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Para que haja uma sequência lógica, serão, inicialmente, apresentados os resultados correspondentes à análise descritiva das variáveis estudadas e de seguida os resultados da análise comparativa (variáveis independentes e dependentes).

Para efeito das comparações em causa recorreremos à estatística multivariada, nomeadamente à MANOVA. Na apresentação dos dados que se seguem, enfatizaremos a dimensão dos efeitos de modo a podermos generalizar os nossos resultados para a população em geral.

• Análises Comparativas

Para comparar as diferenças por sexo dos adolescentes com a variável reprovação escolar ao nível dos estilos educativos parentais, procedeu-se ao tratamento estatístico MANOVA.

Os testes de normalidade da variância apresentaram-se com valores que nos permitiram utilizar os procedimentos paramétricos em alguns casos, mas em outros não. Ou seja, permitem verificar se cada variável dependente e as combinações lineares dessas variáveis estão distribuídas normalmente (Dancey & Reydey, 2006).

Para evidenciar a homogeneidade das matrizes de variância recorremos ao teste M de Box. Neste teste, o resultado obtido é significativo (p = .001). Uma vez que, este valor é significativo (p < .05), poder-se-á dizer que houve violação da suposição de homogeneidade das matrizes de variância (Dancey & Reydey, 2006). Todavia, como este teste é muito restrito e exigente, é recomendado consultar os valores extraídos no teste de Levene (p > .05). Neste teste, com exceção da variável aceitação materna (p = .010), todas as restantes variáveis apresentaram valores de p ˃ .05, portanto, com igualdade nas variâncias, refletindo-se, assim, uma distribuição normal.

Na MANOVA utilizada, para comparar os diferentes grupos ao nível da variável sexo obtiveram-se diferenças (λ Wilks = .956, F(4,229)= 2,620, p = .036, p = .044, Power = .729). O mesmo já não aconteceu com a variável reprovação escolar (λ Wilks = .956, F(4,229)= 2,040, p = .090, p = .034, Power = .604) e quando combinadas as variáveis sexo e reprovação

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escolar também não foram observadas diferenças (λ Wilks = .971, F(4,229)= 1,690, p = .153, p = .029, Power = .514).

Quando analisámos o efeito combinado das variáveis sexo e reprovação escolar constatámos que na comparação por sexo não se evidenciam diferenças entre o sexo masculino e feminino, mas observa-se um efeito pequeno moderado ( p = .044). No que se refere à comparação entre reprovados e não reprovados, não se encontrou um valor de p significativo, porém o valor de p sugere um efeito pequeno ( p = .034).

A análise univariada evidenciou que ao nível de todas as variáveis dependentes não existem diferenças estatisticamente significativas e os valores de p devido à sua dimensão, são também negligenciáveis. Os resultados estão sumarizados no quadro 1.

Quadro 1: Comparação por sexo e reprovação escolar ao nível dos estilos educativos parentais Masculino Feminino Reprovação Sim M ± DP Reprovação Não M ± DP Reprovação Sim M ± DP Reprovação Não M ± DP F p p Aceitação Paterna 24,53 ± 4,24 25,56 ± 3,80 25,79 ± 2,95 27,09 ± 5,11 .053 .819 .000 Aceitação Materna 27,66 ± 3,59 26, 33 ± 3.70 27,38 ± 2,66 27,52 ± 2,68 2,525 .113 .011 Conhecimento Paterno 26,65 ± 6,89 27,94 ± 6,08 28,88 ± 7,12 28,67 ± 6,89 1,618 .205 .007 Conhecimento Materno 30,03 ± 6,04 31,68 ± 8,61 34,33 ± 6,11 32,54 ± 7,23 2,472 .117 .011

No que respeita ao efeito conjunto das variáveis sexo e consumo de álcool, o resultado extraído no teste M de Box é significativo (p = .001). Observando o teste de Levene verifica-se que na variável aceitação materna não existe igualdade na variância (p = .028).

Prosseguindo com a análise multivariada da variância, verificou-se que nenhuma variável contém diferenças estatisticamente significativas entre grupos. Assim, na variável sexo não é observada nenhuma diferença entre grupos (λ Wilks = .969, F(4,229) = 1,811, p = .127, p = .031, Power = .547) como na variável consumo álcool (λ Wilks = .987, F(4,229)= .760, p = .552, p = .013, Power = .242). Por fim, quando combinadas as duas variáveis

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(sexo e consumo de álcool), estas não produzem um efeito significativo (λ Wilks = .989, F(4,229) = .642, p = .633, p = .011, Power = .208).

Quando analisámos o efeito combinado das variáveis sexo e consumo de álcool, constatámos que na comparação por sexo não se encontram diferenças, mas verifica-se um efeito pequeno ( p = .031) Relativamente ao efeito combinado das variáveis consumo de álcool ou não consumo de álcool, não se encontrou um valor de p significativo, mas o valor de p sugere um efeito pequeno ( p = .013). A análise univariada não evidenciou diferenças estatisticamente significativas (v. quadro 2).

Quadro 2: Comparação por sexo e consumo de álcool ao nível dos estilos educativos parentais Masculino Feminino p Álcool Sim M ± DP Álcool Não M ± DP Álcool Sim M ± DP Álcool Não M ± DP F p Aceitação Paterna 25,42 ± 4,01 23,75 ± 2,66 26,67 ± 4,82 26,94 ± 2,38 .996 .319 .004 Aceitação Materna 27,76 ± 3,60 25,88 ± 4,82 27,48 ± 2,68 27,47 ± 2,64 .379 .539 .002 Conhecimento Paterno 27,42 ± 6,43 26, 38 ± 5,44 28,44 ± 6,43 26,38 ± 6,44 1,243 .266 .005 Conhecimento Materno 30, 98 ± 7,68 34,12 ± 11,40 32,88 ± 7,14 34,59 ± 5,14 .185 .667 .001

No que respeita ao sexo e ao consumo de tabaco, o teste M de Box apresentou, uma vez mais, um valor significativo (p = .001). Observando-se os valores adquiridos no teste de Levene, verificou-se que, à exceção da variável aceitação materna (p =.011), todas as restantes variáveis apresentaram um resultado de p ˃ .05, ou seja, uma distribuição normal.

Continuando com a análise comparativa, foi visível que nenhuma variável verificou valores de p < .05. No entanto, no que se refere à dimensão dos efeitos estatísticos, constatámos que há um efeito pequeno.

Relativamente aos grupos, não é evidenciado diferenças estatisticamente significativas. A variável sexo não apresenta diferenças entre os grupos (λ Wilks = .961, F(4,229) = 2,312, p = .059, p = .039, Power = .667) e na variável consumo de tabaco (λ Wilks = .984, F(4,229)= .918, p = .454,p = .016, Power = .289) também não apresenta diferenças entre

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os grupos. A conjunção das variáveis sexo e consumo de tabaco não verificaram um efeito significativo no conjunto das variáveis dependentes (λ Wilks = .990, F(4,229)= .598, p = .665,

p = .010, Power = .196).

Quando analisámos o efeito combinado das variáveis sexo e consumo de tabaco constatámos que na comparação por sexo não se encontram diferenças entre o sexo masculino e o feminino, mas verifica-se um efeito causal pequeno ( p = .039) Relativamente à comparação entre consumo de tabaco ou não consumo de tabaco, não se encontrou um valor de p significativo, mas o valor de p sugere um efeito pequeno ( p = .016) e negligenciável.

Quando analisámos a análise univariada ao nível de todas as variáveis dependentes também não se verificou diferenças estatisticamente significativas (v. quadro 3).

Quadro 3: Comparação por sexo e consumo de tabaco ao nível dos estilos educativos parentais Masculino Feminino p Tabaco Sim M ± DP Tabaco Não M ± DP Tabaco Sim M ± DP Tabaco Não M ± DP F p Aceitação Paterna 24,91 ± 4,23 25,91 ± 3,31 27,78 ± 5,23 26,55 ± 3,15 1,050 .307 .005 Aceitação Materna 26,35 ± 3,90 27,25 ± 3,27 27,30 ± 2,67 27,79 ± 2,64 .214 .640 .001 Conhecimento Paterno 27,20 ± 6,95 28,17 ± 7,27 28, 17 ± 7,27 29,76 ± 6,24 .454 .501 .002 Conhecimento Materno 31,14 ± 8,63 31, 39 ± 6,92 32,38 ± 5,98 34,39 ± 8,32 .761 .384 .003

Relativamente à análise comparativa das variáveis reprovação escolar e consumo de álcool, o teste M de Box evidenciou um valor significativo (p = .002) e os valores do teste de Levene apresentaram uma homogeneidade da amostra. Prosseguindo-se com a análise multivariada da variância, após estarem reunidas todas as condições, é verificado que nenhuma variável apresentou um efeito significativo ao nível das variáveis dependentes.

Nas seguintes variáveis não se observaram diferenças entre os grupos: reprovação (λ Wilks = .990, F(4,229)= .591, p = .669, p = .010, Power = .194), consumo de álcool (λ Wilks

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= .992, F(4,229)= .490, p = .743, p = .008, Power = .166) e na combinação das duas variáveis (λ Wilks = .988, F(4,229)= .679, p = .607, p = .012, Power = .219).

Resumindo, quando analisámos o efeito combinado das variáveis reprovação escolar e consumo de álcool verificámos que não existem diferenças significativas entre reprovados e não reprovados, mas sim a existência de um efeito pequeno ( p = .010). Entre consumidores ou não de álcool, não se verificou o mesmo resultado quanto aos grupos, pois o resultado é <.01 ( p = .008). O quadro 4 evidencia a análise univariada, não tendo sido observadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes grupos. Para existir diferenças entre grupos, o valor de p teria que ser < .05.

Quadro 4: Comparação por reprovação escolar e consumo de álcool ao nível dos estilos educativos parentais

Reprovação Sim Reprovação Não

p Álcool Sim M ± DP Álcool Não M ± DP Álcool Sim M ± DP Álcool Não M ± DP F p Aceitação Paterna 25,08 ± 3,65 26,78 ± 2,10 26,53 ± 4,77 25,43 ± 3,16 2,089 .150 .009 Aceitação Materna 27,42 ± 2,91 27,89 ± 3,86 27,07 ± 3,20 26,43 ±3,24 .615 .434 .003 Conhecimento Paterno 27,46 ± 3,34 28,89 ± 6,03 8,22 ± 6,58 29,62 ± 5,27 .000 .992 .000 Conhecimento Materno 32,56 ± 6,59 33,56 ± 5,20 31,88 ± 7,72 34,93 ± 8,60 .391 .533 .002

Respetivamente à combinação reprovação escolar e consumo de tabaco, o teste M de Box, uma vez mais, apresentou um valor significativo (p = .001). No teste de Levene, os resultados evidenciados apresentaram uma distribuição normal das matrizes de variância.

Reunidas as condições para continuar com a MANOVA, foi visível que todas as variáveis não apresentaram valores significativos (p < .05). Nas seguintes variáveis não se verificaram diferenças entre os grupos reprovação escolar (λ Wilks = .974, F(4,229)= 1,185, p = .194, p = .026, Power = .470 e consumo de tabaco (λ Wilks = .980, F(4,229) = 1,185, p = .318, p = .020, Power = .369). Analisando a combinação destas duas variáveis (λ Wilks = .994, F(4,229) = .367, p = .382, p = .006, Power = .133) verifica-se que não existem diferenças estatísticas.

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Analisando o efeito combinado das variáveis reprovação escolar e consumo de tabaco verificámos que não existem diferenças significativas entre reprovados e não reprovados, mas sim a existência de um efeito pequeno ( p = .026). Entre consumidores ou não consumidores de tabaco, os mesmos resultados são acompanhados por um efeito pequeno ( p = .020). A análise univariada (v. quadro 5) foi analisada separadamente, não se observando diferenças entre os grupos.

Quadro 5: Comparação por reprovação escolar e consumo de tabaco ao nível dos estilos educativos parentais

Reprovação Sim Reprovação Não

p Tabaco Sim M ± DP Tabaco Não M ± DP Tabaco Sim M ± DP Tabaco Não M ± DP F p Aceitação Paterna 25,10 ± 3,57 25,80 ± 3,46 26,43 ± 5,40 26,43 ± 3,16 .269 .605 .001 Aceitação Materna 21,17 ± 2,98 28,25 ± 3,07 26,80 ± 3,39 27,35 ± 2,86 .291 .590 .001 Conhecimento Paterno 26,85 ± 7,60 29,55 ± 5,71 28,20 ± 6,90 28,60 ± 5,97 1,221 .270 .005 Conhecimento Materno 32,25 ± 6,57 33,75 ± 5,99 31,69 ± 7,48 32,92 ± 8,38 .013 .908 .000

Foi observado o valor de p, obtido no teste M de Box, para a combinação das variáveis consumo de álcool e consumo de tabaco. Neste teste é extraído um valor de p significativo (p = .012). Tendo por base os valores do teste de Levene, as variáveis apresentam uma distribuição normal na análise multivariada da variância.

Estando reunidas todas as condições para continuar-se com a MANOVA, pois não se verificaram valores < .05, a variável consumo de álcool não obteve diferenças entre grupos (λ Wilks = .993, F(4,229)= .431, p = .786, p =.007, Power = .150), como também acontece na variável consumo de tabaco (λ Wilks = .991, F(4,229) = .517, p = .724, p = .009, Power = .173). No seu conjunto, as duas variáveis não produziram um efeito significativo (λ Wilks = .998, F(4,229)= .102, p = .982, p =.002, Power = .071).

O efeito combinado das variáveis consumo de álcool e consumo de tabaco não evidenciaram diferenças significativas entre consumidores e não consumidores, nos dois tipos

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de substâncias e um efeito nulo. Na análise univariada (v. quadro 6) não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p < .05).

Quadro 6: Comparação por consumo de álcool e tabaco ao nível dos estilos educativos parentais p Álcool Sim Tabaco Sim M ± DP Álcool Sim Tabaco Não M ± DP Álcool Não Tabaco Sim M ± DP Álcool Não Tabaco Não M ± DP F p Aceitação Paterna 26,04 ± 4,98 26,32 ± 3,31 25 ± 2,44 26,15 ± 2,96 .145 .704 .001 Aceitação Materna 26,94 ± 3,29 7,68 ± 2,64 26 ± 2,12 27, 20 ± 3,73 .081 .776 .000 Conhecimento Paterno 27,79 ± 7,22 28,49 ± 6,50 27,20 ± 3,56 29,90 ± 6,50 .325 .569 .001 Conhecimento Materno 31,83 ± 7,27 32,58 ± 7,76 32,80 ± 40,9 34,85 ± 8,11 .112 .738 .000

Por último, será apresentado o capítulo V, que corresponde à discussão dos resultados desta investigação.

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