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JAQUELINE J. SILVA OLIVEIRA

O PADRÃO DE CERTIFICAÇÃO DO FSC (FOREST STEWARDSHIP

COUNCIL)

PARA O MANEJO DE PLANTAÇÕES DE TECA NO BRASIL

Na Perspectiva da Racionalidade Ambiental e do Capitalismo Natural

Goiânia 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

PUC-GO

JAQUELINE J. S. OLIVEIRA

O PADRÃO DE CERTIFICAÇÃO DO FSC (FOREST STEWARDSHIP

COUNCIL)

PARA O MANEJO DE PLANTAÇÕES DE TECA NO BRASIL

Na Perspectiva da Racionalidade Ambiental e do Capitalismo Natural

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica de Goiás como requisito para obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração: Mercado Ambiental.

Professor Orientador: Prof. Dr. Jean - Marie Lambert

Goiânia 2010

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O48p Oliveira, Jaqueline José Silva.

O padrão de certificação do FSC (Forest Stewardship Council) para o manejo de plantações de teca no Brasil na perspectiva da racionalidade ambiental e do capitalismo natural / Jaqueline José Silva Oliveira. – 2010.

174 f.

Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2010.

“Orientador: Prof. Dr. Jean-Marie Lambert”.

1. Certificação florestal – sustentabilidade – protocolo de Quioto. 2. Capitalismo natural – sustentabilidade. 3. Reflorestamento – teca – FSC – Forest Stewardship Council – selo verde – padrão de certificação – Brasil. I. Título.

CDU: 630*2:006.063(81)(043.3) 674.031.929.3:006.063(81) 502.131.1

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação do Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento, defendida em 16 de abril de 2010, reuniu a

Banca Examinadora.

BANCA EXAMINADORA

1. Dr. Jean-Marie Lambert (PUC-GO) ( Presidente) ___________________________

2. Dr. José Antônio Tietzmann eSilva (PUC-GO –Membro) ____________________

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Agradecimentos

A Deus, a Jesus e a Nossa Senhora, mãezinha querida, pela presença constante, dando-me forças na realização deste trabalho.

Ao Pe. Luiz Augusto, pelo amparo espiritual, neste momento acadêmico crucial. A realização deste trabalho não teria sido possível, se não fosse a preciosa orientação do Orientador prof. Dr. Jean Marie-Lambert, que me acompanhou ao longo desta nobre trajetória.

Ao corpo docente do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento da PUC-Goiás.

Ao Marcelo, Secretário do mesmo Curso, Departamento, Programa e Instituição, por sempre se apresentar solícito.

Ao Coordenador do Curso de Pós-Graduação, Dr. Nivaldo Santos, que me incentivou para o fascinante mundo da pesquisa científica e do magistério.

Ao professor Luiz Carlos de Castro Coelho, pelo estímulo à conclusão do Mestrado. Aos meus colegas do curso, pela harmoniosa e agradável convivência.

Ao meu irmão Lincoln Marcos da Silva, por sempre reiterar que “a pesquisa é dote que não tem preço.”

À inesquecível família Damasceno – Aroldo César, Rosânia, Mayara, Marcela e Gabriela pela fraternidade a mim dispensada nestes momentos difíceis.

Às amigas Larissa Coelho, Flávia Oliveira Gomes Vieira, Karine Alves da Silva, Rejane Araújo Moura Simonassi, Anna Cláudia Passani, Andrezza Lívia Araújo, Maria de Fátima Leite e Elena de Lourdes, pelo apoio e amizade.

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“A problemática ambiental abriu um novo campo do saber e do poder no saber que se desdobra nas estratégias discursivas e nas políticas do desenvolvimento sustentável.”

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RESUMO

A presente dissertação objetiva, valendo-se de subsídios multidisciplinares, analisar e demonstrar a importância do Padrão de Certificação do FSC (Forest Stewardship Council) para o manejo de plantações de teca no Brasil, bem como confrontar as questões teórico-jurídicas controvertidas que deverão alcançar o âmbito diferenciado deste programa de certificação florestal, comparado aos demais sistemas existentes. O trabalho orienta-se através dos métodos hipotético-dedutivo e comparativo, apropriados ao objeto de estudo, para sanar as questões levantadas e de técnicas de investigação seguras, notadamente histórica e a monográfica. Para tanto, fez-se uso de referenciais teóricos obtidos pelas pesquisas bibliográficas e em websites, dos esquemas de certificação florestal. No transcorrer do desenvolvimento deste trabalho, destaca-se a problemática ambiental, que se caracteriza,

primordialmente, pela frenética busca de mudança do modelo econômico atual para uma nova era do capitalismo: o Capitalismo Natural (Natural Capitalism). Este apresenta quatro princípios como via imprescindível na manutenção do globo e suas espécies, sem a ingênua visão (do não-desenvolvimento e dos limites ao crescimento), ofuscada pela ideologia ‘salvacionista’ do planeta em relação às evidenteselevações da temperatura média global, que ocasionaram alteração climática, provocada pelas atividades poluidoras, sobretudo, as que aumentaram o efeito estufa, somadas à falta de medidas enérgicas, com o propósito de preservação ambiental. A óptica menos “romântica” da proposta fundamentada nos quatro princípios do capitalismo natural, que serão citados ao longo deste estudo, desemboca na reapropriação da natureza, através do discurso de desenvolvimento sustentável, em que as dificuldades em resguardar o planeta atraíram acordos internacionais (destacando o Protocolo de Quioto e a Convenção 15, em Copenhague), para garantir a sustentabilidade. A abordagem deste tema, por razões que se tornarão evidentes, está voltada para a questão ambiental, no conceito de sustentabilidade, fundamentado no tripé (Triple Bottom Line) que abrange o econômico, o social e o ambiental. Um ponto importante a ser observado consiste no fato de que a garantia de uma efetiva adaptação ao novo modelo de desenvolvimento proposto não se encontra apenas no processo de as lideranças empresariais assimilarem o conceito de sustentabilidade e produzirem sem degradar o meio ambiente, mas, especialmente, na conscientização do consumidor, o qual norteará um mercado ético. Cabe a ele saber qual é o impacto econômico, ambiental e social, que geram os produtos que premia com a sua compra. A identificação dos produtos de empresas politicamente corretas será feita através de selos ou certificações, no caso específico, do “selo verde”- FSC (Forest Stewardship Council), almejado pelos empreendedores madeireiros, em particular, os de plantio da tectona grandis no Brasil.

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ABSTRACT

The environmental problem is characterized essentially by a frenetic search to change the current economic model to a new stage of capitalism, called Natural Capitalism. This presents four principles as indispensable ways of maintaining the Earth and its species, without the naïve vision of non-development, limits to growth and the don quixotic cries to save the Earth from the obvious high global temperatures which provoke climate change. These changes are caused by polluting activities, especially those which increase the greenhouse effect, and by the lack of energetic measures to preserve the environment. A less romantic view of the proposals of Natural Capitalism will be discussed in this study which could lead to the re-appropriation of nature, through the sustainable development discourse, which has attracted international agreements to guarantee sustainability (highlighting the Quioto Protocol and CON 15 in Copenhagen). This dissertation, for reasons which will become apparent, focuses on the question of environmental sustainability, based on the tripod (Triple Bottom Line) including economic, social and environmental dimensions. A significant issue that must be observed is the fact that in order to effectively guarantee a permanent adaptation of the new model of development being proposed, it is not sufficient that business leaders assimilate the concept of sustainability and produce without degrading the environment. Consumer awareness must be heightened in order to move towards an ethical market. It is up the consumer to get to know the economic, environmental and social impact of products which s/he rewards by purchase. The identification of products coming from politically correct companies will be carried out through stamps or certification, especially the green stamp, from the Forest Stewardship Council (FSC). It aims to justify the guarantee and differentiation which the FSC offers to the investor, in this case, though the plantation Teak on Brazilian land, as compared to different kinds of forest certification around the world and in Brazil. Keywords: Natural Capitalism, sustainability, Kyoto Protocol, FSC

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...12

PARTEI- CAPITALIZAÇÃODANATUREZAÀSAVESSAS ...23

CAPÍTULO I – HISTÓRICO DA DESNATURAÇÃO DO PLANETA ...24

1.1 A CRISE AMBIENTAL PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, O AQUECIMENTO E O ESCURECIMENTO GLOBAL ...24

1.1.1 Revolução Industrial – Uso Ostensivo da Queima de Carvão Mineral... 25

1.1.2 O Progresso Industrial - A Queima do Petróleo e do Gás Natural... 27

1.1.3 O Aquecimento e Escurecimento Global ... 30

1.3.1.1 O Aquecimento Global (A Causa Absoluta: Antrópica? Ou uma Construção Antrópica dos Saberes Ambientais?... 34

1.3.2 O Escurecimento da Terra – E A Sombra das Ideias (“O Retorno à Idade das Trevas?). 40 CAPÍTULO II - DEGRADAÇÃO AMBIENTAL –PRIMEIROS ESTUDOS ...44

2.1 PESQUISADORES DO CLUBE DE ROMA ...44

2.2 Primeira Conferência das Nações Unidas a respeito de Meio Ambiente e Desenvolvimento em Estocolmo (1972) - O Direito Internacional do Meio Ambiente ...46

2.3 Relatório de Brundtland intitulado - “Nosso Futuro Comum”, em 1987(our common future) até Copenhague (COP15)...51

2.4 Racionalidade Ambiental – O discurso da Sustentabilidade...64

2.4.1 Triple Bottom Line - O Econômico, Social e Ambiental e O Capitalismo Sustentável ... 67

2.4.2 Capital Natural ... 70

PARTEII -CAPITALISMONATURAL(NATURALCAPITALISM)...74

(10)

1.1 PRINCÍPIOS ...77

2.1.2 A Nova Economia ...79

2.1.3 O Novo Mercado e um Consumidor ‘Selo Verde’... 80

PARTE III- O PADRÃO DE CERTIFICAÇÃO DO FSC PARA O MANEJO DE PLANTAÇÕESDETECANOBRASIL ...84

CAPÍTULO I – PLANTIO DE TECA NO BRASIL ...85

1.1 TECA ...85

1.1.1 Origem... 86

1.1.1.2 Descrição Anatômica Macroscópica ... 87

4.1.1.3 Propriedades físicas e mecânicas ... 88

1.2 Benefícios econômicos/ sociais/ ambientais ...88

1.1.2.1 Estados brasileiros que adotam o plantio de teca para reflorestamento ... 88

1.1.2.2 Duração do ciclo do cultivo... 89

1.1.2.3 Implantação e Manutenção – Custos /Hectare/Valor Comercial - Mercado Internacional... 90

CAPÍTULO II- O PADRÃO DE CERTIFICAÇÃO...95

1. CONCEITO DE CERTIFICAÇÃO FLORESTAL...95

1.1 DIFERENTES TIPOS DE CERTIFICAÇÃO FLORESTAL NO MUNDO E NO BRASIL...96

1.1.1 PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes)- antigo Pan European Forest... 96

CSA (Canadian Standards Association)... 100

1.1.3 CERTFOR (Forest Certification Scheme) ... 105

1.1.4 MTCC (Malaysian Timber Certification Council) ... 108

1.1.5 AFCS (Australian Forest Certification Scheme) ... 110

2. FSC – DIFERENCIAL IMPORTANTE EM RELAÇÃO AOS OUTROS SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO FLORESTAL ...113

3.2.1 FSC (FOREST STWARDSHIP COUNCIL) ... 113

(11)

2.2 Certificadoras ...120

2.2.1 Processo de Certificação ... 121

2.2.2 Tipos de Processo de Certificação... 121

2.2.2.1 Certificação de Manejo Florestal ... 122

2.2.3 Os Custos Diretos e Indiretos de uma Certificação Florestal... 124

2.2.4 Benefícios e Vantagens de Produtos com a Logomarca FSC ... 125

2.3 Auditoria...127

2.3.1 Auditoria de Cadeia de Custódia do FSC... 127

2.4 Certificação Florestal em Grupo ...132

2.4.1 Certificação de Grupo Organizado... 132

REFERÊNCIAS...149

ANEXO A – Modelo para Elaboração de Projeto de Florestamento e Reflorestamento ...152

ANEXO B- Quadro: Manual completo para auditoria de certificação do Sistema do FSC...159

(12)

INTRODUÇÃO

Este estudo, que tem por finalidade analisar e demonstrar a relevância do Padrão de Certificação do FSC1 (Forest Stewardship Council), no manejo do plantio de teca2 no Brasil, procura confrontar as controvérsias teórico-jurídicas, no âmbito diferenciado deste programa de certificação florestal, em relação aos outros sistemas, no mercado.

Tem o intuito de verificar, ainda, se o FSC é um instrumento de defesa das três dimensões do desenvolvimento sustentável (asocial, a ambiental e a econômico) e, por fim, relacionar a necessidade do estímulo estatal à busca da certificação florestal, pelos investidores e consumidores, com o aumento do mercado da madeira, através do plantio de teça (em estados do Centro-Oeste, Nordeste e Norte, do Brasil.), e a garantia desse “selo verde”.

O problema converge para questões que exigem reflexão percuciente por parte do estudioso do mercado ambiental interno e alienígena, quanto à importância do citado programa de certificação florestal, diante do aumento de plantações de teca, principalmente, nos estados do Mato Grosso, Goiás e na região Norte. O programa de certificação florestal (FSC) é um meio eficaz e seguro, direcionado ao investidor e à implantação de uma política que tem por finalidade a proteção ambiental e social situada em uma visão macroeconômica.

A motivação para elaborar este trabalho deveu-se a dois fatores importantes: o primeiro, ter uma ótica menos desencantada a respeito da crise ambiental, destacando, aquecimento, escurecimento global e o discurso da sustentabilidade recheado pelo meio

1 FSC Sistema de certificação florestal mais conhecido e de maior credibilidade no mundo. Surgiu em 1993, um ano após a Conferência Rio 92, com, objetivo de promover, prática de manejo de florestas que seja

ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável.

2 TECA é o nome popular da "Tectona grandis”, árvore nativa das florestas tropicais do sudeste asiático. Desde tempos muitos antigos, a teca tem sido uma das mais valorizadas madeiras do mundo, por ser facilmente trabalhada e pela sua resistência ao sol e a chuva, através de longos anos.

(13)

midiático, contendo a marca do senso comum. O chamariz para desconstruir a articulada “visão” ‘salvacionista do planeta’, que se encontra bem distante da trilha científica na construção da verdade, reside em perceber o que Leff ( 2006, p. 143) chamou de “preparação das condições ideológicas para a capitalização da natureza e a redução do meio ambiente à razão econômica,” tendo como aliado o saber ambiental a serviço dessa ideologia.

A atualidade e a importância do tema destacam-se, porque o estudo dele busca uma racionalidade ambiental, que é o maior desafio da humanidade neste século (promover o desenvolvimento socioeconômico por meio de estratégias e ações que não agravem ainda mais o aquecimento e escurecimento global, a falência dos recursos naturais e, consequentemente,“ a morte do planeta”). O que se quer é perseguir a mudança do modelo econômico atual para uma nova era, a do capitalismo Natural (Natural Capitalism) respaldado por quatro princípios: 1) aumentar a produtividade dos recursos naturais; 2) reduzir o fluxo de desperdício e destruição de recursos trazidos pela dilapidação e pela poluição o que é uma incrível oportunidade de negócio; 3) adaptar um modelo de economia de soluções; 4) reinvestir no capital natural (HAWKEN, LOVINS, HUNTER LOVINS, 1999, p.150 -169).

Há de considerar-se, através do uso da lupa crítica, a questão da racionalidade ambiental, aquecimento e escurecimento global conforme preleciona LEFF (2004, p.18) entre as dobras do pensamento que permitem desvelar os círculos perversos em surdina, da neblina dos gases de efeito estufa que cobre a terra e cega as ideias, camuflando os verdadeiros efeitos da racionalidade teórica, econômica e instrumental na coisificação do mundo, até chegar ao ponto abismal no qual despenca a crise ambiental.

Prova disso: evidencia-se a força do Protocolo de Quioto em acertar o passo rumo ao futuro sustentável e o descompasso em Copenhague COP153, na atuação dos atores políticos que, num grito imperativo, buscaram defender seus interesses econômicos, “arrotando” para o mundo as suas vontades dominadoras. Em destaque, a China e os Estados Unidos. Este, através da sua presidência, proclama para a Comunidade Internacional “Sim, nós podemos” (em uma leitura aguçada desse discurso) continuar a desnaturar o planeta, e os países em desenvolvimento que se comprometam a mitigar as emissões de gases, afinal para que, tais Estados, precisam preocupar com desenvolvimento econômico, trata-se de “colônias” que

(14)

devem ler na “cartilha” da “Metrópole” e seguir os saberes ambientais de forma que esta periferia trabalhe e se desenvolva para tanto.

Embora os direitos ambientais tenham convertido a “humanidade” em sujeito de direito internacional, isto não quer dizer que todos os seres humanos tenham o mesmo direito de beneficiar-se do “patrimônio comum da humanidade”, foram estabelecidos muito mais convênios e normas para o comportamento da comunidade de nações, do que princípios para o acesso social e comunitário aos recursos naturais. (LEFF, 1998, p. 93)

A crise ambiental é a primeira crise do mundo real produzida pelo desconhecimento do conhecimento, desde a concepção científica do mundo e o domínio tecnológico da natureza que geram a falsa certeza de um crescimento econômico sem limites. (LEFF, 1999, p. 294).

A racionalidade ambiental se forja em uma ética da outridade, em um diálogo de saberes e em uma política da diferença que vão além de toda ontologia e de toda epistemologia que pretendem conhecer e englobar o mundo, controlar a natureza e sujeitar aos mundos de vida (LEFF, 1999, p.21).

Diante da ideologia ‘salvacionista’ do planeta, em que os países em desenvolvimento tornar-se-ão os mitigadores dos GEE4, não seria tão incoerente afirmar ‘O retorno’ da tão conhecida divisão internacional do trabalho. Os desenvolvidos continuarão poluindo, desde que paguem para isso.

Assim, a estrutura de domínio que designa quem produz e elege quem se aproveita, repartindo o patrimônio e dividindo a renda. Indica aquele que serve e, por tabela, aquele que manda. Ou – se preferir – diz quem trabalha... e, ao mesmo tempo, quem ganha (LAMBERT, 2008, p. 8).

Contrapondo ao pensamento de Leff sobre a racionalidade ambiental, o desenvolvimento sustentável, e, a idéia ‘salvacionista’ do planeta, tão marcada neste estudo, autores como (RUDDIMAM, 2005, p.54) e (ALMEIDA, 2009, p.345) acreditam que a

4 De acordo com o Protocolo de Quioto, são considerados GEE: dióxido de Carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hezafluoreto de enxofre (SF6), e as famílias dos perfluorcarbonos PFCs e dos hifrofluorcarbonos HFCs.

(15)

atividade antrópica, através do desmatamento, com finalidade agrícola e utilização da matriz energética (queima de combustíveis fósseis) resultou na elevação de emissão para atmosfera de gases que geram o (GEE), potencializando, portanto, os seus resultados e deixando o planeta mais aquecido do que deveria.

Almeida afirma (2009, p.345) ser o desenvolvimento sustentável a única via de suporte para o êxito de manutenção da Terra, e, defende as três áreas em que esse desenvolvimento é imprescindível, a saber: a natureza, sistema de suporte à vida e a comunidade.

Das três áreas apresentadas, a mais preocupante, segundo o autor (ALMEIDA, 2009, p. 345), é o sistema de suporte à vida, por envolver os recursos naturais (renováveis e não renováveis), ou seja, a preservação do ecossistema que alcança os valores econômicos.

A conservação de todo sistema ecológico concentra-se nas pessoas, na economia e na sociedade. Se existir harmonia entre estas três áreas, certamente o equilíbrio do planeta subsistirá. A lógica do desenvolvimento humano, focado nas pessoas, traduz-se na maior expectativa de vida, por meio da qualidade de vida, envolvendo a educação ambiental e a “consciência da existência de uma ordem ambiental pública constitucionalizada - o meio ambiente como direito fundamental expresso”. (HERMAN, 2002, p.68-69).

Quanto à sociedade, direciona-se ao bem-estar e à segurança feita pelo Estado para garantir a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Para tanto, o Direito Ambiental Brasileiro, em particular, inseriu a responsabilidade objetiva com a Lei n. 6.938/81, Art.14, 1º§5 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente) a fim de restabelecer o equilíbrio entre a agressão ambiental/ou ato poluidor e a reparação.

Na hipótese de constatação do prejuízo ambiental, o agente agressor, vinculando sua comissão ou omissão ao dano ambiental, responde de maneira objetiva, sem cogitar de acidente ou de resultado não desejado. Acrescenta-se a importante participação dos

5 Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

{...} § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

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profissionais da biotecnologia, geologia, ecologia, agronomia e setores afins para certificar o nexo causal e o prejuízo ambiental.

A responsabilidade objetiva tem como finalidade a segurança da sociedade contra os empreendimentos nocivos ao meio ambiente. Por meio de um sistema jurídico lógico, consegue-se alcançar um procedimento judicial de prevenção e de reparação dos danos.

O conceito de desenvolvimento sustentável liga o ser sustentado ao que deve ser desenvolvido, e a ênfase varia de acordo com o fato destas conexões serem declaradas ou implícitas. Em alguns casos, o foco é concentrado em apenas um dos dois objetivos, a sustentação ou o desenvolvimento: “sustentar apenas” ou “desenvolver principalmente”; em outros são colocados condicionantes: “desenvolver, porém, dentro de certos limites”. (ALMEIDA, 2009, p. 346).

Diante do limite ao desenvolvimento (condicionantes), evidenciado no parágrafo anterior, é oportuno mencionar, no caso do Brasil, a competência do IBAMA6 que declara as modalidades de estabelecimentos e atividades exploradoras de recursos naturais. Tais atividades necessitarão de licenças/autorizações para construção, instalações e funcionamento.

Assim, a prevenção dos danos ao meio ambiente acontece através dessa instituição controladora (IBAMA), a qual detecta atividades que trarão impactos ambientais. Essa prevenção é realizada pelo estudo prévio desses impactos. Tal estudo é estabelecido pela Constituição Federal/88 (Art.225, inciso IV7) e pela Lei n.6.938/818.

Em harmonia com a Lei n.6.938/81 está o Artigo 170, parágrafo único da CF/88 que estabelece: “É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.

6 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Criado em fevereiro de 1989 ( Lei n. 7.735/89).

7 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

{...}

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

8 Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: {...} (I, II)

(17)

Como se pode notar, pela regra geral, não se exige licença ou autorização para o exercício de qualquer atividade econômica. A intervenção do Poder Público ocorre, através do IBAMA, em razão da exceção prevista em lei.

Outro diploma legal destacado é a legislação florestal (Lei n.11.284/2006, de Gestão das Florestas Públicas), que disciplina o manejo florestal de acordo com o princípio do desenvolvimento sustentável, uso racional das florestas brasileiras públicas (Art.2º, II)9. Tal uso deve ser direcionado à elaboração, por parte da pessoa humana, com resultados e benefícios concretos destinados à população (Art. 2º, III)10.

A referida Lei resguarda princípios na gestão de florestas públicas. Esta gestão precisa obedecer às regras do sistema constitucional, visando à observância jurídica dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (Art. 1º, IV CF/88)11, a dignidade dos brasileiros (Art.1º, III CF/88)12.

A legislação florestal (11.284/2006), além de objetivar a produção sustentável, traz à baila o instituto da concessão florestal, disposto no seu Art.3º, VII13 – destina-se a alavancar a utilização dos bens ambientais por meio de atividades que respeitem as comunidades locais.

A respeito das legislações apresentadas (6.938/1981 e 11.284/2006), percebe-se o diferencial do FSC, em razão deste exigir absoluta conformidade da atividade com as Leis, no caso em análise, brasileiras e seus dez princípios, destacando (Princípio 1: Obediência às

Leis e aos Princípios do FSC) “O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicáveis ao

país onde opera, bem com, os tratados internacionais e acordos assinados por este Estado, e

9 Art. 2º Constituem princípios da gestão de florestas públicas: {...} ( I ), II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;

10 Art. 2º Constituem princípios da gestão de florestas públicas:

III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;

11 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

{...}

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 12 III a dignidade da pessoa humana.

13 Art. 3º Para os fins do disposto nesta Lei, consideram-se:

{...}VII - concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

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obedecer a todos os Princípios e Critérios do FSC.”; O Princípio 4: Relações Comunitárias

e Direitos dos Trabalhadores- “As atividades de manejo florestal precisam manter ou

ampliar o bem estar econômico e social de longo prazo dos trabalhadores florestais e das comunidades locais”.

Ressalte-se a natureza multidisciplinar do tema, o que permite aliar as Ciências Metereológica e Econômica a outros ramos do direito como – o Civil; o Ambiental, o Constitucional, o Internacional e Consumidor. Em especial, o Direito Internacional do Meio Ambiente, por ser responsável pela série de tratados e convenções internacionais multilaterais sobre meio ambiente, tendo como ponto de partida Estocolmo, em 197214.

Após Estocolmo, uma Convenção em particular destaca-se, a Convenção de Ramsar, de 1974, que consagra um princípio fundamental no capítulo do Direito Internacional do Meio Ambiente, dedicado à proteção da fauna e da flora, que foi inaugurado com a primeira Convenção Africana de Argel, de 1968: a proteção internacional é devida não só aos indivíduos da fauna e da flora das espécies ameaçadas, mas igualmente a seu habitat, proteção essa cuja responsabilidade particular incumbe ao Estado em cujo território se encontra a espécie em questão. (SOARES, 2003, p.51). E, nessa “toada”, foi caminhando o Direito Internacional do Meio Ambiente até chegar a Copenhague - última Conferência das Partes (COP15).

Como não se pode fazer ciência sem um método, utilizou-se os métodos hipotético-dedutivo e comparativo. O primeiro, em razão das hipóteses formuladas, para o problema anteriormente apresentado, submeterem a testes que objetivam refutá-las ou aceitá-las. O segundo, método comparativo quanto aos programas de certificação florestal.

A metodologia aplicada consistiu no uso de referenciais teóricos adotados, através do material disponível levantado pelas pesquisas bibliográficas e websites dos esquemas de certificação florestal. Posteriormente, analisa-se o mercado promissor referente ao Padrão de Certificação do FSC para o Manejo de Plantações de Teca no Brasil.

Adota-se, como teoria de base, os conceitos de sustentabilidade cunhados por Jonh Elkington (The Triple Bottom Line of 21st century business) nas três dimensões: social,

(19)

ambiental, e econômico. Essa teoria contribui para resolução da problemática ambiental quanto às inovações tecnológicas na necessidade de promover o manejo das florestas do mundo de forma ambiental correta, com benefício social e econômico. Nesse sentido, está inserido o Protocolo de Quioto, por considerar o desenvolvimento das novas tecnologias ambientais relevante para atingir a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e impedir a falta definitiva dos recursos naturais.

O marco teórico se concentra na teoria: “The Sustainability Advantage – Seven Business Case Benefits of a Triple Bottom Line” de Elkington; “Canibais com Garfo e Faca” de Elkington; Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade e Poder de Enrique Leff; Racionalidade Ambiental a Reapropriação da natureza do mesmo autor e “Natural Capitalism: creating the next Industrial Revolution” de Paul Hawke e amory Lovins.

Teorias que se encaixam na aplicação de políticas públicas que estimulem a busca da certificação pelos investidores e consumidores com a finalidade de alavancar atividades que auxiliem o Brasil no seu desenvolvimento sustentável, conciliando progresso, tecnologia, meio ambiente e o social. Isso porque, o país é possuidor de potencial no que tange ao plantio de Teca. Portanto, torna-se imperioso os incentivos em adotar o programa de certificação mais respeitado no mercado (FSC), devido à manutenção de padrões comuns de desempenho das operações manejadas em qualquer lugar que buscar tal certificação.

Justifica-se a limitação do tema não apenas pelo conteúdo envolvente, no que tange ao saber ambiental, mas pela indução que este saber proporciona. Como afirma LEFF (1999, p.298) “uma ordem conceitual e um conjunto de artefatos que intervêm e transformam o real, que “tecnologizou” e “economicizou o mundo.” Nesse sentido, a proposta do capitalismo natural se faz presente – reinvestir no Capital Natural, fomentando os negócios para criar riquezas, de forma racional.

Sinaliza-se que a garantia de consolidação do novo modelo de desenvolvimento econômico, não se encontra apenas no processo dos empresários e industriais adotarem o conceito de sustentabilidade, respeitando o meio ambiente, mas, sobretudo, na conscientização do consumidor ao impulsionar um mercado mais ético.

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Através da sua exigência em saber o impacto econômico, ambiental e social que geram os produtos adquiridos.

A certificação florestal deve garantir que a madeira dessa árvore, utilizada em determinado produto, tenha, na sua origem, um processo produtivo sustentável, dentro do cumprimento de todas as leis em vigor. Assim, o FSC garante uma gestão florestal de conformidade com a “Triple Bottom Line” que constitui um trunfo em um mercado cada vez mais exigente.

Como será possível verificar adiante, o FSC tem um diferencial importante em relação aos outros sistemas de certificação florestal, devido à existência de princípios e critérios (P&C), criados em 1994, aplicarem-se a todas as florestas tropicais, temperadas, boreais e florestas parcialmente replantadas. Os P&C foram desenvolvidos, principalmente, para as florestas manejadas voltadas para a produção de madeira. O Forest Stewardship Council orienta os elaboradores de políticas públicas e o público em geral sobre a inclusão de questões relacionadas à melhoria de legislação e à políticas de manejo florestal.

O desenvolvimento deste trabalho divide-se em duas partes: A primeira, intitulada “Capitalização da Natureza às Avessas”, está dividida em dois capítulos e três subcapítulos. O capítulo I apresenta o histórico da desnaturação do planeta sob uma perspectiva antrópica. Nos três subcapítulos, procurar-se-á expor a crise ambiental pós- Revolução Industrial e suas consequências, o que a mídia, hoje, anuncia como os dois “vilões” prejudiciais à vida na Terra: o aquecimento e escurecimento global. Depois disso, serão levantadas, dentro do último subcapítulo, as questões: O aquecimento global – a causa absoluta: Antrópica? Ou uma construção antrópica dos saberes ambientais? Reflexão em consonância com Enrique Leff.

Na esteira do pensamento de Leff, no véu nebuloso dos gases de efeito estufa que cobre a terra, causando o aquecimento global, e cega as ideias, está uma homogênea ideologia do progresso e do crescimento sem limites.

Na sequência, a segunda questão: O Escurecimento da Terra – e a sombra das ideias (“O Retorno à Idade das Trevas?). O novo “vilão,” que se faz presente, aperta mais ainda o “cinto” de um saber que provoque o temor dos terráqueos. Isso traduz no que Enrique (1998, p. 171) denomina de tematização diferenciada e novas estratégias para a articulação de

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ciências e saberes {...} Articulação de lógicas de saberes, que a construção de uma racionalidade ambiental requer, confronta o reducionismo teórico, o qual leva às analogias conceituais, aos isomorfismos estruturais e à unificação terminológica de diversas formalizações científicas.

O escurecimento global, divulgam os cientistas, interfere no ciclo hidrológico, por meio da redução da evaporação, provocando secas em várias regiões do globo. Encontram-se nuvens carregadas de poeiras, poluentes (cinzas, nitratos, fuligens, sulfatos), que se tornam gotículas, retendo os raios, como se fosse um gigantesco espelho. Tais poluentes, segundo os estudiosos, são os efeitos da ação humana, e podem ser relacionados à queima de óleos e combustíveis fósseis. A sugestão para reverter o assombroso documentário “Mundo das Sombras/Aquecimento Global” - controlar a poluição do ar não precisa ser tão difícil, não significa desistir do carvão e do óleo, eles só precisam ser queimados de maneira mais limpa (...)”.15

Observa-se as técnicas de monitoramento como correspondentes a um poderoso instrumento de diagnóstico sobre as mudanças ambientais. O importante é trilhar as tendências do saber ambiental, de maneira macroscópica, e vislumbrar o interesse de preservação na manutenção da natureza para os insaciáveis “tigres” capitalistas, asiático e

norte-americano.

Ainda sobre a primeira parte, o capítulo II, e seus respectivos subcapítulos, é dedicado à Degradação Ambiental – Primeiros Estudos. Nesse contexto, serão enfocados os pesquisadores do Clube de Roma; a Primeira Conferência das Nações Unidas a respeito de Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo (1972) - O Direito Internacional do Meio Ambiente; Relatório de Brundtland, intitulado - “Nosso Futuro Comum”, em 1987 (our common future); Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, Junho de 1992 -ECO/92). A Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento estabeleceu para os Estados : a) apoiar a identidade, a cultura e os interesses de populações indígenas locais, objetivando sua participação nos processos legislativos referentes ao meio ambiente. Cabe ainda dizer que, além dessas regras, foram traçadas metas para todo o século XXI que deverão ser executadas pelos Estados - Agenda 21. Fechando esse subcapílulo, passa-se ao Protocolo de Quioto e à última COP15, realizada em Copenhague.

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Posteriormente, no último subcapítulo, discute-se sobre a Racionalidade Ambiental - O discurso da Sustentabilidade; a “Triple bottom Line" – o econômico, social e ambiental, o Capitalismo Sustentável e o Capital Natural.

Segue o capítulo III, da primeira parte do trabalho, intitulada “Capitalismo Natural (Natural Captalism), que tenciona tratar dos seus princípios norteadores, da nova economia, do novo mercado e do consumidor” selo verde”.

Por fim, a segunda parte abordará “O Padrão de Cerficação do FSC para o Manejo de plantações de Teca no Brasil. O capítulo I expõe a importância dessa madeira, a origem, descrição anatômica macroscópica; propriedades físicas e mecânicas da referida árvore, bem como os benefícios econômicos, sociais e ambientais desse plantio, os estados brasileiros que adotam a plantação de teca para reflorestamento, duração do ciclo do cultivo, implantação e manutenção/custos por hectares e valor comercial no mercado internacional. Ainda na terceira parte, no capítulo II, demonstra-se a relevância do padrão de certificação, o conceito certificação florestal, os diferentes tipos de certificação no mundo e no Brasil. O FSC e seu diferencial, no que tange aos outros sistemas de certificação florestal, destacando seus princípios e critérios (P&C), que são aplicados a todas as florestas tropicais, temperadas, boreais e florestas parcialmente replantadas. As certificadoras que conduzem o processo de certificação, o contato inicial da operação florestal com a certificadora, avaliação, adequação, certificação da operação e monitoramento anual, auditoria de cadeia de custódia do FSC, certificação florestal em grupo organizado e suas vantagens, e a certificação de manejador de recursos.

Segue-se, finalmente, a conclusão da pesquisa, na qual se pretende expor a relevância do padrão de certificação do FSC para o manejo de plantações de teca no Brasil, como investimento seguro, rentável e voltado, principalmente, para o mercado internacional, assim como entrar na era do Green Business, dentro da perspectiva do natural capitalism.

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CAPÍTULO I – HISTÓRICO DA DESNATURAÇÃO DO PLANETA

1.1 A CRISE AMBIENTAL PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, O AQUECIMENTO E O ESCURECIMENTO GLOBAL

A Revolução Industrial originou as mudanças climáticas no planeta, caracterizadas pela elevação da temperatura média global. Não se pode esquecer que, anteriormente, ocorreram várias alterações do clima, causadas por fenômenos naturais. No entanto, as ações antrópicas são apontadas como a causa principal do aquecimento atual.

Dentro do contexto histórico citado, foi a partir do século XVIII que começaram a ocorrer as transformações no conjunto das condições meteorológicas, derivadas das atividades poluidoras – “especialmente as que aumentaram o efeito estufa e da falta de atitudes preventivas para proteger o meio ambiente.”(GONÇALVES, 2007, p.255). A queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural), em usinas e indústrias termoelétricas, veículos em circulação, sistemas domésticos de aquecimento, e também o desmatamento indiscriminado de florestas são responsáveis pela maximização de emissão e concentração, na atmosfera, de gases de efeito estufa (GEE).

Segundo cientistas e meteorologistas da Agência Espacial Norte-Americana (NASA)16, as evidências do efeito estufa estão em várias regiões do globo - ocorrências de derretimento de geleiras e capotas polares, elevação de oceanos, enchentes, desertificações de solos, secas e incêndios florestais, tempestades, furacões intensos, bem como verões escaldantes, invernos mais rigorosos e as consequências socioeconômicas causadas pelas extremas transformações climáticas. Acrescentam, ainda, os estudiosos que a omissão diante do Aquecimento Global traz outro alarme, denominado de Escurecimento Global.

O Escurecimento Global decorre da redução da irradiação solar global, ou seja, do fluxo de radiação solar que chega à superfície terrestre, tanto pelos raios solares quanto pela radiação difusa, dispersada pelo céu e pelas nuvens. Vários estudos, baseados em redes de

16 “Mudanças Climáticas” Disponível em www.carbonobrasil.com/mudanças.htm. Acesso em 10 de outubro de 2009.

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estações radiométricas17, mostram que durante o período de (1964 -1992) se observa um escurecimento global significativo, em amplas regiões da África, Ásia, Europa e América do Norte. Destacam, ainda, os pesquisadores, que as nuvens, ao se formarem, estão cada vez mais carregadas de poeiras e poluentes (fuligens, cinzas, sulfatos, nitratos), responsáveis pela formação de gotículas que provocam a retenção e reflexão dos raios que funcionam em conjunto, como um enorme espelho.

Nota-se que esses discursos “científicos” apresentam um consenso ao delatarem a ação humana como responsável pelo aquecimento e escurecimento global. Nesse particular, provocam em mentes mais aguçadas à reflexão, certa inquietação. Afinal, para pensadores como Leff (1998, p.45), a problemática ambiental converteu-se numa questão eminentemente política. Tais questões serão discutidas mais adiante (infra nn.1.3.1.1-1.3.2).

Dentre as terríveis “catástrofes, destaca-se a primeira (o aquecimento global), que teve origem no uso ostensivo da queima de carvão mineral, no início da Revolução Industrial.

1.1.1 Revolução Industrial – Uso Ostensivo da Queima de Carvão Mineral

Remonta-se ao divisor de águas das comunidades neolíticas e das primeiras civilizações humana, à prática da irrigação de cereais, na região da antiga Mesopotâmia. Essas civilizações contavam, como fonte de energia, além do vigor e da força muscular dos homens primitivos, com o potencial dos rios.

Com o tempo, somaram-se outras fontes de energia: os ventos, que beneficiavam os barcos à vela, pilões, moinhos; a turfa18 e o óleo de baleia.

Passando para o início do século XVIII, observa-se a devastação das florestas inglesas objetivando extrair a lenha, a madeira para construção de navios da esquadra britânica. Mas o

17 Disponível em: < http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp// ID=1618. Revista Eco21, edição 130, Rio de Janeiro. Artigo de Taís Carolina Seibt Rick. Acesso 20 de novembro de 2009.

18 “Bio massa constituída de restos de vegetais em decomposição, usado como fertilizado, forragem, combustível e na feitura do carvão”, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 3ªedição, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2008.

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mais importante a destacar, nesse período, é a abundância de carvão mineral19, que aflorava na superfície, em muitas regiões. Num curto espaço de tempo, o carvão superou a madeira, tornando-se a principal fonte de energia.

E para o “desespero” dos exploradores dessa tão preciosa fonte de energia, na época, as jazidas mais expostas à superfície esgotaram. A necessidade desse combustível obrigou a exploração no subsolo (poços e minas) através do bombeamento.

O progresso imperava. Prova disso que, no ano de 1712, Thomas Newcomen criou a máquina a vapor. A invenção de Newcomen foi aprimorada por James Watt, sendo universalmente usada nas fábricas, em navios e locomotivas. Essa máquina alavancou a Revolução Industrial.

O século seguinte, por volta de 1830/1840, contemplou o surgimento da eletricidade nas comunicações (telégrafo) e na metalurgia. E as conquistas seculares não param por aí. No ano de 1878, Thomas Edson entrega à humanidade o uso de uma lâmpada incandescente de filamento. E, nesse bombardeio de invenções, não se pode olvidar Werner Siemens com a primeira locomotiva elétrica. Haja fôlego para o homem daquele século buscar tecnologias, com o intento de acelerar o processo da produção industrial.

No persecutório caminho desse progresso, Nikola Tesla revoluciona a termoelétrica à carvão e desenvolve o motor de corrente de forma alternada, o que beneficia as fábricas. Concomitantemente, a turbina hidráulica substitui a turbina a vapor, na geração elétrica. E as hidrelétricas, na função de transmissão energética, utilizam a energia dos rios, com destino às fábricas e às cidades.

Faz-se necessário elucidar que, ainda hoje, esse combustível fóssil garante o funcionamento de usinas termoelétricas. Há notoriedade a respeito dos impactos ambientais dessas usinas à carvão, pois a queima desse fóssil provoca as emissões, sobretudo, dentro dos GEEs de CO2 na atmosfera, e a poluição de resíduos solidificados.

19 Combustível de origem fóssil (formado a partir da fossilização de materiais orgânicos, principalmente madeira, recurso natural não renovável), encontrado em jazidas localizadas no subsolo terrestre e extraído pelo sistema de mineração. O carvão mineral é composto por: carbono (na maior parte), oxigênio, hidrogênio, enxofre e cinzas.

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Mesmo não sendo fonte de energia limpa, o carvão brilhou no palco do desenvolvimento econômico até 1961, reinando soberanamente. Mas seu brilho foi ofuscado pelo petróleo, que o suplantou. No entanto, aquele fóssil “camaleão” converte-se, na atualidade, em combustível sintético líquido, comparando-se ao petróleo natural.

A frenética burguesia, na ocasião, buscava tecnologia que garantisse vantagens e celeridade na produção. Nota-se que a “bola da vez”, como fonte nobre de energia, a partir da década de 60, era o chamado “ouro negro”.

1.1.2 O Progresso Industrial - A Queima do Petróleo e do Gás Natural

A palavra petróleo vem do latim, petra e oleum, correspondendo à expressão “pedra de óleo”. O petróleo surge na natureza ocupando os vazios existentes entre os grãos de areia na rocha, em pequenas fendas com intercomunicação, ou mesmo cavidades também interligadas.20

O petróleo surgiu no século XIX, nos Estados Unidos, oeste da Pensilvânia. O coronel Drake foi o descobridor dessa fonte valiosa. Uma perfuratriz, máquina utilizada por Drake, aprofundou no solo aproximadamente 20 metros.

As vantagens de tal combustível estavam direcionadas à produção de querosene e lubrificantes. E o impacto ambiental do produto, que resultava da destilação (a gasolina), já era visível. Tal combustível era jogado nos rios.

20 Estudos arqueológicos mostram que a utilização do petróleo iniciou-se 4000 anos antes de Cristo, sob diferentes denominações, tais como betume, asfalto, alcatrão, lama, resina, azeite, nafta, óleo de São Quirino, nafta da Pérsia, entre outras.Esse fóssil é conhecido desde tempos remotos. A Bíblia já traz referências sobre a existência de lagos de asfalto em diversas ocasiões em que foi utilizado como impermeabilizante. O líquido foi utilizado por hebreus, para acender fogueiras, nos altares onde eram realizados sacrifícios; por Nabucodonosor, que pavimentava estradas na Babilônia; pelos egípcios, na construção de pirâmides e conservação de múmias, além do uso como combustível, para iluminação, por vários povos. Os gregos e romanos embebiam lanças incendiárias com betume, para atacar as muralhas inimigas. Após o declínio do Império Romano, os árabes também empregaram-no com a mesma finalidade. Há relatos de que, quando os espanhóis chegaram à América, Pizarro deu conta da existência de uma destilaria que era operada por incas. Supõe-se que o líquido citado representava resíduo de petróleo, encontrado em surgências na superfície. Disponível em < http://www.igc.usp.br/geologia/petroleo.php. Artigo “Utilização do Petróleo através dos tempos”. Prof. Dr. José Roberto Canuto. Acesso em 12 de outubro 2009.

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A importância desse fóssil reside na revolução provocada por ele, em relação à criação dos motores de combustão interna. Destaca-se, também, o crescimento da produção de automóveis, propiciador intenso do consumo de gasolina. Pode-se afirmar que o petróleo motivou a segunda Revolução Industrial, da mesma forma que o carvão incitou a primeira. Considerado, hoje, como principal fonte de energia, responde por 40% do total das fontes. Presente em grandes setores da indústria mundial, tais como a automobilística, aeronáutica, química, sintéticos e adubos.

A indústria petrolífera concentra-se em reduzidas corporações atuantes no âmbito internacional, sendo considerada a “menina” dos olhos do capital financeiro especulativo. Mesmo diante desse dado, sua extração tende à estabilização. O império do petróleo declina. As previsões “apostam” no gás natural, que cresce gradativamente.

Segue um breve histórico a respeito do gás natural. Tal gás já era conhecido pelo homem ainda na Antiguidade. Afirmam os historiadores que, nos lugares onde o gás mineral era expelido naturalmente para a superfície, os povos da antiguidade, como persas, babilônicos e gregos, construíram templos, onde mantinham aceso o “fogo eterno”. Registros destacam a respeito da prática econômica e social aproveitável do gás natural, na China, entre os séculos XVIII e IX. Os chineses aproveitavam os espaços onde havia acúmulo local de gás natural mineral para construir autofornos, destinados à cerâmica e à metalurgia, num processo ainda rudimentar.21

O gás natural, em meados do século XIX, foi utilizado de forma significativa, na Europa, destacando-se a invenção da mistura do ar e gás natural (1885). No ano de 1890 foi construído um gasoduto resistente a vazamentos. A importância desse fóssil22 reside no fato de o gás produzir baixa emissão de poluentes, devido à combustão ser mais limpa.

Existem setores em que o gás natural tem influência no resultado final do produto, quais sejam: vidro, cerâmico, alimentício, meta-mecânica/autopeças, alumínio, têxtil, automobilístico e siderúrgico. Agrupa-se a outros setores o uso intensivo do gás natural na geração de vapor e eletricidade como o petroquímico/químico, papel e bebida. Ainda há

22 A queima do gás natural é uniforme, exige menor quantidade de ar e elimina resíduos de combustão incompleta, resíduos metálicos e de óxidos de enxofre. Nos segmentos de vidro, cerâmico, alimento e bebida, por exemplo, a utilização do gás natural como combustível influencia significativamente a qualidade final dos produtos.

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aqueles em que esse fóssil é fonte primária de energia para geração de calor (têxtil, farmacêutico, borracha, alimentação, metalúrgico, cerâmico e vidro.

Percebe-se que o enorme consumo e a queima, provenientes de todos esses fósseis, originam, como já mencionado, segundo os cientistas (NASA), consequências ambientais “irreversíveis”, como exemplo, a chuva ácida23. E, além de acarretarem problemas ambientais, sãoesgotáveis.

Diante da crise energética e da degradação ambiental - aquecimento e escurecimento global, arrisca-se uma ótica mais diferenciada, que será aprofundada (infra nn 1.1.3.1 e 1.1.3.2) em consonância com alguns pensamentos, como o de Rui Namorado:

A crise energética que se vem desenvolvendo não é sucessão de oscilações no mercado de valores nem de “commodities”, é uma crise económica estrutural que atinge os limites da geosfera em que a econosfera se circunscreve. O crescimento económico, sustentado há milénios no crescimento da intensidade de uso de recursos naturais, proporcionando a apropriação progressiva da natureza na ignorância ou na negligência dos limites dos seus reservatórios e do seus fluxos naturais, vem questionando a organização e funcionamento das sociedades e colocando na ordem do dia a reelaboração da sua doutrina económica em termos de “sustentabilidade” do metabolismo social no seio do mais amplo metabolismo planetário.

Esse crescimento económico, apelidado ou não de “sustentável”, não é do interesse do homem nem tem futuro. Não é do interesse do homem porque subordina a formação social e a organização dos meios produtivos ao modelo de “crescimento económico”, que não é sequer “desenvolvimento económico”, é sim a mera retórica que descreve amável, mas cinicamente a economia de mercado de que se alimenta a apropriação privada de mais valia, o lucro do capital e a exploração do trabalho. Não tem futuro, porque se esgota a força de trabalho ou se esgotam os recursos naturais e, destes, o mais fundamental, a energia abundante e acessível. Sem esta, o crescimento económico torna-se impossível e é colocada em questão a formação económica sobre que se instaurou nos últimos séculos a industrialização, o crescimento demográfico e a dispêndio energético da economia. 24

23 Um dos principais problemas ambientas nos países industrializados. É formada a partir de uma grande concentração de poluentes químicos, que são despejados na atmosfera diariamente. Estes poluentes, originados principalmente da queima de combustíveis fósseis, formam nuvens, neblinas e até mesmo neve. É composta por diversos ácidos como, por exemplo, o óxido de nitrogênio e os dióxidos de enxofre, que são resultantes da queima de combustíveis fósseis (carvão, óleo diesel, gasolina entre outros). Quando caem em forma de chuva ou neve, esses ácidos provocam danos ao solo, às plantas, construções históricas, aos animais marinhos e terrestres etc. Esse tipo de chuva pode até mesmo provocar o descontrole de ecossistemas, ao exterminar determinados tipos de animais e vegetais. Poluindo rios e fontes de água, a chuva pode também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, causando doenças pulmonares. Disponível em http://www.power.inf.br/pt/?p=3037. Acesso em 05 de novembro de 2009.

24 Disponível em < http://www.gasnet.com/ conteudos. Asp? Artigo “A idade do petróleo” de Rui Namorado Rosa. Acesso 08 de novembro de 2009.

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Nesse sentido, comungando com as ideias de Namorado, deve-se sair das sombras ideológicas e das tendências políticas onusianas, ao se subordinar os relatórios científicos do IPCC25 aos interesses dos países Centrais, ou seja, fazer os periféricos, poupar e preservar os recursos naturais que precisam estar à disposição, no futuro, dos Estados do Norte. Seguindo esse raciocínio, há coerência, em se procurar entender o conceito de desenvolvimento sustentável (que será tratado (infra capítulo II n.2.3) “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Reforça-se: “atender às gerações futuras” ‘dos países desenvolvidos. ’

O prima crítico anuncia, de acordo com Leff (1999, p.25) que o discurso da “sustentabilidade” leva, portanto, a lutar por um crescimento sustentado, sem uma justificação rigorosa da capacidade do sistema econômico de internalizar as condições ecológicas e sociais (de sustentabilidade, equidade, justiça e democracia). A reflexão prossegue, ao expor, diante da crise ambiental, a racionalidade econômica que resiste à mudança, induzindo, com o discurso da sustentabilidade, a uma estratégia de simulação e perversão do pensamento ambiental. O desenvolvimento sustentável converteu-se num trompe d’ oeil, que distorce a percepção das coisas, burla a razão crítica e lança à deriva nossa atuação no mundo ( LEFF, 1988, p. 24).

Isso leva a conhecer bem a retórica do IPCC, que obedece à risca a “cartilha” onusiana. Para tanto, passa-se ao alarmante clamor de mitigação dos GEEs, responsáveis pelo Aquecimento e Escurecimento Global.

1.1.3 O Aquecimento e Escurecimento Global

As advertências dos cientistas sobre o aquecimento do planeta tiveram início no ano de 1827, com o matemático e físico Jean Baptiste Fourier. Na investigação de Fourier, foi calculado que a Terra teria uma temperatura mais fria se não existisse a atmosfera.

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Posteriormente, o irlandês John Tyndall, no ano de 1859, descobriu que alguns gases, como (Dióxido de Carbono (CO2), e Metano (CH4)), aprisionam a radiação infravermelha, criando o efeito estufa. Em 1896, o químico sueco Svante Arrhenius denunciou a queima de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo) como responsável pelo dióxido de carbono (CO2) e calculou que a temperatura da Terra aumentaria 5°C com o dobro de CO2 na atmosfera.

As medições empíricas começaram para valer em 1958, quando o americano Charles David Keeling pôs em operação uma estação de medições de dióxido de carbono no alto do monte Mauna Loa, no Havaí (3,4 Km acima do nível do mar), e detectou a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra.26

Antes das medições de 1958 a respeito do CO2, há registros históricos, segundo os quais, em 1873, existia uma Organização Internacional de Meteorologia (WMO)27, objetivando debater questões envolvidas com o clima. No ano de 1950, essa organização continha 187 membros.

No transcorrer de duas décadas, 1960 e 1970, segundo Lambert (2008, p.35), coube à esfera científica a iniciativa de chamar a atenção sobre o problema a partir das evidências coletadas nos citados decênios. A reação da comunidade política, porém, foi lenta e não teve visibilidade particular até a criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em 1988.

A WMO e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ( PNUMA) geraram o Painel Internacional Governamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)28 - entidade composta por centenas de cientistas atmosféricos, oceanógrafos, especialistas em gelo, economistas, sociólogos e outros especialistas, que avaliam os principais dados sobre mudanças climáticas (DAMASCENO, 2007, p. 40).

Cumpre dizer que o histórico do IPCC registra quatro relatórios de avaliação. O primeiro, publicado em 1990, ofereceu subsídios para a elaboração da Convenção Quadro das

26 Disponível em < http: gl.globo.com/Sites/Especiais/noticias/. Acesso 18 de novembro de 2009. 27 World Meteorological Organization

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Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC)29. Esse relatório acusa a existência do efeito estufa, tendo como causa as ações antrópicas. Tal afirmação se posicionou como verdade quase absoluta, no Sumário Executivo para a Decisão Política.30 E a mídia tornou irrefutável a afirmação de que o homem é o protagonista do aquecimento global.

Em 1995, o segundo relatório foi publicado, mas seu conteúdo apresentou pouca novidade notória no aspecto científico. Em relação à questão socioeconômica, observa-se propostas políticas significativas para adaptação e mitigação.

A tendência do segundo relatório permanece no terceiro, no ano de 2001. Entretanto, ele evidencia preocupação sobre como ajustar a finalidade de mitigação, examinando em detalhes as dificuldades e buscando, também, instrumentos que forcem uma racionalidade no âmbito da questão climática, numa dimensão de sustentabilidade.

As tecnologias ambientais tornaram-se imprescindíveis na intenção de estabilizar os níveis de CO2, como reformas sócioeconômicas e institucionais, de forma que conduzam o desenvolvimento.

A racionalidade técnica ou instrumental estabelece os meios que conferem sua eficácia à gestão ambiental, incluindo as ecotécnicas e tecnologias limpas, os instrumentos legais e os arranjos institucionais das políticas ambientais. Assim, da mesma forma são das organizações do movimento ambiental que surgem as forças sociais e as estratégias de poder, para transformar a racionalidade econômica dominante (LEFF, 1999, p.258).

Na sequência, o quarto relatório (2007), trilhando a mesma problemática, mantém a divulgação da “incontestável” causa do aquecimento global, atrelada às atividades antrópicas. Não bastando tais prognósticos, que confirmam uma concentração atmosférica de GEEs, (Dióxido de carbono (CO2), Metano (CH4), óxido nítrico (N2O), hidrofluorocarbonos (HFC) e Hexafluoruro de azufre (SF6)), pesquisadores das mudanças climáticas divulgaram, em 2005,

29 United Nations Framework Convention on Climate Change 30Executive Sumary for Policymakers.

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estudos a respeito do Escurecimento Global31acreditam que o fenômeno tem maquiado a real força do aquecimento do planeta.

As investigações a respeito de tal escurecimento se iniciaram com o biólogo inglês Gerry Stanhill, imigrante em Israel. Stanhill desenvolvia uma atividade, na qual teria que medir a intensidade do brilho do sol sobre Israel. O objetivo do trabalho era mensurar a irradiação solar, para avaliar a quantidade de água exigida nas plantações.

Nos anos 80, Stanhill repetiu a pesquisa e verificou uma redução na luz solar, através da quantidade da mesma. Comparando as medições de 1950 com as atuais, percebeu uma redução dos raios solares. Na Alemanha, nos Alpes da Bavária, outro pesquisador, Beate Liepert, também observou o fenômeno.

A partir de tais descobertas, Stanhill e Liepert, realizando trabalhos independentes, investigaram dados meteorológicos de todas as partes do mundo. Entre os anos 50/90, notaram que o nível de energia solar, que atingia a superfície do planeta, caiu 9% na Antártida, 10% nos EUA, quase 30% na Rússia e cerca de 16% em algumas partes das Ilhas Britânicas. Houve inicialmente recusa, por parte dos cientistas, em aceitar esses dados32.

O mistério do Escurecimento Global recebeu a atenção do climatologista da Universidade da Califórnia, Veerabhadran Ramanathan, que Verificou nas Ilhas Maldivas33

31 O fato se deve a redução da irradiação solar global, ou seja, ao fato de o fluxo de radiação solar que chega à superfície terrestre, tanto pelos raios solares quanto pela radiação difusa dispersada pelo céu e pelas nuvens. Acredita-se que o escurecimento global tem sido causado por um aumento de partículas de aerossóis, sedimentos e solos. Os aerossóis por serem partículas suspensas num gás, com alta mobilidade intercontinental, além de outros particulados, absorvem energia solar e refletem a luz do sol de volta para o espaço. Esse efeito variava com a localização, mas sabe-se que em nível mundial a reduação foi da ordem de 4, ao longo das décadas de 60 a 90. Disponível em: < http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp// ID=1618. Revista Eco21, edição 130, Rio de Janeiro. Artigo de Taís Carolina Seibt Rick. Acesso em 20 de novembro de 2009.

32 Os cientistas acreditavam que, em havendo redução da irradiação solar sobre a superfície da Terra, isso deveria deixar o nosso planeta mais frio. Eles sabiam que na verdade ocorria o inverso: Aquecimento Global. Esse fenômeno que era resultante do dióxido de carbono e outros GEE que emitimos, já que se abservou ainda mais o calor na atmosfera terrestre. No entanto, na Autrália, os cientistas e biólogos Michael Roderick e Graham Farqurar, da Universidade Nacional da Austrália, descobriram outro resultado paradoxal: um declínio mundial em taxa de evaporação diária. Eles chegaram a essa conclusão trabalhando com a “Taxa de Evaporação de Panela”, que nada mais é do que a medição da quantidade de água que se precisa colocar todos os dias num local com água para voltar ao nível do anterior. Verificaram que estava diminuindo {...} Descobriu-se, então, que o aumento da temperatura não era o fator mais importante na taxa diária de evaporação, mas sim a energia dos fótons da luz solar incidindo na superfície que leva as moléculas de água para atmosfera. Chegou-se, assim, a conclusão estarrecedora: se a taxa de evaporação está diminuindo pode ser porque a luz solar está diminuindo. Disponível em: < http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp// ID=1618. Revista Eco21, edição 130, Rio de Janeiro. Artigo de Taís Carolina Seibt Rick. Acesso 25 de novembro de 2009.

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no Oceano Índico, mais precisamente no Norte, que as ilhotas são atingidas por ar poluído (3km de altura) vindo da Índia. Mais ao Sul da ilha, chega uma corrente de ar limpo da Antártida. Apontou-se a poluição como responsável.

Diga-se que a queima de combustíveis fósseis, além de produzir poluição invisível, acrescenta produção de radiação visível, partículas de fuligens, nitratos, sulfatos e cinzas. As nuvens formadas por esses compostos tornam-se enormes espelhos, refletindo de volta os raios solares, o que provoca, possivelmente, uma alteração significativa nos padrões de chuvas em todas as regiões do globo e, agravando mais ainda, o aquecimento global.

1.3.1.1 O Aquecimento Global (A Causa Absoluta: Antrópica? Ou uma Construção Antrópica dos Saberes Ambientais?

As prescrições ambientais não se limitam em prevenir os impactos climáticos, ecológicos, e a estabelecer um marco de tratados, e convenções internacionais para compensação desses danos. Elas atendem à busca, evidente, de alternativas de uso dos recursos que enfrentam as empresas transnacionais, ao expandir em suas estratégias de capitalização da natureza. A ordem incontestável é preservar para ganhar. Mas quem ganha?

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, nos seus quatro relatórios (v.n.1.1.3, capítulo I) e suas previsões “catastróficas” (que foram adulteradas, pela metade, no Sumário Executivo para a Decisão Política e, de forma total, pela mídia), confirma a “bruxa” transvestida em “fada, com a” varinha” do saber ambiental para “consertar” a lógica de um modelo econômico sem limites.

Nesse sentido, Leff (1988, p. 124-125) e Landsea (apud LAMBERT), respectivamente, afirmam:

As estratégias do poder do capital, na etapa da globalização ecologizada, não se reduzem à exploração direta dos recursos, mas a uma recodificação do mundo, das diferentes ordens de valor e de racionalidade, à forma abstrata de um sistema generalizado de relações mercantis.

Referências

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