• Nenhum resultado encontrado

A ARENA DE INTERAÇÕES E RELACIONAMENTOS

CAPÍTULO IV A CONCESSÃO FLORESTAL NO BRASIL

4.3 O PERÍODO LULA: DE JANEIRO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2007

5.1.1 A ARENA DE INTERAÇÕES E RELACIONAMENTOS

No mapa de interações e relacionamentos desse período histórico pode-se perceber que a grande maioria dos atores sociais não apoiava a implantação do sistema de concessões florestais.

Isso pode ser justificado pelo seguinte: 1) as notícias trazidas pela mídia, que tarjavam a medida como contratos de risco com empresas estrangeiras; 2) a falta de pesquisas, experiências e estudos na área ambiental, principalmente no que tange ao manejo florestal; 3) tudo que trata do projeto de governo militar tem oposição da sociedade.

No entanto, nos mapas também se percebe que tais atores tinham participação latente e quase não influenciavam na tomada de decisões. A explicação disso é que o regime militar por autoritário que era não abriu espaço para debate, o que resultou na oposição dos diversos atores à aprovação da proposta.

Os únicos apoiadores da medida promovida pelo governo executivo federal eram o setor empresarial e os organismos internacionais (Ilustração 6). O setor empresarial tinha interesse na medida por ser beneficiário direto das concessões. Os organismos internacionais apoiavam a medida por terem interesse na experiência de manejo (pesquisa) já que também participou de outras concessões em outros países. Além disso, seu apoio também reflete os interesses de empresas estrangeiras nas concessões.

Como não se tem documentação oficial reportando quais atores sociais (fora os órgãos e instituições de meio ambiente do governo) eram efetivamente favoráveis ou contra a

implantação do sistema de concessões florestais no Brasil, os dados aqui expostos foram coletados por meio das entrevistas.

Ator Classificação Descrição de Interações e Relacionamentos

Governo

Executivo Federal

Conflitos: () Oposição de ONG’s Socioambientais, da Sociedade Civil Organizada, da Opinião Pública (Sociedade), da Mídia, das Instituições de Pesquisa, dos Governos Estaduais e do Congresso Nacional. Os atores não se posicionaram publicamente e atuavam de forma latente por causa das repressões do governo militar (vetada).

Indefinições, disputas e conflitos internos para gestão da atividade (Ruptura): Governo Militar era

promotor do processo que não foi levado à frente; SUDAM: também eram promotores do processo;

IBDF: realizou estudos nesse sentido, mas foi opositor ao processo da forma como seriam as concessões (segundo entrevistado fez-se uma carta de recomendação contra a implantação do sistema com o objetivo de saldar a dívida externa); Ministério da Agricultura foi opositor (Notícia de 05/12/1978, Jornal Correio Braziliense). Conflitos também em relação as competência e atribuições dos órgãos sobre a floresta (Notícia de 26/04/1979, Jornal Última Hora).

Alianças: () Apoio do setor empresarial e dos organismos internacionais.

Setor Empresarial

Conflitos: () Oposição de ONG’s socioambientais e da Sociedade Civil Organizada.

Alianças: () Apoio ao Governo executivo federal (Notícia de 17/061978, Jornal O Globo) e Governos

Estaduais; () Recebe de informações técnicas e científicas de Instituições de Pesquisa e Organismos

Ator Classificação Descrição de Interações e Relacionamentos

Organismos Internacionais

Conflitos: () Oposição da opinião Pública (Sociedade), que receia os interesses externos sobre a Amazônia e, da Mídia.

Alianças: () Subsidia informações técnicas e científicas ao Governo executivo federal, Governos Estaduais, Setor Empresarial, ONGs Socioambientais, Sociedade Civil Organizada, Instituições de Pesquisa e Congresso Nacional.

Instituições de Pesquisa

Conflitos: () Oposição ao Governo executivo federal por não concordar com a implantação do sistema naquele momento (Notícia de 12/09/1973, Revista Veja; 06/12/1978, Jornal Correio Braziliense e 09/12/1978, Jornal Correio Braziliense) e pela repressão sofrida. Segundo entrevistados, por não poderem se posicionar abertamente, se utilizavam da mídia.

Alianças: () Geração de informações técnicas e científicas para Governo executivo federal, Governos

Estaduais, Congresso Nacional; () Apoio de ONGs Socioambientais, Sociedade Civil Organizada;

Ator Classificação Descrição de Interações e Relacionamentos

Mídia e Opinião Pública

Conflitos: () Governo executivo federal (Notícias de 05 a 07/12/1978, por diversos Jornais: Folha de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense, Jornal do Brasil).

Alianças: () Instituições de Pesquisa, ONGs Socioambientais, Sociedade Civil Organizada e Setor Empresarial.

Nesse momento a mídia é tendenciosa, pois é vetada e coagida a cooperar com o regime militar. Quando começa a ter espaço novamente se posiciona contra a maioria dos projetos do regime militar, como é o caso do sistema de concessões, quando noticiou que o IBDF tinha divulgado estudos para exploração da madeira da floresta amazônica mediante contratos de risco com empresas estrangeiras (Notícia do Jornal Folha de São Paulo, de 05 de dezembro de 1978).

Congresso Nacional

Conflitos: () Recebe veto do Governo executivo federal e se opõe a ele.

Nesse momento, o Congresso Nacional era compelido a votar de acordo com as vontades do regime militar, podendo os deputados e senadores que votassem contra ser cassados (como instituído pelo AI5).

Alianças: () Recebe informações técnicas e científicas das Instituições de Pesquisa e dos Organismos Internacionais.

Ator Classificação Descrição de Interações e Relacionamentos

Governos Estaduais

Conflitos: () Governo executivo federal, não podiam se posicionar de forma contrária ao regime militar, por isso sua posição era prioritariamente de seguir os mandos do governo;

Alianças: () Apoio do Setor Empresarial, Sociedade Civil Organizada e das ONGs Socioambientais;

() Recebe informações técnicas e científicas das Instituições de Pesquisa e dos Organismos

Internacionais.

Sociedade Civil Organizada

Conflitos: () Oposição ao Governo executivo federal, pois a maioria das organizações eram perseguidas pelos militares. Justifica-se pela capacidade que uma organização tem de exigir seus direitos e defender seus interesses, o que enfraqueceria o regime. Oposição ao Setor Empresarial, que sempre favorece os lucros da empresa sobre os salários dos trabalhadores.

Alianças: () Apoio dos Governos Estaduais, ONGs Socioambientais; () Recebe informações técnicas e científicas das Instituições de Pesquisa e dos Organismos Internacionais e apoio da Mídia.

ONGs Socioambientais

Conflitos: () Oposição ao Governo executivo federal, pelo mesmo motivo que as organizações da sociedade civil, não tinham espaço de voto. Oposição ao Setor Empresarial, que sempre favorece os lucros da empresa sobre os salários dos trabalhadores, os benefícios ao meio ambiente e às comunidades locais.

Alianças: () Apoio dos Governos Estaduais, Sociedade Civil Organizada; () Recebe informações técnicas e científicas das Instituições de Pesquisa e dos Organismos Internacionais e apoio da Mídia.