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palavra , que Heidegger irá conceber, originariamente, o Xéyeiv, e

Cujo termo também nos remete para o legen. Cf. Martin Heidegger, "Logos", p. 251. Quanto ao que se seguirá, a saber, o desenvolvimento do verdadeiro sentido do Xóyoç e do Xéyeiv, comparar com o que Heidegger já estabelece em Einfuhrung in die Metaphysik (1935): «Aóyoç significa la palabra, el discurso y léyav, hablar. Diá-logo es mutuo discurso; móno-logo, lenguaje individual. Pêro A,óyoç, originariamente, no significaba discurso, decir». Martin Heidegger, Introduction a la Metafísica (2a edição), tradução de Emílio Estiú, Editorial Nova,

Buenos Aires, 1959, p. 163.

283 Cf. Martin Heidegger, "Logos", p. 251.

284 Ou seja, da «.presence, dans la non-occultation, de ce qui est étendu-devant». Op. cit., p. 255. 285 Para o trilhar do caminho da argumentação heideggeriana, passo a passo, e sobre a etimologia

argumentativo de Heidegger para ao mesmo chegarmos, surge com o preciso intuito de darmos também oportunidade à nossa língua de se manifestar na proximidade que lhe é própria — escutar na nossa língua, o que a língua nos diz. Ainda relativamente à relação entre Heidegger e a etimologia, não podemos deixar de precisar que a mesma não deriva de uma preocupação lógico-gramatical, mas da essencial origem das palavras a partir do Ser como Acontecimento e, assim, em íntima relação com o dito e o não-dito, ou seja, o des-ocultado: «C'est pourquoi, ici comme dans les autres cas, la vérité n'est pas que notre pensée vive de l'etymologie; mais que la règle constante de l'etymologie doit être de considérer d'abord les rapports essentiels de ce que les mots, en tant que paroles, désignent d'une manière encore enveloppée». Martin Heidegger, "La Chose". In Essais et Conférences, tradução de André Préau, com prefácio de Jean Beaufret Gallimard, Paris, 1973, p. 208. O facto de Heidegger agora encaminhar-se para a oferta dos termos gregos, e sua etimologia, para redundar o que sempre defendeu, mostra não só a sua perspicácia, mas, melhor ainda, e no âmbito da defesa do seu pensamento, a sua atenção à Língua, pois tudo aparece em relação — a Linguagem coloca-se como linguagem e, assim, como a relação que estabelece, enquanto unidade, as relações entre os termos. O que agora iremos contemplar é exactamente aquilo que já meditamos anteriormente no nosso primeiro capítulo, mas através de outros termos, de forma a encaixar os dois temas Num só. No fundo, e segundo a nossa interpretação, trata-se da Etimologia enquanto éTuuokoyía (ETUUOÇ; X.óyoç:

entre o verdadeiro e a palavra) e, portanto, Etimologia como éTUUÓTqç {verdade, verdadeira significação, sentido etimológico duma palavra). Profundamente, e desde o verdadeiro e original sentido do ser como Ser, a simples nomeação do termo etimologia, coloca-nos de imediato perante a relação essencial entre à-Xx\QEm e X.óyoç, abrigados no deixar-estendido-reunido- diante, de onde as palavras humanas surgem desde o Acontecimento do Ser como Palavra. Assim, etimologia encaminha para o Ser, ao encaminhar para a reunião e o recolher. Como conclui Richardson: «It is to the emergent ontological difference, appealing to man out of the process of A-XfjOeia-Aoyoc to bring it to pass, that There-being must respond. The response, as the author conceives (...) is a surrender to negatived Being in terms of language. It is an attempt to re-collect the mystery, and whether the re-trieve be made in dialogue with Nietzsche or Parmenides, or simply in a single analysis of words (...), the sense is always the same. Stripping off the everyday meanings of words, the author claims to discern their authentic sense, introducing us thus into the hidden domain of the un-said. (...) He strives to find his own way to their Source (...)» William J. Richardson, Through Phenomenology to Thought, op. cit., p. 611. No fundo, o que queremos ressalvar, distingue-se em dois pontos principais: 1) Apesar de não podermos desenvolver a questão do verbal em conformidade com o ontológico, podemos desde já defender que tal relação repousa no estar de acordo com a presença, pois que a linguagem humana repousa essencialmente na linguagem que deveras fala. Assim, todos os termos verbais estão de acordo com o acontecer da presença, sendo em conformidade com o brotar da mesma enquanto discurso — só há dizer, como dizer. Deste modo, os termos, e na sua originalidade grega, nas origens do verdadeiro pensar, reportam-se sempre a um querer dizer que constitui o homem, reflectindo por isso tal realidade originária — estando de acordo com tal irromper de luz, estão de acordo uns com os outros pelo mesmo, sendo a relação a estabelecer tais relações, que se querem anunciar. Como reconhece, Miguel Baptista Pereira, «a experiência do real dizível e perguntável precede, como pré-compreensão, toda a elaboração conceptual e, por isso, os conceitos, análogos ou unívocos, são derivados necessários do terreno pré-conceptual da palavra (...) e o filósofo hoje, a exemplo de Heidegger, pode explorar, seguindo o paradigma grego, a linguagem que outrora foi a filosofia nascente, ainda muito próxima da poesia que nomeava deuses e veiculava mitos. Esta linguagem dizia o ser e o cuidado do ser que distingue o homem, porque possuía ainda toda a seiva e conservava o eco das experiências originárias da pré-compreensão das coisas». F.E. Peters, Termos Filosóficos Gregos - Um léxico histórico (2a

edição), prefácio de Miguel Baptista Pereira, tradução de Beatriz Rodrigues Barbosa, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983, p. XXI. 2) Por conseguinte, a meditação que ocorre a partir das palavras de Heraclito, implica não só a abertura à dimensão de sentido que as suporta, num estar de acordo com a presença que se sempre se faz dizer, mas também, e dado o jogo do dito como não-dito, que o verbal também reflecte, a correspondente e incessante busca daquilo que deveras se quis dizer. No fundo, mesmo a nível verbal, como por exemplo na tensão do espaço poético, as palavras concretas revelam uma luta na correspondência à realidade fundancional

fazendo justiça à sua evolução etimológica, como um deitar, isto é, um