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3.1.1 Baixo Sul do Estado da Bahia

O Baixo Sul da Bahia ´e composto pelos seguintes munic´ıpios: Tancredo Neves, Valen¸ca, Cairu, Tapero´a, Nilo Pe¸canha, Ituber´a, Igrapi´una, Pira´ı do Norte, Ibirapitanga, Camamu e Mara´u (FUNDAC¸ ˜AO ODEBRECHT, 2008). A regi˜ao abriga diversas ´Areas de Prote¸c˜ao Ambiental (APAs) que apresentam, de maneira geral, bom estado de conserva¸c˜ao dos rios e da vegeta¸c˜ao local. As ´areas de estudo est˜ao localizadas no munic´ıpio de Cairu e de Camamu - um estu´ario ao norte e uma ba´ıa ao sul desta regi˜ao, respectivamente. A Tabela 4 apresenta dados da Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia sobre a data de cria¸c˜ao das APAs que englobam as ´areas de estudo, extens˜ao, atributos naturais e principais conflitos ambientais. Os principais biomas presentes nestas ´areas s˜ao os manguezais, restingas e a mata atlˆantica (SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DA BAHIA, 2010).

Segundo estimativa populacional feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tat´ıstica (IBGE) em 2009, os munic´ıpios localizados na regi˜ao costeira do Baixo Sul Baiano (Valen¸ca, Cairu, Tapeor´a, Nilo Pe¸canha, Ituber´a, Igrapi´una, Camamu e Mara´u) abriga- vam, somados, uma popula¸c˜ao de cerca de 224.583 habitantes. A densidade populacional nesta regi˜ao ´e baixa, apenas 45 habitantes por km2. A cidade que apresenta maior den-

sidade populacional ´e Valen¸ca, com 75 habitantes por km2, consequentemente tamb´em ´e

aquela que possui maior urbaniza¸c˜ao. A popula¸c˜ao do interior tem sua economia base- ada na agricultura diversificada (cultivo de dendˆe, cacau, mandioca, palmito e pia¸cava), enquanto a popula¸c˜ao que vive na costa baseia sua economia em atividades pesqueiras

Tabela 4 - Descri¸c˜ao das APAs onde as ´areas de estudo est˜ao inseridas.

´

Areas de Prote¸c˜ao Extens˜ao Atributos Principais Conflitos

Ambiental (ha) Naturais Ambientais

Ba´ıa Terceira maior ba´ıa do pa´ıs; Desmatamento de manguezais;

de 118.000 Resquicios de Mata Altˆantica Invas˜ao de ´areas de

Camamu em bom estado de conserva¸c˜ao prote¸c˜ao permanente

Floresta Atlˆantica; Aterro de

Pratigi 85.686 Restingas manguezais;

e Manguezais Desmatamento

Restingas; Manguezais Lan¸camento de

Guabim 2.000 Brejos; Remanescentes esgotos dom´esticos nos

de Mata Atlˆantica corpos h´ıdricos

Tinhar´e Restingas; Manguezais; Desmatamento;

e 43.300 Brejos; Recifes; Ocupa¸c˜ao desordenada

Boipeba Remanescentes de Mata Atlˆantica Pesca predat´oria

Caminhos Restinga Desmatamento;

Ecol´ogicos 230.296 Mata Atlˆantica; Ocupa¸c˜ao de ´area

Boa Esperan¸ca e Manguezal de prote¸c˜ao permanente

e turismo (FUNDAC¸ ˜AO ODEBRECHT, 2008). A Figura 8 apresenta a localiza¸c˜ao dos mu- nicipios de Cairu e Camamu, ´areas de estudo do presente trabalho, (MIRANDA, E. E. de; COUTINHO, A. C., 2010).

3.1.1.1 Ba´ıa de Camamu

Camamu ´e uma ba´ıa rasa, assim definida por possuir configura¸c˜ao geomorfol´ogica de um entalhe costeiro influenciado pela mar´e, onde a salinidade varia entre salobra e marinha. Est´a situada nas APAs Ba´ıa de Camamu e Pratigi entre as latitudes 13◦

50’ e 14◦

60’ S e entre as longitudes 38◦

57’ e 39◦

40’ O - datum WGS-84 (Figura 9 - Figura cedida pela Prof. Dra. Vanessa Hatje (UFBA)). Em compara¸c˜ao com sistemas similares no Brasil, a ba´ıa de Camamu ainda n˜ao apresenta altera¸c˜oes ambientais antr´opicas sig- nificativas (HATJE et al., 2008); (PAIX ˜AO et al., 2010). A ba´ıa possu´ı no seu interior um rico sistema estuarino com extensa ´area de manguezal (aproximadamente 168,81 Km2,

(AMORIM, 2005)) com grande potencial pesqueiro e in´umeras ilhas dentre as quais, as maiores s˜ao as ilhas Grande e Pequena (OLIVEIRA, 2000). Na Figura 9 estas ilhas est˜ao pr´oximas `as amostras 27 e 30, respectivamente. Este sistema tamb´em possui grande im- portˆancia ambiental pois funciona como ´area de ref´ugio, alimenta¸c˜ao e procria¸c˜ao para muitas esp´ecies.

A bacia de drenagem deste sistema pode ser divida nas seguintes unidades hi- drol´ogicas: setor ao norte - Serinha´em, um sistema estuarino raso; setor central - onde ocorre o aporte dos estu´arios dos rios Igrapi´una, Pinar´e e Soraj´o; e o setor ao sul da ba´ıa

Figura 8 - Mapa da regi˜ao sul do estado da Bahia. As ´areas de estudo concentram-se nos municipios de Cairu e Camamu.

- onde encontra-se o estu´ario do rio Mara´u (HATJE et al., 2008). A drenagem dos estu´arios dos rios que des´aguam na ba´ıa n˜ao se alteram significativamente entre a esta¸c˜ao seca e ´

umida, pois possuem baixas vaz˜oes (AMORIM et al., 2011). Durante a esta¸c˜ao ´umida, a bacia de drenagem que apresenta a maior vaz˜ao para a ba´ıa de Camamu ´e o rio Serinh´aem (18,1 m3/s), seguido do rio Soroj´o B (13,7 m3/s) e do rio Mara´u (12,1 m3/s), j´a os rios Pi-

nar´e e Igrapi´una apresentam uma vaz˜ao menor que 8 m3/s (AMORIM, 2005). A salinidade

na entrada da ba´ıa de Camamu varia entre 35,6 e 37,5, apresentando fraca a moderada estratifica¸c˜ao vertical (AMORIM, 2005). A salinidade m´ınima e m´axima nos estu´arios do

rio Mara´u e Serinha´em s˜ao bastante similares, entre 24 e 35 (AMORIM, 2005).

3.1.1.2 Estu´ario de Cairu

Define-se neste trabalho o estu´ario de Cairu, como o conjunto de canais e ilhas presentes na regi˜ao norte do Baixo Sul do Estado da Bahia. A regi˜ao est´a localizada nas

Figura 9 - Mapa da ba´ıa de Camamu apresentando os pontos de coleta de sedimentos superficiais.

APAs de Guabim, Tinhar´e e Boipeba, e Caminhos Ecol´ogicos da Boa Esperan¸ca. A ve- geta¸c˜ao de mangue cobre 145,28 Km2 desta ´area de estudo (UCHA; HADLICH; CARVALHO,

cria¸c˜ao de til´apia do Nilo (Oreochromis niloticus) e ostras (Crassostrea rhizophorae), e turismo (FUNDAC¸ ˜AO ODEBRECHT, 2008).

Figura 10 - Mapa do estu´ario de Cairu.

trˆes canais que fazem conex˜ao com o mar. Um ao norte - Morro de S˜ao Paulo - Valen¸ca; e dois ao sul - Boipeba e Barra dos Carvalhos. Em uma campanha piloto realizada para monitoramento da salinidade, foi observado que a ´agua do mar entra pelos canais de conex˜ao com oceano e ao encontrar a ´agua doce dos rios, ela fica residente na por¸c˜ao central do estu´ario, fazendo com que esta regi˜ao apresente salinidade entre 19 e 25. Nos canais de contato com o mar, a salinidade ´e de aproximadamente 35 na mar´e enchente, por´em pode chegar a 20 durante a mar´e vazante. O maior aporte de ´agua doce ocorre no setor mais interno do estu´ario, onde o munic´ıpio de Cairu faz fronteira com os munic´ıpio de Nilo Pe¸canha e Tapeor´a. Esta ´e a ´unica localidade do estu´ario onde a salinidade fica pr´oxima ou igual a zero.

Para execu¸c˜ao do mapa do estu´ario de Cairu (Figura 10), arquivos cedidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat´ıtica), no formato .dgn, foram transfor- mados para arquivo do tipo .shp (propriet´ario do ArcGis). Foram selecionados somente a camada de hidrografia cedida pelo IBGE. Esses dados foram tratados de acordo com a drenagem principal (linha em azul escuro) e secund´aria (linha em azul claro) do estu´ario e referenciados de acordo com os parˆametros do IBGE (Cartas utilizadas - Ituber´a, Ja- guaripe, Valen¸ca e Velha Boipeba; Escala das cartas 1:100.000; Proje¸c˜ao UTM, Zona 24S, Referencial Geod´esico Corr´ego Alegre). Adicionalmente a hidrografia foram plotados os sedimentos superficiais coletados neste sistema.

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