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O Aquecimento Global (A Causa Absoluta: Antrópica? Ou uma Construção

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CAPÍTULO I – HISTÓRICO DA DESNATURAÇÃO DO PLANETA

1.1 A CRISE AMBIENTAL PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, O AQUECIMENTO E

1.1.3 O Aquecimento e Escurecimento Global

1.3.1.1 O Aquecimento Global (A Causa Absoluta: Antrópica? Ou uma Construção

As prescrições ambientais não se limitam em prevenir os impactos climáticos, ecológicos, e a estabelecer um marco de tratados, e convenções internacionais para compensação desses danos. Elas atendem à busca, evidente, de alternativas de uso dos recursos que enfrentam as empresas transnacionais, ao expandir em suas estratégias de capitalização da natureza. A ordem incontestável é preservar para ganhar. Mas quem ganha?

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, nos seus quatro relatórios (v.n.1.1.3, capítulo I) e suas previsões “catastróficas” (que foram adulteradas, pela metade, no Sumário Executivo para a Decisão Política e, de forma total, pela mídia), confirma a “bruxa” transvestida em “fada, com a” varinha” do saber ambiental para “consertar” a lógica de um modelo econômico sem limites.

Nesse sentido, Leff (1988, p. 124-125) e Landsea (apud LAMBERT), respectivamente, afirmam:

As estratégias do poder do capital, na etapa da globalização ecologizada, não se reduzem à exploração direta dos recursos, mas a uma recodificação do mundo, das diferentes ordens de valor e de racionalidade, à forma abstrata de um sistema generalizado de relações mercantis.

“{...} a dinâmica climática resulta de uma complexa interação de fatores terrestres e extraterrestres que a ciência está longe de entender de forma sistêmica e ... de poder traduzir em modelos matemáticos confiáveis .

Percebe-se que o reducionismo em relação à teorização do aquecimento global tem acomodado a mente humana de forma inquestionável. A sedimentação dessas “verdades” conta com a colaboração da mídia.

De Edme Mariote nascido na França em 1681 até os expoentes modernos, o Relatório percorre a Era Paleozóica, o Período Terciário e, finalmente, o Quaternário para comprovar, com base em amostras de gelo – a alternância natural de calor e frio, dando a entender que – malgrado uma temperatura em alta desde o fim da última glaciação – a Terra está, finalmente, menos quente hoje do que em diversas épocas remotas (quando, no entanto, não havia vida humana). (MARIOTTE apud LAMBERT, 2008, p.54).

Outra teoria que contraria as “verdades” do Aquecimento Global é a de Milankovitch que atribui as flutações aludidas a modificações no padrão de insolação, decorrentes de desvios, períodos nos parâmetros orbitais do planeta. Refere-se, ainda, à sedutora ideia de atribuir tais oscilações a mudanças na circulação oceânica, enfatizando a existência de fenômenos regionais a aquecer, ou resfriar, o Atlântico Norte em questão de décadas, sem forcing evidente, de onde conclui a importância da dinâmica interna, logo a seguir robustecida por referência a estudos de estalagmites34, sedimentos marinhos, corais, pólen e até insetos fossilizados. (LAMBERT, 2008, p.54).

De forma mais detalhada, a respeito dessa teoria, destaca-se que Milutin Milankovitch35, nascido na Sérvia, professor da Universidade de Belgrado, desenvolveu sua teoria utilizando a base matemática sobre a gênese das glaciações.

No ano de 1941, foi publicada, pela Real Academia Sérvia, a Teoria dos Ciclos de Milankovitch, intitulada: “Kanon der Erdbestranhlung und seine Andwendung auf das Eiszeitenproblem”.

34 “formação calcária que se eleva do solo de uma cavidade ou caverna”, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2008. Acesso em 20 de novembro de 2009.

35 Disponível em <Mitos-climaticos.blogspot.com/2006/01/ciclos-de-milankovitch.html.> . Acesso 20 de novembro de 2009.

Milankovitch recebeu duras críticas a respeito de sua teoria, que levou, aproximadamente, 30 anos para ser aceita pela comunidade científica. Mas, por fim, nos anos 1970/1980, teve seu reconhecimento. Atualmente, por interesses políticos em manter as divulgações “incontestáveis” do IPCC, os ciclos de Milankovitch não são muito divulgados.

Insiste Milankovitch que, no início, as eras glaciárias eram reunidas à redução da energia solar, recebida no período do inverno, em altas, o que latitudes, favorecia a acumulação de neve – a qual necessitaria transferências do potencial, que precipitava em enormes quantidades.

Contudo, para esse sérvio, as condições favoráveis à extensão dos mantos de gelo equivaliam a um mínimo de radiação ao longo do verão, não tendo suficiência para fundir a neve caída no inverno.

Seguiram-se vários estudos, através de tecnologias superavançadas, em séries cronológicas, determinadas a partir de sedimentos marinhos e de cilindros de gelo, que iniciaram o destaque das periodicidades da teoria de Milankovitch36 em relação a alguns parâmetros orbitais de radiação.

36 Os ciclos de Milankovitch têm operado continuamente durante pelo menos uma porção principal da história da Terra (na medida em que se tornou conhecida nos últimos anos) e não apenas durante a Época Glacial dos últimos dois milhões de anos (Quaternário). Foram os causadores das oscilações no nível do mar, alterações rítmicas de facies dos estratos sedimentares do Mesóico e Cenozoico e mudanças climático – vegetacionais nos continentes (Fischer 1981, Hebert & Fischer 1986, Olsen 1989, Bennett 1990). Os ciclos de Milankovitch são devidos a processos celestiais com periodicidades de aproximadamente 20.000, 44.000, 100.000 e 400.000 anos e rsultam de: (1) a variação da distância Terra-Sol devida a interações gravitacionais da Terra com outros planetas e o Sol (ciclos de precessão; 23.000 e 19.000 anos), (2) o aumento e decréscimo da inclinação do equador na órbita da Terra ao redor do Sol Terra-Sol devida a interações gravitacionais da Terra com outros planetas e o Sol (ciclos de precessão; 23.000 e 19.000 anos (2) o aumento e decréscimo da inclinação do equador na órbita da Terra ao redor do Sol (ciclos de obliqüidade; 41.000 e 54.000 anos) e (3) a variação na forma da órbita da Terra ao redor do Sol (ciclos de excentricidade; 95.000, 123.000 e 413.000 anos). Essas oscilações de curto prazo (alta freqüência) em termos geológicos, foram sobrepostas a uma tendência de resfriamento gradual do clima da Terra desde o início do Cenozóico, há cerca de 60 milhões de anos, marcada por acentuados declínios ocasionais, como por exemplo, 37 milhões e 2,5milhões de anos atrás. O gradiente térmico latitudinal tornou-se alcantilado durante o curso do final do Terciário, quando as médias anuais de temperatura aumentaram nos trópicos e a temperatura de verão decresceu nas altas latitudes. O surgimento de camadas de gelo continentais no Quaternário está relacionado à configuração dos continentes e/ou formação de montanhas e acompanhou o crescimento das calotas de gelo nos pólos sul e norte, que se iniciou durante o Mioceno, há 15 e 6 milhões de anos respectivamente.Durante as oscilações climáticas do Cenozóico (Terciário e Quaternário) causadas pelos ciclos de Milankovitch, as florestas nas latitudes temperadas e tropicais sobreviveram a fases secas em áreas remanescentes (fragmentos florestais ou "refúgios") e reexpandiram-se durante períodos úmidos, quando, reciprocamente, a vegetação não-florestal aberta era mais limitada em extensão. E provável que tenha ocorrido uma redução de 50% na massa de árvores florestais durante os períodos frio-secos do Pleistoceno (Livingstone 1980). Os remanescentes de uma zona de vegetação tropical durante um período climático adverso representaram, provavelmente, todas situações intermediárias, desde grandes e extensos blocos a pequenos e

Observa-se, através do ciclo de Milankovitch, que o sol apresenta uma intensidade cíclica. Arrisca-se dizer que desvendaria, de forma mais lógica, as questões das mudanças climáticas.

Preleciona Lambert (2008, p.54) – Abrindo um fascinante campo de percepção – alude a uma “Pequena Idade Glacial” estendendo-se aproximadamente de 1350 a 1850 “{...} precisamente durante um intervalo de baixa atividade solar batizada como “Maunder Minimum em homenagem ao astrônomo credenciado pela a descoberta”.

Os cientistas do Painel não estabelecem paralelo, mas o “Warm Medieval Period” é noção bem conhecida da Ciência Climática, até detectável, nas sagas nórdicas, porque as condições amenas da hora é que propiciaram a descoberta da Islândia e da Groelândia (LAMBERT, 2008, p.55).37

A respeito do crescimento biogeoquímico das mudanças climáticas, em que os conceitos da matéria apareceram nos anos 70, as primeiras quantificações resultam dos trabalhos realizados pelo Painel, a partir de sua criação, em 1988.

As pesquisas destacam a hiper-mediatizada questão da criosfera e comportamento das calotas polares, geleiras, cobertura groenlandesa e neveiras. A relevância da criosfera está na alta refletividade da cor branca.

Isso leva a interrogar sobre o derretimento do gelo em razão do aumento da temperatura. A respeito, afirma Lambert:

dispersos sítios em "mini-refúgios" localizados onde condições favoráveis permitiram a existência continuada das respectivas biotas ou porções de biotas. Pormenores permanecem desconhecidos. Disponível em 20 de novembro 2009.

37 Os vikings usavam barquinhos de casca rasa chamados de “drácar” precisamente por ter poupa em forma de dragão – ou “dracão” se preferir o sotaque escandinavo aterrorizantes na batalha, sim, mas perfeitamente inaptos a enfrentar a violência e o ar glacial do atual Mar do Norte. Chamaram sua primeira de País do Gelo como sugere a raiz germânica de “celand”. Mas a segunda sintomaticamente passou para a posteridade com o nome de Terra Verde... um “Greenland” francamente invisível sob as geleiras hodiernas, porém absolutamente sintonizado com o panorama da época.

A maior parte dos climatologistas enxerga nisso um fenômeno regional comandado por algum forcing de influência limitada, tipo reversão de correntes marítimas locais. Nada teria a ver com o tema ora em pauta, pois aumento de energia solar só poderia ter efeito global. Mas todos parecem aceitar o conceito de “Little Ice Age” (com maiúsculas de nome próprio normalmente usadas para identificar um fato bem conhecido) a começar em 1350 justamente por diminuição do grau de insolação planetária. Isto sim, um evento astrnômico a alcançar o sistema por inteiro...

O derretimento do gelo em decorrência da elevação de temperatura deixa, portanto, entrever um típico cenário de feedback com diminuição da massa de gelo acarretando aumento genérico de absorção calorífica. Uma Terra sempre mais quente, em suma. Cada vez menos branca e menos refletiva.( LAMBERT, 2008, p.57).

Traduzindo em efeitos climáticos, depara-se com as catástrofes, sendo uma delas o crescimento do volume dos oceanos diretamente proporcional à elevação da temperatura:

A área que ocupam hoje os países que compõem a América Latina deverá sofrer graves conseqüências, em razão do Aquecimento Global. A alteração do clima deverá causar sérios danos à agricultura, às reservas hídricas, ao ecossistema, e facilitar a disseminação de doenças na população de tais países entre outros problemas {...}38

Se o aquecimento global continuar, estima-se que as mortes relacionadas a tal evento deverão dobrar em apenas 25anos, atingindo algo em torno de trezentas mil pessoas. O nível dos oceanos deverá subir mais de seis metros e mais de um milhão de espécies deverão entrar em extinção até o ano de 2050. (SISTER, 2007, p.30)

Os textos “apocalípticos” “navegam”, ou melhor, mencionam o destino das ilhas de baixo relevo e das zonas costeira, onde habita grande parte da população. A neve, que retém enormes quantidades de CO2, soltas no processo físico de liquefação, armazena quantidades de frio, para a mitigar o efeito estufa como se fosse as pedras de uma caixa de isopor39, em

uma mecânica oceânica40. Na comprovação do sistema termohalino de circulação oceânica 41 , que despertou o interesse do Painel,o vento gera correntes de superfície, as quais resfriam na

medida em que se afastam do equador, para afundar perto dos pólos por aumento de densidade e voltam por via submarina, até o ponto de partida, emergindo, para deslocarem as massas mornas e menos densas, numa nova viagem para o sul e para o norte (LAMBERT, 2008, p.58).

A respeito das previsões climáticas, até o momento aqui expostas, através dos Relatórios (IPCC), que defendem suas convicções a respeito do Aquecimento Global, com

38 IPCC Special Report – The Regional Impacts of Climate Change: An Assessment of Vulnerability. Disponível em http:// www.grida.no/ climate/ipcc/spmpdf/rgion-e.pdf. Acesso 25 de novembro de 2009.

39 “high thermal inertia”

40 “ênfase particular numa dimensão batizada com a locução “coupled ocean-atmosphere dynamics” para evocar um intercâmbio estruturante do sistema climático global.

uso de cálculos (matemáticos, equações, gráficos e curvas)42, acredita-se, como no entendimento de Lambert (2008, p.59) “{...} não haja questionamento dos fundamentos.”

A matematização e o saber ambiental estão em pauta, para os que buscam uma aguda reflexão sobre os fenômenos do Aquecimento e Escurecimento Global. Este será discutido (infra n.1.3.2) enquanto aquele prosseguirá o raciocínio. Percebe-se que a matematização, aplicada ao saber ambiental, atende mais aos interesses políticos em questão. Haja vista que números, equações e algoritmo distinguiram o conhecimento científico dos saberes das “ciências” sociais, assim elucida Leff:

{...} o saber ambiental se relaciona com diversos campos matematizáveis do conhecimento, com métodos sistêmicos e interdisciplinares e com formações discursivas e conhecimentos técnicos sem pretensão de cientificidade, que conformam um campo heterogêneo de saberes em torno do desenvolvimento sustentável. (LEFF, 1988, p. 167).

O saber ambiental articula processos, que correspondem a diferentes ordens materiais, sendo incomensuráveis e irredutíveis a uma unidade de medida. O terreno do saber ambiental tem por referente um sistema complexo, em que a formalização matemática reduz a especificidade ontológica e o sentido existencial desses processos (LICHNEROWICZ apud LEFF, 1988, p. 168-169).

Importante esclarecer que não se intenciona, aqui, desvalorizar a relevância da matemática e sua aplicação. Mas questiona-se a aplicabilidade tendenciosa nos parâmetros determinados pela política. Denuncia Lambert os disparates das pressões políticas onusianas:

{...} Henk Tennekes foi demitido da direção da Sociedade Meteorológica Real dos Países Baixos em decorrência – segundo o mesmo Lindzen – de discordâncias explícitas com a teoria onusiana do aquecimento global. Ou Aksel Winn- nielsen, ex-chefe da Organização Meteorológica Mundialm que foi pintado pelo então diretor do Painel , Bert Bolin, como porta-voz da indústria carvoeira por questinonar o alarmismo climático {...} Fato é que o Painel nasceu de uma cultura e não exatamente de uma hipótese. Por isso, o frio confronto de uma percepção difusa com a realidade morreu um tanto no calor do comício. O saber produzindo decisão é, sim, o ideal proclamado. Mas críticos autorizados sugerem o inverso ( LAMBERT, 2008, p.37).

42 Denominado por Leff (2008, p.167/173) “de matematização do conhecimento” a favor do saber ambiental – sistemas ambientais e prognósticos.

Esses pontos cegos da racionalidade científica não eliminam o valor e a utilidade das matemáticas e sua fecunda aplicação ao entendimento racional da realidade. Mas é na definição dos objetos de conhecimento de cada ciência de suas estratégias epistemológicas e seus métodos de pesquisa, que se estabelece a relação entre o real e suas formas de conhecimento. (LEFF, 2008, p.168).

Assim, absorver o entendimento dos fenômenos em voga torna-se temeroso, para uma íntima reconstrução do real, a fim de cumprir uma libertação de processos naturais e sociais que se mantêm acorrentados pela racionalidade científica (sem fundamento), tecnológica e econômica hegemonizantes.

E, para intensificar a necessidade de mudanças na construção de novos paradigmas de produção, redirecionando a cultura, o comportamento, dentro de uma nova perspectiva energética “saudável” à humanidade, depara-se com os prenúncios do Escurecimento Global.

1.3.2 O Escurecimento da Terra – E A Sombra das Ideias (“O Retorno à Idade das

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