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como resposta, respondendo ou dizendo qualquer coisa enquanto um deixar ser tal resposta Sendo-na-resposta, o Dasein é resposta conforme ou

correspondente, cor-respondendo, desta forma, ao respondido ou ao apelo

da presença discursiva enquanto chamada, sendo que como resposta, deixa

ser a própria enquanto tal, e no seu apresentar-se. Responder (dizer) ao

respondido ou coisa dita (dito), é sempre uma réplica no sentido de cor-

responder, sendo tudo derivado da própria resposta que responde ou discorre

sobre a mesma: resposta que responde ou faz cor-responder, dito que diz ou

faz dizer. Assim re-posto (repetição recíproca, em anterioridade

406

), o

404 Michel Haar, "Le Tournant de la Détresse", p. 339.

405 «Das sagt: der Mensch ist ais der ek-sistierende Gegenwurf des Seins (...)»; «Ce qui veut

dire: en tant que la réplique ek-sistante de l'Être (...)» Martin Heidegger, Lettre sur l'Humanisme, pp. 108-109. No fiindo, se Aoyoç indica tanto uma revelação divina, como uma resposta dum oráculo, isso significa que na própria presença reveladora, há um dizer ou responder como um corresponder ou ser conforme ao Ser, devendo o homem escutar a resposta doada que é. Por isso é que Heidegger nos deixa entrever que o homem, enquanto existente, é um estar em frente de, estar defronte, defrontar («gegen-uber-síe/jew»: na direcção sobre, na posição de ser-o-aí, num estar de pê) e, portanto, um confrontar («gegen-uber-sfó//e/i»: dirigir como um colocar diante um sítio ou «Stelle») de um Confronto enquanto Confrontação («Gegen-iiber-stellung»: estar de acordo diante como Colocação, Posição, Disposição e Situação), em obrigação recíproca («Gegen-verpflichtung»: compromisso aberto e luminoso). Por tudo isto, e enquanto vizinho e oposto ao Ser («Gegentiber»), o Dasein é «Gegenrede», resposta, réplica, contenda, no sentido de «Gegenwurf», ou seja, de acordo com o seu estar lançado no Ser — lance como jogado, ou abandonado.

406 Pela mão do termo repetição somos conduzidos ao seguinte: «Sur la première page de Sein

und Zeit, il est question — les mots sont pesés — de "répétition". Cela ne signifie pas la réitération uniforme du toujours identique, mais tout au contraire: chercher, aller chercher, ramener, engranger, recueillir ce qui, en retrait, s'abrite dans l'ancien» Martin Heidegger, "D'un

Dasein assume ser-na-resposta doada, sendo que tal ser reposto, é resposta

como dizer do Dito, é discurso sobre, discorrendo, cor-respondendo. Mais

uma vez se constata que a essência do homem reside, ou mora, no facto de

ser a resposta^ex-sistente (necessária) do Ser: modo do Ser ser. Por fim, a

linguagem humana enquanto um dizer a coisa dita, cor-respondendo à sua

essência conforme o Ser, sendo linguagem manifestada, é, também, resposta

verbal que responde à resposta que se retira no falar concreto e sonoro, cor-

respondendo de acordo: modo da resposta, concretamente, responder .

Concluindo, a essência do Dasein é «Anspruch» enquanto «An-Sprache»

e, portanto, como Discurso, Linguagem, pois o Ser é o que deveras diz, fala

ou responde diante; Origem e Abrigo de todo o discurso sobre o ente —

«Sprecher»

409

2. Ham des Seins: É precisamente com base na meditação sobre a imagem

do abrigo, que relaciona-se com o habitar, no sentido de um acolher que

entretien de la parole", p. 122. O que uma tal repetição possa conter de selectivo contra a Tradição, e na esteira do Eterno Retorno de Nietzsche, no âmbito de uma repetição selectiva e consequente temporalidade do Instante, não é algo que aqui possamos resolver. Todavia, e sobre o assunto em causa, comparar Gilles Deleuze, Nietzsche e a Filosofia, tradução de António Magalhães, Rés Editora, Porto, s/d, pp. 103-109, com Gilles Deleuze, Diferença e Repetição, tradução brasileira de Luiz Orlandi e Roberto Machado, revista para Portugal por Manuel Dias, Relógio D'Agua Editores, Lisboa, 2000, p. 331 (e, precisamente, onde nesta se afirma que «(...) Heidegger é nietzschiano»).

407 «C'est pourquoi il importe de penser l'essence du langage dans une correspondance à l'Être et

en tant que cette correspondance, c'est-à-dire en tant qu'abri de l'essence de l'homme.»; «Daher gilt es, das Wesen der Sprache aus der Entsprechung zum Sein und zwar aïs dièse Entsprechung, das ist als Behausung des Menschenwesens zu denken.» Martin Heidegger, Lettre sur l'Humanisme, pp. 84-85. Por conseguinte, corresponder («entsprechen») é um condizer como harmonizar, é um ser conforme, obedecendo à sua Origem mais própria. Ainda sobre o responder como um cor-responder, e na sua relação com o apelo do ser do ente, consultar Martin Heidegger, "Qu'est-ce que la philosophie?", pp. 28-36.

408 «Like thought itself, language must be considered in terms of a response to Being and as this

response. It is thus that in the history of Being, the event by which Being discloses itself to and in man comes to expression in the words of foundational thinkers.» William J. Richardson, Through Phenomenology to Thought, p. 543.

409 «La parole est parlante. L'homme parle pour autant qu'il répond à la parole. Répondre, c'est

être à l'écoute. Il y a écoute dans la mesure où il y a appartenance à l'injonction du silence (...) Tout revient à apprendre l'habitation dans le parler de la parole (...) L'homme ne parle que dans la mesure où il correspond à la parole. La parole est parlante. Son parler parle pour nous là où a été parlé (...)» Martin Heidegger, "La parole", pp. 36-37. Por isso, defende Heidegger, que uma vez que já nos encontramos, habitamos, no âmbito da essência da linguagem, nós nunca estamos posicionados ao nível de um discorrer sobre o ser da linguagem, como se a linguagem fosse o nosso objecto de estudo. No fundo, devemos reconhecer que é a própria linguagem que fala dela mesma, desde a sua conformidade reveladora — Um único dizer, que, e concretamente, faz ressoar. Cf. Martin Heidegger, "D'un entretien de la parole", pp. 136-138.

possibilita um estar em como ser-o-aí, que Heidegger irá formular uma das