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PORTO DANTAS CIDADE NOVA SOLEDADE OLARIA CAPUCHO JARDINS COROA DO MEIO ATALAIA AEROPORTO ZONA DE JABOTIANA CIRURGIA SANTOS DUMONT BUGIO JD SANTA MARIA

ARACAJU: MANCHA

ESC 1/50.000

MAPA 4 -

CENTRO 37 44 45 43 36 32 38 34 33 40 46 49 41 32

Conjuntos (1980 - 1987) Ano Unidades

Castelo Branco III Ipes I Santa Tereza 1980 08 1980 101 1980 554 33 34 35 36 37 38 39 43 1981 48 1981 125

Governador Augusto Franco 1982 4.510

1982 224

Parque dos Artistas I e II 1982 112

40 1983 112 41 42 44 45 1984 112 Bugio III 1987 130

Jornalista Orlando Dantas 1987 3.656 Vale do Cotinguiba Vale do Japaratuba 240 144 1987 1987

VETORES DE CRESCIMENTO:

AV. EUCLIDES FIGUEIREDO (1981-82) AV. TANCREDO NEVES (1971 - 74)

Fonte.: TRAMA, 1995.

46

Conjuntos (1980 - 1987) Ano Unidades

Beira Mar I e II Residencial Diamante Visconde de Maracaju 1980 240 1981 524 1982 496 47 48 49 50 51 Estrela do Mar 1982 496

Amintas Garcez (Estelares) 1983/84 78

Mar do Caribe 1987 196 47 48 50 51 TOTAL 10.074 2.030 TOTAL RIO SERGIPE RIO DO SAL RIO DO POXIM Aeroporto Santa Maria

BARRA DOS COQUEIROS

N. S. DO SOCORRO SIQUEIRA CAMPOS PALESTINA INDUSTRIAL 18 DO FORTE LUZIA GRAGERU PONTO NOVO SALGADO FILHO 13 DEJULHO SUISSA

- PRINCIPAIS EIXOS DE CRESCIMENTO: NOGUEIRA, 2005.

DINIZ, 2009. LOUREIRO, 1983. Fontes:

- MAPA BASE - CIDADE EM 2012

Fonte: SEPLAN - Prefeitura Municipal de Aracaju. Fontes: CEHOP, 2002 e DEHOP, 2006

SUL:

NORTE:

42

39 PEREIRA LOBO

3.5 Diminuição da produção habitacional em Aracaju, expansão horizontal sul e verticalização das áreas centrais (1988 – 2002)

Esta fase distinguiu-se como o período que sucedeu a extinção do BNH, em 1986. As funções do BNH foram substituídas pela Caixa Econômica Federal (CEF), o maior banco público do Brasil, que já era financiador de imóveis para a classe média. Até os dias de hoje a CEF é o principal agente financiador da política pública voltada para habitação de interesse social.

O ano de 1985 estabeleceu o início de um período, “Nova República, marcado pela desarticulação e vazio institucional. “[...] por um lado, ampliam-se as condições de autonomia e de iniciativas locais (estados e municípios) na definição de agendas e implementação políticas”. Por outro, os mecanismos de financiamento revelaram um caráter fortemente regressivo e propício a manipulações políticas.” (CARDOSO, 1999, p.5 apud CAMPOS, 2006, p. 204).

Com a extinção do BNH e sua sucessão pela CEF, o financiamento da habitação de interesse social passou a ser promovido por um órgão que possui uma série de funções, que não são apenas destinadas às questões habitacionais.

Juntou-se a isso, em 1991,a transformação da COHAB/SE, principal órgão estadual voltado unicamente para o problema da habitação, em Companhia Estadual de Habitação e Obras públicas - CEHOP - pela Lei n° 2.960. A partir deste ano, este novo órgão incorpora a função de construtor e fiscalizador das obras públicas do Governo do Estado (escolas, postos de saúde, penitenciária, áreas de lazer, entre outras), deixando de se dedicar exclusivamente à provisão habitacional.

A expansão desordenada - ocupação de áreas periféricas e geração de imensos vazios urbanos – permaneceram a acontecer em todas as direções da cidade, principalmente na região Sul, além da ocupação de áreas nos municípios limítrofes

As rodovias dos Náufragos e José Sarney, Av. Heráclito Rollemberg, Av. Beira Mar, e Avenida Euclides Figueiredo continuaram sendo importantes vetores do crescimento urbano, assim como os conjuntos construídos na Zona Sul, mais especificamente à sudoeste.

O que se observou neste período foi a construção de conjuntos menores nas regiões onde já haviam sido construídos outros conjuntos maiores, dando continuidade a ocupação das áreas do extremo sul.

Na região do bairro Jabotiana foi construído um grande conjunto, Santa Lúcia (Figura 27), com 738 unidades, próximo aos conjuntos construídos pelo INOCOOP: Sol Nascente e J.K., como se observa no Mapa5 – Aracaju: Mancha urbana até 1988.

A partir de foto aérea atual nota-se, na configuração urbana dos espaços, que do lado direito existem edifícios para uma população de classe média, e do lado esquerdo um assentamento precário. Esta região do bairro Jabotiana apresenta áreas vazias e nos últimos anos passaram a ser bastante visadas para construção de edifícios de padrão médio. Além

disso, também foram construídos conjuntos do PAR nesta região.

Figura 28 - Foto aérea do Conjunto Santa Lúcia – Bairro Jaobotiana

Fonte: Google Earth, 2012.

Figura 27 - Foto atual do Santa Lúcia

Do lado direito. Lado esquerdo novos empreendimentos construídos pela iniciativa privada.

Entre 1988 a 1998 a COHAB/SE produziu apenas 1.384 unidades habitacionais, por meio do programa federal PRONHAP e do estadual FICAM, como pode ser observado nas Tabela 6, enquanto o INOCOOP produziu 1.462 unidades. Esta produção é ínfima se comparada a dos períodos anteriores.

De acordo com publicação da SEPLAN (1995), a fim de conter o déficit habitacional crescente, diante da diminuição dos investimentos do Governo Federal, a Fundação de Desenvolvimento do Estado de Sergipe (FUNDESE), passa a produzir unidades habitacionais em regime de mutirão, com verba do Orçamento Geral do Estado. (TRAMA, 1995).

Embora a produção deste órgão não tenha sido tão representativa, do ponto de vista quantitativo, no final na década de 80, foram utilizadas glebas na porção do extremo sudoeste do município (região limítrofe ao município de São Cristóvão), para construção de conjuntos habitacionais, dando origem à ocupação do atual bairro Santa Maria, em um local de difícil acesso e que apresenta uma série de fragilidades ambientais, por se tratar de uma área de várzea, localizada no extremo sul da cidade.

A produção da FUNDESE desobedeceu ao critério de lote mínimo determinado pela Lei Federal de Parcelamento do Solo (6766), que seria 200 m², parcelando as áreas em lotes de 125 m². Posteriormente a COHAB assumiu os projetos e obras deste órgão. (ibidem).

Villaça (1999) caracteriza o período que vai de 1990 até os dias de hoje como uma reação aos períodos anteriores da política urbana no Brasil (solução dos problemas urbanos por parte do Estado), ou seja, se trata de uma fase que busca uma certa análise do que foi feito no passado, rumo a uma racionalização das próximas intervenções.

O caráter reflexivo deste período pode ser identificado em Aracaju pelo início da produção de diagnósticos e planos de intervenção habitacional e urbana. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju, embora só tenha sido aprovado em 2000, começou a ser elaborado em 1991. Este plano deu origem a formulação de outros estudos urbanísticos que serão detalhados no capítulo a seguir.

Paralelamente a este período de reflexão e a produção desses novos planos reguladores, que marcaram a política urbana de Aracaju e de várias cidades brasileiras a partir do ano 2001, a indústria de produção habitacional continuou construindo novos conjuntos em áreas segregadas da cidade.

O grande aumento no número de empresas voltadas para a construção civil na década de 90 ilustra como os investimentos nos setores imobiliário e da construção civil se mantinham lucrativos. Estas empresas locais passam de apenas 18 na década de 70 para 174 no início da década de 90. (FRANÇA, 1999).

Dando continuidade à ocupação iniciada pelo FUNDESE, no bairro Santa Maria, foram construídas pela CEHOP 2.223 unidades habitacionais, contando com recursos do programa Habitar Brasil/BID, e mais 302 com recursos do Orçamento Geral do Estado.

Esta área, muito distante da malha urbanizada, era usada como depósito de lixo (lixão). A abertura da via destinada a passagem dos caminhões de lixo – Avenida Alexandre

Alcino (1987 – 1990)51, a construção dos primeiros conjuntos pela FUNDESE52 e a

implantação de um loteamento de baixa renda próximo a este local - loteamento Marivã - fez com que começassem a surgir ocupações irregulares, dotadas de habitações precárias, em uma área de risco e proteção ambiental (Figura 29 ).

Porém a construção de inúmeras novas unidades habitacionais na área não solucionou o problema das invasões, que aumentaram após a intervenção pública neste local.

Esta área apresenta uma infraestrutura deficiente e diversos problemas inerentes a

esse tipo de área segregada: violência; tráfico de drogas e degradação do meio ambiente53. Em

uma visita ao local é perceptível a dificuldade na acessibilidade, a falta de infraestrutura pública e das habitações, bem como a insegurança ao se transitar pelas ruas.

51

DER-SE. Sergipe Rodoviário, 1990, n°8.

52

Apresentados no item anterior.

53

VIEIRA (2011) faz um estudo detalhado a respeito da imagem do bairro Santa Maria, local conhecido como Terra Dura. Neste estudo ele apresenta uma série de problemas de cunho social, econômico e espacial vivenciados nesta área.

Figura 29 – Conjunto Governador Valadares, precariedade na infraestrutura e nas habitações.

No ano de 2001 foi promulgada uma lei que delimita esta região como mais um bairro em Aracaju, denominado Santa Maria. O local já recebeu uma série de obras de melhoramentos de infraestrutura e serviços, porém a segregação socioespacial presente na área pouco se modificou, principalmente por conta da dificuldade de acesso e distância das outras áreas da cidade. Este bairro é formado apenas pelos conjuntos habitacionais descritos nesta pesquisa, invasões e loteamentos de classe baixa (Figura 30).

Em paralelo a formação desta área segregada e de baixíssima renda, neste período ocorre também a formação do bairro Jardins, área localizada na malha urbana consolidada, vizinho ao bairro Treze de Julho, onde se iniciou a ocupação pelas classes mais abastadas, em direção a zona Sul. A área deste bairro fazia parte do bairro Grageru, porém, no período em que foram construídos os grandes conjuntos habitacionais de Aracaju, não era ocupada, exemplo de grande vazio urbano na malha urbanizada.

No final dos anos 90, um projeto para implantação de um bairro de classe média alta culminou no desmembramento do bairro Grageru. A ocupação se inicia com a rápida construção e pavimentação de novas vias, melhorias na infraestrutura local e implantação de um centro comercial.

Segundo Silva (2003), uma grande construtora sergipana adquiriu terrenos nesta área ao longo dos anos, e aguardou o momento propício para início da implantação e divulgação

Figura 30 - - Invasão do Arrozal, Bairro Santa Maria – Segregação e precariedade

de um novo e moderno empreendimento na cidade, que visava a construção de inúmeros condomínios fechados e um novo shopping center.

[...] a proposta de um novo shopping center atraiu diferentes consumidores, ao mesmo tempo que trouxe outros investidores imobiliários dispostos a desenvolver e acrescer novas propostas. A beleza da região e a proximidade de outras áreas valorizadas, reforçadas pela imagem da realização do sonho de viver num ambiente planejado, foram motivos fortes para despertar o interesse das classes média e alta, além de gerar uma precoce elitização do futuro bairro. (SILVA, 2003, p. 63)

As figuras abaixo, ilustram a velocidade com que esta área foi ocupada pelos edifícios residenciais multifamiliares. A primeira figura mostra o bairro Jardins no ano de 2003, com um imenso vazio urbano, enquanto a segunda exibe o adensamento nesta mesma área, repleta de edifícios e com seus vazios ocupados, apenas 9 anos depois (Figuras 31 e 32).

Figura 31 - Imagem aérea do bairro Jardins em 2003

Presença de grandes vazios urbanos.

Este é um nítido exemplo da estratégia de produção de vazios urbanos destinados a grandes ganhos especulativos. Ao analisarmos todos os mapas produzidos ao longo deste trabalho, nota-se que esta área do bairro jardins se apresenta como um vazio urbano, com todo o seu entorno ocupado, desde o início dos anos 70, porém a lei que promulgou a criação deste bairro data de 1998, enquanto todos os outros bairros (com exceção do Santa Maria) foram delimitados por lei em 1982.

Em meio a criação de um bairro (Jardins) de alto padrão, dotado de uma série de novos serviços, e um bairro de classe baixíssima (Santa Maria), desprovido de qualquer serviço de qualidade, em 1995 é apresentado, após elaboração de diagnóstico, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Sustentável de Aracaju (PDDUS). Porém, este só será aprovado no ano 2000.

Tabela 6 - Conjuntos habitacionais construídos pela COHAB/SE em Aracaju (1987 – 2002)

Governador Ano* Conjunto Programa N° de Unidades

Antônio C. Valadares (1987-1990)

1989 Cerâmica II A PROHAP 64

1989 Cerâmica II B PROHAP 80

1989 Mar Azul PROHAP 400

1990 Cerâmica III FICAM VII 102

Total de unidades contratadas 646

Recursos SFH

João Alves F.

(1991-1994) 1993 Santa Lúcia -

738

Figura 32 - Imagem aérea do bairro jardins em 2012

Verticalização e adensamento.

Governador Ano* Conjunto Programa N° de Unidades

Total de unidades contratadas 738

Unidades concluídas 738

Unidades não concluídas** 0

Recursos SFH

Albano Franco

(1995-2002)

1999 Terra Dura – Plano I

Conj. Padre Pedro (OGU/97) Habitar/ Brasil

1.615

1999 Terra Dura – Plano II

Conj. Padre Pedro (OGU/97) Habitar/ Brasil

362

1998 Terra Dura – Plano III

Conj. Padre Pedro (OGU/97) Habitar/ Brasil

166

1998 Terra Dura – Plano IV

Conj. Padre Pedro (OGU/97) Habitar/ Brasil

80

1999 Bairro Soledade

(Reformas) Gov. Est.

16

2000 Terra Dura I (mutirão)

1° etapa Gov. Est.

15

2001 Terra Dura II

(mutirão) Gov. Est.

80

2001 Terra Dura II

(2° etapa) Gov. Est.

20

2002 Terra Dura II

(mutirão II) Gov. Est.

70

2002 Terra Dura II

(3° etapa) Gov. Est.

101

Total de unidades contratadas 2.525

Recursos SFH/OGU/ OGE

Total de Unidade Contratadas no Período (1987-2002) 3.909

Fontes: CEHOP, 2002. e DEHOP/SE - ASPLAN, 2006

Tabela 7 - Conjuntos habitacionais construídos pelo INOCCOP/BASE em Aracaju (1987 - 2002)*

Governador Ano Conjunto N° de Unidades

Antônio Carlos Valadares (1987-1990)

1989 Vilas de Portugal 272

1990 Mar Mediterrâneo 196

Total de unidades contratadas 468

João Alves Filho (1991-1994)

1991 Residencial Recanto

Verde

224

1992 Vivendas do Rio Mar 184

1992 Morada dos Faróis -

1992 Mar Egeu 196

1993 Canoas -

1993 Costa Verde -

Governador Ano Conjunto N° de Unidades

1994 Philadelphia 192

Total de unidades contratadas 964

Albano Franco (1995-2002)

1995 Praias de Sergipe -

1995 Praias do Nordeste -

1995 Praias do Ceará -

Total de unidades contratadas -

Total de Unidades Contratadas no Período (1987 - 2002)

* Dados obtidos por meio de entrevistas com ex funcionários do BNH, atuais funcionários da Caixa Econômica Federal de Sergipe.

Fontes: Trama Urbanismo (1995) e França (1999)

Neste momento de diminuição da produção habitacional por parte do poder público, de acordo com as Tabelas 7 e 8 e os Mapas 5 e 6, observar-se que:

Após a extinção do BNH, a produção habitacional diminuiu significativamente. A produção habitacional foi ínfima, se comparada ao período anterior. Em 15 anos foram construídas 3.909 unidades habitacionais pela CEHOP, porém estas unidades foram construídas em áreas bastante segregadas.

Foram delimitados dois novos bairros em Aracaju. Um, fruto da ocupação esparsa no extremo da Zona Sul, iniciado com a construção de novas unidades habitacionais para uma população de baixa renda,o outro induzido pela especulação imobiliária, originado da ocupação de um vazio urbano na malha urbana consolidada, direcionado à ocupação das classes mais altas.

Os Mapas 5 e 6, ilustram as manchas urbanas/crescimento urbano aproximado de Aracaju até 1988 e 1995, e os principais vetores de expansão urbana após estes anos,demonstrando, assim, a localização dos conjuntos habitacionais em áreas distantes da malha urbana consolidada até o momento e a indução da expansão urbana, nestas direções.