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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 APRESENTANDO OS SUJEITOS DO ESTUDO

A pesquisa contou com a participação voluntária de quatorze CDs do PSF de Vitória- ES. Desses, dez são do sexo feminino e quatro do masculino. Dados sobre o perfil do CD tanto em esfera nacional quanto no próprio Estado do Espírito Santo, mostram uma pequena predominância do sexo feminino na classe odontológica (INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS E PESQUISAS SÓCIO-ECONÔMICOS, IMBRAPE, 2003; CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO, CRO, 2002).

Com relação à idade, a maioria dos sujeitos está numa faixa etária acima dos 45 anos de idade. Dos 14 sujeitos, 7 têm mais de 50 anos; 4 deles têm entre 42 e 49 anos e apenas 3 entrevistados têm entre 35 e 39 anos.

Dada a predominância dos entrevistados na faixa etária acima de 45 anos, a maioria tem mais de 20 anos de graduado. Dos quatorze sujeitos, quatro têm mais de 30 anos de formado, sete têm entre 21 e 27 anos de formado, e os três mais jovens graduaram na década de 90. Todos os sujeitos já trabalhavam como CD da rede municipal de saúde de Vitória, anteriormente à inserção no PSF, por uma longa data. Alguns estão na rede municipal há 30 anos (4 CDs). De todos os entrevistados, o CD com menor tempo de atuação na Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) está na rede há nove anos. Todos têm vínculo efetivo com a instituição, com exceção de um CD que, por opção, preferiu manter-se como celetista.

Ter privilegiado apenas CD com cargo efetivo não constituiu um critério de inclusão da pesquisa, porém, mostrou-se interessante, pois permitiu explorar percepções de dentistas com vínculo de carreira com a rede municipal e com história de uma longa trajetória profissional na saúde bucal e, conseqüentemente, com uma prática mais consolidada naquelas ações que este estudo buscou compreender.

Com relação ao tempo de atuação no PSF especificamente, seis sujeitos atuam há mais de três anos e fizeram parte das primeiras dezessete ESB inseridas nas ESF. Esses seis CDs tiveram capacitação prévia à inserção no Programa, ofertada pela SEMUS. Os demais fizeram parte do “segundo grupo” que vem sendo inserido gradativamente, com o processo de expansão da cobertura da saúde bucal na saúde da família. Esses oito CDs não tiveram a capacitação da SEMUS, mas alguns participaram do Curso Introdutório do PSF, ofertado pela SESA, em 2004. De todos os entrevistados, cinco relataram não ter participado de nenhuma dessas capacitações.

Com relação à pós-graduação, a metade dos sujeitos do estudo (sete) já havia cursado especializações em Saúde Pública ou Saúde Coletiva com ênfase em Saúde da Família, enquanto um dos CDs cursou Saúde Coletiva em nível de Mestrado, títulos esses obtidos por iniciativa dos próprios profissionais. Dois dos entrevistados ainda estavam com as especializações em Saúde Coletiva em curso, na época da coleta de dados, que foram patrocinadas pela instituição. É interessante notar que a maioria desses títulos foi obtida após 2001, sendo que apenas dois CDs fizeram o curso de Saúde Pública antes, em 1989 e 1995, o que demonstra uma “movimentação” recente da classe odontológica para o campo de atuação da Saúde Coletiva.

Por outro lado, foi observado que dos quatro CDs que não tinham nenhuma pós- graduação, todos já atuavam há 30 ou quase 30 anos na própria instituição. Dois deles, além de não terem especializações, também não tiveram capacitações. Como ação do Pólo de Educação Permanente do Município, esses CDs estarão cursando especializações em Saúde Coletiva durante o ano de 2008.

O perfil de formação dos quatorze CDs que participaram dessa pesquisa não corrobora com os achados de Rodrigues (2002), que analisou o perfil dos

profissionais de saúde bucal nos serviços de saúde pública do Rio Grande do Norte e encontrou 67% dos CDs sem formação na área de Saúde Pública ou Saúde Coletiva. Por outro lado, o mesmo estudo também demonstrou que a maioria dos CDs (72%) tinha longa trajetória nesses serviços, variando entre onze e trinta anos de atuação.

Com relação ao perfil do CD, um estudo realizado em esfera nacional, em 2003, mostrou que apenas 17,9% dos profissionais registrados nos Conselhos Regionais de Odontologia encontravam-se na faixa etária acima de 45 anos, estando a grande maioria dos profissionais (97%)concentrados em zona urbana (Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicas - INBRAPE, 2003). Apesar de serem dados nacionais, é provável que uma situação semelhante ocorra em Vitória, de modo que os dentistas que participaram do estudo, com faixa etária acima de 40 anos, não apresentam as características da grande maioria dos profissionais que estão ativos no mercado de trabalho do município. Pesquisa transversal realizada no estado em 2002 mostrou que apenas 33% dos CDspesquisados atuavam no serviço público e apenas 5,6% tinham pós-graduação em Saúde Pública ou áreas afins. A mesma pesquisa mostrou que a área mais procurada para especialização era Prótese, seguida de Implantodontia e Ortodontia (CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA-ES – CRO-ES, 2002).

O perfil dos profissionais deste estudo mostra duas características:

a) as especialidades mais comuns entre os CDs são em Saúde Coletiva, ao contrário do que tem sido demonstrado em outros estudos (RODRIGUES, 2002; VILARINHO; MENDES; PRADO JÚNIOR, 2007);

b) com relação ao tempo de experiência profissional, a maioria tem longa trajetória na instituição, incluindo aqueles prestes a recorrer à aposentadoria.

Alguns dos profissionais entrevistados também tinham especializações em outras áreas da Odontologia, como Odontopediatria (dois sujeitos), Cirurgia Oral (um sujeito), Dentística (dois sujeitos), Ortodontia (um sujeito) e um CD tinha Mestrado em Ciências Fisiológicas. Tais pós-graduações foram realizadas quando esses profissionais ainda atuavam no mercado privado, o que não é mais a realidade da

maioria desses sujeitos, reflexão que faremos a seguir, a partir de suas trajetórias profissionais.