa possui departamento de P&D? Sim Utiliza de incubadora Utiliza de universidade Utiliza de instituo de pesquisa 55 (71,4%) 2 (2,6%) 17 (22,1%) 3 (3,9%) A relação de parceria com o pesquisador:

Existia antes do PAPPE Surgiu por causa do PAPPE

64 (83,1%) 13 (16,9%)

A participação no PAPPE resultou em:

Patentes Artigos Novos empregos

Inserção em novo

mercado

17 (22,1%) 36 (46,7%) 53 (68,8%) 50 (65%)

FONTE: Elaboração própria.

4.3.8.3. Tipo de infraestrutura utilizada para o desenvolovimento do