• Nenhum resultado encontrado

aquilo que se consegue retirar enquanto desocultação Ao outro modo de ocultação, que ocorre no Da do Da-sein, e já no «interior do clareado», isto

é, no sentido da iluminação do ente no seu ser, intitula Heidegger de

acontece apenas sob a forma desta dupla reserva. A desocultação do ente nunca é um estado que está aí, mas sempre um Acontecimento». Martin Heidegger, A Origem da Obra de Arte, p. 43.

210 «O ente só pode ser oculto no espaço de jogo do clareado. Todo o ente que vem ao nosso

encontro e que nos acompanha mantém esta estranha oposição da presença, na medida em que ao mesmo tempo se retém sempre numa ocultação. A clareira em que este ente assome é em si simultaneamente ocultação. Mas a ocultação reina no seio do ente de modo duplo.» Op. cit., p. 42

211 Em resumo, comenta Heidegger: «A verdade manifesta-se justamente como ela mesma, na

medida em que o negar-se ocultante enquanto a recusa confere originalmente a toda a clareira a sua constante proveniência, ao passo que, enquanto dissimulação, confere originalmente a toda a clareira a sempre activa acutilância da ilusão». Op. cit., pp. 43-44.

212 Cf. op. cit., p.42. No fundo, trata-se sempre do conflito do Ser consigo mesmo, entre a

exigência e a recusa, onde o homem se situa. Como interpreta Jean-Luc Marion, «l'Être se dispense à penser; mais il ne peut se mettre lui-même en jeu, puisque l'Être n'est pas un étant; il ne peut se mettre visiblement en jeu qu'en envoyant l'étant — au sens où "envoyer les couleurs" revient à les faire voir, pour y faire voir ce qui précisément ne saurait jamais pouvoir s'y montrer parce que restant essentiellement invisible. L'Être ne peut assurer la mise en jeu qu'en en retenant, donc dissimulant, l'en-jeu — l'Être même — dans l'étant». Jean-Luc Marion, "Du Pareil au Même", pp. 145-146.

dissimulação : «Aqui a ocultação não é o puro negar-se, mas o ente aparece de facto, dá-se diferentemente do que é (...) Se o ente não fosse dissimulado pelo ente, não erraríamos na visão das coisas e na nossa acção sobre elas, não nos dispersaríamos e não transgrediríamos e, em geral, não nos enganaríamos na medida» .

Por fim, a Verdade, e assim a verdade dos entes, deve ser entendida c o m o a «não-verdade», ou o «ainda-não-(des)-ocultado», o ainda por retirar do que se retirou — Â-À-qôeia 2 1 6. Se como Des-ocultação, o Ser é Doação e

«(...) car l'être n'est dévoilement de l'étant que sur la base d'une dissimulation qui demeure.» Otto Põggeler, La pensée de Martin Heidegger — un cheminement vers l'être, p. 203.

214 «(...) el Dasein alcanza el fracaso más original de su ser desvelador, la ocultación dei Ser

("Verborgenheit") (...) Pêro el Ser no solo se nos oculta en su pura totalización. Cabe también la posibilidad de que se oculte en su esencia, fingiendo. Se trata ahora de un segundo grado de la ocultación: el fingimiento, no tan originário y radical como el "fracasso". El fingimiento no se da a la base de la iluminación como el fracaso, sino "en medio de lo iluminado". Puesto que cada cosa emerge o aparece para el Dasein en la totalidad dei Ser — Reuniente Unidad —, cualquier elemento de los que constituye la armonía dei conjunto, puede des-viarse en su aparecer, no mostrarse autenticamente, pertubar en suma la armonía dei Uno.» Pedro Cerezo Galán, Arte,

Verdady Ser en Heidegger (La Estética en el Sistema de Heidegger), pp. 148-149.

215 Martin Heidegger, A Origem da Obra de Arte, p. 43. Sendo que ajuntar a todo este processo,

Heidegger afirma, ainda, e na mesma página, que a própria ocultação «oculta-se e dissimula-se a si mesma». Uma vez que estamos a tentar analisar apenas a problemática da desocultação como des-ocultação, no combate entre o iluminar e o ocultar, num ainda por revelar, e apesar de não estarmos a tratar a temática do mistério, da errância ou do esquecimento, gostaríamos mesmo assim de remeter novamente para a obra Vom Wesen der Wahrheit, segundo a análise de Richardson. Assim, diz-nos o intérprete em causa que «since the essence of truth is revealment, the non-essence of truth is non-revealment, therefore concealment (...) Now since only that can be revealed which hitherto has been concealed, concealment is prior — not "temporally" but ontologically — to revelation. In other words, the letting-be (manifest) that we have called revealment must take place within a horizon, sc. against a background, of obscurity that we are now calling concealment. Concealment, then, is prior to the freedom which comes-to-pass through a particular comportment between There-being and an individual thing. Furthermore, this comportment itself not only leaves concealed the remainder of beings-in-their-totality but itselfs enters into a special relationship with the concealing of what is concealed. This relationship to the concealment of the total ensemble of beings is of such a nature that the concealing itself remains concealed (...) This concealing of the concealed Heidegger calls "the mystery" (das Geheimnis) (...)». William J. Richardson, Through Phenomenology to Thought, p. 221.

216 «A verdade é não-verdade, na medida em que lhe pertence o domínio de proveniência do

ainda-nâo-(des)-ocultado, no sentido da ocultação.» Martin Heidegger, A Origem da Obra de Arte, p. 48. E apontando na mesma direcção oculta, temos a frase: «A essência da verdade como desocultação pertence negar-se sob o modo da dupla ocultação. A verdade é, na sua essência, não-verdade». Op. cit., p. 43. Assim, se Heidegger, em Sein undZeit, defende que o Dasein se encontra na verdade, agora, na verdade significa também na não-verdade. Mas já não era isso que Heidegger queria exprimir ao indicar que «la déesse de la vérité, qui guide Parménide, le place devant deux chemins, celui du dévoilement et celui du retrait, ne signifie rien d'autre sinon que le Dasein est chaque fois déjà dans la vérité et la non-vérité»? Martin Heidegger, Être et Temps, p. 274. Concluindo, diz-nos Miguel Baptista Pereira que a «"verdade é na sua essência não-verdade", não no sentido de a verdade ser na sua raiz falsidade mas de na sua recusa ocultadora haver a oposição ou luta originária da clareira e do velamento, do mundo e da terra,

Ocultação, Dar e Recusar, e sabendo nós que um tal sentido é sempre